Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Plano de Lula inclui
incentivo à TV Digital

 

Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 22 de janeiro de 2007


TV DIGITAL
Gerusa Marques


PAC inclui benefícios para a TV digital


‘As duas medidas provisórias para as áreas de semicondutores e TV digital que deverão compor o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) têm o objetivo de criar as condições necessárias para que a TV aberta brasileira faça, ainda neste ano, no início de dezembro, as primeiras transmissões comerciais com qualidade digital. Os incentivos definidos pelo governo deverão garantir também que os primeiros conversores cheguem às prateleiras das lojas em outubro, segundo informou um técnico da área.


Uma das medidas dará incentivos para a fabricação de equipamentos de transmissão de sinais e para televisores digitais e conversores (set top boxes), que farão a transformação do sinal digital em analógico. Esse aparelho permitirá que o telespectador continue usando o televisor que tem em casa, mas com melhora significativa na qualidade da imagem e do som, que será similar à de um DVD.


Os set top boxes, e posteriormente os televisores digitais, deverão ter desoneração fiscal para fabricação na Zona Franca de Manaus. A previsão é de que a produção de conversores movimentará R$ 9 bilhões em três anos. Também haverá incentivos para o setor de softwares, mas não necessariamente na produção.


As novas regras para importação de equipamentos usados nos estúdios das emissoras de TV, por sua vez, não deverão constar das MPs. A idéia é de que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) baixe uma resolução dando isenção de Imposto de Importação para esses equipamentos, que não são produzidos no País.


A outra MP tratará dos semicondutores e chips, que são usados em equipamentos eletrônicos, incluindo os televisores digitais. A produção desses chips no Brasil terá desoneração de PIS e Cofins. Não serão definidos agora incentivos locais para a implantação da indústria de semicondutores. Segundo uma fonte que participa das discussões, as MPs darão as bases para o incentivo e, depois disso, inicia a corrida política para atrair essas fábricas, já que cabe aos Estados a arrecadação ICMS.


‘Os pleitos de vocês foram todos contemplados’, disse a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na semana passada, durante reunião do Comitê de Desenvolvimento da TV Digital, com representantes do governo, indústria, pesquisadores e emissoras de televisão. De acordo com um dos participantes, a ministra se mostrou muito ansiosa com o anúncio das medidas.


Os incentivos à tecnologia vinham sendo defendidos pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, com o argumento que o governo arrecada pouco sobre esse setor e, portanto, benefícios fiscais não prejudicariam os cofres da Receita Federal. Ontem, ao chegar ao Alvorada para uma última reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o PAC, ele comentou que nem todas as medidas de estímulo à tecnologia e à exportação que defendia foram incluídas. ‘Mas serão depois’, acrescentou.


Em fevereiro, o governo vai publicar o detalhamento das especificações tecnológicas do sistema brasileiro de TV digital, que terá como base o padrão japonês, com avanços tecnológicos desenvolvidos no Brasil. Os primeiros testes com a TV digital serão feitos em abril e serão desenvolvidos em São Paulo pelo Instituto de Desenvolvimento da TV digital criado pelo Comitê de Desenvolvimento.’


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


A moda do marketing sob medida


‘Ações de marketing feitas sob medida para atingir um grupo específico de pessoas vem ganhando adeptos entre os responsáveis por investimentos em propaganda nas empresas. A motivação é simples. Há economia de recursos e boa penetração da mensagem junto ao público alvo desejado.


Para comunicar a abertura de 50 agências no Brasil, o Citibank aposta em experiências do gênero. A primeira se deu com pizzarias dos bairros onde se instalou. Para falar com os potenciais clientes das redondezas, estabeleceu parcerias com os estabelecimentos para que, na hora da entregar os pedidos em casa, utilizassem uma embalagem especial com o anúncio da chegada do banco.


‘Gastamos cerca de R$ 30 mil por agência e tivemos ótimo retorno, porque a idéia, bastante inusitada, foi muito comentada’, conta Paulo Silva, superintendente de Marketing do Varejo do Citibank Brasil.


