Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Painel do Leitor, Folha de S. Paulo



’11/06/04

Impostos municipais

‘A reportagem ‘Peso de impostos e taxas deve subir 76% no governo Marta’ (Brasil, 6/6) equivoca-se ao afirmar, de maneira generalizante, que houve aumento da carga tributária em São Paulo no período de 2001 a 2004 -já que 81% da receita tributária do município é composta pelo IPTU e pelo ISS e esses tributos tiveram redução de alíquotas e/ ou isenções para a grande maioria dos contribuintes. No caso do ISS, apesar de uma redução nas alíquotas, a arrecadação cresceu quase 18% entre os anos de 2001 e 2004. Esse crescimento é resultado da atividade econômica da cidade, que possui o principal centro consumidor do país e que, nesse período, passou a contar com uma administração competente e transparente, o que estimulou novos investimentos na cidade. Já o IPTU foi reduzido para a maioria dos contribuintes. Em 2001, eram quase 515 mil isentos. Esse número saltou para 1,1 milhão em 2004 -além de outros 800 mil que passaram a pagar menos. No total, 69% dos contribuintes de São Paulo são isentos ou pagam menos IPTU neste governo. A TRSD -Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares-, por exemplo, representa pouco mais de 2% das receitas tributárias. Os resultados apresentados na arrecadação, portanto, são ações consistentes, planejadas e justas de uma política tributária que pode não agradar a todos, mas que beneficia diretamente a maioria da população mais desfavorecida da cidade, prioridade desta administração. É um equívoco confundir aumento de arrecadação com aumento de carga tributária.’ Bárbara Bortolin, assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico (São Paulo, SP)

Resposta dos jornalistas Julia Duailibi e Pedro Dias Leite – Diferentemente do que diz a Secretaria de Finanças, para várias categorias houve aumento do ISS, que em alguns casos chegou a 200%. No caso do IPTU sobre imóveis comerciais, o percentual mínimo, de 1%, passou para 1,2%, podendo chegar a 1,8%. Houve a criação de duas novas taxas -a ‘taxa do lixo’ domiciliar e a da saúde.



9/06/04

Investigação

‘A Folha publicou na edição de 5/6, no texto ‘Chong suborna polícia, diz acusado’ (Brasil, pág. A10), informação a meu respeito totalmente destituída de veracidade. É impossível existirem documentos do serviço de inteligência da PF que demonstrem que o empresário mantinha contatos comigo. Em primeiro lugar, porque nunca tive contato de nenhuma espécie com ele, não o conheço, nunca o vi, nunca estive com ele e nunca falei com ele. Em segundo lugar, porque os relatórios do serviço de inteligência da PF sobre a Operação Anaconda já foram concluídos e não há nenhum documento que demonstre tais contatos. Nunca apreciei inquérito ou processo relacionado ao empresário, de modo que eu jamais poderia ter dado proteção a ele. Antes de publicar essa informação falsa, a Folha deveria ter apurado os fatos e me ouvido, coisas que não fez.’ Casem Mazloum, juiz titular da 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo (São Paulo, SP)

‘Na edição de 2/6, a Folha fez uma menção gratuita e despropositada ao meu nome, vinculando-me às investigações sobre o empresário Law Kin Chong. Por não ter sido ouvido pelo jornal, enviei uma carta, que foi publicada no ‘Painel do Leitor’ de 5/6, sábado. Para minha surpresa, na mesma edição de sábado, a Folha citou novamente meu nome no texto ‘Chong suborna polícia, diz acusado’, em que afirma que ‘documentos do serviço de inteligência da PF demonstram que Chong também mantinha contatos com policiais federais, como o delegado José Augusto Bellini e o agente Cesar Herman Rodrigues, e até juízes federais, como João Carlos da Rocha Mattos, Ali Mazloum, Casem Mazloum. Todos foram denunciados na Operação Anaconda, que investigou o comércio de sentenças judiciais. Os Mazloum negaram que tenham amizade com o empresário’. Mais uma vez não fui ouvido pela Folha. E, mais uma vez, não posso compreender a razão pela qual o jornal insiste em levianamente vincular meu nome às investigações a respeito desse empresário. É mentirosa a afirmação de que algum documento possa comprovar que o empresário mantinha contatos comigo. Gostaria que o jornal exibisse qualquer prova nesse sentido. Caso contrário, peço que essa informação falsa seja corrigida com a devida presteza. Se eu tivesse sido ouvido pela Folha sobre a questão, não apenas negaria ter amizade com o empresário, como afirma o jornal, como teria dito que jamais falei com essa pessoa e que os documentos do meu sigilo telefônico, que foi quebrado pela Justiça, comprovam que não há ligações do empresário para os meus telefones nem dos meus telefones para os dele. Reitero que as acusações feitas contra mim são falsas e que basta a Folha praticar o bom jornalismo que sabe fazer para comprovar isso. Ali Mazloum, juiz titular da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo (São Paulo, SP)

