Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O Estado de S. Paulo

POLÍTICA NA REDE

O Estado de S. Paulo

Congresso se rende ao Twitter

‘Cento e quarenta toques num teclado de computador têm excitado a política brasiliense. Agora, políticos, quando podem, deixam os repórteres de lado e se manifestam no famoso microblog Twitter, febre na internet que chegou de vez ao Congresso nesta semana.

Dão, inclusive, notícias em primeira mão. Foi o que fez na quinta-feira o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao anunciar, em seu Twitter, que renunciaria à liderança do partido. ‘Eu subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável.’

O ‘irrevogável’ perdeu a validade logo na manhã de ontem. A tarefa de divulgar o recuo do senador paulista coube a João Pedro (PT-AM). ‘O senador Mercadante entrou em contato comigo hoje de manhã e disse que permanecerá no cargo’, avisou.

Mercadante acabou sendo vítima do seu próprio Twitter. Logo após seu discurso de recuo em plenário, milhares de mensagens de repúdio à sua postura invadiram o microblog. Foram mais de três mil manifestações em poucas horas. ‘Fui às ruas pelo PT, fiz campanha pelo PT, votei no PT e hoje você ajudou a decidir o que fazer no futuro: PT nunca mais’, enviou a Mercadante um internauta chamado Igor Polaroid.

Ontem, aliás, o nome do senador estava entre os cinco mais comentados do dia no Twitter brasileiro. ‘Estou decepcionado com sua atitude, eu via em você um grande político, mas agora deixou se envenenar pelo próprio partido’, disse o internauta de codinome ‘tiagojacot’.

Mercadante então reagiu na internet, se ancorando no apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ‘O presidente disse que sou imprescindível, apesar das divergências diante da postura do PT e do governo frente à crise do Senado’, disse.

Desafeto de Mercadante, o petista Delcidio Amaral (MS) procurava – pelo Twitter – alguém em seu Estado ontem cedo, enquanto o colega discursava no Senado. ‘Bom dia. Mato Grosso do Sul, onde está Wally?’ Delcídio votou a favor de Sarney na quarta-feira na sessão do Conselho de Ética. Naquele dia, atacou Mercadante na internet.

‘Coisa feia Mercadante. Pela manhã assumiu, junto aos senadores João Pedro e Ideli que iria ler carta do presidente Berzoini. Na coletiva, negou’, disse. Na referida carta, Berzoini defendia o apoio a Sarney. O presidente petista também manifestou-se ontem no microblog. ‘Mercadante anunciou que fica na liderança do PT no Senado. Correto’, disse.

Político assíduo no Twitter, o líder do DEM, José Agripino (RN), não desgruda de seu iPhone, por onde envia suas mensagens diárias. ‘Eu sabia que a pinimba de Lula com o Senado ia dar no que deu. Assumiu a liderança do PT já enxotando quem não quer’, afirmou ontem o senador. Mais discreto, Cristovam Buarque (PDT-DF) também deixou seu recado. ‘Os senadores do PT se transformaram em carteiros, um dia, carta do Berzoini. Outro dia, carta do Lula’.

Pelo Twitter, deputados e senadores divulgam agenda, comentam assuntos do dia e falam até de futebol. É uma forma, inclusive, de passar longe de microfones, gravadores e holofotes. Mas, em troca, correm o risco de serem bombardeados pelos internautas, como foi o caso de Mercadante.’

 

CENSURA

Fausto Macedo

‘Estado’ entra com novo recurso

‘O Estado ingressou com nova exceção de suspeição do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que impôs censura ao jornal. A base do recurso foi extraída da própria decisão de Vieira, quando ele ignorou um primeiro pedido para que se declarasse suspeito. Ao não reconhecer parcialidade na demanda de interesse de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o desembargador revelou ‘radical inimizade’ e ‘abissal animosidade’ ao Estado, na avaliação do advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira.

A censura começou em 31 de julho. O jornal recorreu inicialmente com exceção de suspeição. Depois, entrou com mandado de segurança contra o ato de Vieira, distribuído ao desembargador Waldir Leôncio Cordeiro Lopes Júnior.

