Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Prefeito espera imprensa para começar vistoria

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 26 de setembro de 2008


 


CAMPANHA
Moacyr Lopes Junior


Prefeito espera chegada da imprensa para dar início a vistoria de obra na zona sul


‘Avenida M´Boi Mirim, na altura do número 9.000. Às 10h50 da manhã, o prefeito e candidato à reeleição em São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e seus assessores de imprensa aguardaram em uma padaria a chegada dos repórteres para começarem uma vistoria das obras de asfaltamento e urbanização na periferia da zona sul.


O horário marcado para o início da visita era às 10h.


Da padaria, por celular, assessores acompanhavam por meio de um funcionário que estava na obra quais veículos chegavam para acompanhar a visita. ‘Quem é o repórter que está com você?’ -perguntou o assessor ao repórter-fotográfico da Folha. Em seguida, outro assessor deu a notícia de que o ‘Ricardo do ‘Estadão’ já está lá, mas a Globo ainda não chegou’.


Kassab falava ao celular e aguardava a decisão dos assessores sobre a hora de ir para o canteiro de obras.


Mais tarde, ele endossou o ex-presidente Fernando Henrique sobre a necessidade de os tucanos vencerem o PT.


Anteontem, FHC mandou um recado ao PSDB. ‘É hora de pensar em vencer o PT.’ ‘É justamente esse o nosso objetivo [ganhar do PT]. E é isso que estamos fazendo através de uma campanha propositiva’, afirmou o prefeito.


Colaborou a Folha Online’


 


 


Petista chama Kassab de cara-de-pau em programa


‘Marta Suplicy questionou no programa de TV e rádio a promessa do prefeito Gilberto Kassab (DEM) de colocar cursos profissionalizantes nos CEUs. O narrador do programa diz que Kassab já havia vetado o projeto durante sua gestão. Em seguida, vem a crítica: ‘Mas que cara-de-pau! Foi ele que proibiu.’ A assessoria de Kassab não se manifestou.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


A barafunda


‘Quando John McCain desembarcou à tarde em Washington, os líderes democratas e republicanos já anunciavam o acordo pela televisão. Virou manchete nos sites dos jornais e dos canais de notícias dos EUA e daí para o mundo. Mas levou ‘Washington Post’ e outros a questionar o candidato.


Mais algumas horas e, encerrada a ‘photo-op’ de George W. Bush com os dois candidatos, passaram a mudar seus enunciados, em seqüência, a CNN, o ‘New York Times’ e daí para o mundo. Retornou o questionamento de John McCain, com o negociador democrata lamentando o teatro político -e dizendo que o pacote havia se tornado agora ‘um plano para o resgate de John McCain’.


É FEIO, MAS…


Antes do jogo de cena em Washington, a ‘Economist’ deu o secretário do Tesouro na capa, dizendo ‘Eu quero o seu dinheiro’. Para a revista, nenhum pacote de resgate ‘jamais será bonito’, porém ‘este merece apoio’. Ainda assim, deixou a pergunta ‘Vai funcionar?’


SUPERPOTÊNCIA, NÃO


Com ou sem pacote em Washington, a União Européia saiu ontem espalhando que ‘os EUA vão perder seu status de superpotência do sistema financeiro mundial’. Foi o que declarou o ministro das finanças da Alemanha, centro financeiro da Europa, no britânico ‘Financial Times’, ecoando de imediato por Drudge Report e a cobertura americana. Daqui a dez anos, prosseguiu o ministro alemão, ‘nós vamos olhar para 2008 como um momento fundamental de ruptura’.


‘GORGEOUS!’


Na cobertura dedicada a Sarah Palin, ecoava por ‘New Republic’, ‘Foreign Policy’ e outros a cena com o novo presidente do Paquistão, que a cortejou e queria ‘abraçar’


A ESTRATÉGIA DO BRASIL


O encontro na Rússia rendeu notícias como ‘Putin se diz pronto para cooperação nuclear com Venezuela’, que seria ‘pacífica’, e ‘Putin diz que relações com a América Latina são prioritárias’.


Mas foi no site Stratfor, de ‘estratégia’, que o conflito se mostrou mais claro, em reportagens como ‘Brasil: as implicações da presença russa na América do Sul’. Há dias a região é prioritária para o Stratfor, que deu especial sobre o Brasil ‘definindo o caminho de sua ascensão’, ele que ‘acordou para a exigência de fortalecer sua postura militar com a riqueza crescente a proteger’. Daí a ‘conexão França’, também ‘cooperação’.