Para montar a logística, a agência Fallon mapeou cada região, listou os CEPs que interessavam ao Citibank e negociou com os proprietários de cada pizzaria o controle da entrega de dez mil caixas.


‘Usar mídia de massa para comunicar essas agências seria dispersão de informação, já que ela dizia respeito a um universo restrito’, explica Eugênio Mohallem, presidente da Fallon São Paulo. ‘Usamos como complementação peças publicitárias em bancas de revistas e outdoors.’


A iniciativa foi tão bem aceita, embora Silva ainda não tenha dados sobre quantos clientes a ação gerou para o banco, mas já engatilhou uma ação similar para inaugurar quatro agências, agora no começo do ano.


Na nova campanha, serão distribuídos 40 mil biscoitinhos da sorte, distribuídos pela rede de restaurantes China in de Box, com uma mensagem embutida sobre a nova agência. ‘Tomamos o cuidado de oferecer um biscoito extra, para não frustrar a pessoa que espera a mensagem da sorte’, diz Silva.


CLARO


A montagem de microplanos para ações localizadas tende a afastar as grandes agências de apostas na categoria. Avaliam que há muito trabalho envolvido e pouca verba. Os meios convencionais de mídia sempre atendem algumas das expectativas e envolve menos desgaste.


As companhias, entretanto, demonstram gosto crescente por investidas sob medida. A empresa de telefonia móvel Claro, desde o final do ano passado, promove ação dirigida ao segmento de maior poder aquisitivo. De tão bem aceita, acabou resultando em uma linha de produto, batizado de Claro A, que estará no mercado ainda no primeiro semestre deste ano.


Com apoio de consultoria especializada, a Claro buscou parcerias com grifes paulistanas, entre as quais a loja de moda NKStore, a charutaria Davidoff, o shopping Iguatemi, a concessionária da Land Rover e o restaurante Fasano, para oferecer um aparelho com conteúdo personalizado aos clientes preferenciais de cada empreendimento. De posse da lista, selecionou 30 nomes e ofereceu um telefone top de linha com conteúdo específico para degustação.


‘A nossa intenção é cativar formadores de opinião para fixarmos a marca como a de maior qualidade de serviços’, explica Cristina Duclos, diretora de Comunicação da Claro. ‘Telefonia móvel virou uma mercadoria comum. Por isso, optamos por um marketing artesanal, capaz de gerar diferença entre os iguais’.


Para os clientes premiados do Iguatemi, por exemplo, há informações atualizadas sobre a programação de cinema do shopping. Para os da NKStore, o aparelho oferece programação com vídeos dos últimos desfiles de moda e até botão de discagem direta à vendedora da loja que sempre atende à proprietária do celular.


BLUE MAN


Na tentativa de traçar oportunidades associadas a conteúdos exclusivos, a CIE Brasil vende ações sob medida associadas à pauta de eventos culturais que intermedeia. Um deles, a apresentação no Brasil do grupo americano multimídia Blue Man, que usa tubos de PVC como instrumentos, está em disputa por dois fabricantes de tubos e conexões, os concorrentes Amanco e Tigre. ‘Pelo menos 140 mil pessoas, de bom poder aquisitivo, vão assistir ao show’, diz Eduardo Barrieu, diretor do CIE.


São raras as concessões para interferência em produções culturais. ‘Fui consultado sobre a troca dos tubos usados pelo Blue Man no palco’ conta Barrieu. ‘Não é possível, porque têm tratamento especial’. Há, entretanto, situações em que a intervenção pode acontecer. A montadora Ford promoveu na Austrália a exposição de Leonardo Da Vinci, que também virá ao Brasil. Pôs entre as peças da mostra, um diferencial de carro usado em seus automóveis. Foi bem acolhido pelas platéias. Nunca saberemos se Da Vinci aprovaria o design.’


