Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Pires explica veto
a artigo de Casoy


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 15 de março de 2007


CASOY CENSURADO
Folha de S. Paulo


Pires diz que vetou artigo de Casoy por considerá-lo ‘inadequado’


‘Em nota divulgada ontem, o ministro da Defesa, Waldir Pires, admitiu que impediu a publicação de um artigo do jornalista Boris Casoy sobre o levante comunista de 1935 na revista ‘Informe Defesa’, da Assessoria de Comunicação Social do ministério.


A informação foi divulgada ontem na coluna de Elio Gaspari na Folha.


Na nota, Pires afirma que ‘toda a vida, sem nenhuma transigência’ lutou pelas liberdades, ‘inclusive a de imprensa’, mas que considerou o texto ‘inadequado’ à revista.


‘O ‘Informe Defesa’ é um veículo informativo oficial do Ministério da Defesa, para a comunicação dos seus atos e notícias. Não é uma publicação de natureza, ou missão, polêmica’. O ministro afirmou também que a finalidade da revista é transmitir ‘a necessidade de um conceito de que as Forças Armadas são uma instituição essencial da Nação’.


‘Os equívocos da história não são seu objetivo [da publicação]. Mas, ao contrário, a idéia de transmitir ao país a necessidade de um conceito de que as Forças Armadas são uma instituição essencial da Nação, para sua segurança e seu destino democrático, em meio aos riscos do mundo contemporâneo.’


Pires conclui dizendo que não sabia que o ministério havia encomendado o artigo a Casoy. ‘Não sabia, nem o meu gabinete, do convite ao jornalista Boris Casoy, para sua contribuição. Suas convicções respeito-as e delas divergi, desde sempre, com apreço e cordialidade pessoal. Mas a página que escreveu está desenganadamente inadequada ao conteúdo de um informe oficial.’


Leia abaixo a íntegra do artigo de Boris Casoy.


Em sua obra ‘1984’, o notável escritor inglês George Orwell trilha os caminhos de um regime autoritário num futuro remoto. Nessa ditadura predomina a figura de ‘Grande Irmão’, na verdade uma imagem crítica do ditador soviético Stálin. Num cenário sombrio, o autor faz desfilar os instrumentos utilizados pelo regime para sufocar as liberdades. Um deles é o Ministério da Verdade, cuja função, entre outras ‘nobres’ tarefas, é apagar ou reescrever a história ao talante do regime.


Há fatos deste imenso país que nos remetem a Orwell; por exemplo, a tentativa de relegar ao esquecimento a Intentona Comunista. Sob os mais diversos pretextos, a história é reescrita. A evocação do episódio de novembro de 1935 é tida como meio de buscar a cizânia entre brasileiros. Ai de quem evoca as vítimas da fracassada tentativa comunista de tomada do poder! Imediatamente sofre a censura e os ataques das ‘patrulhas’, dispostas a levar adiante seus propósitos que, apesar dos fracassos, agora sob nova roupagem ainda motivam -por volúpia de poder ou ignorância- parcelas de nossa sociedade. E mais: há todo um movimento pela deificação do executor da Intentona, Luiz Carlos Prestes.


Com o desmantelamento do socialismo real, os documentos dos arquivos soviéticos gritaram a verdade: a tentativa de golpe foi urdida e coordenada pela 3ª Internacional, de cuja Comissão Executiva Prestes era membro. No Brasil, preparando a revolução estavam 22 estrangeiros pertencentes ao Serviço de Relações Internacionais do Komintern, como mostra o livro ‘Camaradas’, do jornalista William Waak, que pesquisou os arquivos do Komintern. E mais: o livro -que derrubou diversos mitos históricos- comprova que a ordem para a eclosão do movimento não partiu do PCB ou de Prestes, mas sim foi mandada de Moscou por telegrama, pelo Komintern.


A ação comunista produziu 33 vítimas, cujas famílias nunca reivindicaram nada do governo brasileiro!


A história é a grande mestra da política. A Intentona de novembro de 1935 não pode ser esquecida sob nenhum pretexto. É um exemplo.’


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Intentona: idéia de levante era derrubar Getúlio Vargas


‘Deflagrada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), em novembro de 1935, com o objetivo de derrubar Getúlio Vargas, a Intentona Comunista foi uma rebelião político-militar liderada pelos tenentistas, entre eles Luís Carlos Prestes -que antes havia criado a Aliança Nacional Libertadora. Quando Vargas declarou a ANL ilegal, foram iniciados levantes em quartéis de Natal, Recife e Rio. A rebelião foi contida pelo governo, após batalhas que resultaram na morte de oficiais legalistas.’


TV PÚBLICA
Folha de S. Paulo


Comissão de Tecnologia pode ouvir Costa sobre TV pública


‘A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara poderá ouvir o ministro Hélio Costa (Comunicações) sobre os planos do governo de criar uma rede pública de TV.


O requerimento de convocação foi protocolado pelo deputado Paulo Bornhausen (PFL-SC) e deverá ser votado no plenário da comissão semana que vem.


Para Costa, o governo precisa de mais espaço na mídia para discutir projetos de interesse público. O plano foi exposto segunda-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A princípio, o projeto teria o nome de Rede Nacional de TV Pública do Executivo, com custo estimado em R$ 250 milhões, a serem gastos em quatro anos. De acordo com a proposta do Ministério das Comunicações, os recursos viriam do Orçamento da União, mas pode haver divisão de custos com Assembléias Legislativas e Câmaras municipais.


