Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Milton Coelho da Graça

‘Pelo menos um jornal e uma revista já obtiveram informações sobre a Operação Gutemberg, da Procuradoria da República, que, baseada nos dados obtidos pela CPI do Banestado, investiga remessas para o exterior de jornalistas e dirigentes de empresas jornalísticas. Como são muito mais de mil os nomes cadastrados pela CPI, as investigações estão concentradas nos 411 que remeteram a paraísos fiscais mais de um milhão de dólares.

Entre esses 411 a Operação Gutemberg procura identificar a ‘tchurma’ do jornalismo que também se beneficiou com as ‘facilidades’ das contas CC5, e inclui um ativo repórter político de Brasília hoje guindado a um dos mais importantes postos da comunicação do governo federal.’



MEA CULPA
Elio Gaspari

‘Não foi Gushiken’, copyright O Globo, 03/10/04

‘O jornalista Ricardo Kotscho, assessor de imprensa do Palácio do Planalto, esclarece que o comissário Luiz Gushiken, secretário de Comunicação do Governo, nada teve a ver com a adulteração da íntegra de um discurso do companheiro Lula no sítio oficial da Presidência.

Kotscho acrescenta que é sua a responsabilidade pelo episódio.

Abusos como a supressão de um trecho na versão oficial de um discurso do presidente da República (aquele em que Lula pedia voto para uma candidatura petista) reforçam a tese de que o companheiro deve baixar uma medida provisória criando o Conselho de Jornalistas do Palácio.’



PAINEL DO LEITOR
José Paulo de Andrade

‘Entrevista com Lula’, copyright Folha de S. Paulo, 28/9/04

‘‘Em respeito a meus 40 anos de profissão e à audiência de meus dois programas na rádio Bandeirantes AM, solicito os seguintes reparos no texto ‘Radialistas admitem que faltou pressão’, Brasil, pág. A5, 24/9). 1 – Jamais diria, como publicado, que a falta de ‘dureza’ (na entrevista) é fruto da amizade e do respeito. Antes de tudo, sou profissional com responsabilidades perante milhares de ouvintes diários. Quando o repórter me perguntou sobre o ‘clima’ que cercou o encontro, eu respondi que foi de ‘cordialidade’. Cordialidade não significa subserviência, como o texto sugere – da mesma forma que ‘conhecer alguém’ não significa ‘amizade’. Perguntas duras no conteúdo não precisam ser mal– educadas na forma. 2 – Sobre a ‘simpatia’ em relação ao pessoal da Secretaria de Comunicação, também aí minhas palavras foram deturpadas. Referia– me unicamente à forma como os jornalistas foram acolhidos. O que há nesse relacionamento é um respeito mútuo e saudável entre colegas que se conhecem há muitos anos, em diferentes situações. Nada que comprometa a missão profissional que cada um hoje exerce. A citação da presença de André Singer, o porta– voz, não foi feita por mim e nem haveria por que em se tratando de entrevista do presidente. Pareceu ‘babaquice’. 3 – Quanto a acompanhar a carreira de Lula desde os tempos do ABC, isso mostra o papel crítico que o jornalismo da Bandeirantes desempenhava em pleno regime militar, enfrentando a censura. Posição altiva, que não muda agora, quando o sindicalista perseguido de então é o presidente e os tempos são de democracia. 3 – O que eu disse de substantivo sobre a entrevista, e foi ignorado, foi que o presidente da República se alongou em temas que lhe interessaram e impediu, com essa tática, que se fizessem duas rodadas completas de perguntas, como estava acertado. 4 – Colhi, como outros colegas, a impressão de ‘alívio’ do presidente quando disse que fomos ‘pouco críticos’. Como seria possível ser diferente? O formato da entrevista permitiu à maioria apenas uma pergunta (dos 13 jornalistas só quatro foram sorteados pelo próprio presidente para uma segunda pergunta), sem réplica nem mesmo aparte. Do que concluo que, se a entrevista não foi melhor, a culpa disso não cabe aos entrevistadores jornalistas de rádio, nem melhores nem piores do que os de outros veículos.’

