Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Nelson de Sá

‘No relato da Agência Brasil, Lula ‘encontrou estrelas’ ao reinaugurar a rádio Nacional. Estavam lá Emilinha e Marlene. E o presidente:

– São coisas simbólicas como esta (reinauguração) que vão construindo a alma de um povo.

A ‘alma’, repetiu depois, como se viu na Band News.

O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, que comanda a nova Nacional, falou da rádio como ‘o elo de unificação do imaginário e da identidade nacional por décadas’.

Não mais -e faz tempo. A ‘alma’, o ‘imaginário’, a ‘identidade nacional’ não estão em Emilinha, Marlene ou na rádio. Estão na Rede Globo.

Pelo menos é o que a Globo quer que se acredite.

‘O Globo’ deu ontem que vão baixar em Brasília, na terça, Tony Ramos, Glória Perez, Jayme Monjardim e outros enviados para levar a Lula ‘um documento com propostas para valorizar a cultura brasileira’.

É o que saiu daquele ‘Conteúdo Brasil’, evento que a Globo montou no início do ano com seus artistas e associados.

Em meio a essa nova ofensiva global, o Fórum Cultural Mundial, que termina hoje, caiu para um distante segundo plano.

O pouco que ganhou de repercussão no país correu por conta da mesma Globo, com atenção, até o SPTV de ontem, voltada à ‘feira de oportunidades’, à cultura como ‘bom negócio’.

Longe do Brasil, o espanhol ‘El País’ deu destaque ao evento sublinhando que ‘teve como protagonistas’ os ministros da Cultura de Lula, Gilberto Gil, e da Espanha, Carmen Calvo.

A espanhola falou do esforço de seu país de se reaproximar da América Latina. E ambos, Gil e ela, destacaram um ponto do documento que marcou o Fórum, a Carta de São Paulo:

– Defender a exclusão dos bens e serviços culturais da liberalização em curso na Organização Mundial do Comércio.

Mais Hollywood, não.

SEBASTIANISMO

O UOL fez um levantamento da repercussão de Luiz Felipe Scolari, treinador da seleção, na mídia de Portugal. Ele é capa do esportivo ‘A Bola’ e do diário ‘Record’ (à esq.). Uma TV portuguesa ouviu de torcedores que Scolari é ‘um presente dos deuses para Portugal’. Chegam a descrever o treinador como ‘são Sebastião, de volta a Portugal’, referência ao rei que foi à África em cruzada e desapareceu.

E até em Kolkata, ‘a capital do futebol’ da Índia, segundo um jornal de lá, torcem por Portugal e declaram: ‘Apóio Portugal porque Scolari é o treinador’.

Em paz

No embalo da liberação da compra de carne brasileira, o ministro argentino da Indústria surgiu ontem nos sites do país dizendo que as importações do Brasil, em especial a de automóveis, não prejudicam as empresas argentinas. Os produtos não teriam similares por lá.

Contra a China

A agência Reuters distribuiu e sites pelas Américas traziam ontem a notícia de que associações empresariais -em sua maioria de exportadores de soja- dos EUA, do Brasil e da Argentina uniram forças para acusar a China de impor barreiras ‘sob o disfarce de medidas sanitárias’.

Pirataria

Nem tudo vai bem entre EUA e Brasil. Sites setoriais traziam ontem a ameaça americana de barrar até a importação de autopeças, se o Brasil não reprimir a pirataria de cinema e software. O prazo dado é de 90 dias.

Inspeções

O ‘Miami Herald’ publicou editorial, ontem, afirmando que ‘o Brasil deveria permitir inspeções’ de suas instalações nucleares pela agência da ONU. Elogiou as negociações ‘responsáveis’ que estão em andamento, mas pediu maior rapidez.

Apagão

O ministro José Dirceu entrou em campo ontem. Falando a candidatos petistas do ABC, segundo a CBN, ele conclamou a não levarem desaforo para casa. E atacou o governo tucano:

– Quem são eles para chamar o governo de incompetente? Eles fizeram o apagão, sucatearam a infra-estrutura do país.

Últimas

O colunista e blogueiro Jorge Bastos Moreno, ontem em ‘O Globo’, deu as ‘últimas’:

– O PT recebeu dados (sexta à noite) de que Marta Suplicy voltou a crescer na periferia de São Paulo, principalmente.