A nova TV do governo deverá ser transmitida em sinal aberto e ocupar uma das freqüências (entre os canais 60 e 69) disponíveis em todos os Estados, para que a programação chegue a todo o país.’


CAMPANHA ELEITORAL
Folha de S. Paulo


TRE retira Folha da relação de doadores de Paulo Renato


‘O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) paulista corrigiu a prestação de contas de campanha do deputado federal Paulo Renato Souza (PSDB-SP) e determinou a exclusão do nome da Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha, da lista de doadores da campanha do candidato.


Houve correção na relação de doadores na internet e no processo em papel.


Com isso, o sistema de registro de financiadores do TRE agora confirma que o jornal não fez doações a nenhum candidato.


O tribunal atendeu a uma manifestação feita pela Folha, que apontou um erro na prestação de conta dos candidato referente à eleição de outubro passado.


A falha foi também reconhecida pela campanha, que por sua vez alegou ter feito o lançamento equivocado a partir de uma orientação do tribunal eleitoral.


A campanha registrara como uma doação de 42.354,30 o que na verdade era uma restituição, feita pela Folha, por conta de um erro de cálculo no valor cobrado por anúncios veiculados pelo tucano antes da eleição.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Coisa do futuro


‘Dia após dia se anunciam investimentos em álcool. Ontem era o grupo Carlyle, com US$ 240 milhões para Minas e Goiás, na Reuters. O tema ganhou projeção a ponto de um colunista do ‘Wall Street Journal’, Holman Jenkins, proclamar o ‘Movimento pela Liberação do Etanol’. Contra ‘as forças do obscurantismo’, ele exige o fim da tarifa. No ‘New York Times’, a reportagem sobre as ‘start-ups’ do Vale do Silício que investem em ‘energia alternativa’ era a primeira entre as ‘mais populares’ do site. E o tema avança pelo mundo, atesta o Google News. Assim, o jornalista Pepe Escobar, que entende de ‘buzz’ como poucos, tratou de Bush, Lula e biocombustíveis no chinês ‘Asia Times’ -e avisou que ‘petróleo é coisa do passado’.


‘O colapso da credibilidade americana sob Bush acelerou processo já em andamento, em que a América Latina parece estar declarando agora, geopoliticamente, a verdadeira independência’. De JULIA SWEIG, autora de ‘Friendly Fire: Losing Friends in the Anti-American Century’, ao ‘Guardian’, no balanço da malfadada turnê.


A ESCOLHA DE LULA


No balanço do ‘NYT’ para a turnê, Jim Rutenberg e Larry Rohter destacaram na capa que, ‘Respondendo à esquerda, Bush jura ajudar pobres’.


No europeu ‘International Herald Tribune’, o colunista Roger Cohen atacou Hugo Chávez e festejou como Lula, ‘ex-metalúrgico, homem de esquerda, que fez seu nome lutando contra a ditadura, escolheu Bush’. Melhor ainda, ele escolheu ‘o capitalismo’.


A VOLTA DAS IRMÃS


Mais do ‘NYT’. Antonia Juhasz, da organização Oil Change International, saúda que três quartos das reservas globais de petróleo são hoje controlados por governos e não pelas velhas Sete Irmãs, que vão perdendo seu poder.


Mas avisa que o governo do Iraque está para passar lei abrindo a quase totalidade de suas reservas ao ‘controle externo’, como busca a Casa Branca desde março de 2001.


MANO BROWN NO ‘NYT’


Mais festa para Gilberto Gil no ‘NYT’, ontem, dia em que o ministro faria um discurso sobre cultura digital no evento South by Southwest, no Texas.


A longa reportagem retrata o Projeto Casulo, que estaria estimulando artistas de hip-hop (MCs, DJs, break, graffiti) em periferias pelo país todo. O texto sublinha que ‘importantes expoentes da cultura hip-hop no Brasil, como o rapper Manu Brown’ (sic), ainda estão ‘céticos’ com a iniciativa.


PROIBIDÃO


No destaque do site de edição social Overmundo, um show de Mr. Catra, a voz ‘em várias faixas de Proibidão’, subdivisão do funk que tematiza o tráfico


INSACIÁVEL


Após meses e especulações sem fim, Lula cedeu. No enunciado da Folha Online, pouco depois da visita dos peemedebistas da Câmara ao Palácio do Planalto, ‘PMDB consegue Agricultura e passa a controlar 5 ministérios’.


Registre-se que o blog de Lauro Jardim na Veja On-line já deixou avisado que, ‘quando se trata de cargos, o ape- tite do PMDB é insaciável’.


NO DETALHE


De outra parte, Ciro Gomes e seu PSB agora dizem que ‘Lula espalha a cizânia para reinar tranqüilo’, segundo o Blog dos Blogs, de Tales Faria.


E o blog de Josias de Souza, na Folha Online, registrou ‘um detalhe curioso’, para ‘observadores mais atentos’, na disputa em torno da CPI do Apagão, ontem. Ciro, ‘sentado atrás de ACM Neto’, culpou o PT pela confusão.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Argentino passará uma semana no ‘BBB 7’


‘Um participante da atual edição do ‘Big Brother’ argentino entrará no ‘Big Brother Brasil’ na semana que vem. O argentino, a princípio, passará uma semana no ‘reality show’. Ele não competirá, mas deverá ter participação decisiva na prova do líder da quinta-feira, 22.


A novidade pretende movimentar a fase final de ‘BBB 7’. Faz parte de um projeto da Endemol (detentora dos direitos de ‘Big Brother’) chamado ‘Big Brother Exchange’. Assim, um participante de ‘BBB 7’ entrará no ‘BB’ argentino.


