Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

O Estado de S. Paulo

OPINIÃO PÚBLICA
Luciana Nunes Leal

Relator pró-dono de castelo será destituído

‘Posto sob suspeição por inocentar antecipadamente o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), o parlamentar gaúcho Sérgio Moraes (PTB) será destituído da relatoria do caso no Conselho de Ética. O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), anunciou ontem que destituirá Moraes do cargo e escolherá um substituto, em reunião marcada para terça-feira.

Segundo Araújo, ‘mais de 10’ dos 15 titulares do conselho pediram a saída de Moraes, por entenderem que ele antecipou o julgamento sem sequer iniciar a investigação. O relator declarou que não há elementos para condenar Moreira, processado por quebra de decoro parlamentar, e disse que está se ‘lixando para a opinião pública’.

Conhecido por ser dono de um castelo de R$ 25 milhões em Minas, registrado em nome dos dois filhos, Moreira é suspeito de ter usado em benefício próprio os recursos da verba indenizatória a que os deputados têm direito mensalmente.

A pressão pela troca do relator, iniciada na quinta-feira, intensificou-se na manhã de ontem, quando o corregedor da Câmara, ACM Neto (DEM-BA), informou que seu partido formalizaria um pedido para a destituição de Moraes.

Comissão de sindicância aberta pelo corregedor para investigação preliminar concluiu que Moreira não comprovou os serviços de segurança pagos com a verba indenizatória, no total de R$ 230,6 mil. Na quarta-feira, o relator pôs em dúvida as conclusões da sindicância, assim como fizera Moreira em defesa por escrito enviada ao conselho. O deputado mineiro contratou para os serviços duas empresas de sua propriedade, Itatiaia Ltda. e Ronda Ltda..

‘O relator demonstra, no mínimo, não ter lido a representação encaminhada ao conselho. Quem lê entende que seria necessária minuciosa investigação para somente depois formar um juízo. É diferente do relator, que já antecipou suas conclusões. Ele se mostra incapacitado para a relatoria’, afirmou ACM Neto. ‘O relator não pode colocar os argumentos da absolvição. Perdeu a isenção, a condição de julgar’, reforçou a deputada Solange Amaral (RJ), outra representante do DEM no conselho. O PSOL, autor do primeiro pedido de investigação de Edmar Moreira, também informou que encaminharia um ofício à presidência para que Moraes fosse substituído.

À tarde, o presidente do Conselho de Ética anunciou que formalizaria a troca do relator e considerou a situação ‘insustentável’. ‘Ele (Moraes) não pode criar constrangimento ao conselho. Mais de dez conselheiros já me ligaram pedindo que ele deixe a relatoria. O próprio deputado deveria pedir para ser substituído’, afirmou Araújo.

Para o presidente do conselho, a troca do relator não prejudicará o processo e não há motivo para Moreira contestar a mudança. ‘Isso não é da alçada do deputado Edmar Moreira. Ele tem de se ater a prestar os esclarecimentos ao conselho.’

O regulamento do Conselho de Ética diz que, em caso de ‘impedimento’ ou desistência, será designado novo relator. Não especifica o que seriam os fatores impeditivos. Araújo sustenta que a troca é sua prerrogativa e o prejulgamento é motivo suficiente para a mudança.

Araújo pretende adiar o depoimento de Moreira, marcado para quarta-feira, para 20 de maio. Ele disse que o novo relator vai precisar se inteirar do caso para poder inquirir o deputado. O substituto de Moraes deverá ser escolhido entre os outros dois integrantes da comissão de investigação nomeada no dia da instalação do processo, Hugo Leal (PSC-RJ) e Professor Ruy Pauletti (PSDB-RS).’

 

Silvia Amorim

Para Temer, declaração ‘infeliz’ terá consequência

‘O presidente da Câmara, Michel Temer (PSDB-SP), disse ontem que o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) foi infeliz em sua declaração – ‘estou me lixando para a opinião pública’ – e provavelmente sofrerá as consequências por isso. ‘Foi uma declaração infeliz. O Congresso tem outra opinião a respeito da opinião pública’, afirmou Temer.

