Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O Estado de S. Paulo

LIBERDADE DE IMPRENSA
Moacir Assunção

‘É inadmissível em um país que se pretende democrático’

‘‘Um vexame internacional.’ Assim, o veterano militante da área de direitos humanos e presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, classificou a censura ao Estado, por imposição do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), que já dura 106 dias. Para ele, a mordaça ‘é inadmissível em um país que se pretende democrático’. Krischke, que sempre participa de eventos sobre temas correlatos nos países latino-americanos, afirmou que tem enorme dificuldade de discutir esse assunto no exterior. ‘A razão é que ninguém acredita que isso possa ocorrer mais de 20 anos depois do fim da ditadura’, observou.

O que espanta o militante, especialista na Operação Condor – acordo entre as ditaduras do Cone Sul para caçar inimigos nos países vizinhos -, é o fato de nenhuma autoridade do Poder Judiciário ter impedido o TJ-DF de estabelecer a censura, expressamente vedada na Constituição. ‘O direito à informação é um direito humano, consagrado em todas as convenções e tratados assinados pelo Brasil nos fóruns internacionais sobre o setor. Ao censurar o Estado, o País viola sua própria legislação e todos esses acordos’, ressaltou.

Para Krischke, a liberdade de imprensa é a principal régua para medir se um país é ou não democrático. O ataque contra esse princípio, em sua opinião, demonstra que o Brasil ainda tem muito a caminhar para se ombrear com nações verdadeiramente democráticas. ‘É vergonhoso que ainda passemos por isso. A censura é a barbárie, que esperávamos ver definitivamente banida do Brasil.’

REMÉDIOS

Ele lembrou que a legislação prevê que sempre haverá remédios constitucionais para eventuais abusos cometidos por órgãos de comunicação. ‘Daí, civilizadamente, como deve ser nas relações humanas, o potencial ofendido entrará com uma ação pedindo indenização’, afirmou. ‘A censura prévia, em que alguém me proíbe de falar dele, embora nem saiba o que vou dizer, é que é odiosa.’

Para o militante, o desembargador do TJ-SP Dácio Vieira, que determinou a censura ao Estado após ação do empresário Fernando Sarney, demonstrou, desde o início sua parcialidade. ‘Ele podia ter se declarado suspeito, já que integra o círculo de amizades da família Sarney, mas mesmo assim julgou o caso’, afirmou.

Fernando, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi indiciado por vários crimes pela Polícia Federal na Operação Boi Barrica, que investigou os negócios da família.’

 

NEGÓCIOS
Vinícius Pinheiro

Vivendi surpreende a Telefônica e acerta a compra do controle da GVT

‘Num lance surpreendente, o grupo francês Vivendi desbancou a oferta da espanhola Telefônica e anunciou um acordo privado para a compra de até 57,5% da operadora de telefonia GVT, que atua nos Estados do Sul e do Centro-Oeste. A operação foi avaliada em R$ 7,2 bilhões. Para levar o controle da GVT, a Vivendi fechou dois contratos diferentes: ela acertou a compra das ações dos controladores da companhia e de terceiros, que correspondem a 37,9% do capital, por R$ 56,00 por ação; além disso, fechou um contrato de opções que lhe dá o direito de adquirir outros 19,6% dos papéis da operadora a R$ 55,00 cada.

A Vivendi informou, ainda, que prepara uma oferta pelas demais ações dos minoritários da GVT, por R$ 56,00 por papel, de acordo com a legislação brasileira. Se houver interesses de todos os minoritários, os franceses estão dispostos a comprar até 100% dos papéis em circulação no mercado.

A aquisição da GVT era estratégica para as duas multinacionais. Para a Vivendi, que não está no Brasil, será a porta de entrada para um dos mercados que mais crescem no mundo. No caso da Telefônica, o contrário. Segundo analistas de mercado, a compra da GVT era importante para evitar a chegada dos franceses – principalmente em São Paulo, praça dominada pela Telefônica, onde a GVT começou a atuar recentemente.

Menos de um mês depois de a Vivendi oferecer o equivalente a R$ 42,00 por ação da empresa, em setembro, os espanhóis mostraram todo seu apetite e lançaram uma Oferta Pública de Ações (OPA) para comprar até 100% dos papéis na Bolsa de Valores.

A Telefônica ofereceu R$ 48,00 por ação, valor que na semana passada foi elevado para R$ 50,50, numa tentativa de assustar os franceses. O leilão em que a Telefônica faria sua oferta estava marcado para 19 de novembro, mas agora deixa de fazer sentido, pois uma das condições da Telefônica era comprar pelo menos 51% das ações.

