Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Milton Coelho da Graça

‘Hélio Tuchler é vice-presidente de Gestão da empresa que reúne Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil. Ele me disse que ‘não há a menor possibilidade de uma transferência do JB para Brasília, porque é um jornal do Rio e seu proprietário, Nelson Tanure, quer que ele continue no Rio.’

Paulo Marinho, diretor da sucursal e responsável pelo caderno que circula na capital, vinha travando uma forte campanha para convencer Tanure a transferir a sede (e o comando) do JB para Brasília.

As demissões de Belisa Ribeiro e Riomar Trindade parecem indicar que Tuchler saiu vitorioso, porque, segundo a rádio corredor, eles apoiavam abertamente a pretensão de Marinho e o consideravam como chefe imediato, e não os respectivos diretores de redação – Marcus Barros Pinto (JB) e Klaus Kleber (GM).

‘O responsável pela redação do JB é o Marquinhos e o responsável pela redação da GM é o Klaus’ -disse Tuchler com toda a clareza, sem querer entrar em detalhe sobre as demissões.

Tuchler preferiu falar mais sobre os problemas econômicos do JB, cuja principal razão, segundo ele, é o ‘desconto por exclusividade’. Essa prática comercial vem dos anos 90, quando O GLOBO passou a oferecer descontos progressivos – até 50% – aos anunciantes que o escolhessem como veículo exclusivo. Ou seja, se uma agência ou cliente direto resolve botar um anúncio também em outro jornal – O DIA ou JB – o custo do anúncio em O GLOBO torna-se bem maior. Tuchler citou exemplos de clientes e agências que só aceitam anunciar no JB se este lhes compensar a diferença do preço em O GLOBO. E isso é, na grande maioria dos casos, inaceitável.

Advogados especialistas em defesa da concorrência me disseram que os prejudicados por essa política de O GLOBO poderiam queixar-se ao CADE. Mas Tuchler argumenta que nenhum cliente ou agência aceitaria testemunhar no CADE, com medo de criar atritos com as Organizações Globo. Um advogado citou o caso da Nestlé, que consegue obrigar um grande número de restaurantes e bares a só oferecer a seus clientes a água Minalba. As águas mineiras, Lindóia, Prata e outras não conseguem impedir esse esquema de dominação do mercado.

‘Se não fosse a cláusula de exclusividade imposta pelo GLOBO, o JB estaria em ótima situação’- garantiu Tuchler, que se manifesta otimista para o próximo ano. ‘Tanure já investiu muito dinheiro no JB – disse – e estamos agora preparando o orçamento para 2005, que promete uma nova situação. Por isso, repito, não há a menor possibilidade de que o jornal saia desta cidade.’’



VIOLÊNCIA & JORNALISMO
Folha de S. Paulo

‘Aumentam casos de morte de jornalistas’, copyright Folha de S. Paulo, 11/12/04

‘A FIJ (Federação Internacional de Jornalistas) divulgou ontem que 120 jornalistas foram mortos no mundo em 2004, um número recorde desde 1988, quando a entidade começou a compilar os dados.

‘Com mais de cem mortes, incluindo assassinatos marcados, e com crescente evidência de uma indiferença insensível dos direitos da mídia pelos governos, 2004 está se tornando um ano de brutalidade e abuso’, afirmou Aidan White, secretário-geral da entidade.

A FIJ registrou as mortes de 83 jornalistas em 2003 e 70 em 2002.

Das ocorridas neste ano, três foram no Brasil. A entidade apontou ainda as Filipinas como uma das regiões mais perigosas para os jornalistas, com 12 assassinatos em 2004 e 61 nas últimas duas décadas. Com agências internacionais’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

‘Especial Globo’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 9/12/04

‘O considerado José Truda Júnior lamenta que esteja tão difícil ler jornal hoje em dia:

Eu pensava que os dinossauros estivessem extintos há pelo menos 65 milhões de anos, até ler o Globo Online, que anuncia espetacularmente:

Descoberta nova espécie de dinossauro no Brasil

Em seguida, o link que remete à capa do caderno Ciência informa, para alívio dos leitores, que se trata de um animal que viveu no Sul do país há 225 milhões de anos. Mas a chamada lá dentro, junto à foto, confunde mais as coisas:

Espécie nova de dinossauro muito, muito velho

Na tentativa de decifrar o mistério, cliquei no novo link para abrir a terceira página, cuja manchete confirma:

Pesquisadores acham nova espécie de dinossauro no Brasil

A matéria, no entanto, garante:

(…) O herbívoro que viveu na região Sul do país há cerca de 225 milhões de anos foi chamado de Unaysaurus tolentinoi, ou dinossauro de Água Negra.