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


Desperate e Grey’s voltam a mil


‘A Sony não trará nesta temporada nenhuma nova grande série, mesmo com a concorrência do Warner Channel e, principalmente, do Universal Channel, que estão com boas atrações. A sorte da Sony é ter duas atrações de peso em sua grade. Grey’s Anatomy e Desperate Housewives voltam para suas terceiras temporadas, com capítulos primorosos, nos dias 5 e 7 de fevereiro, respectivamente, às 22 horas.


Em Wisteria Lane, depois de um segundo ano meio confuso, as donas de casa desesperadas dão show. E a melhor delas é, como sempre, Marcia Cross, a Bree Van de Kamp. Ainda mais desequilibrada e cômica, Bree rouba o episódio de estréia do terceiro ano em duas cenas com Orson (Kyle MacLachlan). Para não estragar a surpresa dos fãs, basta dizer que Bree suspeita estar sofrendo um derrame quando, na verdade, experimenta seu primeiro orgasmo.


Além de Bree, suas amigas e vizinhas Susan (Teri Hatcher), Lynette (Felicity Huffman) e Gabrielle (Eva Longoria) também têm seus momentos nesse capítulo hilário e com muito suspense, claro.


Já Grey’s Anatomy abre seu terceiro ano com clima dramático em um episódio que faz chorar – ou pelo menos engasgar. Os fãs vão se surpreender e, quem nunca assistiu à ótima série ganhadora do Globo de Ouro, poderá acompanhar a trama, já que o episódio de reestréia de Grey’s utiliza flash-back para que o público entenda as angústias de cada personagem.


Meredith Grey (Ellen Pompeo) e Izzie (Katherine Heigl) estão no foco do episódio, que emociona sem ser piegas e ainda faz com que o público dê algumas risadas – que podem ser de nervoso, pois a trama constata que, no fim, não há explicação para a vida e, muito menos, para a morte. A abertura de temporada de Grey’s é imperdível.’


80 anos de Tom Jobim


O programa Sarau da Globo News, em homenagem ao maestro que completaria 80 anos em janeiro, será reprisado no dia 27. Dani-lo Caymmi, Miúcha e Paulo Jobim gravaram alguns dos seus clássicos, como Eu Sei Que Vou te Amar, Desafinado e Chega de Saudade.


Entre-linhas


Claude Troisgrois visitou a África do Sul e a viagem será mostrada hoje no Menu Confiança. No GNT, às 22 horas.


Ronnie Von lança a partir do próximo mês o projeto Design Ronnie Von 2007. A cada mês um decorador famoso irá fazer o cenário de seu programa, Todo Seu, na Gazeta. Entre eles, João Armentano, Bia Barros, João Mansur, Olegário de Sá e Gilberto Cioni.


O Metrópolis de hoje, às 13 horas, traz uma entrevista exclusiva com o músico Ben Harper, que faz shows hoje e amanhã em São Paulo.’


MÍDIA & RELIGIÃO
Angélica Santa Cruz


Filha de Hernandes acusa perseguição na TV


‘A filha dos fundadores da Igreja Renascer em Cristo, Fernanda Hernandes , utilizou a televisão mantida pela denominação para acusar os promotores de Justiça que denunciaram seus pais pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e estelionato de ‘agir com o espírito do anti-Cristo’, ‘ter sede da vida do ‘apóstolo’ Estevam’, ‘perseguir o povo evangélico’ e ‘querer instaurar uma nova inquisição no Brasil’.


‘O promotor não quer promover Justiça. Quer promover o próprio rosto. Não tem respeito pela profissão. Promover Justiça não tem nada a ver com destruir uma família, porque quem tem provas não precisa de mídia’, disse ela em depoimento enviado da casa de sua família no condomínio de Boca Raton, na Florida, e exibido em programas da TV Gospel.


Identificada pela TV como ‘pastora Fê’, Fernanda Hernandes , de 25 anos, estava com seus pais e líderes da Renascer, Estevam e Sonia Hernandes, quando eles foram presos ao tentar entrar nos Estados Unidos com US$ 56, 5 mil, após declarar apenas US$ 10 mil. Seus pais foram presos e ela o irmão, Felipe Hernandes, liberados após prestar depoimento. ‘Fiquei no aeroporto por 9 horas com meus filhos, sem noticias do ‘apóstolo’ e da ‘bispa’, queixou-se. ‘Só falei com a ‘bispa’ Sonia ontem. No lugar em que esteve, converteu 29 pessoas!’