No mercado financeiro, circulava a versão de que a Telefônica desconfiava de que a Vivendi estava negociando acordos paralelos com fundos que detinham posições importantes na GVT. A Telefônica, que já tinha lançado sua oferta pública, não podia fazer a mesma coisa.

No pregão de ontem, as ações da GVT chegaram a cair para R$ 50,71 pela manhã, buscando o preço oferecido pela Telefônica após a anuência prévia ao negócio pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Durante a tarde, porém, os papéis apresentaram recuperação e fecharam em alta de 0,64%, com quase R$ 80 milhões negociados. Citigroup e Merrill Lynch lideraram as compras do papel no pregão de ontem, enquanto o HSBC foi o principal destaque na ponta vendedora.’

 

‘Playboy’ pode mudar de mãos

‘A Playboy Enterprises, dona da revista masculina mais conhecida do mundo, negocia a venda da revista para o fundo de investimento Golden Gate Capital. De acordo com fontes próximas ao assunto, o negócio valeria em torno de US$ 300 milhões. A Playboy, com sede em Chicago, não confirma os boatos. Nem mesmo o Golden Gate Capital e seu ex-executivo, Jim Griffiths, que estaria conduzindo as negociações, foram encontrados para falar sobre o assunto. Além do fundo de investimento, a Playboy Enterprises estaria em negociações com a Iconix Brand Group, grupo de licenciamento de marcas. Fontes afirmam, no entanto, que as negociações entre a Playboy e a Golden Gate eram feitas em separado das conversas com a Iconix. Os rumores sobre a venda fizeram com que as ações da Playboy fechassem com alta de 43% na quinta-feira, após os primeiros boatos sobre as negociações com a Iconix.

A Playboy Enterprises, afetada pelas mudanças que vêm ocorrendo nos veículos de comunicação, vinha mesmo precisando de uma injeção de ânimo. A revista de 56 anos fundada por Hugh Hefner anunciou este mês um corte na tiragem de 2,6 milhões para 1,5 milhão de exemplares. Na era digital, com a abundância de sites de sexo e nudez, a Playboy Magazine contabiliza prejuízos há sete trimestres consecutivos. Só no terceiro trimestre, a receita com publicidade da Playboy foi de US$ 9,45 milhões, uma queda de 44%, segundo o Publishers Information Bureau, grupo que audita a circulação de revistas nos EUA. A queda no faturamento e na circulação fez com os executivos da publicação admitissem a possibilidade de venda já no começo do ano, algo que seria impensável enquanto Hefner, hoje com 83 anos, estivesse vivo.’

 

TELEVISÃO
Roberta Pennafort

Morre no Rio a atriz Mara Manzan

‘Depois de um ano e oito meses de tratamento para combater um câncer pulmonar, a atriz Mara Manzan morreu ontem de manhã, no Rio, aos 57 anos. Ela estava internada havia uma semana no Hospital Rios D’Or. Seu estado era tão grave que, ao ser hospitalizada, Mara deu entrada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), onde permaneceu todo o tempo. Em abril de 2008, ela havia sido operada para a retirada de um nódulo; nos meses seguintes, foi submetida a sessões de quimioterapia.

A atriz, conhecida pelo bom humor, sempre teve um discurso otimista com relação à doença. Os amigos se manifestaram ontem lembrando de sua irreverência. ‘Ela sempre tinha aquela gargalhada’, disse Zeca Pagodinho. Pelo Twitter, o ator Luigi Barricelli comentou sua atitude positiva: ‘Um dia triste que eterniza uma atriz, amiga e uma mulher de fibra, que levou bravamente o seu glorioso ato de viver até o fim.’

‘Perdemos a Mara Manzan. A alegria em pessoa, o amor à vida em pessoa!’, escreveu a novelista Glória Perez também no Twitter. Foi por meio das novelas de Glória que Mara se tornou conhecida em todo o País. Em O Clone (2001), o bordão de seu personagem, Dona Odete, caiu na boca dos telespectadores: ‘Cada mergulho é um flash’.

Ela participou de Caminho das Índias mesmo durante o ciclo da quimioterapia. Era Ashima, do núcleo indiano no Rio. O tratamento a obrigou a deixar as gravações por algumas semanas, mas a vontade de trabalhar falou mais alto.

Com quatro meses de tratamento, Mara estava tão confiante que se sentia curada. Até voltou a fazer ginástica: ‘Posso dizer que Deus me curou mesmo. Sou testemunha de um milagre. Ainda faço a quimioterapia a cada 21 dias, mas a medicina ortomolecular me deu uma levantada’, chegou a declarar. O nascimento de sua terceira neta também a havia deixado animada.