Outra novidade é que ‘BBB 7’ será ampliado em uma semana. Anteontem, a cúpula da Globo determinou que o programa não mais terminará no dia 27, mas sim em 3 de abril.


Tal decisão foi tomada porque, com ‘BBB 7’ acabando no dia 27, a emissora ficaria quase duas semanas com ‘Amazônia’ entrando no ar (até o dia 6) após ‘Paraíso Tropical’. Como a minissérie (23 pontos) e a novela (36) estão com audiências insatisfatórias, a Globo ficou com medo de perder no Ibope para a Record e esticou ‘BBB 7’. O ‘reality’ é hoje a maior audiência da TV, único programa que dá mais de 40 pontos.


Com as mudanças, o ‘paredão’ surpresa que aconteceria neste final de semana foi adiado para o próximo. Haverá uma eliminação no dia 25 (domingo), outra no dia 27 (terça) e uma última no dia 1º de abril (domingo). Só dois participantes disputarão a final.


GOSTO POPULAR Apenas quatro pontos no Ibope separam a novela das seis da Globo, que tem um elenco irregular, da das oito. Anteontem, ‘O Profeta’ marcou 33, e ‘Paraíso Tropical’, 37.


PARTIDÃO 1 Está em curso uma articulação para que o jornalista Eugênio Bucci, atualmente presidente da Radiobrás do governo Lula, venha a ser candidato à presidência da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura do governo José Serra.


PARTIDÃO 2 Eleito conselheiro da fundação na última segunda-feira, Bucci é visto por esses articuladores como um democrata e defensor da TV pública independente. Para sua candidatura decolar, só faltaria ele deixar a Radiobrás.


DECADÊNCIA O SBT demitiu nove jornalistas que foram contratados para implantar uma versão do ‘Fantástico’. Os profissionais passaram pelo ‘Programa do Ratinho’ e pelo ‘Charme’. Até trabalharam na revista dominical, mas Silvio Santos decidiu acabar com o projeto.


ÁGUA FRIA O Ministério da Justiça classificou a novela ‘Maria Esperança’, a versão do SBT para ‘Maria Mercedes’, como imprópria para menores de 14 anos, inadequada para antes das 21h. O SBT a queria livre.


CERCO Anunciado como o futuro da televisão, o site de vídeos Youtube, foi proibido, por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, de veicular trechos do filme ‘Pelé Eterno’.’


GIL NO NYT
Folha de S. Paulo


‘NYT’ destaca os Pontos de Cultura de Gil


‘O diário americano ‘The New York Times’ publicou ontem reportagem sobre os Pontos de Cultura em São Paulo. Com o título ‘Governo brasileiro investe na cultura hip hop’, o repórter Larry Rohter, correspondente do ‘NYT’ no Brasil, descreve a iniciativa, que ‘está colaborando para espalhar a cultura hip hop pela vasta nação de 185 milhões de pessoas’.


O texto destacou que o programa, criado em 2003, foi iniciativa do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que teria certa afinidade com a cultura hip hop.


Rohter visitou o Projeto Casulo, que ensina atividades artísticas a partir dos quatro elementos desse movimento americano: break dance, grafite, DJ e rappers (MCs).’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 15 de março de 2007


TV PÚBLICA
Editorial


TV para o Executivo


‘Dois meses após ter anunciado um plano para a implantação de uma rede de rádio mantida pela União e capaz de cobrir todo o território nacional, sob a alegação de que o presidente Lula quer estabelecer um canal direto de comunicação dos Três Poderes com a população, o governo divulgou o anteprojeto de criação da Rede Nacional de Televisão Pública, orçada inicialmente em R$ 250 milhões. As duas iniciativas estão previstas no decreto que definiu os critérios para a escolha do padrão de radiodifusão digital adotado no País. A idéia é que as duas redes comecem a funcionar este ano.


Apesar da pressa, contudo, os planos do governo ainda são incipientes e não permitem saber se o que ele realmente pretende é criar rádios e tevês estatais ou rádios e tevês públicas. As primeiras são controladas diretamente pelo governo e têm por objetivo defendê-lo e promovê-lo, além de divulgar suas iniciativas. As rádios e tevês públicas, apesar de receberem recursos oficiais, têm gestão autônoma, englobam as emissoras educativas e, por não precisarem disputar audiência para atrair anunciantes, podem oferecer programação de qualidade.


No caso da rede de rádio que o governo pretende criar, até agora não ficou definido se a responsabilidade por sua programação ficará a cargo da Radiobrás, à qual pertence a Rádio Nacional, a maior emissora estatal do País. No caso da rede de tevê, o Ministério das Comunicações já divulgou que disponibilizará dez canais públicos para o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Contudo, nada se sabe sobre as negociações que estão sendo feitas com os dirigentes desses Poderes pela Secretaria-Geral da Presidência da República.


O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, já afirmou que até o momento não foi procurado pelo ministro das Comunicações para discutir a criação das duas redes.


A idéia de se criar uma rede de rádio e tevê financiada pelo Executivo não é nova. Rede desse tipo começou a ser planejada pelo regime militar nos anos 70, quando o uso de satélites permitiu a integração das comunicações. Em si, a iniciativa não é má. Muitos países democráticos dispõem de redes públicas de comunicação, com programação institucional, cultural e educacional sem qualquer tom partidário e com controles eficientes para evitar que o noticiário seja distorcido com objetivos políticos. Essas redes, das quais a mais conhecida é a BBC inglesa, exercem um papel específico que não cabe às redes privadas.


