Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

O Estado de S. Paulo

ECOS DA DITADURA
O Estado de S. Paulo

‘Estado’ lança livro sobre censura imposta ao jornal

‘Será lançado na segunda-feira o livro-reportagem Mordaça no Estadão, com um relato da censura no jornal e a reprodução de dezenas de páginas com textos, fotos e charges vetadas pela ditadura. Autor da obra, o jornalista José Maria Mayrink ouviu mais de 40 personagens, a maioria profissionais do Estado ou do Jornal da Tarde, que testemunharam as proibições após o AI-5, de 13 de dezembro de 1968.

A censura no Estado começou dia 13, quando a edição foi apreendida. O general Sílvio Andrade não gostou do editorial Instituições em frangalhos, no qual o então diretor do jornal, Julio de Mesquita Filho, denunciava arbitrariedade e criticava o presidente Costa e Silva. O Jornal da Tarde também foi apreendido. Como o Estado resistia à censura, a ditadura colocou censores no prédio. Em maio de 1973, proibido de noticiar a demissão do ministro da Agricultura, Cirne Lima, o Estado, em protesto, trocou a foto censurada pelo anúncio de um programa da Rádio Eldorado, Agora é samba. Publicou depois trechos de Os Lusíadas. No JT, o diretor Ruy Mesquita publicou receitas de bolos.

O livro, de 216 páginas, será lançado na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073), às 19 horas.’

 

Marcelo de Moraes

AI-5 faz 40 anos e papéis mostram que ministro queria repressão maior

‘No dia 17 de dezembro de 1968, quatro dias depois da edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), o então ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, enviou proposta ao presidente marechal Arthur da Costa e Silva reivindicando para si o poder de também aplicar o dispositivo. Documentos inéditos da ditadura militar, pertencentes ao acervo do Conselho de Segurança Nacional e guardados no Arquivo Nacional em Brasília, mostram que o ministro queria esse poder para atuar na ‘suspensão da liberdade de reunião e de associação, assim como censura de correspondências, da imprensa, das telecomunicações e das diversões públicas’. O Estado teve acesso a esses documentos.

Gama e Silva, redator e um dos principais articuladores do AI-5, que completa 40 anos hoje, foi barrado na sua ambição pelo próprio Costa e Silva. Em recado manuscrito sobre o projeto enviado pelo ministro, o presidente dá uma orientação clara ao Conselho de Segurança Nacional: ‘1. Não autorizo. 2. O presidente se reserva a oportunidade do estudo de cada caso, em particular.’

O documento inédito mostra que o ministro não escondia interesse em ter fortes instrumentos de controle para inibir as críticas da imprensa ao governo. Mas deixa no ar a tentativa de manobra para ampliar seu poder e prestígio individual num governo controlado exclusivamente pelos militares. Apesar de civil, Gama e Silva era alinhadíssimo ao pensamento do governo militar e avesso ao que considerava como comportamento independente demais da imprensa.

Na proposta enviada a Costa e Silva, ele nem se deu ao trabalho de apresentar qualquer justificativa que servisse como motivação para poder pessoalmente aplicar o AI-5 sobre jornalistas. ‘O momento atual justifica a aplicação dessas medidas, tornando-se, data vênia, desnecessária sua justificativa, principalmente no que se refere à censura aos meios de comunicação, especialmente a imprensa.’

Mesmo frustrado no plano de ampliar seus poderes, Gama e Silva não esperou muito tempo para fazer nova carga contra as críticas jornalísticas. Com a caça às bruxas desencadeada abertamente pelo AI-5, decidiu propor em junho de 1969 um endurecimento da Lei de Imprensa. ‘Na atual conjuntura político-cultural do País, com a retomada do processo revolucionário, algumas medidas se impõem para coibir abusos e sensacionalismo que são contrários ao interesse geral, à formação cultural e à própria segurança interna.’

Para Gama e Silva, que morreu em 2 de fevereiro de 1979, aos 65 anos, era preciso ampliar o controle sobre os meios de comunicação, os quais considerava ‘poderosos agentes para formar e manipular a opinião pública’.’

 

INTERNET
Brian Stelter

Internautas fazem dinheiro com vídeos para o YouTube

‘Fazer vídeos para o YouTube – há três anos um passatempo para milhões de pessoas que surfam na internet – tornou-se hoje um ganha-pão. Um ano depois que o YouTube convidou seus membros a se tornarem ‘parceiros’, e incluiu publicidade em seus vídeos, os usuários mais bem-sucedidos já ganham cifras de seis dígitos com o site. Para alguns, como Michael Buckley, o apresentador autodidata de um programa de bate-papo com celebridades, filmar vídeos engraçados virou uma ocupação em tempo integral.

Em setembro, Buckley deixou seu emprego, depois que seu faturamento online ultrapassou consideravelmente o salário de assistente administrativo de uma empresa de promoção musical. Seu programa online exibido três vezes por semana ‘é bobinho’, ele disse, mas o ajudou a se livrar da dívida com o cartão de crédito.