Seriamente

Mas o comentarista Arnaldo Jabor já se volta, com os ventos. Dizia ele na CBN, na quarta:

– O governador Geraldo Alckmin tenta seriamente resolver os problemas da violência… Governador Alckmin, o senhor está trabalhando direito.

Americano novo

Jornais dos EUA diziam ontem que 16 mil estrangeiros se tornam americanos hoje, no 4 de julho. E davam um perfil do brasileiro Léo Lopes. Dele:

– Eu sempre me senti emocionalmente como se fosse muito próximo dos EUA.

PARA O ORIENTE

Porta-voz dos republicanos nos EUA, o ‘Washington Times’ noticiou que ‘Brasil retoma o comércio com o Iraque’. Empresas brasileiras estariam reconstruindo o ‘forte comércio’ bilateral -cujo símbolo é o Passat exportado nos anos 70, antes do embargo americano- novamente pela indústria automobilística. Agora, com a venda de caminhões e, como deu o ‘New York Times’ na semana passada, veículos de passeio blindados.

Para além do Iraque, o Brasil avança no Oriente Médio com aviões, frangos etc. Segundo a agência Xinhua, a Petrobras está para fechar com o Irã um acordo para buscar petróleo no golfo Pérsico. Segundo um site de aeronáutica, a Líbia estuda a compra de 22 aviões da Embraer.

E tem mais, no que soa como movimento preparatório para a reunião de cúpula de países árabes e sul-americanos, programada para o segundo semestre, em Brasília. O ‘Valor’ noticiou na semana que o México vem pressionando, com apoio do Egito, para estar presente.’

***

‘Anotem e cobrem’, copyright Folha de S. Paulo, 2/07/04

‘O aniversário do Plano Real foi saudado com humildade por Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda.

Segundo o ‘Valor’, ele ‘se dedicou, ao longo do dia, a dizer que o plano não foi idealizado para resolver todos os problemas do país, mas teve um objetivo: combater a hiperinflação’.

‘E nisso fomos bem-sucedidos’, disse o próprio. Quanto a todo o resto, do crescimento à carga tributária, não deu:

– Nós fizemos o que podíamos fazer. E às vezes isso fica aquém das necessidades.

Não deu, por exemplo, para ganhar as apostas que, a cada ano no poder, Malan repetia sobre a balança comercial.

Em contraste com as entrevistas de FHC e seus colaboradores sobre o plano, as manchetes do Jornal Nacional e do Jornal da Record de ontem destacavam o novo recorde no superávit comercial, no último mês. Até no título do site Bloomberg:

– Brasil alcançou o recorde de US$ 3,8 bi no último mês.

O ministro Luiz Furlan tratou de fazer, na seqüência, mais promessas estatísticas -ele que, ao contrário do ex-ministro da Fazenda, acertou na sua aposta para a balança comercial do ano passado. Furlan, na Globo:

– Nós vamos crescer mais do que 4%. Anotem e cobrem.

E metade do crescimento, diz ele, ‘virá das exportações’.

THE END

Jack Valenti, o todo-poderoso da indústria cultural americana por 38 anos, está de saída, diz a ‘Variety’. Aos 82, ele sai dizendo, em texto à imprensa divulgado pela Motion Pictures Association of America, sua organização:

– Foi um longo caminho e uma grande aventura. Mas tudo precisa ter um fim.

Por quatro décadas, Valenti diz ter seguido um mote: ‘garantir que os filmes e programas dos EUA se movam livremente pelo mundo’. Mais do texto oficial:

– Valenti construiu um ‘Departamento de Estado’, com ‘corpos diplomáticos instalados em seis escritórios (Bruxelas, Nova Delhi, Rio de Janeiro, Singapura, Toronto e Pequim). Dirige uma estratégia planetária cujo objetivo é manter os mercados abertos e resistir às tentativas de diminuir ou prejudicar a participação dos EUA no mercado mundial de cinema e televisão.

Pela primazia

José Serra, Paulo Maluf e Marta Suplicy não foram, o debate foi um não-acontecimento -e a Globo se vingou com um ataque em pleno Jornal Nacional.

De todo modo, com ou sem os líderes em São Paulo, os programas aconteceram, pelo país todo, e a emissora conseguiu o que queria: subtrair da Bandeirantes a primazia no lançamento, todo ano, da corrida eleitoral.