Diante da pressa com que o Ministério das Comunicações quer criar as duas redes e do histórico do governo no campo da comunicação social, é preciso ver o que está inspirando essa iniciativa. No início do primeiro mandato de Lula, o governo propôs a criação de um órgão corporativo que, a pretexto de fiscalizar o exercício da profissão de jornalista, teria a prerrogativa de interferir na concessão de registros profissionais e no funcionamento da mídia. O projeto era de autoria de uma entidade controlada por assessores de imprensa indicados pelo PT para autarquias e estatais. Na mesma época, o governo também propôs a criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual. Justificado em nome do estímulo à produção cultural nacional, o projeto previa expedientes regulatórios que, na prática, eram instrumentos velados de censura.


O anúncio da criação das redes de rádio e tevê a serem custeadas pela União ocorre no momento em que o PT voltou a cobrar do governo a ‘democratização da comunicação’, por meio da concessão de rádios e tevês a ONGs e movimentos sociais. Há um mês, em Salvador, a cúpula do partido acusou as empresas particulares de comunicação de constituírem um ‘monopólio conservador e prejudicial ao País’. Na Câmara, deputados petistas estão exigindo um pente-fino nas concessões de rádio e televisão.


Como os planos do governo ainda são embrionários, é cedo para saber se a iniciativa é séria ou se é mais uma tentativa petista de interferir na liberdade de informação e aumentar o número de vagas para ‘companheiros’ na máquina estatal. Na realidade, o Executivo não tem a menor necessidade de rádios e tevês estatais para divulgar suas atividades, pois ele já é a principal fonte das informações divulgadas pelos órgãos da mídia privada.’


Sônia Filgueiras


Tucano teme que TV do Executivo vire ‘TV Lula’


‘O projeto do governo de criar uma TV do Executivo, destinada a divulgar ações governamentais, entra em choque com propostas em discussão no Congresso que sugerem a restrição dos gastos com propaganda. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que cita pelo menos dois projetos nesse sentido, afirma que, na prática, a proposta aumentaria ainda mais os já elevados investimentos federais com propaganda.


‘O governo já gasta com publicidade, gasta com a manutenção de sua própria rede de TV (referindo-se à Radiobrás) e agora se dispõe a consumir outros R$ 250 milhões com uma rede digital. É uma redundância irracional’, critica Gabeira. ‘Temo que o destino dessa rede seja se tornar uma TV Lula. É um despropósito’, critica o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) que, como Gabeira, integra a oposição ao governo e promete resistir à proposta.


Os dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) reunidos pela ONG Contas Abertas mostram que, no ano passado, somente a administração direta – ministérios e autarquias – consumiu R$ 340 milhões com serviços de publicidade.


Além disso, há os gastos feitos pelas empresas estatais, muito maiores e indisponíveis, já que elas não são obrigadas a expor o detalhamento de sua contabilidade no Siafi. Dados reunidos pelo PSDB a partir de um pedido de informação feito no ano passado revelaram que, somente em 2005, as estatais federais – em especial a Petrobrás e a Caixa Econômica Federal – aplicaram R$ 1,469 bilhão nessa área.


CONTEÚDO E GESTÃO


Além dos gastos extras, para parlamentares da oposição, a proposta do Executivo não será garantia de democratização da informação. ‘TV pública é diferente de TV estatal’, diz o deputado Paulo Bornhausen (PFL-SC), outro crítico da idéia. ‘TVs públicas se financiam com recursos públicos, mas se destinam a prestar serviços à comunidade. Além disso, são geridas com independência. Por exemplo: a TV Cultura de São Paulo’, diz. ‘A TV estatal segue a pauta do Executivo’, acrescenta.


‘Pela proposta colocada, o governo quer uma TV de louvação e não de informação’, acrescenta Fruet.


Já está acertado que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, irá à Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara para explicar a proposta do Executivo. ‘Houve uma inversão de prioridades no processo de discussão. É preciso primeiro discutir o conteúdo a ser exibido’, reforça o presidente da comissão, Júlio Semeghini (PSDB-SP).


‘Nem o Congresso nem a sociedade têm instrumentos para fiscalizar a programação de uma super-rede como essa que o governo planeja’, acrescenta o vice-líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA).’


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Radiobrás tem custo de R$ 156 mi


‘A Radiobrás, empresa do governo federal que controla a TV Nacional e outros veículos de comunicação oficial, custou R$ 418,2 milhões aos cofres públicos nos últimos quatro anos, valor suficiente para asfaltar mais de 400 quilômetros de estradas. Neste ano, segundo as projeções do Orçamento, o governo planeja investir na Radiobrás 36% a mais do que no ano passado – um total de R$ 156 milhões. Desse valor, R$ 96,8 milhões estão reservados para a gestão e administração da empresa, incluindo pagamento de pessoal, e R$ 36,4 milhões, para a captação e veiculação de matérias jornalísticas.


Com 1.150 funcionários, a Radiobrás atinge um índice médio de audiência de 2%, embora alcance com sua programação e 20 emissoras públicas coligadas 60% das residências do País.


No centro da estrutura da Radiobrás, está a TV Nacional, que é sintonizada no Distrito Federal e entorno, chegando, potencialmente, a 2 milhões de telespectadores.


A grade de programação é produzida pela emissora e retransmitida por outras televisões públicas, como a TV Educativa.’