FHC FALA


Ele foi tratar de petróleo e o site de ‘O Estado’ destacou ‘PSDB nunca foi a favor da privatização da Petrobras’. FHC também alertou tucanos e ‘demos’ a centrar fogo em Marta. Que reagiu ironizando o resultado de sua eventual entrada na campanha, ‘dez a zero’ para Lula.


‘REALPOLITIK’


A ‘Economist’ ironizou a eleição municipal brasileira, relatando os projetos mais populares no Rio. E também, sem folclore, os gastos de campanhas para vereador na cidade, que superam em custo por eleitor o que George W. Bush gastou para se reeleger presidente dos EUA.


MACHADO LÁ


A nova ‘Newsweek’ escreve sobre o ‘mestre moderno’ Machado de Assis e destaca que ele ‘segue largamente desconhecido fora de seu país’. Antes no ‘NYT’, Larry Rohter deu opinião oposta, ‘Depois de um século, uma reputação literária floresce finalmente’’


 


 


ELEIÇÃO E CRISE
Andrea Murta, Nova York


McCain mantém suspense sobre debate


‘O candidato republicano à Presidência dos EUA, John McCain, mantinha até ontem à noite o suspense sobre sua presença no debate de hoje com o rival democrata, Barack Obama -o primeiro dos três previstos até a eleição de 4 de novembro.


Obama e McCain se encontraram na Casa Branca, na reunião em que foi discutido o pacote econômico proposto há sete dias pelo governo de George W. Bush. Obama confirmou sua presença no encontro na Universidade do Mississippi, em Oxford, independentemente do comparecimento do rival.


‘Espero que ele vá’, disse o democrata. ‘É em momentos como este que os eleitores precisam ouvir os candidatos.’


McCain não confirmou, mas tampouco descartou a possibilidade de comparecer.


‘Tenho esperança de que possamos [ir ao debate]. Acredito que é possível ter um acordo [no Congresso, sobre o pacote econômico] a tempo para que eu possa ir ao Mississippi.’


McCain anunciou na quarta-feira que suspenderia sua campanha e sugeriu o adiamento do debate de hoje, cujo tema previsto é segurança nacional e política externa. Ele afirmou que só iria ao debate se um acordo sobre o plano da Casa Branca tivesse sido fechado -o que chegou a ser anunciado pelos congressistas ontem à tarde, mas foi colocado em suspenso outra vez à noite. Democratas acusaram McCain de ter trabalhado para impedir o fechamento do acordo.


Na Universidade do Mississippi, a preparação para o debate continuava. Foram divulgadas na TV imagens de equipes tanto de Obama quanto de McCain realizando testes técnicos nos telões e microfones do auditório do debate. A universidade informou que não tem um ‘plano B’ e confia em que o evento acontecerá.


Risco e oportunidade


Com a disputa acirrada, o debate poderia ser um ponto de virada na corrida presidencial. Se for bem, Obama poderá consolidar e aumentar a vantagem que detém atualmente. Mas analistas dizem que, ao contrário do que acontece em discursos, em debates ele tem dificuldades em criar empatia, por sua tendência de intelectualizar o debate e agir como professor.


O democrata tende a dar respostas longas que servem pouco às reportagens de TV. Também não é percebido como alguém que improvisa bem.


McCain, considerado forte em temas de defesa nacional, teria chance de se recuperar. Pesquisa ‘New York Times’/ CBS divulgada ontem mostra que os eleitores acreditam que ele é mais versado em relações exteriores do que o rival (45% a 22%). Outros 48% dizem que o republicano muito provavelmente seria um bom comandante-em-chefe, contra 27% que dizem o mesmo de Obama.


Mas a pesquisa também indica que, em relação ao manejo da Guerra do Iraque, Obama e McCain são considerados igualmente aptos. E a maior parte dos ouvidos concorda com a proposta de Obama de, caso eleito, se encontrar com líderes internacionais considerados hostis (73%). No cenário geral, as intenções de voto favorecem Obama (48% a 43%). A margem de erro é de três pontos em qualquer direção.


Já tendo mirado a Presidência antes, McCain tem mais experiência em debates como o de hoje do que Obama, e é visto como tendo boa dose de agressividade e uma tendência positiva ao humor. Ele usa frases curtas e verbos de ação para projetar força, e usa linguagem coloquial e simples.


Mas, também para McCain, o debate é um risco: na conjuntura atual é inevitável que a economia invada a discussão, caso o debate seja realizado, e esse é um assunto em que ele mesmo admite ter conhecimentos limitados. Depois de exibir uma série de contradições em suas posições na última semana, ele viu sua campanha ser ameaçada pela queda nas pesquisas.


O anúncio de McCain de suspender a campanha foi alvo de novas críticas ontem.