José Paulo de Andrade é jornalista da rádio Bandeirantes AM (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Rafael Cariello – A entrevista com o jornalista José Paulo de Andrade está gravada.’



O FURO SUMIU
Marcelo Russio

‘Cadê o furo?’, copyright Comunique– se (www.comuniquese.com.br), 28/9/04

‘Olá, amigos. Como todos sabem, o objetivo de um jornalista é contar bem uma história. Ouvir os dois lados, fazer as perguntas pertinentes, tirar as dúvidas e contar com o máximo possível de detalhes um fato por ele coberto. Essa é a obrigação principal, aquela que têm todos os colegas que, diariamente, saem das redações e vão para as ruas com bloquinhos, canetas e gravadores.

Entretanto, o que diferencia um bom jornalista de um excelente jornalista é a sua capacidade de dar ‘furos’ na concorrência. Publicar ou noticiar algo exclusivo, que ninguém mais conseguiu. É isso que faz com que um jornalista se diferencie dos demais. É isso que o torna referência e o faz crescer no conceito dos colegas e, claro, das empresas de comunicação. O passe de um jornalista que tenha o faro para a notícia exclusiva é muito valorizado.

Mas o que acontece hoje em dia? Tentei puxar pela memória o último furo jornalístico esportivo do qual tinha notícia, e, sinceramente, não me veio nenhum recente. Nada que merecesse destaque na minha memória. Foi quando me dei conta: não temos mais jornalistas preocupados com o ‘furo de reportagem’ como não muito tempo atrás.

Qual a razão disso? Acomodação? Será que nossos repórteres estão mais acomodados com as matérias fáceis, com o trivial que ocupa as páginas de todo jornal todos os dias, sem diferença quase nenhuma? Será que nossos novos repórteres desaprenderam a correr atrás da notícia exclusiva, perderam a ambição por pesquisar, por correr mais atrás de algo que renda primeira página, que derrube matéria pronta, que faça o editor ficar na redação até mais tarde, ou que entre de qualquer maneira no telejornal da noite?

Se não for acomodação de idéias, será que é acomodação de hábitos? Será que nossos repórteres se contentam com pesquisas na Internet, a democrática rede de informações que colou ainda mais nossos colegas nas cadeiras, tirando– os a árdua tarefa de ir atrás da notícia? Ou será que a causa da falta de furos jornalísticos é o corporativismo da classe jornalística, que divide as matérias para que ninguém fure e todos tenham uma dívida de gratidão uns com os outros? Com o mercado tão em baixa como o que nos deparamos nos últimos anos, será que é condenável uma postura como essa? Se o repórter é furado, corre o risco de perder o emprego. E como arrumar outro emprego, se as vagas são cada vez mais escassas nas redações? Complicado…

O certo é que o grito de ‘PAREM AS MÁQUINAS!!’ é cada vez menos ouvido no jornalismo esportivo brasileiro. O faro para a notícia exclusiva, a sensibilidade para a pauta que ninguém ainda abordou, ou o detalhe que faz toda a diferença em uma cobertura esportiva, estão cada vez menos presentes em nossos noticiários. Tente lembrar– se do último grande furo no jornalismo esportivo que você leu, viu ou ouviu. Garanto que não será uma das tarefas das mais fáceis…

Ah, um detalhe importante: não vale levantar aquele furo que é dado em uma coluna, e desmentido na coluna seguinte, com a publicação de uma ligação ou de um e– mail da pessoa abordada no furo dando provas e contestando de cabo a rabo o ‘furo’.’



