Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O Globo


‘Os jornalistas do grupo BBC receberam um novo manual de conduta e ética, que fará parte da linha editorial da empresa. Entre outras coisas, o manual inclui a orientação de que ‘a precisão da informação é mais importante do que a velocidade’ com que ela é divulgada. Segundo a versão online do jornal britânico ‘Guardian’ esta é a primeira vez que a BBC reforma sua linha editorial desde que o inquérito Hutton derrubou diretores do grupo de mídia, em 2004.


Na ocasião, a BBC foi duramente criticada por uma série de reportagens sobre suspeitas de que o governo do primeiro-ministro Tony Blair manipulou informações para justificar a adesão britânica à invasão do Iraque.


As novas normas de conduta também representam a primeira vez que a BBC assume explicitamente o compromisso com a fidelidade das informações. A mudança também tem o objetivo de mostrar ao público em geral que a empresa está preocupada em reformular sua linha de atuação.


A BBC também vai adotar, nas suas transmissões ao vivo, um atraso para que, no caso de notícias consideradas sensíveis – como o 11 de setembro nos EUA – as imagens possam ser editadas a fim de não chocar os telespectadores.


Segundo a BBC, durante a cobertura do massacre de crianças em Beslan, na Rússia, em setembro passado, várias redes de TV foram criticadas pela crueza das imagens transmitidas no afã de serem as primeiras a divulgar a notícia. Com isso, alega e emissora, perderam de vista o significado da tragédia, em que mais de 300 pessoas morreram.


Logo depois do episódio, jornalistas das redes Sky, ITN e da própria BBC admitiram que havia entre as equipes de cobertura uma feroz competição, que levaram a exibição das imagens sem critérios.


A empresa também vai monitorar o uso de câmeras e microfones escondidos em matérias sobre crimes.’



TV GLOBO AGREDIDA


Lilian Christofoletti


‘Agressor de equipe de TV trabalha para o PSTU em eleição sindical ‘, copyright Folha de S. Paulo, 24/06/05


‘O principal suspeito de ter agredido a equipe de reportagem da TV Globo em frente à sede do PT, em São Paulo, é o mesmo que, em agosto de 2003, foi responsabilizado criminalmente pela depredação da fachada do Congresso. Nas duas ocasiões, Adriano Gomes da Silva, 25, foi flagrado pelas lentes de câmeras de TV.


A equipe da TV foi agredida a socos, chutes e pedradas na última terça-feira, por volta das 22h, quando se preparava para uma gravação. O operador de externa Marçal Queiroz foi agredido com o tripé da câmera de TV e sofreu fratura no maxilar esquerdo. Foi operado ontem e, segundo a emissora, está bem. O repórter Lúcio Sturm, atirado ao chão, sofreu ruptura nos ligamentos das mãos e escoriações. O cinegrafista Gilmário Batista também sofreu escoriações.


Além de Silva, a polícia identificou Flávio Rogério de Oliveira, que foi ouvido ontem. Em depoimento ao delegado Mário Jordão Toledo Leme, que apura o caso, confirmou ter atirado pedras no carro da Globo, mas disse que as agressões partiram de Silva, ainda não localizado. Um terceiro agressor não foi identificado.


Silva e Oliveira foram contratados pelo PSTU para trabalhar na eleição da nova diretoria do Sindicato dos Bancários, cuja sede é próxima ao prédio do PT. Um dia após a agressão, os dois foram desligados da eleição. Eles não são filiados ao sindicato.


Dirceu Travesso (PSTU), que faz parte da atual diretoria do sindicato, disse ser impossível controlar e conhecer todos os contratados para a eleição.


Durante um protesto contra a reforma da Previdência, em agosto de 2003, em Brasília, Silva foi um dos responsabilizados criminalmente pela destruição de 52 vidros do Congresso. Ele foi filmado por seguranças quebrando dois vidros, um com os pés e outro com a cabeça. Foi detido e liberado no mesmo dia.


A ANJ (Associação Nacional de Jornais) divulgou ontem nota em que ‘condena e lamenta’ a agressão sofrida pela equipe da Globo.


‘É revoltante e inadmissível que profissionais no exercício de sua atividade de informar a opinião pública sejam alvo da fúria e violência de um grupo de desordeiros, sob a capa de manifestantes políticos’, afirma a nota, assinada por Nelson Sirotsky, presidente da ANJ.


Bahia


A polícia de Salvador prendeu ontem um homem suspeito de ter enviado dois pacotes com artefatos parecidos com bombas para as emissoras TV Bahia, afiliada da Rede Globo, e TV Itapoã, afiliada da TV Record. Os pacotes foram destruídos pelo Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Militar. Uma perícia constatou que não havia explosivos na embalagem enviada à TV Bahia. A reportagem não conseguiu saber o resultado da perícia no material enviado à afiliada da TV Record.


Segundo informações do delegado Nelson de Almeida Gomes, da 14ª Delegacia de Salvador, Alfredo Costa Cunha, 56, confessou à polícia ter deixado os dois pacotes nas sedes das duas emissoras.