A nova exceção é mais uma investida do Estado para tentar resgatar o direito de informar seus leitores sobre a Operação Boi Barrica, inquérito da Polícia Federal que investiga Fernando Sarney.

Vieira é do convívio social dos Sarney, como revela foto do casamento de uma filha de Agaciel Maia, ex-diretor geral do Senado, na qual o magistrado aparece ao lado do senador. No segundo pedido de suspeição, a foto não é o argumento principal. A estratégia de Manuel Alceu reside nas 36 páginas que Vieira preencheu para não admitir seu afastamento da causa.

O advogado destaca seis passagens da longa manifestação de recusa à suspeição subscrita por Vieira. O advogado põe em evidência o que considera ‘solar e capital inimizade’ do desembargador com o jornal.

Vieira fala em ‘exacerbada reação esboçada pela mídia nacional, sob o comando do excipiente (o jornal), com distorcida divulgação da decisão monocrática da lavra deste magistrado’. Alega agir com ‘sobriedade, independência, bom senso e longanimidade no enfrentamento desses tenazes e infundados ataques’.

Ele alega que a decisão ‘se mostra sobejamente fundamentada, havendo, portanto, a nítida intenção, até aqui frustrada, de causar intimidação a um detentor da indeclinável garantia constitucional da independência, no lídimo exercício da judicatura’. ‘Há juízes em Brasília!’, exclama.

O desembargador se diz alvo de uma ‘ação orquestrada publicamente com o uso de impropérios de toda ordem, em detrimento pessoal, familiar, profissional’. ‘Um verdadeiro envolvimento de pressão psicológica que ainda perdura contra este magistrado, com o nítido propósito de intimidação’, completa Vieira.

PROFUNDAS MÁGOAS

Manuel Alceu assinala que ‘as gravíssimas imputações que o desembargador lançou em direção ao Estado mostram ausente, nessa relatoria, o pressuposto processual básico da isenção judicante’. Diz que ‘não receberá jurisdição imparcial quem, como o jornal, se vê pelo próprio julgador acusado de ?distorcer? fatos, de ?abusiva atuação?, de desfechar ?tenazes e infundados ataques?, de tentativas de ?intimidação?, de praticar ?intimidação das instituições?, de adotar ?conduta temerária?, de violar a ?ética jornalística?, de afrontar os ?princípios deontológicos? do jornalismo, de ?ilaquear o foro íntimo do julgador?, de exercer ?pressão psicológica? ‘.

Manuel Alceu adverte que o magistrado fez um prejulgamento que revela ‘radical inimizade’. ‘Coisas parelhas somente são ditas relativamente a adversários figadais, nunca referentemente a quem se deva julgar.’ E alerta que Vieira ‘com tantos reclamos e tão profundas mágoas, por certo não reúne os requisitos subjetivos, até elementares, para prosseguir na relatoria do recurso’.’

 

Roberto Almeida

Entidades veem ameaça à liberdade

‘Sete entidades que representam veículos da América Latina, entre elas a brasileira Associação Nacional de Jornais (ANJ), divulgaram ontem nota conjunta em que denunciam a ‘deterioração da liberdade de expressão no continente’.

Além da ANJ, a nota é subscrita por entidades de Chile, Argentina, Peru, Colômbia e Equador, que apontam para uma crescimento das ameaças a veículos de comunicação e jornalistas. Ainda alertam a população para que permaneça ‘atenta’ aos ataques aos regimes democráticos.

‘Conclamamos a opinião pública a permanecer atenta diante da instalação e consolidação de regimes autocráticos, ao mesmo tempo em que exortamos todos os habitantes do continente a expressar sua máxima solidariedade aos numerosos jornalistas e veículos de comunicação perseguidos’, destaca o texto.

Entre as denúncias das entidades, está a ‘hostilidade judicial’ contra ‘proprietários, jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação’, caso da censura ao Estado. ‘A experiência das sociedades conduz a um resultado invariável: as restrições às liberdade de expressão, de imprensa e informação sempre resultam na privação das liberdades e direitos das pessoas’, diz o texto.’

