Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Moacir Japiassu

‘‘O Partido dos Trabalhadores começou como partido dos presos políticos e pode acabar

como partido dos políticos presos.’

(Joelmir Beting no Jornal da Band)

Tarraqueta

Chico Buarque gravou depoimento para a campanha do plebiscito. Vai assestar aqueles olhos verdes nos olhos das telespectadoras deslumbradas e pedir votos contra o comércio de armas e munição. Impossível resistir. Janistraquis, fã do cantor/compositor/escritor, ficou sabendo e comentou:

‘É, considerado, amanhã há de ser um novo dia…o Chico ajuda a desarmar os cidadãos decentes do Brasil e depois se muda pra Budapeste, enquanto nós ficamos aqui a tomar na tarraqueta…’

(No dia seguinte, em artigo na Folha, José Serra mostrou que não tem muito trabalho a fazer na Prefeitura de São Paulo e usou o ócio para divulgar profissão de fé desarmamentista, esquecendo-se de seu passado democrático. Porém, só pra sacanear Chico Buarque, citou Caetano…)

Leia no Blogstraquis o lamentável artigo do prefeito e ex-presidente da UNE.

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Quem confia?

Aliás, a propósito desse explosivo assunto, Janistraquis pensou e pensou, pesquisou e, finalmente, desabafou:

‘Considerado, será que a população pode acreditar na boa-fé dos desarmamenteiros? Ora, neste país de m… têm aparecido cabras safados nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Há juízes ladrões no futebol; outros, devidamente togados, estão presos por envolvimento em diversas falcatruas; aquele juiz trabalhista, Nicolau dos Santos Neto, deu golpe de milhões. Outros milhões sumiram do cofre da Polícia Federal!

O país sofreu e sofre com PCs Farias e Delúbios; conhecemos governadores e prefeitos afastados dos cargos por depravação administrativa e as CPIs discutem a cassação de parlamentares e ex-ministros corruptos.

Agora me diga: quem pode apostar na honestidade desses que agora querem acabar com o comércio de armas e munição? Caso essa lei vingue, é bom o Ministério Público ficar de olho porque muito graúdo vai enriquecer mais ainda com o contrabando.’

Dou fé, subscrevo e recomendo a leitura das entrevistas feitas por Mauro Malin e publicadas no seu blog Em Cima da Mídia. O colunista abusou da liberdade e as transcreveu no Blogstraquis.

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Severinos

Fernando de Barros e Silva escreveu esclarecedora análise a respeito das agruras petistas na luta pela presidência da Câmara e o redator perpetrou um título deveras inteligente e engraçado: Sem consenso, Lula lança seu próprio Severino. No caso, o ‘Severino’ atende pelo nome de Aldo Rebelo…

Confira no Blogstraquis o artigo do Fernando.

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A palavra certa

Deu no JB Online:

Edson Nery da Fonseca lança CD com poemas de Manuel Bandeira

Edson Nery da Fonseca dá corpo e alma a 25 dos mais consumados poemas de Bandeira no CD Edson Nery da Fonseca interpreta Manuel Bandeira, que o Instituto Maximiano Campos, de Recife, acaba de lançar. No disco, não falta Invocação do Recife, que, em sua interpretação, adquire foros de co-autoria.

Janistraquis, que na juventude tomou todas inspirado em poemas de Bandeira, ficou revoltado:

‘Considerado, esse negócio de dar ‘corpo e alma’ e formar ‘co-autoria’ com o poeta é de uma besteira sesquipedal; e o poema se chama Evocação do Recife; invocação é outra coisa…’

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Botafogo

O considerado Roberto Porto, um dos mais brilhantes jornalistas deste país, astro do melhor programa esportivo da TV, o Loucos Por Futebol, da ESPN Brasil, lançará em Brasília seu best-seller Botafogo: 101 Anos de História. A festa está marcada para este sábado, dia 1o. de outubro, no Café com Letras (SQS 203, Bloco C, loja 19), a partir das 19 horas.