SAQUE NO JB
Folha de S. Paulo

‘Antiga sede do ‘Jornal do Brasil’ é saqueada de novo’, copyright Folha de S. Paulo, 04/10/04

‘A Polícia Militar deteve na manhã de ontem 33 pessoas acusadas de invadir e saquear a antiga sede do ‘Jornal do Brasil’ à procura de materiais como ferro, alumínio e cobre.

O prédio fica na zona portuária do Rio de Janeiro, tem dez andares e está vazio há dois anos, desde que a Redação do jornal foi transferida para salas alugadas na avenida Rio Branco, no centro.

Essa foi a segunda invasão ao edifício em menos de uma semana. A primeira ocorreu na quinta– feira e terminou com um saldo de 50 saqueadores detidos.

Dentre os materiais levados pelos invasores, os considerados mais valiosos são o cobre (vendido como sucata por R$ 8 o quilo) e o alumínio (R$ 6 o quilo).

Entre os detidos de ontem havia até crianças. Segundo o delegado Fábio Ferreira, eles vinham principalmente de favelas próximas à antiga sede do jornal.

Todos foram identificados nos registros de ocorrência, mas só responderão criminalmente pelas invasões se o ‘Jornal do Brasil’, proprietário do imóvel, reclamar na Justiça ou der queixa.

Fora de controle

De acordo com Ferreira, a Polícia Militar não consegue controlar as invasões porque não existe nenhuma segurança no local. Ele conta que existem aproximadamente dez entradas abertas por arrombamentos.

‘Depois que a PM interveio, por volta das 9h30, mais umas cem pessoas, desavisadas, ainda chegaram ao prédio’, afirma.

A gráfica, instalada no térreo do prédio na zona portuária, está desativada desde os anos 90.

O edifício da antiga sede do jornal estaria hipotecado a bancos. O advogado do ‘Jornal do Brasil’ não foi encontrado ontem para falar sobre os saques.’



BOAS NOTÍCIAS
Eduardo Ribeiro

‘Escaldados, mas atrás de boas novas’, copyright Comunique– se (www.comuniquese.com.br), 30/9/04

‘Ainda meio atordoados com a traulitada que sofremos recentemente – falo das demissões na revista IstoÉ e nos jornais Gazeta Mercantil e JB – , até as boas notícias nos deixam ressabiados e incrédulos quando o tema é mercado.

Um bom sintoma de que talvez tenhamos uma trégua nesse nosso aparentemente interminável inferno astral é que não há, salvo engano, boatos de demissões nos principais veículos de comunicação do País. Os últimos envolveram exatamente IstoÉ e Editora JB e deu no que deu. Jornalista pode ser acusado de tudo, menos de mal informado. Quando surgem rumores de cortes eles, na esmagadora maioria das vezes, são verdadeiros e os desmentidos são apenas peças retóricas para ganhar tempo, visto que poucos setores são tão selvagens no quesito demissões quanto as empresas brasileiras de comunicação. Infelizmente.

Temos também bons ventos soprando no campo dos investimentos em novos projetos. Um deles, curiosamente, tem origem na própria Editora Três, a mesma que demitiu, há pouco mais de um mês, 20 pessoas na IstoÉ e que agora prepara– se para lançar um novo título, a Dinheiro Rural, focada no segmento do Agronegócio.

O novo título vai compor o portfólio da IstoÉ Dinheiro, caracterizando– se, aliás, como primeiro filhote da publicação. Será uma revista mensal, informativa, com média de 72 páginas, dedicada a cobrir toda essa ampla cadeia produtiva sob a ótica corporativa (ou seja, das organizações que estão nesse negócio) e com vida própria. Seu lançamento está previsto para novembro. Terá o mesmo padrão gráfico e editorial da Dinheiro, com textos curtos, visual agressivo e foco em notícias e não em serviços, como a maior parte das concorrentes. Falará tanto de macroeconomia, de MST, OMC, transgênicos, quanto dos personagens que são destaques no mundo rural ou do agronegócio. O comando será de Carlos Marques, que acumulará a função com a direção de Redação da Dinheiro. Seguindo a tendência atual, terá uma equipe super enxuta, integrada basicamente pelo mesmo staff que já trabalha para a Dinheiro – Luiz Fernando Sá, como redator– chefe, e Leonardo Attuch, como editor – , reforçada pela editora– assistente Fabiane Stefano (que era da editoria de Economia da própria Dinheiro) e pelos repórteres Lívia Andrade, Marcelo Pardini e Carla Araújo.