A própria suspensão foi questionada. Foram mantidos no ar comerciais de TV republicanos; a candidata a vice de McCain, a governadora do Alasca, Sarah Palin, participou de visitas, falou com a imprensa e enviou e-mails de campanha a simpatizantes.


Ainda na quarta-feira, poucas horas depois da decisão de McCain ser anunciada, o diretor de sua campanha, Rick Davis, foi a um jantar com arrecadadores em Nova York.’


 


 


Debate adota formato inédito na TV dos EUA


‘O primeiro debate entre Barack Obama e John McCain terá um formato inédito em campanhas presidenciais nos EUA, com discussão direta entre os rivais. Marcado para esta noite, na Universidade do Mississippi, o encontro, se ocorrer, terá 1h30 dividida em um bloco de segurança nacional e um de política externa.


A princípio o tema seria economia. Mas as campanhas pediram a inversão: os democratas, para apagar a imagem de Obama como inexperiente em política externa, e os republicanos, para fortalecer a de comandante-em-chefe de McCain.


Os candidatos terão dois minutos para responder cada pergunta e cinco para debatê-la, podendo interpelar o rival. O mediador, Jim Lehrer, âncora da rede pública PBS, incluirá questões de internautas.


O consenso foi fechado no domingo, após os republicanos rejeitarem uma proposta inicial de nove minutos de livre discussão, disse a Comissão de Debates Presidenciais. Nos EUA, é essa junta que organiza os encontros, que ocorrem sempre em universidades. Redes de TV apenas os transmitem.


Além do debate previsto para hoje, estão marcados mais dois: em 7 de outubro, com perguntas da platéia e sem tema fixo, e no dia 15, sobre economia e políticas domésticas.


O debate entre os vices, Sarah Palin e Joe Biden, está marcado para o dia 2 e será mais estruturado, com respostas mais curtas e sem discussão direta.


A campanha republicana, segundo o ‘New York Times’, temia que sua candidata, menos experiente, passasse muito tempo se defendendo do veterano democrata.


A previsão é que a audiência supere a do primeiro debate de 2004, quando John Kerry e George W. Bush foram vistos por 62,4 milhões.’


 


 


DeWayne Wickham, USA Today


Aposta é ser tido como dono de ‘bom senso’


‘Diz respeito à capacidade de julgamento a pergunta mais importante sobre a decisão-surpresa do republicano John McCain de suspender sua campanha presidencial e participar diretamente dos esforços do Congresso para negociar um plano de resgate financeiro dos EUA.


Em sua fracassada campanha de 2000 pela candidatura presidencial republicana, McCain já teve de responder sobre as conclusões da Comissão de Ética do Senado que apontaram seu envolvimento na tentativa de proteger responsáveis pela falência de associações de poupança e empréstimos que custou aos contribuintes dos EUA US$ 2,6 bilhões. ‘Fui considerado culpado de mau julgamento. Isso estará no meu túmulo e com razão’, disse na época.


As mesmas palavras explicariam a decisão de anteontem? Foi coragem ou malabarismo político arriscado buscar um papel de destaque na criação de um pacote de resgate que pode vir a assombrar quem o defende?


‘País primeiro’


McCain, cujo lema de campanha é ‘o país primeiro’, disse que é hora de deixar a política de lado: ‘Não acredito que o plano proposto seja aprovado da forma como está, e nosso tempo está se esgotando’.


Como candidato republicano, ele precisava dizer algo sobre a crise. Mas foi uma aposta alta tentar mediar uma solução no meio de sua campanha.


Ao exortar o presidente Bush a convidar a ele e ao candidato democrata Barack Obama para debater o tema na Casa Branca, McCain assumiu parte da responsabilidade pela crise financeira. É claro que ele espera que os eleitores o valorizem por sua resposta rápida ao problema, mas McCain passa a correr o risco de levar boa parte da culpa se o pacote não tiver o efeito previsto.


Assumir riscos foi o que McCain fez ao convidar Sarah Palin para ser sua vice. Longe de ser a pessoa mais qualificada para o cargo, ela deve ter lhe parecido a melhor opção política. Mas, após avanço republicano nas pesquisas, Palin enfrentou dificuldades em entrevistas, e sua escolha passou a parecer uma decisão equivocada.


Agora McCain volta a colocar seu bom senso em destaque. Se conseguir incluir no pacote parte das concessões exigidas por ele e outros, pode auferir benefícios políticos, considerando que pesquisas recentes mostram que o eleitor prefere Obama para lidar com a economia.