Mais perdido que Gilberto Gil no Ministério da Cultura, Truda reclama:

Afinal, o bicho é novo ou se trata de um dos mais antigos do mundo? Está difícil perceber o que O Globo entende por novo e velho, né mesmo?

Novela das oito

Conforme informou Leila Cordeiro em Direto da Redação, a Rede Globo promoveu espetacular rega-bofe em Miami para anunciar a próxima novela das oito, América, que Glória Perez está a escrever e que vai contar como vivem os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. É ficção baseada em histórias reais, receita garantida de sucesso.

O considerado leitor pode, todavia, conhecer desde já boa parte desses personagens; é só comprar o livro de José Inácio Werneck, jornalista brasileiro radicado há muitos anos nos EUA. A obra, que acaba de ser lançada pela editora Augurium, intitula-se justamente Com Esperança no Coração: Os Imigrantes Brasileiros nos Estados Unidos.

Vasos & vasos

O considerado André Fiori Patrício leu esta notícia na Folha Online e ficou absolutamente convencido de que a vítima estava mesmo predestinada a sofrer tão bizarro acidente:

Vaso cai de prédio e atinge mulher no centro do Rio

Um mulher identificada como Florisbela de Souza Lírio, 50, foi atingida na cabeça por um vaso que caiu de uma janela, quando chegava ao prédio onde mora, na rua do Riachuelo, no centro do Rio de Janeiro.

Segundo o Corpo de Bombeiros, ainda não se sabe de qual andar teria caído o vaso. A vítima sofreu apenas escoriações e foi liberada ainda no local.

Janistraquis, que para meu desespero às vezes gosta de se aliviar no jardim, perguntou a seus zíperes:

‘O texto não explica se o que caiu na cabeça de dona Florisbela Lírio foi vaso de flores ou vaso sanitário; a queda do primeiro revela óbvio acidente; a do segundo só pode ser sacanagem…’

Nome de corno

O considerado Giulio Sanmartini, o mais brasileiro dos italianos, criou, por artes da Internet, a ponte virtual Belluno-Cuiabá e agora edita, com Adriana Vandoni Curvo, o blog Argumento.

Pois Giulio escreveu para ver se a coluna o ajuda a descobrir o nome do delegado corneado por uma reles estelionatária, já que O Globo também foi passado pra trás na matéria intitulada Polícia prende estelionatária que casou com delegado e fingiu gravidez e seqüestro:

RIO – Policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) puseram fim, nesta sexta-feira, à farsa montada pela mulher do delegado Antenor de Castro, lotado na Corregedoria de Polícia. Eles prenderam, na rodoviária de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, Cleusa Rego, de 40 anos, que estava desaparecida há uma semana. Ela teria sido seqüestrada e estava grávida de gêmeos. Segundo a polícia, no entanto, Cleusa nunca esteve esperando bebês e forjou o próprio seqüestro para tentar extorquir dinheiro do marido.

Antenor de Souza Rego foi traído pelo coração. Ele mesmo admite ter ficado cego de amor, deixando-se enganar pela estelionatária (…)

Janistraquis garante, ó Giulio, que nem o delegado sabe mais o próprio nome, pois há chifres que fazem o camarada perder inteiramente ‘o norte’, como disse certa vez o Eduardo Suplicy.