 

Roberto Almeida e Rodrigo Álvares

‘Imprensa não está livre de demanda na Justiça’

‘Indagado sobre censura ao ?Estado?, Sarney diz que filho está ?defendendo seus direitos?O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse em entrevista ontem pela rede GloboNews que ‘a imprensa não está excluída pela Constituição de ser demandada na Justiça’. A afirmação partiu de uma pergunta específica sobre a censura ao Estado, que impediu a divulgação de informações da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, envolvendo seu filho Fernando Sarney, e a nomeação de parentes por meio de atos secretos no Senado.

Durante a entrevista, o senador reiterou que nunca processou um jornalista – apesar de já ter demandado judicialmente o Jornal do Brasil, em 1994 -, e argumentou que não pode ser ‘o culpado’ por uma ação de seu filho. ‘Eu não faria isso’, disse. ‘Mas ele (Fernando) está defendendo seus direitos. E por que que se estende isso? O que que tem isso com o Senado?’

Sarney afirmou que seu jornal, O Estado do Maranhão, defensor ferrenho de seu mandato, concede espaço a opositores. ‘Já passei as ações do jornal a meus filhos há tempos’, disse.

No entanto, o presidente do Senado já ajuizou processos contra o Jornal Pequeno, diário que tem como grife a oposição ao sarneysismo e também foi obrigado judicialmente por Fernando Sarney a retirar do site reportagem contendo informações originárias dos autos da Operação Boi Barrica.

Sarney afirmou ainda que é vítima da oposição e de setores do PT que não concordam com seu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. ‘Estou sendo vítima de uma grande injustiça, de uma conjugação de interesses, que são os interesses dos políticos do Maranhão, dos interesses dos políticos que não concordam que eu seja aliado do Lula e que eu esteja apoiando a ministra Dilma. E, de certo modo, recebendo uma vantagem correlata’, observou.

SEM CULPA

Apesar do clima de tensão no Senado, Sarney disse estar tranquilo, porque não se sente culpado. ‘No dia em que os colegas, a maioria dos colegas do Senado chegar e me destituir, muito bem. Eles me elegeram, podem me destituir. Não existe pressão porque eu não me sinto culpado de nada. Eu estou procurando servir ao País. Estou procurando ajeitar esta Casa. Estou pagando por isso. Eu vou continuar até o fim. Não tenha dúvida.’

Sobre sua relação com o senador Fernando Collor (PTB-AL), cujas disputas chegavam aos xingamentos nos tempos de disputa à Presidência em 1989, Sarney minimizou. ‘As palavras na vida política não têm o mesmo peso na vida privada’, avaliou. Collor chamava-o de ‘corrupto’ e de ‘batedor de carteiras da história’, quando conseguiu estender seu mandato por mais um ano.’

 

LITERATURA

Ubiratan Brasil

Divulgados os finalistas do 51.º Prêmio Jabuti

‘O primeiro passo para a definição dos vencedores do 51º Prêmio Jabuti, o mais prestigioso da literatura nacional, foi dado na tarde de quinta-feira, com o anúncio dos finalistas de 21 categorias. De romance a tradução, passando por categorias técnicas (como arquitetura e informática), foram divulgados os nomes de dez candidatos em cada uma.

Entre os indicados, estão dois livros de profissionais do Grupo Estado: Casadas com o Crime (Ed. Letras do Brasil), de Josmar Jozino, repórter do Jornal da Tarde, que concorre na categoria reportagem; e Ping Pong – As Aventuras de Um Jornalista Brasileiro pela China Olímpica (Ed. Artepaubrasil), de Felipe Machado, editor de multimídia do site estadao.com.br, que concorre na categoria contos e crônicas.

A lista engrossa com a classificação de colaboradores, como o escritor Milton Hatoum, cronista do Caderno 2, que é um dos finalistas na categoria romance com a obra Órfãos do Eldorado (Companhia das Letras). A partir do relato de um velho com fama de louco, o livro traz a história de um amor impossível cujo pano de fundo é a mitológica região amazônica.

Hatoum concorre com pesos pesados – Galileia (Objetiva), de Ronaldo Correia de Brito, e A Parede no Escuro (Record), de Altair Martins, foram recentemente laureados com o Prêmio São Paulo de Literatura, cada um faturando R$ 200 mil (o Jabuti oferece R$ 3 mil). Também na disputa está Carola Saavedra, que já recebeu o prêmio de melhor romance pela Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA, por Flores Azuis (Companhia das Letras).