Estevam e Sonia Hernandes foram mantidos pela justiça americana no Federal Detention Center (FDC) e depois transferidos para cadeias destinadas a imigrantes em Miami.


Soltos entre quinta e sexta-feira, eles devem permanecer sob custódia das autoridades americanas pelo menos até o dia 24, quando participam de audiência com o juiz local. Dentro do ‘programa de supervisão intensiva’, aplicado a imigrantes ilegais, Sonia e Estevam usam braceletes com chips de monitoramento e têm de se recolher após as 17 horas. Nos Estados Unidos, respondem por lavagem de dinheiro e falsificação de documento público.


PRECONCEITO


Primeira igreja neopentecostal a investir no televangelismo para arrebanhar um público, em sua maior parte, de classe média, a Renascer agora usa sua rede para apontar uma perseguição contra os evangélicos.


O site da igreja conclama os fiéis a permanecerem em jejum e fazerem orações, como ‘arma espiritual’ e a permanecerem ‘fiéis ao seu chamado’. A televisão mostra debates com o tema’você já sofreu preconceito por ser evangélico?’ e depoimentos que atestam a ‘dedicação do ‘apóstolo’ e da ‘bispa’.


‘O Brasil ainda é católico, mas os evangélicos já são 30% da população. Por isso querem nos destruir e se referem a nós de maneira pejorativa. Por que dizem que eles se auto-intitulam ‘bispos’? Por que eles não colocam que o papa também se auto-intitulou papa?’, disse Fernanda.


A filha dos Hernandes, em nome de quem está um haras da família bloqueado pela Justiça, também criticou a imprensa na TV. ‘Eles se prestam a tudo. Aqui para nós, nem de água com gás eu gosto’, disse ela, em referência a entrevista publicada dia 14 pelo Estado com a mãe do ex-piloto de helicóptero da Renascer, Márcio José Borba de Mello, morto em acidente no haras. Ela afirmou que o filho fazia viagens só para levar caixas de água Perrier para Fernanda Hernandes.’


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Frei Galvão ganha portal na internet


‘O maior portal sobre Frei Galvão, que está prestes a se tornar oficialmente o primeiro santo brasileiro, acaba de ser inaugurado. Com a supervisão do Museu Frei Galvão, em Guaratinguetá, interior de São Paulo, o site inclui biografia, novena com as pílulas do frei e um roteiro religioso na cidade. O segundo milagre do frei já foi reconhecido pelo Vaticano. Para ser canonizado, falta a deliberação final do papa. Site: www.saofreigalvao.com


INTERNET
Pedro Dória


Hackear uma conexão Wi-Fi é muito fácil


‘Tecnologia traz desafios, provoca mudanças de hábitos, cria um novo ambiente cultural. Num mundo que parece destinado a aparelhos como o iPhone, que permite carregarmos a internet inteira no bolso da camisa ou paletó, há não apenas novidades como alertas. Cá este colunista, por exemplo, não tinha idéia de como é fácil hackear uma conexão Wi-Fi.


E aí vai um erro: sequer é correto usar o termo hackear. David Pogue, colunista de tecnologia do New York Times, foi com um especialista em segurança para um café de Nova York com conexão sem fio à internet disponível aos clientes. Pogue abriu seu computador e o especialista, o dele; Pogue pôs-se a trabalhar, seu software de e-mail lançado baixou o que havia de correspondência nova, ele respondeu alguns, navegou um quê.


Uso típico e básico da rede. Coisa de minutos, não muito mais que isso.


Estava tudo no computador do especialista: cada mensagem enviada, cada uma das recebidas. Todo documento que porventura esteve anexado aos e-mails. A lista dos sites pelos quais David Pogue passou. As imagens que estavam nestes sites. Nada, absolutamente nada do uso de internet via WiFi do colunista do Times escapou.