Buckley, 33, era o apresentador em tempo parcial de um programa semanal em um canal de acesso público de Connecticut, em meados de 2006, quando seu primo começou a postar fragmentos do programa no YouTube. Os textos humorísticos sobre celebridades atraíram espectadores online; logo Buckley começou a preparar seus segmentos para este público, e chamou o programa exibido na internet ‘What the Buck?’. Buckley sabia que o programa ‘só poderia ir até ali em matéria de acesso do público’.

‘Mas no YouTube’, afirmou, ‘recebi 100 milhões de visitas. É uma coisa absolutamente louca.’ Precisou apenas de uma câmera Canon de US$ 2 mil, um pedaço de tecido que custou US$ 6 como pano de fundo e um par de holofotes da Home Depot. Buckley é um exemplo do efeito da democratização da comunicação pela internet. Sites como o YouTube permitem que qualquer um que tenha uma conexão de banda larga encontre um público, postando material e promovendo-o online.

É claro que criar um público cativo leva algum tempo. ‘Passei 40 horas por semana no YouTube por mais de um ano, antes de ganhar alguma coisa’, disse Buckley, mas, pelo menos em alguns casos, o esforço compensou. Buckley é um dos primeiros participantes do programa de parceria do YouTube, que agora tem milhares de participantes, desde realizadores de vídeo de fundo de quintal até grandes companhias de mídia.

O YouTube, subsidiária do Google, coloca anúncios dentro e em volta dos vídeos e divide os ganhos com os criadores. A empresa não quis comentar quanto os parceiros ganham em média, mas o porta-voz Aaron Zamost disse: ‘Centenas de parceiros do YouTube recebem milhares de dólares ao mês’. Pelo menos alguns fizeram dos vídeos um ganha-pão em tempo integral: Buckley afirmou que ganha mais de US$ 100 mil com anúncios no YouTube.’

 

MERCADO EDITORIAL
Antonio Gonçalves Filho

Companhia das Letras vai lançar selo de quadrinhos

‘O crescimento do mercado de quadrinhos no mundo não passou despercebido pela editora Companhia das Letras, que entra o ano com um novo selo e cerca de 20 títulos programados para o biênio 2009/2010. O selo, Quadrinhos na Cia., coordenado pelo jornalista André Conti, de 27 anos, vai abrir um novo mercado de trabalho para jovens talentos do desenho e das letras. A Companhia das Letras, que já publica grandes nomes dos quadrinhos, como Art Spiegelman e Will Eisner, saiu em busca de seus correspondentes brasileiros e uma nova leva de nomes – ainda segredo da editora – vai chegar ao mercado para fazer companhia a Spacca. O cartunista e ilustrador paulistano, depois de contar a vida louca de Santos Dumont e narrar a chegada da família real ao Brasil, vai recontar um clássico do baiano Jorge Amado, Jubiabá.

Não deverá ser o único volume da coleção dedicada aos grandes escritores do Brasil, segundo o editor Luiz Schwarcz. Ele gostou do resultado de Jubiabá e pensa nos livros de Erico Verissimo e Rubem Fonseca para serem interpretados pelos traços de outros desenhistas. Na França, o ilustrador Stéphane Heuet ousou adaptar Em Busca do Tempo Perdido (os primeiros volumes já lançados no Brasil pela editora Zahar) e o resultado animou outras editoras francesas a repetir a experiência.

No Brasil, a fórmula também deve dar certo. Schwarcz aponta a mais popular das releituras históricas de Spacca (D. João Carioca, em parceria com a historiadora Lilia Moritz Schwarcz) como um possível modelo para futuras edições paradidáticas do novo selo. Segundo o coordenador Conti, o livro já vendeu 12 mil exemplares, equivalente a quatro edições de uma tiragem normal.

Conti revela que, além das séries históricas, o novo selo terá graphic novels assinadas por duplas brasileiras especialmente dedicadas a criar narrativas e desenhos originais. A primeira parceria é a do escritor Daniel Galera (Cordilheira) com o desenhista Rafael Coutinho.

Quadrinhos literários estrangeiros como Blankets, de Craig Thompson, e o premiado Jimmy Corrigan, de Chris Ware, vão dividir espaço com as criações nacionais, incentivadas pelo projeto de parceria da Companhia das Letras com a RT Features. Outro projeto da editora brasileira com estrangeiros vai permitir o lançamento de American Born Chinese, de Gene Yang, a única HQ a ser indicada para o prestigiado National Book Award.’