Se a tentativa de McCain de moldar o pacote der certo, ela pode levá-lo à Casa Branca. Caso se revele outro erro de julgamento, fará dele uma nota de rodapé histórica -e do mau julgamento parte indelével de seu epitáfio.


Tradução de CLARA ALLAIN’


 


 


Editorial – Folha de S. Paulo


Crise na campanha


‘A JULGAR pela mais recente sondagem do jornal ‘Washington Post’ e da TV ABC, de 22 de setembro, a crise financeira já tomou de assalto a agenda da disputa entre Barack Obama e John McCain pela Presidência dos Estados Unidos.


Pior para o republicano. A pesquisa mostra que os eleitores consideram Obama mais preparado para lidar com a economia (53%) do que McCain (39%). Diante do recuo em seus indicadores, McCain procura retomar a iniciativa política correndo grandes riscos, como mostra sua inesperada iniciativa de suspender a campanha eleitoral.


Os números são determinantes. Para 50% dos eleitores, economia/empregos é o tema mais importante na hora de escolher o próximo presidente. A Guerra do Iraque, o segundo assunto mais citado, tem apenas 9% de menções; terrorismo, o terceiro, fica com 7%. Para deixar claro como a agenda mudou, basta notar a hierarquia de preocupações há pouco mais de um ano: Guerra do Iraque (35%), assistência médica (13%), economia (11%) e terrorismo (6%).


Outras duas pesquisas divulgadas esta semana -do Pew Research Center e do ‘Los Angeles Times’/Bloomberg- também apontam que Obama é tido como o mais preparado para lidar com a economia. Os números ajudam a explicar o avanço do democrata na preferência eleitoral. Segundo a Washington Post/ABC News, desde 7 de setembro, a intenção de voto em Obama cresceu (de 47% para 52%) e a de McCain caiu (de 49% para 43%).


Sintoma de que a crise atingiu em cheio a candidatura republicana foi a manobra temerária de McCain de pedir o adiamento do debate marcado para hoje à noite. Reagindo à cartada republicana, Obama reafirmou sua intenção de comparecer ao encontro, o primeiro da disputa eleitoral.


As eleições ainda podem reservar surpresas -até porque pesquisas nacionais não explicitam os embates em Estados-chave, que serão mais uma vez decisivos para a escolha do presidente. Mas os números indicam que o pânico financeiro claramente forneceu um presente inesperado a Barack Obama.’


 


 


Clóvis Rossi


O futuro manda notícias (más)


‘SÃO PAULO – A suspensão da campanha por parte do republicano John McCain só reforça a impressão de que, se a atual liderança norte-americana (George Walker Bush) parece inepta, o futuro pode não ser precisamente brilhante.


Antes mesmo do gesto de McCain, Michael Gerson, pesquisador do Council on Foreign Relations, já escrevia, em artigo para o ‘Washington Post’: ‘A crise financeira resultou em uma estranha inversão da realidade política. Cada campanha presidencial provou-se menos criativa, menos interessante e menos arrojada do que a administração contra a qual ambos, de diferentes maneiras, estão competindo’.


De fato, desde que a crise ganhou tons dramáticos, tanto John McCain como Barack Obama foram diminuindo de tamanho, suas vozes foram se tornando quase inaudíveis e ninguém (que eu tenha visto) lhes pergunta o que farão com a baita confusão armada em seu país.


O palco voltou a ser ocupado por Bush e os seus, o que contraria a sabedoria convencional (pelo menos a brasileira) que diz que, em fim de mandato, até o cafezinho já chega frio ao presidente.


Bom, se é assim nos Estados Unidos, não é muito diferente em dois outros centros de poder que poderiam oferecer liderança alternativa. Na França, o ‘Le Monde’ de anteontem decretou que, ‘objetivamente, tudo se associa para transformar a primeira metade do qüinqüênio de Nicolas Sarkozy em uma catástrofe econômica e política’.


Acho um baita exagero, mas é o ‘Le Monde’, não é? Do outro lado do canal da Mancha, o ‘Times’ diz do primeiro-ministro Gordon Brown: ‘Ele não pode comunicar-se e não pode inspirar. (…) Mr. Brown é o Voldemort [personagem de Harry Potter], o vôo da morte’.


Nessa batida, ainda vão propor a re-reeleição de Bush.’


 


 


TELEFONE
Marina Gazzoni


iPhone passa a ser vendido hoje no Brasil


‘O iPhone 3G, telefone celular da Apple, começa a ser vendido hoje no Brasil pelas operadoras Claro e Vivo. A Claro coloca dois modelos no mercado com preços que variam entre R$ 1.000 e R$ 2.599. Já a Vivo oferece os mesmos aparelhos por preços a partir de R$ 899, até R$ 2.199. A expectativa de ambas as operadoras é que a procura pelo produto seja grande nos próximos dias.