Em depoimento, ainda conforme o delegado, Cunha disse que enviou os pacotes em razão de ter sido torturado no regime militar. Ele não havia constituído advogado até a noite de ontem.’



O Globo


‘Identificados agressores de equipe de TV’, copyright O Globo, 24/06/05


‘A Polícia Civil identificou ontem os três agressores da equipe da TV Globo atacada em frente à sede nacional do PT, terça-feira à noite. De acordo com a polícia, o principal responsável pelos ataques é Adriano Gomes da Silva, o mesmo que comandou o ataque ao Salão Negro do Congresso, em agosto de 2003, e acabou solto graças à intervenção de parlamentares. Os três agressores trabalhavam para a Chapa 2 do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligada ao PSTU.


A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota em que condena e lamenta a agressão. ‘É revoltante e inadmissível que profissionais no exercício de sua atividade de informar a opinião pública sejam alvo da fúria e violência de um grupo de desordeiros, sob a capa de manifestantes políticos’, diz a nota.


Adriano Gomes da Silva não foi encontrado pela polícia, mas deve ser detido para prestar depoimento. Ontem, seu colega Flávio Rogério de Oliveira, que participou das agressões, foi detido para prestar depoimento e negou que o episódio tenha relação com partidos políticos. Embora tenham ferido os profissionais, eles não ficarão presos, segundo o delegado Mário Jordão.


– Não houve flagrante e, pela lei, causar lesão e danos materiais não é crime passível de prisão. Mas vamos investigar ainda se houve tentativa de homicídio e, neste caso, pedir a prisão preventiva dos três – disse o delegado.


De acordo com o delegado, o ex-bancário Flávio Rogério, de 36 anos, confirmou sua participação mas declarou que foi atingido antes por integrantes da equipe e que apenas revidou atirando pedras contra o carro da TV Globo.


O assistente da equipe, Marçal Queiroz, que sofreu afundamento no maxilar, foi operado e seu estado de saúde é bom, assim como os do repórter Lúcio Sturm e do cinegrafista Gilmário Batista.


Adriano quebrou vidro externo do Congresso


Ex-funcionário dos Correios, Adriano ficou conhecido durante o quebra-quebra no Congresso em 2003. Horas depois de o plenário da Câmara aprovar a reforma da Previdência, a Casa foi atacada por um grupo que apedrejou o prédio, quebrando 52 vidraças do Salão Negro. Adriano quebrou o vidro externo, foi detido por seguranças e acabou se ferindo. Os deputados Ivan Valente (PT-SP) e Laura Carneiro (PFL-RJ) tentaram libertá-lo.


O presidente do PSTU, José Maria, afirmou que, embora apóie a Chapa 2, seu partido e os sindicalistas do PSTU são contrários a ataques e não têm ligação com os agressores.



Folha de S. Paulo


‘Agressões Perigosas’, Editorial, copyright Folha de S. Paulo, 24/06/05


‘Na noite de terça-feira, uma equipe de reportagem da TV Globo foi agredida por três homens em frente à sede do PT, no centro de São Paulo. Segundo a polícia, um deles teria sido responsabilizado criminalmente pela depredação da fachada do Congresso Nacional, em agosto de 2003, durante os debates da reforma da Previdência.


Além da óbvia e indispensável necessidade de identificar os responsáveis e esclarecer os fatos, o episódio inspira uma reflexão acerca do ambiente de animosidade que se vai fomentando com algumas reações equivocadas de militantes e dirigentes do PT às denúncias de corrupção.


Coube ao deputado José Dirceu, ao ver-se obrigado a sair da Casa Civil, reavivar um vocabulário de combate e soar os tambores da mobilização dos movimentos sociais contra o que parte do petismo quer caracterizar como uma ‘inescrupulosa campanha’ para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao conclamar a militância às ruas, Dirceu, escoltado pela direção do partido, endossou a tese estapafúrdia de que a ‘mídia’, aliada a representantes das elites, estaria envolvida num ‘golpe branco’ contra um governo ‘de esquerda’.


A mensagem, conveniente e de fácil assimilação no tosco universo do baixo clero petista, é um inadequado e perigoso estímulo ao confronto. Mais grave ainda, a disseminação da idéia de que a imprensa patrocina tal espécie de trama é uma inaceitável tentativa de desqualificar o trabalho jornalístico e criar um clima intimidativo ao exercício da liberdade de expressão. É sintomático que, segundo relato do repórter da Globo, um dos agressores tenha investido contra a equipe aos brados de ‘falsidade, falsidade’.


Ao procurar associar o noticiário da imprensa a mentiras fabricadas ou manipuladas por conspiradores, o PT iguala-se a personagens periféricos e obscuros, como o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que não conseguem perceber que o país mudou.


O Brasil, felizmente, conquistou um regime de plenas liberdades. É preciso defendê-lo sem tergiversações. Se algo nessa crise pode ser prejudicial à democracia é a conivência com a corrupção -e não a divulgação de fatos pela imprensa.’