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Tremores

Depois de longa ausência, devida a compromissos na Sorbonne, onde é colega de Fernando Henrique, o diretor de nossa sucursal em Fortaleza, Celsinho Neto, reapareceu e despachou o seguinte texto:

Eis-me de volta, cearense, com cueca, mas sem um dólar escondido nela. Aliás, usando cueca é que se vê como a vida é dura… mas, trocadilhos infames de lado, voltei do meu exílio com uma do nosso querido jornal O Povo.

Na edição do dia 19/09, publicaram matéria sobre o Plantão Gramatical, serviço da Prefeitura de Fortaleza, administrada pela nossa colega jornalista Luizianne Lins, ainda do PT, que completa 25 anos de excelentes préstimos ao contribuinte. Eis que, numa das coordenadas, o jornal chibateia esta:

Veja as dúvidas mais comuns

Ortografia – Como se escreve?

– Compreensão (se é com ç)

– Obsessão (se é com ç)

– Berinjela (é com g?)

– Ressarcir (tem o r?)

– Cinqüenta (ainda tem o tremo?)

Tremo?!?!?!? Eu tremo só de pensar nisso. Não seria trema? Aliás, se a matéria era sobre o Plantão Gramatical, não custava nada o redator ter apelado pro socorro gramatical…

É bem pensado.

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Vivíssimo

Esta notinha, enviada pelo considerado xará Moacyr Castro, apareceu durante arrumação que Janistraquis fazia nos nossos arquivos e, como é impossível recordar se já foi ou não publicada aqui, ei-la, até porque merece replay:

Sabe aquela história de que um dente do Elvis Presley irá a leilão nos próximos dias? Saiu em vários jornais, mas a gloriosa Tribuna de Ribeirão, aqui de Ribeirão Preto, terra do ministro da Fazenda Antônio Palocci, deu a notícia com o seguinte título:

Elvis não mordeu!

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Sérgio Augusto

O mestre desfila seu talento nas passarelas da moda e dali extrai um vivaz ensaio sobre as ilusões desta vida, a partir do exemplo de Kate Moss, a top model apanhada em flagrante delito pela imprensa marrom de Londres. Leia no Blogstraquis o texto originalmente publicado no caderno Aliás, do Estadão.

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Boa inversão

Refestelado na varanda da sucursal desta coluna em Brasília, enquanto esperava a eleição do novo presidente da Câmara, nosso considerado diretor Roldão Simas Filho folheava os jornais e anotou, somente para espairecer:

Em anúncio colorido e de meia página, a perfumaria ‘Natura’ promove a venda da embalagem de recarga – chamada em inglês de refil – de um hidratante para após o banho. Diz: ‘usa menos recursos naturais para conservar o planeta’. A redação ficou confusa. Ficaria clara se invertesse: ‘Para conservar o planeta, usa menos recursos naturais.’

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Pensamento

‘Os políticos brasileiros são os mais católicos do mundo…Não assinam nada sem levar um terço.’ (Circula na internet e foi enviado pelo considerado Fausto Ryo Osoegawa)

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Nota dez

Atente, ilustre e considerado leitor, para as palavras de Elio Gaspari em sua coluna publicada em não-sei-quantos jornais:

Com 83 anos de idade, 62 de serviço público e 25 de militância, Hélio Bicudo foi-se embora do PT. O cangaço o derrotou. Logo a ele, um promotor miúdo e obstinado, espécie de Antonio das Mortes da moralidade administrativa (…) Em 1989, aliado à Convergência Socialista, José Dirceu derrubou Bicudo da presidência do Diretório Municipal de São Paulo. Em 1991, defenestraram-no da vice-presidência nacional do partido e no seu lugar puseram o estrategista Luiz Gushiken.

(…) Há cerca de um mês, Bicudo sentou-se com Apolônio de Carvalho durante um almoço na casa do cônsul francês em São Paulo. Eram quatro mesas, cada uma com o nome de uma cidade libertada dos alemães com alguma ajuda de Apolônio. Quando perguntaram ao velho ‘maquisard’ o que achava da crise, ele respondeu com a benevolência e o charme que encantaram três mundos: ‘Não devemos confundir a parte com o todo’. O tempo levou Apolônio. Bicudo preferiu ser um pedaço da parte de fora do que um enfeite do todo de dentro.

Leia a íntegra no Blogstraquis.