Com a reunião das funções de iPod, câmera digital e acesso à internet, o iPhone é um sucesso de vendas mundial. Em ambas as operadoras brasileiras, o custo do aparelho é maior que nos Estados Unidos, de US$ 199 a US$ 299 (R$ 360 a R$ 540). Claro e Vivo alegam que a diferença de preços em comparação com o exterior é resultado dos impostos de importação do celular, de cerca de 44%.


‘É basicamente o mesmo preço dos EUA mais impostos cobrados no Brasil’, disse o presidente da Claro, João Cox. Para driblar o preço maior que o do exterior e que o do concorrente no mercado interno, Cox aposta no aumento do prazo de pagamento. Uma parceria da Claro com a American Express permitirá que os clientes comprem o iPhone em até 24 vezes no cartão de crédito -a partir de R$ 41,67 mensais.


Já a Vivo aposta nos preços mais baixos e na fidelização dos clientes para superar a concorrência na venda de iPhones, afirma o diretor regional da Vivo, Carlos Cipriano. Segundo ele, os clientes poderão utilizar o sistema de pontos da Vivo para comprar o iPhone. ‘Com os pontos, o preço pode cair para R$ 600. E há até uma parcela de clientes com muitos pontos acumulados que poderá retirar o aparelho de graça.’


Com 30 mil aparelhos à venda no primeiro lote, a Claro já espera que o estoque se esgote em ‘questão de dias’. Segundo o presidente da empresa, a maioria dos aparelhos será vendida pelo sistema de televendas a clientes que se cadastraram no site da empresa para receber informações sobre o iPhone a partir de 11 de junho. Ele não quis divulgar o total de interessados, mas informou que apenas na primeira semana cerca de 100 mil pessoas se cadastraram. No entanto, os clientes não cadastrados poderão adquirir o aparelho em 25 lojas próprias da Claro até que o estoque acabe.


Já a Vivo encomendou um primeiro lote de 200 mil aparelhos da Apple, que receberá de forma parcelada. Apenas os clientes da operadora que se cadastrarem no site poderão comprar o produto. Cipriano não informou o número de cadastros até o momento, mas disse que são ‘algumas dezenas de milhares’.


O diretor da Vivo espera que o volume seja suficiente para atender a demanda neste ano, inclusive as vendas de Natal. No entanto, ressalta que a Vivo pode fazer novos pedidos para o período se perceber que a quantidade não é suficiente.


iPhone importado


Mesmo antes do início das vendas do iPhone no país, o uso do aparelho já pode ser medido. Segundo dados da consultoria Predicta, mais da metade dos acessos à internet via celular foi realizado por iPhones em agosto -196 mil de 385 mil.


A Claro e a Vivo informaram que os clientes que já possuem iPhone poderão aderir aos seus planos. Mesmo com a carta-branca das operadoras brasileiras e com os preços mais baixos no exterior, o analista de Telecom da IDC Brasil, Vinícius Caetano, disse que os usuários devem ter cuidado para comprar o iPhone fora do país. ‘Antes você comprava na loja [no exterior] e ativava em casa. Agora você compra por US$ 199, mas tem que pagar uma multa de US$ 200 para se livrar do contrato de fidelidade.’


Para ele, a venda do iPhone no Brasil deve aumentar ainda mais o uso da banda larga móvel. ‘A grande inovação do produto foi trazer os ‘smartphones’ [celulares com acesso a internet] do usuário corporativo para o pessoal.’’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


TV paga bate recorde com horário eleitoral


‘A TV paga está batendo recordes de audiência durante o horário eleitoral gratuito na TV aberta. No conjunto, a audiência subiu 104% entre as 20h30 e as 21h30 no primeiro mês de propaganda política. O crescimento dos canais pagos está maior do que nas últimas eleições municipais _em 2004, o aumento foi de 96% à noite.


Os dados são das seis cidades (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre) em que o Ibope mede TV paga. Nessas capitais, a audiência da TV aberta entre as pessoas que têm TV paga caiu pela metade. Quase 685 mil assinantes deixaram de ver TV aberta no horário eleitoral noturno. Desses, 491 mil migraram para a TV paga.


Proporcionalmente, os canais femininos, como o Discovery Home & Health, foram os que mais subiram (271%), seguidos pelos de documentários (244%) e de notícias (172%). ‘Passamos a exibir programas de meia hora começando às 20h30, para coincidir com o horário eleitoral’, justifica Marcela Neto Dória, gerente de pesquisa dos canais Discovery.