Imodéstia

Deu em O Globo e o link aqui está para ser conferido:

Violência contra criança cresce com globoalização

Aí o considerado Thomaz Figueiredo Magalhães Neto, sempre de olho, não perdoou:

Talvez por subconsciente convicção de que a Globo é o centro do Universo, alguém de lá se traiu, mudando para globoalização o famoso termo da hora. A propósito, a leitura do texto não confirma o título, pois sequer menciona alguma coisa entre globalização e violência contra crianças.

Belas palavras?

O considerado Déo S. Carlos achou ‘mimoso’ o artigo em que a Veja apresenta os nomes de ‘quatro animais’ entre as palavras mais bonitas da língua inglesa:

A lista contém três artigos comestíveis – a engraçadinha ‘pumpkin’, abóbora, em 40º lugar, e as familiares ‘banana’, em 41°, e ‘coconut’, coco, em 54°- e quatro animais: ‘butterfly’ (borboleta, em 31º), bumblebee’ (um tipo de abelha, em 44°), ‘kangaroo’ (canguru, em 50°) e, claro, ‘hippopotamus’ (hipopótamo, em 52°), que é admirável em qualquer língua’.

Déo estranhou:

A borboleta e a abelha, animais? E o canguru? Seria, então, um inseto? E hipopótamo um peixe? Outras estranhezas: por que ‘pumpkin’(abóbora) é engraçadinha? Quem nos faz rir é outra coisa. O dinheiro, também conhecido como ‘faz-me rir’, Chico Anysio, Jô Soares, Agildo Ribeiro e, claro, alguns redatores de Veja, entre outros. E por que hipopótamo é admirável em qualquer língua? O redator, que não assinou o texto, não explicou.

Janistraquis, que não pretende botar lenha nessa fogueira, imita Orson Welles em Cidadão Kane e garante: ‘Considerado, pelo menos em minha modestíssima opinião, a mais bela palavra da língua inglesa é rosebud…’

Explosão arretada!

Nosso considerado Camilo Viana, diretor da sucursal desta coluna em Minas Gerais, escutava o jornal matinal da Rádio Itatiaia quando a voz da repórter assomou como vagalhão em mar revolto:

A capitânia dos portos informou que se acham desaparecidos quatro corpos do navio chileno.

Camilo sentiu o drama:

Percebi que a explosão do navio ocorrida em Paranaguá foi tão forte que, além de afundar o navio, conseguiu deslocar até as sílabas tônicas!!!

Olhe, Camilo, Janistraquis acha que certamente a moça se referia a algum ‘navio capitânia’, porque não existe repórter neste mundo que desconheça a Capitania dos Portos.

Nota dez

A mais assustadora revelação da semana foi a nota zero que o ensino brasileiro recebeu nas avaliações do Pisa. Leia abaixo excerto do editorial da Folha:

ÚLTIMOS DA CLASSE

É consenso entre especialistas que uma boa formação matemática é fundamental seja para exercer plenamente a cidadania seja para sedimentar as bases de uma carreira científica. E aqui, infelizmente, o Brasil faz péssima figura.

Dados recém-divulgados do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos) -teste para analisar o desempenho de estudantes de 15 anos nas redes de ensino públicas e particulares- mostram que o país ocupa as últimas posições entre as 41 nações avaliadas (…) A performance média do país em matemática foi a pior possível: último lugar ao lado da Indonésia e da Tunísia.

Os que têm assinatura do jornal ou do UOL podem continuar a arrepiante leitura aqui.

A coluna também recomenda a matéria de O Globo, assinada pelo repórter Demétrio Weber: Reprovado.

Errei, sim!

‘SALVEM O ESTADÃO – Espião desta coluna infiltrado no Estadão penetra na intimidade dos computadores e revela o que alguns redatores espertos evitam que saia no jornal. Há nos PCs uma retranca intitulada Besteiras, onde são armazenadas excepcionais labrostas as quais, mercê dessa vigília, está nosso Estadão aliviado de certeiros vexames. A partir de agora, divulgaremos, na medida do possível, os exemplos mais hilariantes. Eis o primeiro:

(…) Por isso o juiz foi obrigado a mandar uma carta precatória para o Forum do Distrito Federal. Com medo de outra manobra protelatória, o procurador municipal embarcou junto com a carta.’ (Junho de 1995)’