Outro título que prepara– se para aterrissar no mercado é UM (Universo Masculino), da Editora Símbolo. Com ele, a empresa faz nova tentativa de entrar no segmento de publicações masculinas, feito que tentou, sem êxito, anos atrás com a revista Principal. A nova revista, a exemplo da Dinheiro Rural, será lançada em novembro, e, do mesmo modo, com equipe superenxuta. Espécie de versão masculina de UMA, mantendo, inclusive, o mesmo estilo, Universo Masculino destina– se a leitores das classes A e B, com mais de 25 anos . A redação terá no comando Paulo Cabral, que se reportará ao publisher André Gomes. Integram ainda o time os editores José Norberto Flesch e Daniela Salu, além do diretor de Arte Dalton Flemming e dos assistentes Wagner Oliveira, João Sartoreli e Bruno Carli. A revista será mensal, com tiragem de 70 mil exemplares e circulação nacional em bancas e por assinatura.

Ainda no campo das revistas, descobrimos que a United Magazines, de São Paulo, que edita Plástica & Beleza, decidiu decretar a independência da Cabelos & Cosméticos, tradicional filhote da P&B que circulava esporadicamente – isso já há três anos. A partir de 2005 a revista será mensal e terá sua própria equipe de redação, liderada pela editora– chefe Yara Guerchenzon, que já era do time de colaboradores. Yara terá ao seu lado a editora– assistente Andréa Quitto (transferida da Plástica) e as produtoras Fernanda Prats, Karina Nobre e Michelle de Almeida. A tiragem pula de 30 para 50 mil exemplares.

Das revistas para os jornais, vamos encontrar uma boa novidade no Estadão, o jornal da família Mesquita. Ali, dentro da editoria de Economia, foi criado um novo núcleo que passa a ser responsável pela cobertura de Negócios. A idéia é evoluir para um caderno específico, o que deve ocorrer em 2005. Até lá, no entanto, esse núcleo vai dividir e disputar o espaço atual dedicado ao caderno de Economia. Importante ressaltar que quatro vagas foram abertas e uma área estratégica, como a de Negócios, passará a ser coberta de forma mais efetiva e aprimorada por um dos mais importantes jornais do País. Os quatro profissionais contratados vieram da Gazeta Mercantil. São eles a editora Nair Suzuki, o sub Alexandre Calais e os repórteres Agnaldo Brito e Andréa Vialli (Nair e Agnaldo já estão no jornal, Alexandre e Andréa apresentam– se na próxima segunda– feira, 04/10).

Temos até uma boa nova internacional. É do Wall Street Journal, mas envolve a equipe brasileira que, sob o comando de Cristina Aby– Azar, cuida da edição em português do jornal, o WSJ Americas. Eles acabam de lançar uma edição semanal em português para circular no jornal Savana, de Maputo, em Moçambique. O Savana é um dos únicos jornais independentes, num país onde a mídia ainda é quase toda controlada pelo governo. Com isso, o WSJ passa a ter duas edições em português na África: a primeira, lançada no início do ano, circula no Semanário Angolense, em Angola. A equipe é integrada por oito brasileiros e um português: Hilton Hida (ex-O Globo), Paulo Trevisani (ex-Gazeta Mercantil), Cláudio Brandt (ex-Investnews), Christopher Langner (ex-Folha de S.Paulo), além do português Manuel Sales e da equipe gráfica com Gustavo Vale e Fábio Gomes.