O horário eleitoral também está causando estragos inéditos entre os que só têm TV aberta. Nas regiões metropolitanas, 15% dos domicílios desligaram os televisores entre 20h30 e 21h. Entre os que permaneceram ligados, 29% deixaram de sintonizar redes abertas. A sintonia em outros aparelhos (como DVD players) subiu 48%.


VOZES ASTRAIS 1


Paulo José interpretará em ‘Caminho das Índias’, próxima novela das oito da Globo, um personagem que realmente existiu. Ele será o profeta Gentileza, como era conhecido José Datrino (1917-1996), um artista andarilho que, a partir dos anos 80, pintou pilastras de viadutos da região central do Rio.


VOZES ASTRAIS 2


O personagem é uma homenagem da autora Glória Perez. Com Gentileza, Glória quer reforçar mensagens de paz e tolerância. ‘Caminho das Índias’ terá um núcleo de saúde mental e fará merchandising social pela esquizofrenia.


ISTO É INCRÍVEL


A Band negocia um novo contrato com Gilberto Barros, de quem tentou se livrar mais de uma vez nos últimos anos.


REVOLTA 1


Insatisfeitos com a demora pela estréia de ‘Revelação’, atores do SBT já detectaram o principal problema da novela de Íris Abravanel. Avaliam que Silvio Santos não está seguro quanto ao desempenho da trama da mulher, em gravação desde março e com previsão de estréia no final de outubro, cinco meses após o prometido.


REVOLTA 2


A novela já teve seus capítulos iniciais reeditados por ordem de Silvio Santos. Frases de inspiração religiosa (Íris é evangélica) foram extirpadas.


REVOLTA 3


Parte do elenco de ‘Revelação’ está descontente, porque ficará sem trabalho após as gravações da novela. Emissoras de TV não costumam contratar quem está no ar em outra rede.’


 


 


ARTE
Fabio Cypriano


Pedido de corte ameaça 28ª Bienal


‘A ‘Bienal do Vazio’, programada para ser aberta ao público em um mês, corre o risco de ficar ainda mais vazia. No último dia 11, o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Manoel Francisco Pires da Costa, pediu ao curador da mostra, Ivo Mesquita, que cortasse nada menos que 40% do orçamento do projeto, indicando inclusive quais áreas deveriam sofrer redução ou mesmo ser eliminadas, entre elas as performances de Fischerspooner e do coreógrafo Ivaldo Bertazzo.


Tal corte foi contestado num e-mail enviado por Mesquita a Pires da Costa, no dia 12, ao qual a Folha teve acesso. ‘Agora é chegada a hora da presidência comparecer e fazer a parte dela […]. Não podemos abrir a Bienal com ela parecendo desfalcada e mirrada’, disse o curador na longa correspondência, com nove itens.


‘Ajustes e acertos são absolutamente normais nesse processo. Mais ainda em projetos do porte e complexidade de uma Bienal. […] Praticamente metade do orçamento previsto para a realização da exposição (R$ 8 milhões) já foi captado’, afirma Pires da Costa, em nota enviada à Folha, ontem, após ter recebido sete questões da reportagem. Ao invés de responder as questões pontualmente, o presidente mandou um texto genérico, deixando de abordar alguns pontos, como o que se referia à manutenção da gratuidade da mostra para o público mesmo frente aos problemas de captação. (Leia a nota na íntegra abaixo).


Verbas públicas


Nas últimas três edições, a Bienal teve a maior parte de seus gastos custeados pelo governo federal, por meio de emendas da bancada paulista no Congresso ao Orçamento da União. Em 2002, por exemplo, para a 25ª Bienal, foram alocados cerca de R$ 11 milhões dessa forma. Na Bienal passada, a contribuição da União foi de cerca de R$ 8 milhões -para um orçamento divulgado de cerca de R$ 12 milhões, que ainda não foram repassados na íntegra, segundo Pires da Costa.


Agora, em 2008, a Bienal não conseguiu repasse por meio desse dispositivo, já que ele foi alocado para o Projeto Guri, da Secretária de Estado da Cultura. ‘Isso não foi uma retaliação contra a Bienal, talvez nosso projeto fosse mais bem feito’, diz Ronaldo Bianchi, secretário-adjunto de Cultura do Estado de São Paulo. Contudo, no ano passado, Bianchi enviou correspondência aos conselheiros da Fundação Bienal na qual defendia a renúncia de Pires da Costa e, segundo ele, alertou o presidente que com a sua ‘falta de credibilidade seria difícil a captação de recursos para a 28ª Bienal’.