 

TELEVISÃO
Bruno Lousada

Papo firme: o Rei vai salvar a noite do ‘Natal da crise’ dos brasileiros

‘Em uma noite só, Roberto Carlos aventurou-se em vários estilos musicais. Cantou do sertanejo à bossa nova, para delírio do público, que lotou a Arena Multiuso, na Barra da Tijuca. E acredite: o Rei ?puxou? o samba A Deusa da Passarela ao lado de Neguinho da Beija-Flor e de integrantes da escola de Nilópolis. Por segundos, Roberto, com uma batuta em mãos, fingiu reger a bateria da escola bicampeã do carnaval do Rio. Só não se arriscou a sambar. ‘Eu só vou olhar. Essa praia é outra.’

Quem quiser testemunhar esse feito deve conferir o especial de fim de ano gravado anteontem para a TV Globo e que vai ao ar no dia 25, depois da novela A Favorita. Tradição natalina nos lares brasileiros, o Rei comandou com a delicadeza de sempre a massa apaixonada – formada em sua maioria por mulheres de meia-idade. O público só se irritou com o atraso do início do show, de 1h20, o que provocou muitas vaias.

Mas a reconciliação veio assim que Roberto Carlos foi avistado em meio à profusão de luzes coloridas do palco e entoou os primeiros versos de Emoções. Estava perdoado pelas 9 mil pessoas presentes na arena. ‘Obrigado, mais uma vez, por esse carinho, por tudo que eu tenho recebido de vocês desde que eu nasci. E olha que faz muito tempo’, disse, soltando sua risada característica.

Desta vez, Roberto chamou Rita Lee como sua convidada especial. O dueto funcionou bem, com uma química incrível. Eles cantaram Papai me Empresta o Carro, Parei na Contramão, Flagra, Splish Splash, Mania de Você, Cama e Mesa, Baila Comigo e Papo Firme. ‘Como ele é elegante. Aí que entendi a história do Rei. Ele tem uma majestade, mas é elegante, educadíssimo, simples. Dou o maior valor’, elogiou Rita Lee, enquanto preparava-se para o show no camarim. Dali para frente, foi um hit atrás do outro: Negro Gato, É Preciso Saber Viver, Como É Grande o Meu Amor por Você…

O especial teve participação ainda de Zezé di Camargo e Luciano. O show atingiu o clímax quando Caetano Veloso entrou em cena. A platéia levantou-se para ovacioná-lo. Roberto recebeu o cantor e compositor baiano com um afetuoso abraço e disse: ‘Eu tive a honra de fazer, recentemente, um show em homenagem à bossa nova, que virou CD. Estou feliz com esse trabalho.’ Caetano retribuiu o carinho com poucas palavras. ‘Imagine eu’, respondeu. O espetáculo terminou com a costumeira Jesus Cristo e farta distribuição de rosas. O Natal tradicional dos brasileiros telemaníacos mais uma vez está salvo.’

 

Alline Dauroiz e Patrícia Villalba

Cultura fará pitching

‘Projeto antigo da Cultura, o desenho animado do Castelo Rá- Tim-Bum pode sair do papel em 2009. Segundo o presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun, a idéia é se associar a uma produtora independente e obter financiamento para a produção por meio do programa Anima SP, do Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional (Funcine). Lançado na quinta-feira, o fundo pretende investir até R$ 50 milhões no fomento da indústria de animação do País.

‘O desenho do (Castelo) Rá-Tim-Bum, com certeza, será um projeto que apresentaremos ao Funcine’, disse Markun ao Estado. ‘Mas seremos sócios de alguém nessa empreitada.’

De acordo com o diretor de Programação e projetos Especiais da TV Rá Tim Bum, Mauro Garcia, a fundação quer fazer uma espécie de pitching, entre fevereiro e março, para escolher a produtora parceira.

Até 2007, a produtora TV Pingüim estava no projeto. Mas, ao assumir, a nova direção da fundação reavaliou o acordo. Cocoricó, que em 2009 ganha duas temporadas em alta definição, também pode virar desenho.’

 

Julia Contier

CQC volta em março com mudanças

‘Diretor do CQC, Diego Barredo garante que a atração voltará das férias com mudanças, na primeira semana de março. Haverá troca de cenário, reformulação de quadros fixos, como o CQTeste e o Proteste Já, e a estréia de novas seções no decorrer de 2009. Além disso, mais ‘homens de preto’ podem integrar o time do humorístico, já que estão em curso testes com atores e jornalistas. O diretor argentino afirma ainda que a produtora Cuatro Cabezas, detentora do formato do CQC, negocia dois novos programas também com a Band.

Entre-linhas

O povo não perde tempo. Os três primeiros episódios de Capitu já podem ser baixados nos blogs dedicados a séries e filmes para download.

Ana Maria Braga não se absteve de comentar a morte do ex-marido da ‘amiga e irmã’ Susana Vieira, Marcelo Silva, que teve um surto após consumir cocaína. No Mais Você de ontem, ela mandou um abraço a Susana e à família do ex-policial.

O vídeo em que Ana Maria pede a Marcelo que faça ‘o favor de sumir da face da Terra’, cena de 20 dias atrás, virou hit no YouTube.’

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