Entre os contistas e cronistas, Felipe Machado vai enfrentar Ruy Castro e seu 101 Crônicas – Ungáua! (Publifolha), além de Rasif (Record), de Marcelino Freire, e O Silêncio dos Amantes (Record), da veterana Lya Luft.

Veterano nas premiações, Ferreira Gullar novamente concorre entre os poetas, com a obra Ferreira Gullar: Poesia Completa, Teatro e Prosa (Nova Aguilar), livro que o deixou emocionado. ‘É uma forma de reconhecimento para o autor’, disse, em entrevista no fim do ano passado.

Ele vai enfrentar concorrentes de peso como Eucanaã Ferraz, autor de Cinemateca (Companhia das Letras), e Glauco Mattoso e seu A Letra da Ley (Annablume).

A categoria reportagem traz, além de Josmar Jozino, outros colabores do Estado. Como João Marcos Coelho, colaborador do Cultura, que concorre com No Calor da Hora: Música e Cultura nos Anos de Chumbo (Algol). Correndo por fora, está Vanessa Bárbara, que fez extensa pesquisa na Rodoviária do Tietê para escrever O Livro Amarelo do Terminal (Cosac Naify). A disputa, porém, não será fácil, pois todos concorrem com Zuenir Ventura e seu 1968 – O Que Fizemos de Nós (Planeta).

Já o crítico de música erudita do Estado Lauro Machado Coelho é um dos concorrentes na categoria biografia, com Anna: A Voz da Rússia – Vida e Obra de Anna Akhmátova (Algol), sobre a mais popular poeta russa do século 20. O livro também concorre entre como melhor capa.

Ainda entre os biógrafos, o extenso e paciente trabalho de Humberto Werneck foi recompensado pela indicação para O Santo Sujo: A Vida de Jayme Ovalle (Cosac Naify), obra já premiada pela APCA. E mais um colaborador do Cultura está na disputa: Lilia Moritz Schwarcz, com O Sol do Brasil (Companhia das Letras).

Entre os tradutores, a disputa será acirrada, com concorrentes como Paulo Bezerra e sua minuciosa versão de Os Irmãos Karamázov (Editora 34), além do caudaloso trabalho de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza em Moby Dick (Cosac Naify).

A segunda fase do julgamento ocorrerá no dia 29 de setembro, quando serão revelados o primeiro, segundo e terceiro colocados em cada uma das categorias. A grande cerimônia, porém, está prevista para o dia 4 de novembro, quando, numa festa na Sala São Paulo, serão conhecidos os melhores livros do ano em ficção e não-ficção, cada um faturando R$ 30 mil.’

 

TELEVISÃO

Keila Jimenez

Carlinhos: 10h no ar

‘A overdose de Carlinhos, ex-Pânico eliminado do reality A Fazenda, rendeu a melhor média do ano para a Record anteontem. Segundo medição do Ibope na Grande São Paulo, das 7 h à meia-noite de quinta-feira, a Record registrou média de 11 pontos de audiência, sua melhor marca desde outubro de 2008, na cobertura do sequestro de Eloá, em Santo André.

A Globo, que perdeu para a Record em muitos horários, recuperou-se na faixa nobre, registrando média dia de 19 pontos. SBT ficou com 5 pontos.

A exploração da triste história de Carlinhos – ele fora abandonado pela mãe que, claro, foi à TV pedir o seu perdão – é responsável por esse sucesso de audiência. Passando de programa em programa, Carlinhos ficou mais de dez horas no ar anteontem.

O primeiro a apostar na história foi o Hoje em Dia, que registrou sua melhor média desde a estreia(2005): 14 pontos. No horário do SPTV 1, a Record alcançou média de 17 pontos, ante 7 da Globo. Geraldo Brasil, que costuma registrar 6 pontos de ibope, marcou 13. Ontem, de novo com Carlinhos, o Hoje em Dia registrou, até às 14 h, média de 12 pontos, ante 9 da Globo em medição prévia.’

 

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