Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O Estado de S. Paulo


VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS
O Estado de S. Paulo


ANJ protesta contra agressão a repórter


‘A Associação Nacional de Jornais (ANJ) emitiu nota ontem em que ‘lamenta e
condena a agressão’ sofrida pelo repórter Sérgio Gobetti, do Estado, por parte
de agentes de segurança da Câmara. ‘O jornalista portava de forma visível sua
credencial ao entrar no plenário da Câmara quando, sem nenhuma razão, foi
interceptado de forma truculenta pelos agentes de segurança, que o agrediram e
apertaram seu pescoço’, diz a nota, assinada pelo vice-presidente da ANJ, Júlio
César Mesquita. ‘Foi um ato injustificado de violência.’ A entidade também
manifesta expectativa de que a sindicância aberta pela Câmara leve à punição dos
agressores.’


 


MEMÓRIA / MARK FELT
O Estado de S. Paulo


Morre ‘Garganta Profunda’, o homem que derrubou Nixon


‘REUTERS, WP E AP – Mark Felt, o misterioso ‘Garganta Profunda’, a fonte
supersecreta mais famosa da história do jornalismo americano, morreu na noite de
quinta-feira, aos 95 anos. As revelações de Felt ajudaram os repórteres Bob
Woodward e Carl Bernstein, do jornal Washington Post, a desvendar o caso de
abuso de poder na Casa Branca, que ficou conhecido como o escândalo de Watergate
e forçou o presidente Richard Nixon a renunciar, em 1974.


O caso começou em 1972, quando a polícia prendeu ladrões no Edifício
Watergate, em Washington, onde o Comitê Nacional do Partido Democrata tinha
escritórios. As investigações feitas por Woodward e Bernstein desvendaram uma
rede de espionagem política, suborno e desvio de dinheiro que ligavam o
escândalo à Casa Branca, então ocupada pelo republicano Nixon.


Na ocasião, Felt ocupava o segundo cargo mais importante do FBI.
Secretamente, era ele quem passava as informações aos repórteres do Washington
Post. Sua identidade foi mantida em sigilo por 30 anos. Nem sua família sabia da
história.


Somente em 2005, aos 91 anos, seu papel no escândalo tornou-se público por
meio de um artigo escrito na revista Vanity Fair. Na ocasião, ele afirmava que
jamais se considerou um herói e só queria ‘ajudar’.


‘Eu sou o cara que costumavam chamar de ?Garganta Profunda?’, escreveu Felt.
‘Mas não creio que ser o ?Garganta Profunda? seja algo do qual eu possa me
orgulhar. Não se deve vazar informação a quem quer que seja.’


HOLLYWOOD


Woodward e Bernstein lançaram o best seller Todos os Homens do Presidente, em
1974, que virou um clássico de Hollywood, dois anos depois. O suspense de Alan
Pakula, homônimo do livro, tinha Robert Redford e Dustin Hoffman interpretando
os dois jornalistas do Post.


Durante muito tempo especulou-se sobre a identidade do ‘Garganta Profunda’,
codinome dado por causa de um filme pornográfico bastante popular nos anos 70.
Woodward e Bernstein prometeram não revelar a fonte de suas reportagens até que
ela morresse.


No entanto, um dia depois da revelação de Felt, Woodward escreveu sobre sua
relação com ele. ‘Era um momento em que ter uma fonte ou amigo nas agências do
governo era algo valioso’, disse o jornalista, que descreveu a rotina complicada
que tinha com Felt.


Os dois se encontravam em um estacionamento subterrâneo e Felt apenas
confirmava as informações que os repórteres obtinham de outras fontes. ‘Ele
acreditava que estava protegendo o FBI ao vazar informações para o público’,
afirmou.’


 


Rui Nogueira


Felt quase revelou sua identidade em interrogatório


‘Um passo em falso, em 1976, quase atraiu para cima de Mark Felt o que ele
menos queria: uma investigação federal para provar se ele era o ‘Garganta
Profunda’ do caso Watergate. Felt escapou graças ao assistente do
procurador-geral, Stanley Pottinger, como Bob Woodward contou no livro O Homem
Secreto.