Horário infantil

O castigo da Globo a Serra, Maluf e Marta sublinhou sempre a importância da discussão dos temas etc. Mas o certo é que, se considerava o debate tão importante, a emissora deveria ter programado a transmissão para a noite, como sempre ocorre, e não para o fim da manhã.

O problema era trocar a audiência do humorístico ‘A Grande Família’ por Luiza Erundina, César Maia e outros.

Saco de gatos

O governador peemedebista de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, próximo do tucanato, não gostou nada de Orestes Quércia e Michel Temer terem levado o PMDB a apoiar Luiza Erundina, na eleição em São Paulo.

Dele, à ‘Folha de Pernambuco’ e à Agência Nordeste:

– Faz três ou quatro anos que o partido é um saco de gatos. Ulysses Guimarães deve estar tremendo, onde quer que esteja.

Mais Scolari

Luiz Felipe Scolari, que já foi disputado na última eleição presidencial brasileira, vai ganhando espaço também entre os políticos portugueses. Da BBC Brasil, ontem, sobre o treinador brasileiro que faz história com a seleção de Portugal:

– Em meio a uma crise no governo, com a saída do primeiro-ministro para presidir a Comissão Européia, um deputado da oposição socialista disparou: ‘Enquanto nós tivermos Scolari, nós não precisamos de primeiro-ministro para nada’.

Fox vem aí

A mídia mexicana está excitada com a visita do presidente Vicente Fox a Lula, a partir de terça. Do ‘El Universal’ ao ‘La Crónica de Hoy’, passando pelo site Notimex, sobram reportagens sobre os preparativos do encontro que vai selar, afirmam, a relação México/Mercosul.

Amazônia

Mas o Brasil parece correr no momento em outra direção.

Sites venezuelanos, colombianos e peruanos reproduziam ontem um despacho da agência Associated Press, com a proposta do chanceler brasileiro Celso Amorim, para um encontro de cúpula dos presidentes de países amazônicos. De Amorim:

– É o momento de dar impulso político, de dar maior densidade política (às relações entre os países amazônicos).

Foi notícia também na China, na atenta agência Xinhua.

Integração

O site noticioso Adital, ligado a entidades católicas brasileiras e da América Latina, saudou a entrada em vigor, ontem, do ‘acordo para a integração sul-americana’, com o tratado do Mercosul com a Comunidade Andina. Do site, sempre engajado:

– Pelo acordo, 10 das 13 nações da América do Sul estarão reunidas num mercado comum com 350 milhões de consumidores, rompendo até mesmo o tradicional isolamento do Chile.

‘Hype’

Blogs americanos discutem um balão de ensaio lançado por um deles, o Drudge Report, aquele mesmo que divulgou o escândalo sexual de Bill Clinton.

Segundo Drudge, a mulher de Clinton, senadora Hillary, será escolhida como vice pelo candidato democrata John Kerry. Howard Kurtz, que tem um blog sobre mídia no site do jornal ‘Washington Post’, ironizou:

– Drudge está hypando que Hillary terá a vaga. Nos sonhos dos conservadores, talvez.’

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‘Cultura como dinheiro’, copyright Folha de S. Paulo, 1/07/04

‘Se depender da Globo, o Fórum Cultural Mundial vai existir, em São Paulo.

Começou no fim de semana, com o Jornal Nacional anunciando ‘o grande e diversificado painel cultural’ de ‘artistas e intelectuais de 60 países’.

E prossegue na semana, com uma atenção maior para a cultura como dinheiro.

O SPTV, por exemplo, sublinhou que ‘a cultura é um bom negócio’ e arriscou que ‘o setor movimentou quase R$ 1,5 bilhão no ano passado em São Paulo’. De um ‘consultor’:

– A cultura tem potencial maior do que as indústrias setoriais. A indústria automobilística pega parcela pequena, a cultura atinge toda a população.

O Bom Dia Brasil, ontem, investiu no ‘papel da cultura no desenvolvimento’, descrevendo que Lula e o ministro Gilberto Gil ‘defendem que a cultura tem importante papel econômico’. O presidente surgiu dizendo:

– A cultura deve ser também encarada como fator de geração de renda e emprego.

Pode ser. Mas é bem pouco animador, para a cultura.

A Globo, ainda bem, não se restringe às finanças da cultura -e vem destacando na semana uma série de reportagens sobre teatro, algumas curiosidades vindas de Israel ou de uma ‘gruta no sertão da Paraíba’, enfim, muita ‘diversidade’.