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Errei, sim!

‘ARTICULISTA ARTICULADO – Frase de um articulista da Folha de S. Paulo: ‘Os inimigos de ontem são os adversários de hoje’. Janistraquis leu, releu, ficou alguns minutos pensativo e não resistiu: ‘Considerado, a frase desse observador da cena política, é, sem laivos de dúvida, verdadeira. Porém, por que perder tempo com tal obviedade?’. No dia seguinte, em doloroso Erramos, a Folha explicou: não era para ter saído ‘adversários de hoje’ mas ‘aliados’. Meu secretário estrilou e decidiu: ‘Telefonarei ao Matinas e ao Otavinho, pedindo que cortem o dia de trabalho do culpado; afinal, o mínimo que se pede de um articulista é que seja articulado!’’



LÍNGUA PORTUGUESA
Deonísio da Silva

‘O instituto do prazo’, copyright Jornal do Brasil, 03/10/05

‘O instituto do prazo é um dos grandes tormentos do direito. Perdido o prazo, perdido o direito. O juiz é obrigado a endossar a demanda que não foi contestada a tempo.

Mas prazo e endossar tiveram originalmente outros significados. Prazo nasceu da expressão placitus dies, dia agradável. Mas agradável para quem? Uma complexa rede de pequenos poderes está presente no tecido das palavras.

Endossar veio do latim medieval indorsare, pôr no dorso, nas costas de um animal ou de uma pessoa. Ao assinar no verso de um cheque, pomos nas próprias costas aquela quantia. Se o emitente não honrar o pagamento, quem o endossou também é responsável. E, ao recebê-lo, confirma ser o beneficiário do pagamento.

Foi o que aconteceu recentemente, aliás, na rumorosa denúncia de corrupção que levou o deputado Severino Cavalcanti a perder o mandato e a presidência da Câmara. Quando sua secretária, Gabriela Kênia Santos da Silva Martins, endossou o cheque 001336, de R$ 7.500 da agência 0241 do Bradesco, emitido por Sebastião Buani, forneceu, sem querer, prova decisiva de corrupção do chefe.

A propósito, a expressão ‘Os 18 do Cofre’, divertida paráfrase de Augusto Nunes para vituperar os corruptos, é baseada na história dos ‘18 do Forte’ de Copacabana, que em 1922 arriscaram a vida por seus ideais. Já ‘Os 18 do Cofre’ seguem saqueando a pátria em 2005 e culpando a imprensa que os denuncia.

Voltemos a nossas palavras. Prazo surgiu no século 10. José Pedro Machado encontrou documentos dos anos 938 e 999, em que aparece com a forma alatinada plazum. A forma atual, prazo, teve seu primeiro registro num texto do rei português Dom Dinis, agricultor e poeta, fundador da Universidade de Lisboa, em 1290, transferida para Coimbra em 1307.

Como escrever é tecer, lembremos que José Pedro Machado, casado com a também lexicógrafa Elza Paxeco Machado, primeira doutora em Letras da Universidade de Lisboa, faleceu dia 26 de julho passado, quando saía de casa para comprar seu jornal diário. Foram muito perseguidos por colegas professores. Tinham abandonado a docência há décadas, mas não as pesquisas, e juntos escreveram muitos livros.

O francês endosser, de onde veio endossar, está presente nas Viagens de Carlos Magno, do primeiro milênio, mas ainda com o sentido de pôr no dorso. Com o significado de avalizar, surge no século 17, chegando ao português em 1789, tendo sido registrado pela primeira vez no Dicionário da língua portuguesa, de Antonio de Morais Silva. Ele também foi perseguido e precisou refugiar-se na Inglaterra, como fez Hipólito José da Costa, o fundador de nossa imprensa, outro célebre exilado.

Não prescreve o prazo de certas penas. Certamente Arnaldo Jabor não endossa a perseguição a exilados, mas recentemente incluiu entre os ‘heróis canalhas’ os degredados, para demonstrar que o Brasil começou mal. Tu quoque, Brute? Ora, entre os degredados havia muitos intelectuais e presos políticos. É preciso separar o joio do trigo.