Foi a primeira vez que o peemedebista falou do assunto em público.. Em um evento em São Paulo, ele não escondeu o descontentamento com a atitude de Moraes, sobretudo em um momento em que a Câmara se esforça para emplacar uma agenda positiva depois de meses de crise institucional. ‘O que posso fazer é registrar a infelicidade da sua manifestação na medida em que chama para esse tema negativo, quando estamos com uma pauta positiva no Congresso.’

Pela manhã, Temer evitou falar em punições ao deputado, mas sugeriu que o episódio não passaria incólume. ‘Evidentemente que ele tem a imunidade por suas opiniões e palavras. Agora, o problema é que quem dá opinião sofre as consequências. E as consequências estão aí.’ Ele atribuiu o episódio à ‘tensão’ entre deputados e setores da imprensa. ‘Tensão que estamos eliminando’, disse.’

 

HISTÓRIA
Efe

Localizados autores do ‘bilhete de Auschwitz’

‘Três ex-prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, que haviam grafado seus nomes num bilhete colocado dentro de uma garrafa, em 1944, foram localizados pelo jornal alemão Bild. Escrito a lápis num pedaço de saco de cimento, o pergaminho foi encontrado no mês passado por pedreiros que reformavam uma escola no lugar onde ficava o campo.

Na mensagem, sete presos se identificavam – dos quais cinco sobreviveram ao nazismo e três ainda estão vivos. Na época, eles tinham entre 18 e 20 anos. ‘Queríamos deixar um sinal de nossa existência para depois de nossa morte’, explica o polonês Waclaw Sobczak, de 85 anos. ‘Nunca pensamos que encontrariam nossa garrafa. E tínhamos muito medo que nos matassem, caso ela fosse achada.’

Segundo Sobczak, o autor do bilhete foi o também polonês Bronislaw Jankowiak, que sobreviveu ao extermínio e mudou-se para a Suécia, onde morreu em 1997. ‘A vida no campo era horrível e todos sabiam que, sem motivo nenhum, podiam ser mortos a qualquer instante. Pensávamos que nunca sobreviveríamos a esse inferno’, diz Sobczak.

A nota trazia o nome, lugar de origem e o número de identificação tatuado no braço dos prisioneiros. Apesar de os judeus terem sido 90% das vítimas de Auschwitz, apenas um entre os sete signatários do bilhete era judeu, o francês Albert Veissid – que hoje vive em Marselha. O jornal cita também os sobreviventes poloneses Karol Czekalski, que conseguiu escapar juntamente com seu irmão, e Stanislaw Dubla, morto num acidente de trem em 1952.

O pergaminho será exposto no museu de Auschwitz, administrado pelo Estado polonês. ‘Esses jovens colocaram a mensagem na garrafa para deixar um sinal. Mas não apenas ela foi preservada: alguns dos nomes listados também sobreviveram. É uma história muito emocionante’, diz o diretor do museu, Piotr Cywinski. Mais de um milhão de pessoas foram assassinadas em Auschwitz-Birkenau.’

 

TECNOLOGIA
Renato Cruz

Internet atrai investidor externo

‘Em maio do ano passado, Gilberto Alves Jr. recebeu uma mensagem de correio eletrônico de Michael Nicklas. O americano havia lido e gostado do que Alves escreveu sobre Web 2.0 em seu blog Prati.ca. Nicklas se identificou como um investidor anjo (que ajuda a transformar ideias em empresas) à procura de empresas iniciantes brasileiras e disse que gostaria de conversar com Alves.

‘Achei que era spam’, conta Alves. ‘Pensei: que spam espertinho, que me chama pelo nome.’ Acontece que não era uma mensagem indesejada. Algumas semanas depois, Nicklas veio de Nova York para São Paulo e os dois conversaram. Em setembro, criaram a Amanaiê, empresa especializada em aplicativos que rodam em redes sociais, como o Orkut.

Quando Alves encontrou Nicklas, a Amanaiê ainda era só uma ideia. ‘Não tinha nem um plano de negócios’, diz o brasileiro. ‘Nós conversamos genericamente. Sabíamos que o Orkut ia lançar o OpenSocial (plataforma de aplicativos) e que havia uma oportunidade lá.’ Os primeiros clientes foram o Yahoo, que lançou um aplicativo do serviço de fotos Flickr no Orkut, e o UOL, com o Bolão do Big Brother Brasil 9 e a loja virtual Minha Loja. A empresa também desenvolveu um bolão de futebol para o Orkut, chamado Odrible.