Mas não foi obra de hacker: bastou ao consultor usar um programinha bobo do tipo que se encontra em qualquer site de downloads razoavelmente nutrido. Tem para Unix, tem para Mac, tem para Windows. Custa nada, é programa gratuito. Cruze pelas ruas de Sampa em busca de conexões WiFi públicas e tudo o que qualquer um estiver fazendo na rede poderá ser de seu conhecimento. É elementar.


Privacidade é coisa da qual cuidamos quando queremos.


O que um programinha desses não faz é pescar senhas de conexões seguras, como costuma ser o caso de internet banking ou acesso a webmail. Se o cadeado está no pé do site, há proteção. Também é bem mais complexo violar conexões Wi-Fi protegidas.


E aí vai um dilema ideológico: a internet quer ser livre então dividir acesso com o vizinho é de bom tom para os libertários da rede. Não foram raras às vezes em que, durante viagens, em quartos de hotel, pude enviar um email urgente por conta da caridade de alguém, em algum ponto próximo, que não trancou sua conexão. Também por retribuição, como cabe, sempre tratei de deixar aberto meu acesso.


Só que as coisas mudam. Se o acesso à informação disponível quer ser livre e isto é da natureza da rede, o mesmo não se pode dizer da informação pessoal. A carta para a namorada ou aquela fotografia lamentável dos tempos de colégio é melhor que fique restrita.


O cuidado com a conexão Wi-Fi em casa, no entanto, não é suficiente. Afinal, é nos cafés agradáveis, no aeroporto, no lobby do hotel que notebooks conectados à rede pelo ar são particularmente úteis. A tendência é que este tipo de acesso fique mais, não menos, comum. Os iPhones da vida são indício deste futuro portátil e conectado.


É onde entra a mudança. Aquela sensação de que tudo o que se faz é protegido, apenas violável por um garoto particularmente hábil no teclado, terá de ir.’


Rodrigo Martins


Orkut, 3 anos, é preferência nacional


‘O que restou da ‘febre Orkut’? Completando três anos hoje, a comunidade virtual mais famosa do Brasil já deixou de ser novidade há um bom tempo. Mas nem por isso os brasileiros abandonaram o site. Hoje, são nada menos que 23 milhões de perfis que dizem ser do País.


Não que o site seja adorado por todos. Não faltam críticas dos usuários ao excesso de spams, à superlotação dos grupos de discussão, que atrapalham a troca de idéias, e à superexposição que as conversas públicas do Orkut trazem.


Também não faltam polêmicas. Desde 2005, o site se tornou alvo de denúncias de diversos crimes que estariam ocorrendo em grupos e perfis. Racismo, pedofilia, venda de drogas, entre outros, cometidos por usuários mal intencionados levaram até os donos do serviço, o Google, a prestar esclarecimentos à Justiça brasileira.


Mesmo com tudo isso, usuários como Vinícius Fiorentino, 25 anos, não se afastam do site. ‘Depois de todos os problemas do Orkut, tomo mais cuidado para não me expor ‘, diz. ‘Mas não quero sair. Todos que conheço estão lá: amigos, pais, irmãs…’


Vinícius tem um motivo a mais para ser fiel ao Orkut. Foi no site que ele conheceu sua noiva, Bruna Severiano, 20 anos. ‘Fucei o perfil dele, me identifiquei e mandei um recado. Deu certo’, diz Bruna, que está grávida de cinco meses.


O cupido virtual foi tão eficiente que, em dezembro, vai ter casório. ‘O Orkut faz parte das nossas vidas’, diz Vinícius.


Para entender o sucesso e a longevidade do site no Brasil, o Google encomendou um estudo. Segundo a pesquisadora da Universidade Católica de Pelotas, Raquel Recuero, a permanência do site no gosto dos brasileiros se deve à popularização que a página teve. ‘É o que se chama de efeito de rede. Ao atingir uma massa crítica, há estabilização: todos ficam lá porque todos estão lá’, diz.’