Gabriel Manzano Filho


Para estudioso, educativas devem ter 4 fontes de verba


‘Uma questão central para o bom funcionamento das TVs educativas, o financiamento, exige uma solução estável e permanente. Essa solução deve consistir em uma cesta de recursos de quatro diferentes origens: o governo, as doações – a serem deduzidas do imposto de renda -, a venda de serviços e programas e os apoios culturais. Essa é a tese central de um estudo que o sociólogo e estudioso de TV pública Laurindo Leal Filho vai apresentar no I Fórum Nacional de TVs Públicas, a ser realizado em Brasília, de 11 a 14 de abril.


‘A ajuda do Estado faz sentido porque essas emissoras oferecem à sociedade projetos de educação e cultura’, diz ele. As outras fontes, afirma, ajudarão a compor o quadro, permitindo que se chegue ao outro ponto fundamental para essas redes: um modelo de controle de gestão que garanta autonomia. ‘O que não faz sentido é veicular propaganda comercial’, adverte.


O anúncio, pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, de um anteprojeto de rede pública de TVs para o Poder Executivo, segundo ele, surpreendeu o pessoal do setor. ‘Tenho um pé atrás com esse projeto’, afirmou. ‘O que me parece é que o resultado dele deverá ser uma grande rede com uma pequena audiência’.


Essa possibilidade, em sua opinião, é que explica o apoio dado ao ministro pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). ‘Eles deram apoio porque já percebem que a tal rede pública não vai ter audiência’. Ou seja, não vai incomodar os programas das emissoras privadas.


O quadro das TVs educativas no País, segundo Leal Filho, tem sido de crises e insuficiências quase o tempo todo, e isso é explicável. ‘As emissoras, com raras exceções, foram submetidas à descontinuidade de gestão – ou seja, cada vez que era eleito um novo governante, as chefias e as equipes eram todas trocadas’. Além disso, ‘os orçamentos foram sempre mínimos, em alguns Estados realmente insignificantes’. Uma das conseqüências disso foi a ausência de tecnologia adequada, já que não havia investimentos de qualidade nessa área.


‘Há ainda o problema da interferência política, que existe até em emissoras que dispõem de estrutura jurídica com certa independência’, lembra o professor. ‘Mesmo não oferecendo recursos, muitos governantes imaginam que a rede pública deve estar ao seu dispor.’


Mas ele acredita que já existe um embrião para a futura rede pública de TV – formado não só pela TV Cultura de São Paulo, mas por outras poucas emissoras de direito privado do País, como a TV Piratini, no Rio Grande do Sul, e um canal municipal em Ponta Grossa, no Paraná. ‘A experiência da Cultura é importante. Ela conseguiu estruturar um sistema moderno, que se aproxima do da BBC.’


É perfeitamente possível, diz, criar uma TV comprometida com a educação e a cultura e que vença o desafio dos programas ditos chatos. ‘A Alemanha, a Inglaterra e a França fizeram isso. Muitos dos programas das TVs públicas desses países disputam audiência com as TVs privadas’.’


MEMÓRIA / JULIO MESQUITA
O Estado de S. Paulo


80 anos sem Julio Mesquita


‘Há 80 anos, morria Julio Mesquita, o criador da imprensa moderna no Brasil. A obra começou em novembro de 1888, momento em que o jovem de 26 anos, alto, com cabelos claros, olhos azuis, bigode aparado com esmero, constante otimismo e bom humor, começou a trabalhar como gerente deste jornal, então chamado A Província de São Paulo.


O cargo era o segundo mais importante. Num tempo em que a especialização era pequena, ele deveria cuidar da administração do empreendimento, mas com participação ativa na redação.


As credenciais para sua contratação vinham de uma combinação de artigos feitos como colaborador com militância nos setores mais radicais do republicanismo. No momento de sua chegada, ambos os quesitos valiam bastante, num periódico fundado por pessoas ligadas ao Partido Republicano Paulista. O gerente estreava como jornalista de um órgão destinado a servir um grupo de leitores com interesses políticos afins. Tratava-se de um jornal partidário, como eram os jornais dos primeiros dois terços do século 19 em todo o mundo.


O tamanho da mudança produzida por Julio Mesquita pode ser medido em números. Quando começou, o jornal tirava em torno de 4 mil exemplares, o bastante para disputar a liderança do mercado local. No dia de sua morte, ocorrida no dia 15 de março de 1927, há exatos 80 anos, a situação era outra. Ao longo de 39 anos de trabalho, tempo em que ele passou de funcionário a empresário, transformou O Estado de S. Paulo (título que veio com o regime republicano) numa publicação de importância nacional, feita no maior parque gráfico ao sul do Equador e com uma tiragem que chegava aos 60 mil exemplares diários – num tempo em que São Paulo tinha 570 mil habitantes, mais da metade analfabetos.


INFORMAÇÃO EM DESTAQUE


A mudança não foi apenas quantitativa. A obra de Julio Mesquita consistiu principalmente em impor mudanças de concepção. Afastou a publicação do modelo partidário e deixou como herança um jornal nos moldes que conhecemos hoje: produtor de relatos de eventos em suas reportagens e fornecedor de análises em editoriais e artigos. Esta mudança arraigou-se de tal modo que hoje o modelo criado pelo pioneiro é visto como natural.


Os próprios métodos de Julio Mesquita ajudaram muito nesta invisibilidade. A regra de ouro do jornalismo partidário era dar destaque ao artigo assinado pelo diretor ou o gerente do jornal, sempre candidatos a intervir no mundo político, publicando-o no alto da primeira página. Porém, desde que assumiu seu posto, o novo gerente defendeu como norma o anonimato dos textos de redatores. Tinha explicações para o comportamento: um texto sem assinatura valia muito mais que outro assinado; enquanto este último trazia sempre uma opinião pessoal, o anonimato permitia construir textos que fossem mais neutros, e por isso mais valiosos para o público; representariam o jornal todo, não apenas um de seus membros.


