Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O Estado de S. Paulo

MÁRCIO MOREIRA ALVES
Márcia Vieira

Velhos companheiros se despedem de Moreira Alves

‘Velhos amigos velaram ontem na sede da Assembleia Legislativa do Rio o corpo do ex-deputado Márcio Moreira Alves. Ele morreu na sexta-feira à noite, aos 72 anos, depois de passar cinco meses internado, vítima de um acidente vascular cerebral. O vice-governador, Luiz Fernando Pezão, anunciou, durante o velório, luto oficial de três dias no Estado.

O presidente Lula foi representado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Antes de o corpo seguir para o Cemitério do Caju, onde foi cremado, Frei Betto leu um texto em homenagem ao amigo de muitos anos. Também estiveram na despedida do jornalista o presidente da Câmara, Michel Temer, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

O ex-governador da Bahia e ex-ministro Waldir Pires, de 82 anos, se emocionou ao falar do velho amigo. ‘Nos encontrávamos em Paris durante o exílio e continuamos convivendo na volta ao Brasil. Márcio foi uma figura muito importante da segunda metade do século 20’, disse. ‘Ele participou da batalha, que nós lutamos e perdemos, mas que continua hoje, de se construir um país decente.’

Pires lembrou do famoso discurso que Moreira Alves, então deputado, fez no Congresso em 1968 e que acabou sendo usado como pretexto pelo governo militar para decretar o AI-5 e cassar-lhe o mandato. ‘Márcio teve coragem. Ele não era um radical, tinha um pensamento moderado. Mas seu discurso foi decisivo para mostrar que a democracia não era democracia. O discurso fez cair a máscara da ditadura.’

Os ex-deputados José Frejat, de 85 anos, e David Lerer, de 71, que conviveram com Marcito, como era chamado, nos agitados anos 60 e 70, ressaltaram que o amigo era leal, corajoso e honesto. ‘Já não se fabricam homens como ele. Hoje se tapa o nariz para a política. Não tínhamos a mordomia que os políticos de hoje têm’, disse Frejat. ‘Ele é o símbolo de uma época em que os políticos se moviam por ideias’, afirmou Lerer.

Carioca, Moreira Alves afastou-se da política em 1982, quando não conseguiu se eleger deputado. Voltou então a se dedicar apenas ao jornalismo. Márcio tinha três filhos: Leonor, Isabel e Pedro Afonso.

Nenhum seguiu a carreira política. ‘Meu pai não tinha medo. Era um excelente jornalista e um mau político porque ele não sabia dizer o que ele não pensava’, disse Pedro. Marie, que foi casada com Moreira Alves por 42 anos até a separação há 5 anos, foi carinhosa com o ex-marido. ‘Só posso falar que amo muito ele.’’

 

PROPAGANDA
O Estado de S. Paulo

Mantida multa de R$ 160 mil a Requião

‘O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve, por unanimidade, multa no valor de R$ 160 mil aplicada ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). A multa fora determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paranaense, por veiculação de inserções proibidas na propaganda eleitoral de Requião, durante a campanha de 2006. De acordo com o TRE, mesmo depois da intimação judicial, o governador veiculou a mesma propaganda 16 vezes.’

 

CRISE
O Estado de S. Paulo

NYT ameaça fechar o ‘Boston Globe’

‘O grupo americano New York Times, responsável pela publicação do jornal The New York Times, ameaçou fechar o Boston Globe (outra publicação do grupo) se os sindicatos se recusarem a fazer concessões salariais. O conglomerado quer que os sindicatos aceitem uma redução salarial total de US$ 20 milhões e o fim da contribuição para as aposentadorias, além de menores garantias de emprego. A direção do jornal deu 30 dias para o sindicato decidir.’

 

TECNOLOGIA
Renato Cruz

Fibra óptica acelera internet e TV

‘A banda larga brasileira é lenta. No Japão já existem acessos com velocidade de 1 gigabit por segundo (Gbps), o suficiente para baixar em um minuto, por exemplo, mais de 12 mil canções em MP3 ou mais de 80 filmes. No fim do ano passado, a maioria das conexões brasileiras tinha menos de 1 megabit por segundo (Mbps). Ou seja, menos de um milésimo dos acessos mais rápidos do Japão. Mesmo assim, com o investimento das empresas em suas redes ópticas, essa situação começa a mudar.

O engenheiro agrônomo Orlando Mendes, de 51 anos, começou a participar do piloto de acesso via fibra óptica da Telefônica, em São Paulo, há mais de um ano. ‘É um tipo de acesso bem interessante’, conta Mendes, que tem três computadores em casa, compartilhando uma conexão de 30 Mbps. ‘A maior diferença é no download. Essa banda larga é bem poderosa, mas ainda acho que no exterior ainda é um pouco melhor. Não chegou ao nível das melhores dos Estados Unidos.’