Quem sabe esse serviço cresça ainda mais e gere novas oportunidades, ainda que nos Estados Unidos. Certamente não faltarão candidatos às eventuais vagas criadas.’



REVISTA DE CULTURA
Ana Maria Bahiana

‘Uma orquídea na galáxia de Gutemberg’, copyright Comunique– se (www.comuniquese.com.br), 29/9/04

‘Volta e meia o assunto volta, mistura de sonho impossível, utopia, santo graal: o projeto de uma revista de cultura no Brasil. Como sou reincidente no crime, o tema acaba borboleteando ao meu redor: eu acho possível? Exeqüível? Desejável?

Admito que a idéia é tentadora. E que a resposta a todas essas perguntas é um sincero ‘não sei’. Talvez este aqui seja o melhor fórum para ventilar o tema – quem sabe não surgirão respostas mais claras que as minhas?

A revista de cultura – ou, como às vezes ela é especifica, cultura alternativa – está viva e bem no mundo todo, e não apenas na Internet. Todo mundo aqui sabe que sou fã da Vanity Fair, que, para o meu gosto, é a melhor revista de papel em circulação no momento. Em que pese – ou exatamente porque pese – o mix de política e reportagem investigativa do título (e quem quiser saber toda a sórdida verdade sobre as ‘eleições’ na Flórida deve ler a atual edição, de setembro), a VF é exatamente uma revista de cultura, e alternativa. Porque coloca todas essas questões sob o prisma cultural, no sentido mais amplo e abrangente da palavra. E porque oferecer uma visão paralela, mais profunda e freqüentemente divergente do que é apresentado na mídia em geral.

Sim, eu sei que ela é publicada pela Condé Nast, que está recheada de anúncios de produtos de luxo e que todo ano elege o ‘novo establishment’. Mas estas são as contradições de se viver num século novo.

A questão é – uma revista assim é possível, exequível, desejável no Brasil hoje? Uma revista de papel, de banca?

Existem os dois lados da equação (e eu nem vou falar de dinheiro…). O lado de dentro: não vejo mais, em abundância, o tipo de profissional de fólego, de formação eclética e experiência sólida, que é necessário para comandar uma empreitada dessas. O tipo de profissional que, é claro, ainda existe, mas que, com raríssimas exceções, não está mais no mercado, empurrado que foi para fora dele por sucessivos achatamentos salariais, ridículas condições de trabalho, uma estranha obsessão por ‘juventude’ e, é claro, projetos bem mais atraentes em outros setores.

Do lado de fora eu preciso entender quem seria o público leitor de uma publicação assim. O mesmo processo que baniu das redações o profissional que, pelo mundo afora, cria e opera títulos deste tipo reduziu o periódico brasileiro ou a um guia de serviços ou a uma galeria de celebridades, formando um leitor que espera apenas isso do investimento que faz na banca ou na assinatura.

Sim, existe a Bravo!, com a qual colaboro esporadicamente. Mas não creio que estejamos falando do mesmo projeto de revista, aqui: a Bravo! é pautada por uma agenda, e se limita, por definição, a um conceito restrito , elevado e fino de ‘cultura’.

Numa resposta que é quase piloto automático, as pessoas em geral me respondem que o leitor de um projeto desses seria ‘o jovem’. Eu discordo. ‘O jovem’ não me parece ligado, de forma alguma, numa cultura da leitura em papel, do suporte tridimensional de informação. Sua expressão cultural é efêmera, etérea, digital, transitória por definição – o oposto de uma proposta dessas. A geração que aprecia este tipo de título é ‘o jovem’ dos anos 80 para trás – uma fatia de população numerosa, e de grande poder aquisitivo, aliás. Mas aparentemente ninguem está pensando neste leitor. O que talvez explique porque, pelo menos por aqui, um projeto desses ainda é como uma rara e bela orquídea na cada vez mais minguada galáxia de Gutemberg.’