Era um conjunto de argumentos então quase impossível de aceitar para a imensa maioria dos jornalistas, sempre sonhando em colocar seu nome na página do jornal e no jogo político.


Para fazer valer a fundamental mudança, Julio Mesquita aplicou a norma a si mesmo, levando outros a seguir o caminho. Derrubada a regra de ouro do artigo assinado, o método do exemplo pessoal serviu para implantar outras modificações. Julio Mesquita acreditava que todos os textos do jornal deveriam se submeter a uma norma única de gramática e estilo, imposta por profissionais especializados. Nem mesmo os textos dele escapavam, sendo sempre submetidos a revisão antes de publicados. A nova situação logo trouxe para o centro da cena os relatos de eventos, as reportagens, que não se confundiam nem com artigos assinados nem com interpretações partidárias.


VENDAS AVULSAS


As preocupações de Julio Mesquita com seus leitores não se limitaram a trazer a reportagem para o centro da cena. No jornalismo partidário, as vendas avulsas pouco importavam. O alvo prioritário era a influência sobre os poucos homens com força no jogo do poder. Para chegar a estes poucos, valia até entregar exemplar com prejuízo. O novo gerente também mudou esta situação. Assim que entrou no jornal, deu uma atenção nunca vista à venda de exemplares avulsos. Embora A Província de São Paulo tivesse sido o primeiro jornal da cidade a empregar vendedores de rua – o primeiro deles foi o francês Bernard Grégoire, cuja figura estilizada apregoando o produto com buzina tocada em lombo de burro aparece até hoje no ex-Libris (selo usado por bibliófilos geralmente na contracapa de publicações, no qual consta o nome de seu proprietário) da página 3 – estes tinham uma função quase marginal no faturamento.


Três semanas depois de tomar posse, Julio Mesquita aproveitou um evento político trágico – a morte de alguns populares numa manifestação republicana reprimida pela polícia – para lançar uma campanha: doar a receita das vendas avulsas de uma edição para as famílias das vítimas. Neste dia, a redação se encheu de voluntários para a tarefa de vender jornais; no final da tarde, haviam sido vendidos 9 mil exemplares, mais que o dobro do recorde anterior.


A contenção do espaço de promoção pessoal deixou pessoas importantes muito insatisfeitas. O interesse geral prevalecendo sobre a carreira política particular tornava o investimento em cotas do jornal pouco interessante para muitos de seus detentores originais, interessados em dividendos de natureza política. Pouco sensíveis aos resultados econômicos crescentes, acabaram vendendo suas cotas para o gerente, que aos poucos se tornou o proprietário.


CANUDOS


Enquanto se livrava das últimas peias, Julio Mesquita pôde acelerar as mudanças. Na noite de 7 de março de 1897, milhares de pessoas começaram a se aglomerar na porta da redação, que ficava na atual Praça Antonio Prado. Queriam confirmação dos rumores de um massacre da coluna do coronel Moreira César, em Canudos. Os primeiros exemplares da edição do dia seguinte começaram a ser vendidos ali mesmo – e ao final do dia 8 esgotaram-se 18.442 exemplares.


Apesar do sucesso nas ruas, o material publicado naquele dia não chegava a ser exatamente um primor de objetividade: era mais uma interpretação editorial republicana, ao molde partidário, que um relato da morte dos militares. Julio Mesquita demorou pouco para mudar a situação. Contratou Euclides da Cunha como correspondente de guerra, do modo que faziam os jornais modernos, e também para escrever um livro a partir de suas reportagens.


O material produzido por este contrato seria a síntese da mudança introduzida no modo de fazer jornal – e de ver o mundo – que se construía. Euclides da Cunha partiu como um jornalista partidário. Enquanto ia no navio, escrevia verdadeiros editoriais para a causa republicana. Mas, chegando ao local dos fatos, em vez de ser fiel à causa, foi fiel ao que constatou no ambiente da guerra, ainda visitando soldados feridos em Salvador. Do que ouviu, depreendeu que Antonio Conselheiro não era um militante monarquista, mas apenas um sertanejo firme em suas crenças, ‘um grande homem pelo avesso’, segundo definiu em sua primeira verdadeira reportagem.


Ao longo da primeira década do século, a tiragem quase dobrou novamente, chegando à casa dos 20 mil exemplares diários; o noticiário se tornou, de longe, o mais isento da cidade; a credibilidade trouxe leitores de todos os matizes políticos, e com eles os anunciantes tiveram confiança para pagar pela inserção de mensagens. Vencia a nova idéia, de não fazer jornal para buscar cargos ou favores com dinheiro público – e a prova era que o governo era tratado como um anunciante qualquer, que gerava em torno de 3% da receita do empreendimento, sempre pagando a preço de tabela.


Ao longo dos quatro anos da 1ª Guerra Mundial, Julio Mesquita publicou um boletim que resumia os acontecimentos da semana. Tudo do jornalismo moderno estava ali: a busca da objetividade, a apresentação de várias versões do mesmo fato, a concisão do relato.