Livros

‘Em referência ao título da reportagem ‘Corrêa do Lago causa receio por Lei do Livro’ (Ilustrada, pág. E4, 8/6), quero esclarecer, como um dos entrevistados, que o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, presidido por mim, não teme nenhuma atitude do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, o senhor Pedro Corrêa do Lago, quanto à regulamentação da Lei do Livro, visto que mantemos em alto nível o relacionamento com essa entidade. Reitero que esse assunto é de profundo interesse para toda a classe editorial e merece uma ampla discussão. Evidentemente, por questão de espaço, algumas vezes minhas declarações estão incompletas e podem dar margem a um entendimento sem a clareza necessária das ponderações e opiniões que o SNEL tem sobre os assuntos abordados pelo jornalista.’ Paulo Roberto Rocco, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Rio de Janeiro, RJ)

Supremo

‘A propósito do noticiário de que o governo está fazendo ‘lobby’ no Supremo Tribunal Federal no caso da contribuição dos aposentados à Previdência Social, é bom lembrar alguns pontos: 1) cargo de ministro do STF não se pede e não se rejeita; 2) quando muito, no Supremo Tribunal Federal, endereça-se um memorial escrito com o resumo das razões jurídicas; e 3), por essas razões, além do absurdo, é ofensivo ao Supremo Tribunal Federal qualquer tipo de ‘lobby’ para obtenção de decisão na Corte.’ Luiz Alberto Americano, advogado e subprocurador-geral da Fazenda Nacional (São Paulo)’



O DIA
Miriam Abreu e Karla Siqueira

‘Diretor nega a venda de O Dia’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 10/06/04

‘‘As filhas, irmanadas, continuarão a obra do pai que deixou um projeto de expansão e participação em todos os cantos da mídia moderna.’ Em e-mail enviado ao Comunique-se, o diretor-executivo do jornal O Dia, Marcos Cruz, negou uma possível venda do diário.

Na última segunda-feira (07/06), Milton Coelho da Graça disse, em sua coluna no Comunique-se, que o empresário Ronald Levinsohn, dono do centro universitário UniverCidade, teria investido R$17 milhões no jornal a fim de sanear dívidas, além de ter interesse na compra da empresa. Elas chegaram a revelar que o empresário possuiria uma mesa na empresa, mesmo sem ocupar um cargo oficial.

Fontes do Comunique-se afirmaram que Levinsohn está ‘dando as cartas’ na área financeira do grupo. Segundo algumas dessas fontes, o empresário teria se reunido, inclusive, com editores de O Dia, citando uma suposta frase de Rupert Murdoch, magnata das comunicações nos EUA, que atribui os maus resultados das empresas de mídia brasileiras ao fato de quem manda nas redações são os jornalistas, e não os donos.

Marcos Cruz rebate, dizendo que as fontes do Comunique-se ‘são mais falsas que uma nota de R$7’. ‘(…) quem manda na redação é a notícia, e quem seleciona a notícia que vai ser publicada é o jornalista Sergio Costa, diretor de redação. Como dizia Ary Carvalho, O Dia só pode ser comprado nas bancas e no jornal manda quem é dono. Hoje quem manda no jornal, na redação, na gráfica, na garagem e em todos os outros setores é nossa presidente Gigi Carvalho, que carrega o mandato da sua irmã Eliane, compondo a maioria das acionistas da empresa, filhas de Ary Carvalho’, acrescentou o diretor.

Sobre a possibilidade da ordem da demissão do colunista Ricardo Noblat ter partido de Levinsohn, Cruz afirmou que ‘Quem demitiu o jornalista Ricardo Noblat teve como objetivo economizar a altíssima remuneração que aquele ilustre profissional ganhava em O Dia. A decisão foi da direção do jornal. Estamos em época de cortar custos e não aderimos a gastanças.’

Quanto às atividades que o empresário desempenha na empresa, Cruz revelou que o dono da UniverCidade funciona como um ‘um simples conselheiro das acionistas controladoras, na qualidade de antigo amigo da família. Ele não é acionista, não é investidor e não quer ser.’ Cruz conta ainda que a relação entre as sócias Gigi e Eliane Carvalho e Levinsohn é de amizade, e que o tratamento dado por elas ao amigo é de ‘tio’.

Durante a semana, o Comunique-se ouviu vários relatos que remetiam ao interesse das sócias majoritárias na venda de O Dia. Chegou à nossa redação a informação de que a Igreja Universal também estaria negociando a compra do diário.

O diretor-executivo da Universal Produções, Natal Furucho, afirmou que a Universal já havia conversado com Ariane Carvalho, ex-presidente do Grupo O Dia e que atualmente está à frente do Conselho de Administração da empresa, sobre a situação financeira do jornal. No entanto, Furucho ressaltou que nunca houve uma proposta concreta e que valores nunca foram mencionados durante as conversas.

Mais uma vez, o diretor-executivo do jornal rebate: ‘O Dia nunca esteve e não está à venda e não está interessado em aportes de capital. Se, e quando necessário, as atuais acionistas poderão subscrever elas próprias o capital que eventualmente o jornal requeira. (…) não conhecemos o Sr. Natal Furucho. Se ele manteve contatos com a acionista minoritária Ariane Carvalho nós não sabemos informar, além de dizer que as controladoras irão sempre exercer o direito de preferência caso qualquer ação seja colocada à venda’, finalizou Marcos Cruz.’