A Globo não deu, mas Lula também falou, no Fórum:

– A produção cultural no mundo é dominada por poucos e fortes oligopólios. Esse fato torna ainda mais necessária a conclusão estratégica de parcerias entre os países que aceitam o desafio de buscar espaço para seus produtos e serviços.

Oligopólio, no caso, era referência a Hollywood e semelhantes. Não à Globo.

O FENÔMENO

O treinador Luiz Felipe Scolari, de Portugal, saiu da vitória e disse ao repórter português:

– Quem está de parabéns é o povo.

Ele está por todo lado. Era o destaque, ontem, nos sites dos jornais ‘A Bola’ e ‘Diário de Notícias’, entre exaltações ao feito ‘histórico’. No ‘Público’, o técnico brasileiro fazia até propaganda de banco.

Até nos EUA descobriram Scolari. O ‘New York Times’ deu longo perfil do treinador, intitulado ‘Meninão do Brasil dá energia a Portugal’, em que fala de sua ‘personalidade dominante’ e dos ‘muitos apelidos’ (como Popeye, do protagonista de ‘Conexão França’) e descreve sua atuação nos jogos como ‘teatro físico que se pode assistir sem cansar’. De Scolari, ao ‘NYT’:

– Eu não vejo jogadores. Eu vejo um todo.

Daí a conclamação ao ‘povo’ de Portugal. Ou ainda, ontem em entrevista ao gaúcho ‘Zero Hora’:

– Acima de tudo, eu sou gaúcho.

Espaço 1

A Rússia voltou a importar carne -e os telejornais comemoram, mas avisando que ‘o Brasil vai enfrentar outros embargos, porque está ganhando espaço no mercado externo’. Na Globo, o ministro Roberto Rodrigues admitiu:

– Podíamos ter tido um pouco mais de agilidade. Faltou um pouco de experiência.

Espaço 2

O gaúcho ‘Correio do Povo’ destacou que a Associação Americana de Soja ‘informou’ que os EUA devem cancelar a importação ‘até acabar um estudo sobre a ferrugem asiática’. Seria para evitar que a doença se espalhe pela soja de lá.

Do Kansas

Por outro lado, o jornal ‘Kansas City Star’, no interior dos EUA, noticiou ontem que o governador Bob Riley vai chefiar uma missão ao Brasil nos próximos meses, ‘como parte da campanha estadual de aumentar as exportações’.

No mapa

E a agência Reuters distribuiu despacho com o título ‘Brasil busca lugar no mapa dos produtores de vinho do novo mundo’. Do produtor Adriano Miolo:

– Investimos milhões. Estamos com vinhos de qualidade como o Brasil nunca produziu.

Nervos

‘O Globo’ deu a melhor descrição para as ações da prefeita Marta Suplicy, em suas entrevistas para Band e Cultura:

– Uma candidata à beira de um ataque de nervos.

Uma pesquisa qualitativa encomenda pelo PT apontou que os ‘bate-bocas’ da prefeita, sobretudo com seus eleitores, ‘fazem mal’ à campanha.

O homem

Duda Mendonça vem tendo trabalho para criar a ‘Martinha paz e amor’, mas segue com cotação em alta. Até o site da Al Jazira fez um perfil do marqueteiro, intitulado ‘O homem que molda presidentes’.

Mas José Simão, na Folha, já trata de ironizar o slogan malufista que o marqueteiro adaptou para a prefeita petista:

– ‘Marta faz bem feito’. Deveria ser ‘Marta faz, bem feito!’.

Tranqüilo

O ministro Aldo Rebelo, alvo petista, enfim falou das intrigas. Na Jovem Pan, disse estar tranqüilo e que ‘vários ministros’ ligaram para ele, em apoio.

Fugas constantes

O Jornal Nacional descobriu o governo Geraldo Alckmin. Primeira manchete de ontem:

– Excesso de presos. Fugas constantes. Delegados ameaçam fechar distritos em São Paulo.

PELA METADE É hoje, às 11h, o esvaziado primeiro debate da campanha em São Paulo. A Globo apelou até para animação para pressionar José Serra, Paulo Maluf e Marta Suplicy, avisando que vai deixar as cadeiras vazias, mas não deu e ontem o SPTV anunciou que ‘os debatedores já estão definidos’. Serão Paulinho, Francisco Rossi e, maior atração, Luiza Erundina, que acabar de ganhar todos os minutos do PMDB no horário eleitoral gratuito.’