Rodrigo Martins


‘Que saudade do Orkut de 2004’


‘Em três anos, o Orkut mudou muito: novas ferramentas, versão em português, extinção de convite para se cadastrar… E tudo isso, que podia ser encarado como uma evolução, acabou mesmo causando é saudade em quem entrou na página pela primeira vez lá no comecinho, em 2004.


‘O excesso de spam e a superlotação tornaram o site muito chato’, diz o consultor João Mascarenhas, 28 anos, que entrou na comunidade em maio de 2004.


Mascarenhas é dono da maior comunidade do Orkut, a Odeio acordar cedo, com mais de 3,2 milhões de usuários. Surpreendendo quem o chama de ‘O rei do Orkut’ e o admira por conseguir botar tanta gente num grupo só, o consultor diz preferir que a comunidade tivesse menos gente.


‘Antes, as pessoas do meu grupo contavam histórias engraçadas sobre acordar cedo, suas táticas para evitar o tormento, etc’, diz ‘Hoje, as pessoas só querem saber de fazer joguinhos, ninguém mais quer discutir.’


O cineasta Felipe Dall’Anese, 28 anos, entrou em março de 2004 no site e diz que, com a popularização, a privacidade de quem usa o Orkut foi para o espaço. ‘Hoje, todo mundo está lá, seus amigos e até sua mãe’, diz. ‘Além disso, há espertinhos que querem xeretar sua vida. Pode ser até um assaltante, vai saber. Dou o mínimo possível de informações sobre mim.’


Hoje, Dall’Anese usa o site mesmo é para divulgar as festas em que toca como DJ. ‘Aproveito a minha lista de contatos para divulgar a festa. É um ‘spam amigo.’


Já para o engenheiro Carlos Teixeira, 26 anos, que também se cadastrou em março, houve uma certa evolução no serviço. ‘Não tem mais tantos erros nas páginas como no início.’


Mas, colocando tudo na balança, ele diz que o serviço piorou. ‘Há hackers e pessoas mal intencionadas. Retirei até a minha foto’, diz. ‘Tenho saudade do Orkut de 2004.’’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 22 de janeiro de 2007


INTERNET
Ana Lucia Busch


Sem internet no Butão


‘MANTER O ANONIMATO na internet pode servir a uma dezena de interesses, mais ou menos nobres.


Parece razoável evitar perseguições pessoais ao despejar na rede informação sobre a situação de países sob regimes políticos restritivos. Pode ser conveniente integrar um grupo de discussão para alcoólatras em recuperação sem que se conheça o autor de cada comentário publicado.


A idéia de preservar a identidade em nome de segurança e privacidade agrada. Mas e-mails gratuitos ou forjados também são recurso útil para espalhar o ódio racial, ameaçar quem quer que seja ou praticar crimes de toda espécie. O anonimato não deixa de ser, assim, um trunfo e uma danação. Mas tentar resolver problemas atacando o direito de ser anônimo parece tão ingênuo quanto inócuo.


Obrigar a identificação dos usuários de internet, por exemplo, seria um ataque violento à liberdade primordial da rede, além de ser um modo incapaz de deter abusos, diante do caráter aberto, descentralizado e internacional do meio. Crimes continuariam a ser cometidos; cidadãos comuns seriam submetidos a constrangimento capaz de inibir a expressão livre de idéias.


O conceito não é novo. Em 1991, Phil Zimmermann, criador do mais popular programa de encriptação de e-mails, já professava: ‘Quando a privacidade se tornar crime, só os criminosos terão privacidade’. Continua com a razão.


Mas não deixa de ser interessante pensar como o cidadão que defende de forma visceral os meandros da vida privada acaba ele mesmo se tornando, voluntária ou involuntariamente, presa fácil da ausência de privacidade: cadastra dados para comprar seus CDs preferidos, faz ligações telefônicas por internet ou publica um perfil completo de si para quem quiser ler.