No Ministério da Cultura, há três projetos inscritos para captação de recursos para a 28ª Bienal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura: um arquivado, no valor de R$ 3,1 milhões; outro retirado de pauta, no valor de R$ 6 milhões, por ‘falta de documentos e para ajustes na planilha orçamentária’; e o terceiro aprovado para obter R$ 3,6 milhões, mas que, até ontem, segundo o site do ministério, não tinha conseguido nenhuma captação.


Cortes graves


Em seu email, Mesquita comenta sobre os cortes propostos em seis áreas: educativo, arquitetura, traduções, assessoria de imprensa, documentação fotográfica da mostra e as performances do coreógrafo Ivaldo Bertazzo, do grupo norte-americano Fischerspooner e da banda Los Super Elegantes.


‘Cortar o educativo é grave. Esta é uma instituição pública e que presta um serviço para a comunidade’, escreve Mesquita. Para o curador, ‘o corte do mesmo seria extremamente danoso para a imagem institucional da fundação porque existem recursos alocados para a Bienal que contemplam especificamente o seu plano educativo e […] eles até já foram usados sobre essa rubrica’.


Outro trecho relevante da correspondência aborda o corte proposto para as traduções no site, no jornal e na tradução simultânea das conferências. ‘Eles […] mostrariam que a Fundação Bienal de São Paulo, mesmo depois de 58 anos de existência, ainda não se tornou internacional e bilíngüe’, afirma o curador.


Mesquita lembra a Pires da Costa que quando o empresário precisou da ‘competência e confiabilidade’ do curador, ele esteve presente e ajudando a recuperar a imagem da Bienal. Diz também que já há compromissos firmados, entre outros, com os patronos da Tate Gallery, de Londres, e do Museu de Arte Moderna de San Francisco para que compareçam ao evento.’


 


 


‘Nenhum corte prejudicial à Bienal foi feito’


‘Leia a seguir o comunicado em resposta ao e-mail de Mesquita interceptado pela Folha:


‘Estamos na reta final de preparativos para abertura da 28ª Bienal de São Paulo e a implantação dos programas que compõem o seu projeto. Neste momento, a direção da fundação e a curadoria da 28ª Bienal vêm desenvolvendo trabalho cooperativo para manter a realização da exposição dentro da previsão orçamentária. Ajustes e acertos são absolutamente normais nesse processo. Mais ainda em projetos do porte e complexidade de uma Bienal.


Sendo assim, portanto, não é exclusividade da 28ª Bienal. Praticamente metade do orçamento para a realização da exposição (R$ 8 milhões) já foi captado e, como observado, a Fundação Bienal de São Paulo ainda mantém projeto aprovado pelo Ministério da Cultura, no valor de R$ 3,6 milhões. Neste momento, a fundação finaliza entendimentos com algumas empresas, para complementar o patrocínio da Bienal.


Sobre a emenda de bancada paulista não ter destacado, neste ano, nenhum recurso para as instituições culturais, o que nos últimos anos têm significado ajuda substancial para diversas instituições culturais entre elas a Fundação Bienal, trata-se de uma decisão que foge da nossa alçada, sobre a qual não podemos opinar. No momento, essa decisão depende de aprovação do Ministério da Cultura. Este é um processo normal e a fundação está perfeitamente credenciada para tal benefício, tanto que neste ano recebemos pagamentos referentes ao último repasse proveniente de emenda de bancada aprovada em 2007.


A busca por esse equilíbrio orçamentário exige responsabilidade por parte da fundação e capacidade de criar alternativas e soluções inteligentes por parte da curadoria. A integridade do projeto original para a exposição é, e sempre foi, o objetivo último de ambas as partes. Nesse sentido, podemos afirmar com tranqüilidade que não houve qualquer corte, em nenhum ponto da proposta para ‘em vivo contato’ que a prejudicasse ou colocasse em risco sua integridade.


Também gostaríamos de dizer que informações descontextualizadas nesse momento não ajudam em nada ao trabalho e os esforços dos curadores, artistas, arquitetos, educadores, produtores, montadores, escritores, editores, jornalistas, designers e tantos outros já trabalhando para uma boa realização da próxima Bienal de São Paulo.


Assim sendo, sugiro procurar os curadores da mostra, Ivo Mesquita e Ana Paula Cohen, que desde já se colocam à sua disposição para complementar informações necessárias. Estamos sim prontos para prestar contas à imprensa, mas por favor, depois de mostrar o trabalho que estamos realizando.


Para finalizar gostaríamos de registrar nossa surpresa em saber que a imprensa teve acesso a um documento informal de trabalho, confidencial e interno da Fundação Bienal de São Paulo. A fundação, por considerar o documento sigiloso, não autoriza a sua publicação.