‘Os aplicativos sociais não são como o Second Life’, explica Alves. ‘São um investimento sólido, com retorno.’ Antes de ingressar no mercado de tecnologia, Nicklas pensava em seguir a carreira diplomática. Ele morou no Brasil quando criança, estudou na Universidade de Coimbra e fala português. O nome Amanaiê, em tupi, quer dizer mensageiro.

Para administrar seus investimentos no Brasil, Nicklas criou uma holding chamada SocialSmart, que já investiu em cinco empresas, incluindo a Amanaiê. ‘Participei de diversas empresas iniciantes nos Estados Unidos’, conta Nicklas. ‘Resolvi investir no Brasil por uma série de motivos.’

Ele analisou oportunidades fora dos Estados Unidos e da Europa, mercados que ele classifica como ‘muito saturados’. Entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), Nicklas chegou à conclusão de que o Brasil tem um mercado de internet mais maduro, apesar de não ser o maior, e que o usuário brasileiro tem um perfil mais próximo do americano e do europeu. ‘Existe uma chance maior de uma experiência de sucesso no Brasil migrar para a Europa e os EUA.’

Também pesaram os sucessos no Brasil do Fotolog e do Orkut, serviços criados nos Estados Unidos que explodiram por aqui. E o domínio do idioma por Nicklas deu a ele uma vantagem em relação a outros investidores. Pelo menos na fase inicial, de prospecção. Somando as cinco empresas, Nicklas investiu cerca de US$ 250 mil no mercado brasileiro de internet. ‘Tendo a investir em empresas que estão num estágio bem inicial’, conta Nicklas.

Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, havia 53,9 milhões de internautas no País no fim do ano passado, um crescimento de 20% sobre 2007.

Outro estrangeiro que resolveu investir na internet brasileira é o canadense Steve Vachani, que criou no Brasil a Power.com, um agregador de redes sociais. Nele, é possível acessar num lugar só os perfis do Orkut, MySpace, Hi5, LinkedIn e Twitter. O objetivo de Vachani é criar uma empresa mundial de internet com sede no Brasil. ‘A empresa está andando muito bem’, diz o executivo. ‘Acabamos de abrir escritórios em Nova York e São Francisco.’

Em 2007, a Power.com levantou US$ 6,5 milhões com o fundo Draper Fisher Jurvetson. Com a crise, a empresa apertou os cintos, cortando o número de funcionários de 90 para cerca de 40 pessoas. O foco de curto prazo passou a ser o licenciamento da tecnologia para portais e empresas de telecomunicações. ‘Acabamos de fechar o primeiro contrato’, garante Vachani. Ele não revela o valor, mas diz que esses contratos costumam ficar entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões.

‘O mercado brasileiro é interessante, mas a Power.com está focando em outro valor’, afirma o executivo. ‘O Brasil tem capital intelectual capaz de criar tecnologias que vão afetar o mercado global, no mesmo nível do Google e da Microsoft.’’

 

TELEVISÃO
Keila Jimenez

Record quer GP3

‘Vôlei de praia, futebol de salão, basquete, automobilismo, tênis… A Record corre atrás de eventos esportivos para rechear suas manhãs de domingo, que ganharão em breve um programão esportivo.

Trata-se de Esporte Fantástico, atração que irá ao ar das 9h ao meio-dia e que tem estreia prevista para o segundo semestre. Sim, será um concorrente direto do Esporte Espetacular da Globo, e, para tanto, a Record negocia a compra dos direitos de transmissão de várias modalidades.

A turma da Stock Car, parceira da Globo, foi a primeira a ser procurada para a rede. As conversas avançaram até esbarrarem em Luciano Burti, comentarista de automobilismo da Globo e piloto dessa categoria, e nos filhos de Galvão Bueno, que também correm na Stock Car. Detalhe: foi o próprio Galvão que se empenhou em emplacar a modalidade na Globo.

Mais avançada está a negociação da Record para a compra da GP3, categoria de automobilismo que será lançada em 2010..

A emissora busca também âncoras esportivos. Cléber Machado e Glenda Kozlowski, da Globo, recusaram convite da rede.’

 

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