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‘Pátria de chuteiras’, copyright Folha de S. Paulo, 30/06/04

A idéia foi do primeiro-ministro do Haiti, que disse à Folha e depois ao ‘Financial Times’, um mês atrás, quando o Brasil enviou as primeiras tropas, que elas seriam ‘bem recebidas, ao contrário das americanas’, mas que:

– Os brasileiros conseguiriam mais com um jogo de futebol do que usando a força.

Ele escalou Ronaldo, Kaká, Cafu -e sugeriu que as entradas fossem armas, para ajudar no desarmamento, uma das tarefas que a ONU determinou às tropas brasileiras.

Passaram as semanas e surgiu Ricardo Teixeira, presidente da CBF, entusiasmado com a idéia. Da Folha, ontem:

– Por trás da boa vontade da CBF está a intenção de conseguir o empenho do governo brasileiro em questões relacionadas ao futebol.

Ontem, foi a vez de Lula, em reunião com Ricardo Teixeira. Nas duas manchetes conjugadas do Jornal da Band:

– A confiança no presidente cai seis pontos. E Lula quer ver o amistoso de Brasil e Haiti.

Então, todos de acordo. Para a CBF, o ministro dos Esportes anunciou estar pensando em ‘três ações para melhorar a situação dos clubes’, uma das quais é aquela de sempre: uma nova loteria.

Ela começaria já no segundo semestre, com parte do dinheiro destinado ‘ao pagamento das dívidas dos clubes com a Previdência’.

O anúncio do amistoso ecoou em jornais pela América Latina, como o argentino ‘La Nacion’, com destaque para a garantia de Ricardo Teixeira -de que, ‘definitivamente, será a seleção principal do Brasil’, inclusive Ronaldo, Kaká e Cafu.

DIÁRIOS DA CORTE

Para quem gosta, é possível seguir os ‘bastidores’ de Brasília em tempo real. Começou com o blog de Ricardo Noblat. E na semana passada surgiu o blog de Jorge Bastos Moreno na Globo On Line. Deste, ontem:

– O Poder se reuniu para homenagear seu novo integrante, Nelson Jobim, presidente do STF. Foi na casa do presidente da Câmara, João Paulo. Estavam os presidentes Lula, Sarney e Vidigal (STJ). Só amenidades.

Mas nem tanto. Lula teria eleito o ministro Luiz Furlan ‘sua grande paixão no momento’:

– A cada dia fico mais encantado com ele.

E assim vai. Antes, Moreno tratou do encontro rumoroso do presidente com José Dirceu, na sexta:

– Lula teria insinuado mandar o ministro mais cedo para casa, não para ver novelas, mas navios.

Dias antes, Noblat falou da reunião anterior dos dois:

– Dirceu teve uma conversa séria com o presidente. Disse que deixará o cargo antes das eleições. Confessa aos mais íntimos que está ‘desencantado’ com os rumos, principalmente a ortodoxia da política econômica.

Quem fala a verdade? Pouco importa, para Brasília e seus personagens. O que interessa é a trama.

Apesar de você

O Senado não acerta nem quando faz a coisa certa. Ontem rejeitou a proposta da Câmara que cortava menos vereadores do que a Justiça Eleitoral havia decidido. Mas, na manchete do Jornal Nacional:

– Ótima notícia para a economia dos municípios brasileiros. O Senado não consegue derrubar a determinação da Justiça. Mais de 8.000 vagas de vereadores são eliminadas.

Pedágios

Depois dos números estranhos em educação e do crescente endividamento de São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin anunciou ontem por um de seus secretários, segundo a Jovem Pan:

– Pedágios ficam mais caros.

Alckmin está desovando todas as más notícias de uma vez, bem antes da eleição.

Brasil e Portugal

Depois da escolha de um espanhol para diretor-gerente do FMI, chegou a vez de um português para presidente da Comissão Européia, como noticiou ontem o JN.

O ‘Valor’ de ontem dizia, em título, que é mais uma ‘boa notícia para o Mercosul’.

Otimismo

Saem hoje os juros americanos. Para Carlos Alberto Sardenberg, na CBN, ‘o efeito no Brasil já ocorreu’. Para Míriam Leitão, ‘a elevação não significa nada para a dívida brasileira’. O mercado concorda. Do site do ‘Financial Times’:

– Ações sobem no Brasil em cima do otimismo de que Banco Central americano fará um aperto monetário modesto.