Mendes tem dois filhos. O mais novo, Daniel, de 13 anos, sentiu bastante diferença ao jogar Counter-Strike, game online de atirar. ‘Antes o tiro ia em câmera lenta, a imagem ficava tremida e eu tinha até que parar o jogo’, afirma Daniel.

A Telefônica lançou comercialmente o serviço, batizado de Trio Xtreme, em fevereiro. Os pacotes incluem a banda larga de 8 Mbps ou 30 Mbps, telefonia fixa e TV paga, com canais em alta definição e vídeo sob demanda, em que o cliente escolhe na hora o que quer assistir. Eles custam a partir de R$ 269,90.

‘Depois do lançamento comercial, o serviço mudou radicalmente’, afirma Mendes. ‘Tem muito mais conteúdo. Até paramos de ir na videolocadora. A gente costumava ir bastante no fim de semana.’

O engenheiro participou dos testes pré-comerciais e ainda não recebeu a proposta da Telefônica para começar a pagar pelo serviço. Ele comenta os preços anunciados pela operadora: ‘Acho um pouco caro, mas estou acostumado com o serviço e devo continuar.’

Virgilio Amaral, diretor de Estratégia e Tecnologia da TVA, explica que eles tiveram várias ideias de serviços que a fibra óptica permite, mas que enfrentam barreiras legais e de mercado: ‘Nós propusemos aos canais abertos gravar os programas para oferecê-los on demmand, só que a proposta não foi aceita’. Com isso, o espectador poderia assistir à novela das oito mesmo se chegasse em casa às onze.

As emissoras apontaram vários problemas. Um deles era fazer com o programa gravado concorresse com o que estava sendo transmitido no momento em que o espectador fosse assistir. Outra questão eram os direitos autorais. ‘Os contratos que as emissoras assinam com os estúdios de Hollywood não preveem a possibilidade de uma outra empresa gravar aquele filme para distribuí-lo depois’, explica Amaral. A terceira questão é a classificação etária. Se o espectador grava um programa que passa à meia-noite e assiste às oito da manhã, a responsabilidade é dele, mas, se o programa é oferecido por uma empresa, ela pode ser corresponsabilizada. A TVA pertence ao Grupo Abril e à Telefônica.

Márcio Fabbris, diretor de Produtos Residenciais da Telefônica, afirma que a empresa estuda oferecer um serviço de videoconferência para o cliente residencial, usando a tela da televisão e uma câmera. ‘A dificuldade ainda está no preço do aparelho’, diz o executivo. ‘Quando conseguirmos oferecer uma videoconferência no estilo Jetsons será uma revolução.’ Ele destaca que, apesar de ter começado a oferecer 30 Mbps, a rede já está preparada para oferecer 100 Mbps.

A concorrente Net começou a oferecer, ainda como teste, acesso de 60 Mbps, para os clientes que assinam o pacote mais caro de TV, internet e telefone, a partir de R$ 399,90, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por ter uma rede de TV a cabo, com capacidade maior que a de telefonia, a empresa não precisou levar a fibra óptica até a casa do cliente.. Toda rede de TV a cabo é híbrida de fibras ópticas com cabos coaxiais.

‘Podemos chegar até a 300 Mbps em 4 milhões dos 10 milhões de domicílios por onde passa nossa rede’, diz Eduardo Guedes, gerente de Banda Larga da Net. A empresa ainda não tem o serviço de vídeo sob demanda, que funciona como uma locadora virtual, mas criou um site com vídeos em alta definição para serem assistidos com o acesso de 60 Mbps.

A Oi oferece acessos de até 100 Mbps, via fibra óptica, em cinco capitais: Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre e Florianópolis (área de concessão da Brasil Telecom, comprada pela empresa). A concorrente GVT vende conexões de até 20 Mbps, mesmo sem levar fibra óptica até a casa do assinante.’

 

LIVRO
O Estado de S. Paulo

A web como uma ameaça à cultura e à economia

‘O Culto do Amador é uma obra que gerou polêmica quando foi publicada nos Estados Unidos e na Inglaterra. Andrew Keen debate, neste livro traduzido por Maria Luiza X. de A. Borges, como os blogs, o MySpace, o YouTube e a pirataria digital estão destruindo a economia, a cultura e os valores ocidentais. A rede mundial de computadores seria a celebração do amadorismo. A qualquer um é dado o direito de criar um blog, postar um vídeo no YouTube ou alterar informações na Wikipedia. Esse anonimato colocaria em dúvida o conteúdo criado e veiculado na web. Andrew Keen é empreendedor no Vale do Silício e colabora com os periódicos Los Angeles Times, Wall Street Journal e Guardian.’

 

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