Felt e dezenas de agentes do FBI respondiam a um processo aberto pela divisão
de direitos civis da Procuradoria dos EUA. Motivo: ele participara, no início
dos anos 70, antes do caso Watergate, da investigação de um grupo terrorista
responsável pela explosão de bombas no Capitólio (1971) e no Pentágono (1972).
Operações de buscas não-autorizadas pelo Judiciário a cidadãos americanos eram
proibidas, mas o FBI invadiu secretamente as casas de membros do grupo.


Quando Felt sentou-se para ser interrogado, Pottinger perguntou-lhe se o
governo Nixon havia pressionado o FBI a adotar métodos ilegais na investigação.
Felt negou e disse que o fato de ir muito à Casa Branca levava algumas pessoas a
achar que ele era até o ‘Garganta Profunda’. Quando Pottinger terminou o
interrogatório, perguntou se alguém do grande júri queria fazer perguntas. Um
homem levantou a mão: ‘O senhor é o ?Garganta Profunda??’


‘Não’, respondeu Felt.


Pottinger lembrou Felt que ele estava sob juramento e perguntou se mantinha a
resposta ou se queria retirá-la, uma vez que a questão ‘Garganta Profunda’
estava fora do caso. Felt pediu para retirar a pergunta e a resposta. Pottinger
teve ali a certeza de que Felt era o ‘Garganta’, mas guardou o segredo por 29
anos, até 2005.’


 


 


TELECOMUNICAÇÕES
Gerusa Marques


BrOi trará equilíbrio ao mercado, diz Anatel


‘A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) avalia que haverá um
equilíbrio econômico entre os principais grupos de telecomunicações que atuam no
País, depois da fusão entre Oi e Brasil Telecom (BrT). ‘Do ponto de vista
econômico, temos três grupos com capacidade intensiva de competir’, disse o
gerente de Competição da Anatel, José Gonçalves Neto, referindo-se aos grupos
Oi/BrT, Telefônica e Telmex, que controla a Embratel, Claro e NET.


A Anatel considerou a receita líquida dos grupos econômicos para levantar o
porcentual de participação nos mercados de telefonia fixa e móvel, banda larga e
TV paga. No total, segundo a agência, a supertele, fruto da fusão, terá 28,52%
de participação, contra 28,50% da Telefônica e 22,68% da Telmex. Os 20,31%
restantes são das demais empresas, como a TIM.


Considerando apenas o segmento de telefonia fixa local, a BrOi, como vem
sendo chamada a nova empresa, domina o mercado, com 54,33% da receita
operacional líquida, bem acima da segunda colocada, a Telefônica, que aparece
com 36,93%. A supertele também vem na frente no mercado de ligações interurbanas
e chamadas internacionais, com 35,86%, seguida bem de perto pela Embratel, com
34,76%.


Na telefonia celular, a líder é a Telefônica, que por meio da Vivo tem 33,25%
da receita total, seguida pela Claro com 21,88%. A Oi/BrT apresenta números
menores, com 14,98% da receita. Os segmentos de banda larga e TV paga são
dominados pela Telmex, principalmente pela estratégia da NET de oferta de
pacotes de serviços.


O grupo Telmex aparece com 36,54% da receita total de banda larga, seguido
pela Oi/BrT, com 29,82% e da Telefônica, com 18,48%. No mercado de TV por
assinatura, a NET domina, com 51,78% de participação. A Telefônica tem 5,32% e a
Oi/BrT aparece com 0,69%.


EXIGÊNCIAS


A supertele terá de vender banda larga ao consumidor final, até outubro de
2011, em todos os municípios de sua área de atuação. Com a medida, uma das
exigências da Anatel para aprovar o negócio, a população do interior do País
passará a ter acesso aos serviços de internet em alta velocidade. Segundo o
superintendente de Serviços Privados da agência, Jarbas Valente, 1.206
municípios das áreas de atuação das duas empresas não dispõem de serviços de
banda larga. A maior parte deles, 1.080, está na área da Oi, que atende 16
Estados, do Rio de Janeiro ao Amazonas.