E isto já não estava apenas no trabalho pessoal do jornalista, mas em todo o jornal – como se viu na greve geral de 1917. O noticiário tão imparcial como possível e os editoriais que reconheciam a justeza das reivindicações operárias provocaram uma reação inesperada. Patrões, operários e governo não confiavam uns nos outros e não conseguiam negociar – até se lembrarem da única instituição da cidade com credibilidade suficiente para ouvir vários lados e fiar um acordo. Foram todos para a redação do jornal, onde se resolveu o assunto numa mesa presidida por Julio Mesquita.


Era o reconhecimento geral da existência de uma nova comunidade, feita de valores partilhados entre o jornal e seus leitores. Uma comunidade que já não estava apenas numa obra pessoal, mas na instituição.


O ÚLTIMO EDITORIAL


Julio Mesquita reforçou o movimento preparando sua retirada do dia-a-dia. Foi um gesto tão simples como seus hábitos pessoais. Investia todos os lucros na empresa, e levava uma vida espartana: era acionista remediado de um empreendimento rico. Com esta modéstia, já viúvo e com os nove filhos criados, escolheu viver num modesto quarto de hotel da Campinas natal.


Vinha a São Paulo de quando em quando. Em março de 1927 teve um motivo especial para aceitar convite dos filhos: comemorar as primeiras vitórias eleitorais de alguns candidatos contra a máquina estatal na história republicana. Fiel a seu espírito boêmio, juntou ao programa uma passada pelo baile de carnaval do Automóvel Clube. Dona Olívia Guedes Penteado, a mecenas dos modernistas, veio tirá-lo para dançar. Ele respondeu que, sendo ela a convidar, estava muito lisonjeado, mas que devia confessar que, sendo um velho, não sabia os passos da música que estava sendo tocada. E convidou-a para se juntar à roda de prosa que varou a madrugada.


No dia seguinte foi para a redação, invadido por um sentimento de nostalgia. E escreveu um editorial que lembrava as eleições do império, as frustrações democráticas da república, para reafirmar as esperanças na autonomia das prerrogativas dos cidadãos. Por isso, escrevia: ‘A política infielmente praticada tudo perverte. Ia-se criando entre nós, por incessante acumulação de privilégios odiosos, uma casta que, para si mesma, ideara e estabelecera uma justiça especial’.


Terminando de escrever, o homem que confiava no controle dos privilégios estatais deixou a redação. Antes que suas últimas palavras fossem impressas começou a sentir-se mal. O diagnóstico foi infecção intestinal, sem cura naqueles tempos. Depois de alguns dias de agonia, morreu em sua casa da Avenida Angélica – casa de portas abertas para a família, os amigos e os cidadãos que apareciam oferecendo conforto e partilhando as crenças defendidas pelo jornal moderno que Julio Mesquita criou.


* Texto editado a partir de artigo original do historiador e escritor Jorge Caldeira’


PUBLICIDADE
O Estado de S. Paulo


‘Estado’ reúne jurados de Cannes


‘O jornal O Estado de S. Paulo, representante oficial no Brasil do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, reuniu ontem no Hotel Emiliano, em São Paulo, os jurados brasileiros do evento deste ano e ex-jurados de festivais anteriores. A iniciativa é uma forma de os publicitários trocarem informações sobre a dinâmica do festival.


A publicidade brasileira chega ao festival deste ano – a 54ª edição do evento – pressionada pelos resultados do ano passado, quando o País ganhou 29 prêmios, marca pior que a de 2004 e a de 2005. Angelo Frazão, diretor de mídia da McCann Erickson, um dos jurados brasileiros no festival deste ano, acredita que a cobrança será mesmo maior. ‘Mas, como bom otimista, acho que o País tem a capacidade de surpreender.’


Geraldo Rocha Azevedo, presidente de soluções integradas da Neogama/BBH – que será presidente do júri da categoria Promo Lions -, acha, porém, que toda essa cobrança pelos resultados brasileiros é injusta. Segundo ele, o Brasil sempre esteve nos últimos anos entre os três países mais premiados, o que não condiz com a realidade do mercado, já que o País é apenas o 10º mercado publicitário mundial. ‘O desempenho e o tamanho do mercado brasileiro são muito distintos’, disse.


Celso Loducca, da agência Loducca, que também fará parte do júri, acha que, em relação a Cannes, a publicidade brasileira vem sendo prejudicada pelo aumento da importância das campanhas de varejo no País, já que essas campanhas têm de ser mais simples e objetivas.


Também serão jurados brasileiros em Cannes os publicitários Suzana Atelbaum, da Africa; Ricardo Chester, da JWT; Mariana Sá, da DM9DDB; Flávio Salles, da Sun MRM; e João Livi, da Talent.’


TELEVISÃO
Beatriz Coelho Silva


Amazônia muda hoje


‘A minissérie Amazônia pula da belle époque para a 2ª Guerra Mundial a partir de hoje. Nesta fase, os seringais entram em decadência por causa do cultivo da árvore na Ásia, mas Rio Branco cresce e se divide. Neste cenário vivem o poeta Juvenal Antunes (Diogo Vilela), a seringueira Anália (Letícia Spiller), o guarda-livros Conrado (Pedro Paulo Rangel), a governanta Donana (Jandira Martins) e o líder Santo Daime, Raimundo Inácio (Milton Gonçalves).