No último texto que escreveu em seu blog na internet, no dia 5 de outubro, disse: ‘Estou novamente num momento muito feliz da minha vida. Graças a Deus, estou me sentindo cada dia melhor, cheia de vontade de trabalhar. Hoje eu li uma frase do querido Neguinho da Beija-Flor (que também teve câncer) que vale pra todos nós: ‘Só de a gente ter direito à vida é o suficiente pra viver sorrindo’. Hoje, eu posso dizer que valorizo muito mais a vida. Quero morrer bem velhinha, se possível ver meus netos grandes. Quem sabe ser uma bisa bem animada, sempre trabalhando e trazendo alegria no coração pros meus queridos fãs, que estiveram todo o tempo do meu lado, me dando força e me ajudando sempre a confiar.’

Mara já tinha enfrentado um câncer no útero. Ela fumava desde a adolescência, mas creditava a doença não só ao cigarro, mas também à atividade circense – ela cuspia fogo e, para isso, precisava colocar querosene na boca.

Foi uma fase hippie em sua vida. Ela chegou a morar com os músicos dos Mutantes, num sítio na Serra da Cantareira, nos anos 70. Era uma espécie de comunidade alternativa. Mara trabalhou como animadora no carnaval do Ceará.

A atriz era paulistana e começou a carreira bem jovem, no Teatro Oficina. Na época, era estudante e ficou encantada ao assistir a uma peça do grupo. Passou a ajudar nos bastidores até estrear como atriz, em substituição a uma das integrantes do Oficina, que se machucara (Mara costumava lembrar que, naquela noite, fora tirada da bilheteria para o palco).

Já profissional, participou de mais de 30 montagens teatrais, quatro filmes e dez novelas da TV Globo. Piadista, tinha muitos amigos entre os colegas. Para eles, sua marca maior sempre foi a alegria contagiante.’

 

Keila Jimenez

A guerra já começou

‘A décima edição do Big Brother Brasil promete bater recordes em merchandisings. O reality show da Globo, que tem estreia prevista para a segunda semana de janeiro, já arrecadou cerca de R$ 17 milhões com ações de merchandisings vendidas até agora. Pelos menos cinco marcas já garantiram espaço no confinamento. São elas: Fiat, Ambev, Sundown, Niely e Ponto Frio.

No BBB9, o número de ações girou em torno de 20, uma das maiores marcas entre todas as edições. No entanto, mesmo com a concorrência da segunda edição de A Fazenda, da Record, a volta do reality da Globo promete bater essa marca na emissora.

A atração também quer bater recordes em vendas de pay-per-view. Net e SKY trataram de correr para colocar pacotes da décima edição à venda já este mês.

O pacotão completo, com os três meses do confinamento da Globo sai por R$ 127,50 em qualquer uma das duas operadoras, com direito a prévia com melhores momentos de edições anteriores da atração.

Já o pay-per-view dos três meses de A Fazenda 2, da Record, na TVA e na Telefônica custa R$ 99,90.’

 

 

Entre-linhas

‘Repórter Vesgo e Silvio, do Pânico, serão os apresentadores de O Último Passageiro, game da Endemol que estreia na Rede TV! em março.

A nova sede da RedeTV!, inaugurada ontem, terá, mais adiante, uma lojinha para frequentadores dos auditórios da casa comprarem mimos do Superpop, Pânico, TV Fama e afins. Até fotos dos artistas da casa serão vendidas lá.

Já tem novelista de olho em Marcelo Airoldi, o mulherengo Gustavo de Viver a Vida. O ator deve emendar uma novela na outra na Globo.

Luisa Mell, aquela que chorava com os cãezinhos e gatinhos do Late Show, da Rede TV!, está lançando um livro de poesias sobre cachorros, claro.

A Globo ainda não sabe o que fará com o vencedor do BBB 7, Diego Alemão, que tem contrato até 2010. Quer encaixá-lo novamente no Eliminação, programa sobre o BBB, no Multishow. Alemão sonha cursar a Oficina de Atores da Globo.

Uma parceria entre autor e diretor de novelas está prestes a ser desfeita. Brigas? Não, o autor em questão está de olho no jardim do vizinho, um diretor que aprecia fotografia.

A Globo grava na próxima terça-feira o último episódio de Toma Lá, Dá Cá. Para 2010, Miguel Falabella prepara uma nova série sobre os bastidores de uma revista de celebridades.’

 

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