Para cumprir essa determinação, as empresas poderão usar tanto a rede de
fibra ótica quanto a tecnologia sem fio da terceira geração da telefonia celular
(3G). As concessionárias de telefonia já tinham assumido o compromisso de levar
a estrutura de banda larga a todos os municípios brasileiros até fim de 2010.
Mas não tinham a obrigação de atender ao consumidor final.


A Anatel definiu também que, nesses municípios pequenos, a empresa não poderá
cobrar pelo serviço um valor mais alto do que cobra atualmente onde oferece a
banda larga. O superintendente de Serviços Públicos da Anatel, Gilberto Alves,
disse que um dos obstáculos para fazer a banda larga chegar ao interior é
justamente o preço, uma vez que as empresas querem cobrar mais caro para
compensar o investimento na ampliação da rede.


A Anatel exigiu ainda que a Oi/BrT amplie a oferta de acesso à internet via
linha telefônica. Ela terá de oferecer esse serviço a pelo menos 56% dos
municípios atendidos por ela, até dezembro de 2011.


A agência entende que essa medida é importante porque 40% do acesso à
internet hoje no País ainda é feito por meio da linha telefônica. Hoje, 50
milhões de brasileiros moram em cidades que, para se conectar à internet, têm de
fazer interurbano. A ampliação do acesso discado vai beneficiar essas pessoas
que passarão a pagar tarifa local.’


 


POLÍTICA CULTURAL
André Sturm


A meia-entrada e seus efeitos em questão


‘No último mês do ano, a meia-entrada e seus efeitos sobre a atividade
cultural estão em pauta por causa do projeto de lei que acaba de ser aprovado
pelo Senado e segue para a Câmara. Muito saudável discutir esse tema porque é da
maior importância e seus efeitos são de grande impacto.


Nos anos 80 não havia meia-entrada no Brasil. Os cinemas e teatros tinham
muito mais público, predominantemente jovem. Os preços dos ingressos eram muito
menores, seja descontando a inflação, seja em dólar. Com possibilidade de
estabelecer preços, criou-se até mesmo um hábito: o de ir ao cinema às
quartas-feiras, dia em que havia uma forte redução nos preços, para todas as
pessoas.


Hoje, cerca de 70% dos ingressos vendidos são de meia-entrada! Qual é o
sentido de um adulto, profissional bem remunerado que decide fazer uma
pós-graduação, que custa mais de R$ 1 mil por mês, pagar meia? Ou um juiz
aposentado, com salário integral de mais de R$ 20 mil mensais? Isso sem falar
nas carteirinhas falsas, e, ainda mais incrível, a venda de carteirinhas por
empresas.


O efeito é um aumento brutal no preço dos ingressos para conseguir chegar a
um valor médio razoável. Mas o problema é que com isso um enorme contingente da
população fica excluído do mercado cultural.


Toda essa nova classe média, que vem aquecendo a economia do País nos últimos
tempos e entrando para o mercado consumidor, não está no radar dos cinemas e
teatros. Uma pessoa que ganha R$ 1,5 mil por mês (um salário médio) não tem como
gastar cerca de R$ 60 (dois ingressos inteiros mais estacionamento e alguma
pipoca) num programa de duas horas. Ou seja, para subsidiar o ingresso para um
enorme contingente de privilegiados, exclui-se um outro muito maior.


Infelizmente, o projeto aprovado pelo Senado, de meu ponto de vista, não
resolve o problema. Limitar a 40% o número de ingressos de meias num espetáculo
não implicará a redução do preço das entradas. Apenas como exemplo-limite: numa
sala de 100 lugares, caso os 40 primeiros comprem meia-entrada, os seguintes
podem desistir de adquirir o ingresso porque não estão dispostos a pagar
inteira. Com isso, os 40 ingressos de meia viram 100% do faturamento da
sala.