Não há necessariamente algum mal nisso. Apenas estimula a curiosidade sobre quais seriam as conseqüências de uma hipotética fusão entre uma grande loja virtual e um provedor de acesso de peso. E desses dois com um gigantesco site de buscas. E do cruzamento do completíssimo banco de dados que resultaria disso com as informações contidas em um site de relacionamento. E de tudo isso com os dados coletados pelo maior operador de cartões de crédito do planeta. Somem-se os resultados de exames médicos disponíveis na rede e o rastreamento promovido por chips instalados nas placas dos carros.


Que grupo organizado ou governo seria capaz de resistir a tamanho poder de informação? Nesse exercício de futurologia, privacidade é coisa do passado.


Que tal mudar-se antes para um monastério isolado no Butão? Sem internet, claro.


ANA LUCIA BUSCH é diretora-executiva da Folha Online e da Publifolha.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


A vanguarda


‘Ecoou por sites como CNET News e blogs como Blue Bus a pesquisa Pew sobre a internet e as eleições de 2006 nos EUA. Com o avanço da banda larga, que atingiu 45% dos americanos (contra 17% em 2002), 15% se informaram da campanha primordialmente pela rede (contra 7% em 2002). No total, um em cada três americanos buscou se informar pela internet.


E mais, o ativismo -a participação- ganhou ‘turbo potência’. Avalia o pesquisador da Pew, na BBC, que ‘a vanguarda de YouTubeiros e blogueiros se tornou influente na política’. O relatório no site da Pew diz que 2006 ‘produziu uma classe notável de ativistas on-line’. Dos que acessaram a rede atrás de política, 23% postaram eles próprios seus textos ou vídeos.


Por aqui, o Ibope indica que o balanço eleitoral vai pelo mesmo caminho. Segundo o site Tele-Síntese, em texto duas semanas atrás, o número de usuários residenciais com banda larga no Brasil chegou a 10,7 milhões, em 2006. Salto de 43% em relação a 2005.


Hillary Clinton declara ‘estou dentro’ e propõe ‘bater papo’, em campanha de linha Web 2.0, com interação e produção maior dos internautas


Começam hoje os bate-papos com a pré-candidata a presidente dos EUA. Foi o que ela anunciou no já célebre vídeo on-line ‘I’m in’, estou dentro, em que se lançou:


– Vamos conversar. Vamos iniciar um diálogo sobre as suas idéias e as minhas. Com alguma ajuda da tecnologia, estarei em ‘chats’ de vídeo on-line a partir de segunda.


Pelas críticas do vídeo no site do ‘Los Angeles Times’, em submanchete, e no do ‘Washington Post’, ela se saiu bem, comparada até com Oprah. Melhor que o adversário Barack Obama, que parece ‘produzido por um cara com celular’, diz o ‘WP’, mas aquém de John Edwards, que se lançou em vídeo on-line gravado em plena Nova Orleans.


DAVOS CONVERSA


O Fórum Econômico Mundial arrebanhou uma constelação de blogueiros europeus e americanos, do Huffington Post ao Comment is Free, para seu projeto Davos Conversation. Os blogueiros estão lá, fazem pontes para perguntas dos internautas aos participantes, Lula incluído, entre outras ferramentas de Web 2.0 -que é, ela própria, um dos temas do evento suíço.


FÓRUM RADIOBRÁS


Em contraste, o Fórum Social Mundial queniano, sem Lula, Hugo Chávez e outros, tem cobertura ‘low tech’. A mais extensa e desenvolvida, com vídeos e nuvem de tags, mas pouca interação, é novamente a da brasileira Radiobrás, que ontem priorizava debates sobre mudanças no Haiti, esterilização em massa, malária. Nada de Web 2.0.


‘FT’ E LULA


O pacote para ‘dobrar a taxa de crescimento do Brasil’ motivou suspense ontem na home do ‘Financial Times’, com reportagem registrando que os adiamentos e o ‘segredo’ estariam ‘sugerindo que o pacote pode ser maior que o esperado’. Mas o correspondente Jonathan Wheatley já trata de questionar Lula por não determinar o ‘relaxamento’ das leis trabalhistas.