P.S. – O ex-ministro e agora deputado José Dirceu declarou que está ‘cada vez mais convencido de sua inocência’. As pessoas, como os peixes, morrem pela boca. Os anzóis são as palavras.’



BIZZ, 20 ANOS
Thiago Ney

‘Repaginada, revista ‘Bizz’ revive seus 20 anos em caixa especial’, copyright Folha de S. Paulo, 03/10/05

‘A ‘Bizz’ voltou -toda ela. Há alguns dias chegou às bancas a nova versão da revista, que tinha parado de ser publicada em seu formato tradicional, periódico, em julho de 2001. No final de semana, foi lançada uma caixa com sete CDs que contêm a edição completa da publicação.

O pacote traz, em formato digitalizado, os 192 números da revista, além de algumas de suas edições especiais. Estão ali reportagens, críticas, fotos e textos de todas as seções da ‘Bizz’, como ‘Discoteca Básica’ e ‘Ao Vivo’.

‘Começamos a lançar edições especiais, monotemáticas, em março deste ano. Isso esquentou o interesse dos leitores pelo retorno do formato clássico da revista. Mas a idéia do CD-ROM existia antes’, diz o editor da ‘Bizz’, Ricardo Alexandre, 30.

A caixa abrange toda a trajetória da ‘Bizz’ nesses 20 anos em que se tornou a principal publicação brasileira destinada à música. E, de certa forma, marca uma mudança de caminho da revista.

‘A ‘Bizz’ surgiu direcionada ao público jovem. Em 1985, jovem era adolescente. Hoje, o jovem vai até os 35, 40 anos, são pessoas que têm estilo de vida pop’, afirma.

‘Os parâmetros do jornalismo musical mudaram. Quando a ‘Bizz’ apareceu, o visual era inspirado na ‘Smash Hits’ [revista britânica para adolescente], que vendia 1,5 milhão de exemplares por semana. Hoje, ela vende 100 mil. Depois, o parâmetro passou a ser a ‘The Face’ [extinta revista britânica de estilo] e a ‘Spin’ [revista americana de música]. Hoje, o sinalizador são as revistas direcionadas ao público adulto, como [as britânicas] ‘Mojo’, ‘Word’ e ‘Uncut’. No Brasil, acreditava-se que quem comprava revista era gente de 13 anos, mas não é assim.’

A ‘Bizz’ ficou mais adulta, mas não virará as costas para o novo. ‘A preocupação é dimensionar o espaço para cada tipo de artista. É importante termos bandas contemporâneas, mas, no final, o que decidirá é a qualidade do artista. Se ele tem uma boa história, terá bom espaço. O Hyldon tem histórias muito mais saborosas do que, por exemplo, o Gram.’’



BLOGS & LEGISLAÇÃO
Ricardo Noblat

‘Da responsabilidade dos blogueiros e comentaristas’, copyright Blog do Noblat (www.noblat.com.br), 02/10/05

‘Transcrevo do blog do Moreno (http://oglobo.globo.com/online/blogs/moreno/)

‘VOCÊ SABIA QUE …

Este blog responde judicialmente por todas as ofensas, calúnias, injúrias e difamações postadas pelos leitores?

Isso acontece mesmo quando o leitor se identifica com endereço eletrônico verdadeiro?

É tecnicamente possível identificar a origem dos e-mails anônimos?

E que a própria Justiça se encarrega disso quando o responsável pelo blog é acionado pela vítima?

É meu amigo, não é fácil não. Em tempo de luta por transparência total, que tal começar por você mesmo: identifique-se sempre; não tenha medo de mostrar tua cara, assim todos prestam atenção na sua opinião, na sua crítica.

Vá se acostumando a fazer isso porque daqui a pouco, por exigência legal e preservação dos nossos hospedeiros, todos nós seremos obrigados a só postar comentários de autores identificados. Os sites jornalísticos que hospedam os blogs estão também sujeitos à lei de imprensa.

Portanto, amigo, o que você comenta aqui é veiculado por um site de notícias. Até agora, entusiasmados pela novidades, muitos de nós não nos demos conta disso. Mas fique tranquilo, não haverá censura. Só que, como nós, você também terá que ser responsável pelo que escreve.’’