IMPRENSA REGIONAL
Daniel Lima

‘Novas atribuições para agitar mais meus dias’, copyright Capital Social Online, 14/06/04

‘A partir desta segunda-feira acrescento duas novas tarefas às atividades jornalísticas que exerço desde menino interiorano. Contratado como ombudsman pelo Diário do Grande ABC, vou exercitar agora com empenho redobrado uma tarefa que como leitor assíduo e crítico de jornais, revistas e livros naturalmente me impunha. E como colunista bissemanal, que assinará às quintas-feiras e domingos a marca ‘Contexto’, procurarei levar para audiência maior, mas sempre com a mesma responsabilidade, o que pratico há 14 anos na revista LIVRE MERCADO e há três anos neste veículo virtual.

A primeira edição da newsletter ‘Ombudsman Diário’, como resolvi identificar o trabalho, será enviada ainda hoje aos acionistas, diretores, editor-chefe e editores temáticos do Diário do Grande ABC. De segunda a sexta-feira estarei imprimindo idéias e observações sobre o que o mais importante jornal regional do País leva aos leitores. Partiu de mim mesmo a decisão de não massificar o ‘Ombudsman Diário’. Pelo menos nos primeiros meses de trabalho, a avaliação intra-muros se tornará mais profícua, face as especificidades do jornal neste momento. Há muito tempo tenho afirmado a interlocutores mais próximos contrariedade com o perfil do ‘Conselho do Leitor’ adotado pelo Diário do Grande ABC. Por mais boa vontade que tenham os leitores do jornal representados naquela instância crítica, há dois senões que não me escapam oposição. Primeiro, são leigos em jornalismo. Segundo, a exposição pública de suas observações dá foro de sapiência que os próprios profissionais de comunicação encontram muitas dificuldades em consolidar.

A negação do perfil atual do ‘Conselho do Leitor’ do Diário do Grande ABC não pode ser entendida, entretanto, como barreira intransponível deste profissional àqueles leitores. Nada disso. Já disponho da alternativa que enriquecerá a participação de todos eles e de outros leitores do jornal sem que a iniciativa perpetue o equívoco da avaliação pública. A aplicabilidade vai depender, entretanto, do atual mandato dos conselheiros, eleitos com base em regras definidas antes da contratação do ombudsman.

O feriado prolongado que antecedeu minha atuação como ombudsman, que começa, como disse, nesta segunda-feira, talvez torne a primeira edição daquela newsletter um pouco mais volumosa do que a média diária subsequente. Confesso que a responsabilidade de exercer nova atuação jornalística me tornou, nestes últimos dias, muito mais atento aos noticiários dos jornais que recebo de manhã em casa — Diário do Grande ABC, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Jamais me imaginei que até então, por mais cuidadoso que fosse na interpretação do noticiário, estava a léguas de distância dos critérios que agora sim adotei como espécie de aferição das publicações.

Meu contrato com o Diário do Grande ABC é por tempo indeterminado. Não gosto de estabelecer prazos para questões que me coloquem como membro de um colegiado. O mais importante mesmo é que não arredaremos pé de princípios profissionais e nos manteremos absolutamente conectados com o Planejamento Estratégico Editorial que apresentamos há quase quatro meses à direção daquela companhia, quando, por razões mais que conhecidas, deixamos de ocupar o cargo de diretor de redação. O contrato de ombudsman permite, entre outras vantagens, manter-me na Editora Livre Mercado.

Já a coluna Contexto, nome que escolhi e prontamente aceito pelo editor-chefe do Diário, Antonio Ximenez, será uma variante deste Capital Social Online que não acrescentará um dedo de responsabilidade a este profissional porque os pressupostos de contribuições ao jornalismo regional são cláusulas pétreas. Haverá sim a transposição conceitual do que produzimos neste espaço virtual para as páginas de um jornal agora sob nova direção. Nada, entretanto, que configure mudança em minha vida, porque estou acostumado às páginas de LIVRE MERCADO.

Volto a escrever sistematicamente aos leitores do Diário do Grande ABC depois de alguns pares de anos de afastamento. Durante quase dois anos assinei a coluna ‘Camisa 10’ nas páginas esportivas do jornal, convidado na ocasião pelo então diretor de redação Alexandre Polesi. Agora vou flutuar entre a economia e a política, entre o social e o regional, entre o metropolitano e o nacional. De vez em quando deverei escrever sobre esporte, mais precisamente sobre futebol, mas sempre por veredas pouco comuns, longe da retangularidade dos gramados, longe da obtusidade quase que generalizada das cabines de imprensa, longe do emocionalismo das arquibancadas e perto do business, do marketing, do consumo em que se transformou o esporte-rei.

Espero merecer a elasticidade de atenção dos leitores, agora também em direção às páginas do Diário do Grande ABC. Quanto às avaliações do ‘Ombudsman Diário’, nada de ejaculação precoce porque, por enquanto, o público-alvo será extremamente restritivo. Mas espero que todos ganhem com isso.’