Da 1ª fase, permanecem Beatriz (Débora Bloch vira Irene Ravache), Justine (Lena Cavalli/Zezé Polessa), Bento (Tiago Batista/ Emílio Orciolo), Augusto (Ronaldo Dappes/Humberto Martins). Padre José (Antônio Calloni) e Ritinha (Brenda Haddad) continuam com os mesmos atores e José de Abreu tem uma cena, morrendo aos 90 anos, com envelhecimento cenográfico. ‘Estes personagens ligarão Galvez a Chico Mendes’, explicou a autora Gloria Perez. Esta fase deve durar oito capítulos e teve o jornalista Armando Nogueira como consultor, pois era adolescente no Acre dos anos 40. Chico Mendes só aparece na última semana, em abril, com Cássio Gabus Mendes.


entre-linhas


O nível cultural dos BBBs é, no mínimo, divertido. Ao ouvir a questão sobre quais são os sete pecados capitais, Analy arriscou: ‘Grand Canyon’. E, em um passeio de helicóptero, a carioca Fani confundiu a Lagoa Rodrigo de Freitas com a Baía de Guanabara.


Depois do quarto paredão de Diego, a pergunta que fica é: quem é que lava e passa a camisa branca impecável do moço?


O canal A&E trará de volta à TV a série argentina de suspense Epitáfios, protagonizado por Cecilia Roth. A superprodução da HBO em 13 capítulos estreará no dia 12 de abril, às 21 horas.


Por falar em HBO, Marcelo Serrado é nome certo na segunda temporada de Mandrake, série brasileira co-produzida com a Conspiração Filmes. Prestes a acabar de gravar Vidas Opostas, o ator já pensa no expediente a seguir.


Tudo certo: a Record News está programado para entrar no ar ainda este ano, em sinal aberto, via Rede Mulher. Os estúdios que serviam às novelas na sede da Barra Funda, em São Paulo, já estão em obras para abrigar o novo canal.


Além de preparar um CD com as melhores músicas tocadas em sua revista eletrônica, o apresentador Amaury Jr. está empenhado em escrever um roteiro de um programa inspirado no livro Um filme é para sempre, de Ruy Castro.


O programa A Tarde É Sua da RedeTV! vai ganhar mais meia hora a partir do dia 26.’


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Comunique-se


Quinta-feira, 15 de março de 2007


CBM & JBTV
Comunique-se


CBM refunda seu grupo e lança JBTV


‘A Companhia Brasileira de Multimídia (CBM) anuncia na terça-feira (13/03) o lançamento da JBTV, antiga CNT. Daniel Barbara, presidente da companhia, conduzirá um coquetel em São Paulo onde serão anunciadas parte da programação da nova emissora e também a refundação da CBM, que passa por um processo de forte expansão, incorporando novas empresas ao grupo.


Multimídia


A principal contratação da JBTV até o momento é Boris Casoy, que ancorará o ‘Tele Jornal do Brasil’, a ser exibido de segunda a sexta, às 22h. O deputado federal (PTC-SP) e apresentador Clodovil Hernandes será responsável pelo ‘Sua Excelência’, programa dominical de política que será gravada principalmente dentro do Congresso Federal. O jornalista Augusto Nunes, diretor editorial dos veículos da CBM, terá um talk show às quintas-feiras e um programa de análise econômica e política aos domingos.


Com um investimento inicial de R$ 20 milhões, o conteúdo produzido pela JBTV deverá ir ao ar a partir do começo de abril, entre as 18h e as 24h. A emissora pretende vender os horários restantes para produtoras independentes que, considera Barbara, possuem conteúdo de boa qualidade e que não é absorvido pelas outras emissoras abertas. Além disso, os contratos firmados entre a CNT e as produtoras que possuem espaço na grade atualmente serão honrados, mas provavelmente não renovados.


Em um segundo momento, a empresa deverá produzir programas baseados em suas publicações impressas, com o compromisso de preservar a linha editorial original, escalando um diretor do veículo para participar do programa de TV. Será avaliada a possibilidade dos jornalistas de impresso também produzirem conteúdo para a emissora.


A CNT possui hoje cerca de 60 retransmissoras em ondas abertas e também veicula seu conteúdo na NET. A proposta da CBM é aumentar a cobertura do sinal convencional, conquistando novas retransmissoras e afiliadas por meio da qualidade de seu conteúdo.


Mídia


A CBM faz parte do grupo do empresário Nelson Tanure, a Docas Investimento, e vem investindo pesadamente no setor de comunicação. Atualmente, a Companhia agrega a Editora JB, que edita o Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil; a JBTV; a Editora Peixes, que edita 10 revistas; a empresa de eventos Casa Brasil; a Brasil Digital, que produzirá conteúdo para as mídias online do grupo; e a Brasillog, que se ocupará da distribuição e comercialização dos títulos.


Recentemente a companhia adquiriu a Peixes e a CNT e entrou duro no páreo pela compra da Editora Três, que edita a IstoÉ e outros títulos. Nesta última, foi Tanure que injetou o dinheiro que pagou os salários atrasados dos funcionários, acabando com a greve na editora e conquistando assim ascendência na negociação com Domingo Alzugaray, seu proprietário.


Com a aquisição da CNT, a antiga Companhia Brasileira de Mídia se tornou de Multimídia e agora oficialmente se refunda, unindo todas as empresas do grupo sob a mesma orientação. A proposta é compartilhar esforços para otimizar os resultados da companhia como um todo, explorando o conceito de sinergia. Pensando nisso, a empresa pretende alugar o mesmo imóvel que por 19 anos abrigou a Rede Globo, na região da Av. Paulista, em São Paulo, para assim aproximar a grande maioria de suas operações e de seus profissionais.


Por sua vez, diversos jornalistas da Gazeta Mercantil e do JB já criticaram o perfil da CBM de fundir esforços, alegando que isso sobrecarrega as redações, obrigando os profissionais a trabalhar para diversos veículos simultaneamente.’


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