O que se precisa é permitir que os produtores possam praticar política de
preços. Isso seria possível se fosse estabelecido que a meia-entrada seja
calculada sobre o preço cheio cobrado no estabelecimento ou evento. Por exemplo:
em um teatro, o ingresso de sábado à noite é de R$ 20. Então, a meia-entrada é
R$ 10. Caso o produtor decida cobrar R$ 12 às sextas-feiras, a ‘meia-entrada’
(que não seria mais metade do novo valor) continuaria R$ 10. Assim, cria-se a
possibilidade de valores variados, de uma política de preço, sem que exista
sempre a meia da promoção. A meia passa a ser uma promoção não cumulativa com
outras. Pode o produtor ou exibidor decidir cobrar preços ainda mais baixos que
a meia em determinados dias e horários. Duas outras medidas são necessárias:
limitar o direito à meia-entrada somente aos estudantes até a graduação. E
estabelecer emissão controlada de carteirinhas.


Nunca houve tantos recursos destinados à produção e uma diversidade como a
atual. Mas o público de cinema e teatro diminui. Todas as iniciativas de apoio
ou subsídio ao consumo implicam sempre aumento considerável de público. A
possibilidade de mais promoções e redução de preços é passo fundamental para
incluir uma enorme parcela da população como consumidora de cultura. A
meia-entrada deveria ser instrumento de aumento de público, mas hoje, da maneira
como está, encarece o ingresso e cria uma situação injusta.


O projeto de lei já passou no Senado, mas ainda resta o parecer da Câmara. As
discussões devem continuar. Urge corrigir a rota.


André Sturm é cineasta e proprietário da distribuidora Pandora e do HSBC
Belas Artes’


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


O verbo é ‘formatar’


‘Um programa jornalístico nos moldes do seriado CSI, sugerido por Ana Paula
Padrão a Silvio Santos, agradou ao patrão. E por enquanto é só: os dois não
avançaram qualquer passo no sentido de levar a idéia à tela do SBT. O projeto
foi apenas um dos que Ana Paula Padrão apresentou ao empresário por considerar
que ele tem prioridade na escolha dos programas que sua produtora, a Touareg,
(nome de uma tribo nômade africana) vem formatando para oferecer ao mercado.


‘A gente vinha desenvolvendo alguns formatos especialmente para a TV paga,
mas era justo que ele conhecesse os projetos antes de outros canais’, conta Ana
Paula.


O piloto do CSI real foi gravado com base na perícia de três casos de pouca
repercussão, mostrando como funciona o trabalho da perícia num crime e como a
investigação pode alcançar a culpa ou a inocência de alguém.


Em maio, vence o contrato de quatro anos que Silvio Santos ofereceu à
jornalista para tomar seu passe da Globo. Segundo Ana Paula, as conversas sobre
um novo programa, iniciadas há meses, nada têm a ver com uma eventual negociação
para a renovação do acordo.


Entre-linhas


A direção da RedeTV! não cogita convidar Hebe Camargo para trocar o SBT pela
emissora. Ou não por enquanto. Vai respeitar o princípio de não assediar
estrelas da concorrência.


Na base do ‘quem sabe faz ao vivo’, Márcio Canuto foi surpreendido ontem, no
SPTV 1, da Globo. O entrevistado soltou um palavrão no ar que deixou até o
repórter atordoado.


O seriado adolescente Raja (Aliens in America) mal estreou no SBT, na
segunda-feira, e já registrou queda de audiência. No primeiro dia, marcou 7
pontos de média. Anteontem, já batia a casa dos 5. A série vai ao ar às 13h45,
no horário de Eu, a Patroa e as Crianças, que passa a ser exibida às 14h15.


O canal pago Vh1 pretende investir em shows nacionais no ano que vem. A idéia
é organizar esses eventos e exibi-los na grade do canal.


O ator Eduardo Moscovis está gravando chamadas para apresentar alguns
programas do canal National Geographic.


Jornalista multimídia assumido, Marcelo Tas está com uma nova série de vídeos
para o Uol TV. A produção Tas na Crise traz o apresentador do CQC, da Band, em
três episódios explicando a crise econômica com bom humor.


A partir de 5 de janeiro, o Terra TV estréia a quarta temporada de Lost, as
terceiras temporadas de Grey?s Anatomy e Desperate Housewives e a primeira de
Scrubs.’


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