Ovos e farinha

Correu pelos jornais do meio-oeste americano a notícia de que dois congressistas, um republicano de Minnesotta e uma democrata de Illinois, foram alvo de ovos e farinha, na Uerj, no Rio. O texto no ‘Chicago Sun-Times’ descreveu os estudantes como ‘uma turba de manifestantes antiamericanos’.

Algodão lá e cá

Uma semana depois da reportagem sobre o temor dos fazendeiros de Minnesotta, de perder mercado para o algodão brasileiro, o ‘New York Times’ voltou ao tema. Foi até Ituverava, para mostrar como vivem e trabalham os produtores de algodão por aqui. Do título:

– A grande fatia do Brasil no algodão deve se tornar maior.’



FSP CONTESTADA
Painel do Leitor, Folha de S. Paulo

‘Cartas de leitores’, in Painel do Leitor, copyright Folha de S. Paulo,

‘2/07/04

Banestado

‘Em relação à reportagem ‘Petista não vê motivos para que a CPI convoque Maluf’ (Brasil, 30/6), gostaria de registrar, como a própria reportagem afirmou, que talvez não haja falta de motivos, como as notícias da imprensa têm divulgado, mas, para a CPI, faltam, sim, documentos. Assim, o título mais adequado seria ‘Petista não tem documentos para que a CPI convoque Maluf’. Realmente, como relator da CPI, não disponho dos documentos-cópias daqueles que a Suíça remeteu às autoridades brasileiras, apesar de ter aprovado requerimento que os solicitou em 31 de março. O primeiro motivo da demora foi o fato de o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros, somente ter assinado e remetido os ofícios que solicitavam os documentos em 3 de junho. Infelizmente, não posso fundamentar uma acusação baseada em notícias da imprensa escrita, de jornais ou de revistas nem em fitas de TV. Quanto ao ofício do Ministério da Justiça, somente no dia 29/6, durante a sessão, tomei conhecimento de sua existência -e estou procurando inteirar-me das informações ali contidas. Uma coisa é certa -e já aconteceu em outros casos e com outras autoridades estrangeiras: elas dificultam a extensão de sigilos e, quando o fazem, restringem sua utilização para que não exista exploração política das informações. Mas, como mostrei na mesma sessão, enquanto faltam documentos para investigar alguns casos, há outros sobre os quais sobram informações e documentos. Como no caso das famosas autorizações especiais de Foz do Iguaçu ou no das aplicações financeiras brasileiras no mercado internacional casadas com investimentos de estrangeiros no Brasil, ambas na gestão do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco.’ José Mentor, deputado federal (PT-SP), relator da CPI do Banestado (Brasília, DF)

PT

‘No artigo ‘Ex-PT é inimigo que sonegador pediu a Deus’ (coluna ‘No Planalto’, Brasil, 27/06), minha tese de recurso foi denominada de ‘curiosa’ diante do argumento aventado no texto de que o ajuizamento simultâneo de 700 mil créditos tributários provocaria a queda da arrecadação em face da previsível lentidão na tramitação das cobranças. A Folha omite em suas informações os demais argumentos da referida tese, estritamente jurídica (não política), utilizando-se de argumentos retirados da conjuntura em que se inseriam no texto e promovendo conclusões sob premissas falsas que desvirtuaram as assertivas do recurso. Em relação ao meu dever legal de recorrer, avaliado no artigo como mera tentativa de ‘embromação’, que me desculpe a Folha, mas é impossível a condenação de qualquer litigante em processo judicial antes do devido processo legal, assegurados o contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, incisos LV da Constituição Federal de 1988).’ Claudio Xavier Seefelder Filho, procurador da Fazenda Nacional (Marília, SP)

Resposta do jornalista Josias de Souza – Há na Receita 700 mil créditos tributários pendentes de cobrança. Somam R$ 8,5 bilhões. A Justiça ordenou o ajuizamento até 27 de julho. Em recurso assinado por Claudio Xavier Seefelder Filho, a União sustenta que a execução simultânea das dívidas ‘provocará previsível lentidão na tramitação das cobranças […], acarretando assim dificuldades na recuperação dos créditos fiscais e queda da arrecadação tributária […]’. Governo refugando coleta de tributos é, reconheça-se, algo curioso.’