‘FT’ E CHÁVEZ


O editor de América Latina do ‘FT’, Richard Lapper, esteve no Brasil e escreveu no sábado sobre a ‘frustração’ dos planos de Hugo Chávez, com o adiamento da expansão do Mercosul. Escreveu mais ontem, sobre como é ‘irônico’ que as nacionalizações em telecomunicação e eletricidade ocorram agora que a economia venezuelana vai mal.’


TURQUIA
Folha de S. Paulo


Jovem confessa ter matado jornalista


‘Um adolescente turco preso no sábado confessou ontem ter matado o jornalista de origem armênia Hrant Dink, de acordo com a polícia de Istambul.


Segundo a CNN-Turquia, Ogun Samast, 17, disse que matou Dink por não gostar das suas opiniões. A polícia, que procura ligações entre o jovem e grupos nacionalistas, não confirmou essa versão.


O Nobel de literatura de 2006, Orhan Pamuk, visitou ontem o jornal onde Dink trabalhava e afirmou que o jornalista ‘foi morto por expressar opiniões que não são aceitas pelo nosso Estado.’’


TELEVISÃO
Laura Mattos


Cabeleireiro quer Justus no salão


‘Conhecido por seu topete grisalho e pela ‘lenda’ de que faz escova todos os dias, o publicitário Roberto Justus recebeu proposta para ser sócio de um salão de cabeleireiros.


Esse é um dos projetos das 11 mil inscrições já realizadas para ‘Aprendiz 4 – O Sócio’. No ‘reality show’, que estréia em maio na Record, o vencedor ganha uma sociedade com Justus.


A inscrição não exige escolaridade e não tem limite de idade. Basta apresentar uma idéia para um negócio. As inscrições terminam no próximo dia 31 e devem ser feitas pela internet, no www.rederecord.com.br/aprendiz4osocio.


Dentre os 11 mil já inscritos, além do salão de cabeleireiro, Justus recebeu proposta para comandar uma granja e até uma lavanderia. À Folha, ele afirmou que nenhum desses três ramos o atraem. O publicitário também descartou de cara outra sugestão: ‘Teve uma pessoa que propôs que eu montasse uma agência de publicidade’, contou, rindo, o dono de uma das maiores agências de publicidade do Brasil.


Segundo Justus, há muitas sugestões ligadas à internet. ‘Eu adoraria descobrir dois caras como aqueles que criaram o YouTube’, comenta, sobre o site que se tornou um dos mais acessados do planeta.


Há ainda inscrições para restaurantes, alguns de fast food, e um com comida reciclada (?!). Uma equipe de 12 profissionais realiza uma pré-seleção e peneirou 400 inscritos, que serão contatados para fornecer maiores detalhes. Estava agendada para a última sexta-feira uma reunião para que Justus conhecesse 150 propostas.


Dentre os inscritos, há adolescentes e maiores de 60 anos, mas a maioria está na faixa dos 25 aos 45 e 70% são homens.


O processo de seleção dos 16 candidatos será transformado em dois episódios do programa. Justus espera que o número de inscrições fique entre 20 mil e 25 mil. O recorde dos anteriores, que selecionou funcionários para empresas e não exigia uma idéia de negócio, foi de 58 mil, na segunda edição.


O vencedor terá um capital inicial de ao menos R$ 1 mi.’


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Sensacionalismo do Ratinho não alavanca ibope


‘Nem o novo desenho animado do cultuado ‘Chaves’ consegue alavancar a audiência do ‘Jornal da Massa’, apresentado por Ratinho.


O programa ‘trash’ estreou no dia 1º e elevou um pouco a audiência do SBT. Mas o sensacionalismo não agradou aos telespectadores, e o ibope caiu. A média desde a estréia é de 5,3 pontos e amarga o terceiro lugar, ao lado da Band. A Record mantém a vice-liderança, com 7,6.


A animação de ‘Chaves’ deixa o SBT bem no Ibope, mas Ratinho, exibido na seqüência, derruba o canal. Na quinta, ‘Chaves’ marcava 12,5 pontos em seu último minuto. Ratinho apareceu e logo no primeiro minuto derrubou o SBT para 6,8.’


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