Cordialmente,


Manoel F. Pires da Costa.’’


 


 


CINEMA
Silvana Arantes


Festival do Rio exibe Madonna nas versões ficção e documental


‘Eu Sou Porque Nós Somos’ e ‘Sujos e Sábios’ marcam início da programação


‘Madonna é atração, hoje, no primeiro dia de sessões abertas ao público do Festival do Rio.


Para explicar sua relação com o Maláui, país africano onde adotou seu terceiro filho, David Bana, Madonna fez o documentário ‘Eu Sou Porque Nós Somos’, que terá quatro sessões, até domingo. Para vê-la em pessoa na cidade, o público terá de esperar até dezembro, quando aporta no país a turnê ‘Sticky and Sweet’.


Madonna escreveu, produziu e narra o filme, dirigido por Nathan Rissman. Ela confessa que não sabia onde ficava o Maláui, quando ouviu falar pela primeira vez no país, afetado por epidemia de Aids que deixou mais de 1 milhão de crianças órfãs.


A primeira experiência de Madonna como diretora de ficção, ‘Sujos e Sábios’, também integra a programação, com estréia amanhã e repeteco na segunda. Com ‘RocknRolla – A Grande Roubada’, o marido de Madonna, o inglês Guy Ritchie, está na programação do primeiro fim de semana do festival, que vai até 9 de outubro. Espalhadas por 30 locais da cidade e com 350 títulos, segundo os organizadores, as sessões buscam atender a variados apetites cinematográficos.


O novo filme dos irmãos Joel e Ethan Coen, ‘Queime Depois de Ler’, que deve estrear em 28 de novembro, pode ser visto agora por quem tem pressa.


Documentário


Quem prefere se dedicar a filmes com poucas chances de estréia no circuito comercial tem opções como o documentário ‘As Águas de Katrina’, que os diretores Tia Lessin e Carl Deal construíram, a partir de filmagens amadoras de uma das vítimas do furacão que devastou Nova Orleans em 2005.


Entre os filmes que se destacaram nos grandes festivais internacionais deste ano há o italiano ‘Gomorra’, de Matteo Garrone, Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, e o português ‘Aquele Querido Mês de Agosto’, de Miguel Gomes, que chamou a atenção da crítica também em Cannes.


Na Première Brasil, Marcelo Galvão, vencedor do prêmio de público da Mostra de SP com ‘Quarta B’, em 2005, exibe amanhã, na disputa de ficção, seu novo longa, ‘Rinha’. Em ‘Quarta B’, Galvão usou a maconha como mote de uma polêmica comportamental na classe média. Em ‘Rinha’, ele quer voltar a provocar, com o tema das lutas clandestinas.


A competição de documentários nacionais traz hoje ‘Sentidos à Flor da Pele’, de Evaldo Mocarzel, sobre deficientes visuais inseridos no mercado de trabalho, e, amanhã, ‘Palavra (en)Cantada’, de Helena Solberg, em torno da música.


A central de venda de ingressos fica no Espaço de Cinema (r. Voluntários da Pátria, 35, Botafogo). Mais informações em www.festivaldorio.com.br.’


 


 


INTERNET
Thiago Ney


MySpace começa a vender música


‘Mais conhecida comunidade virtual focada em torno da música, o MySpace lançou ontem uma plataforma com novos recursos aos usuários para combater o crescimento de concorrentes como Facebook, Last.fm, Blip.fm e iTunes.


A partir de um acordo feito com três das quatro grandes gravadoras (Universal, Sony BMG e Warner; a EMI ainda está em negociação), o MySpace Music oferecerá para streaming (apenas audição) aos usuários lançamentos e músicas de catálogo de mais de 5 milhões de artistas. Haverá link para a Amazon para quem quiser comprar uma faixa ou baixar um toque de celular.


Se o MySpace já oferecia a opção de audição de faixas, será que os usuários estão dispostos a pagar pelo download dessas faixas? Executivos do portal apostam que sim.


‘O download é apenas um pedaço do serviço. Você não precisa comprar nada, pode apenas criar playlists, por exemplo. Uma das razões para se comprar downloads é a portabilidade; as pessoas querem levar suas músicas favoritas à praia, quando estão dirigindo ou correndo no parque. O ponto não é que as pessoas não querem pagar por música; você tem que fazer com que esse processo seja prático, fácil e com preço justo’, diz o americano Travis Katz, vice-presidente internacional do MySpace, por telefone, à Folha.


Além das três grandes gravadoras, o portal comandado pelo magnata australiano Rupert Murdoch assinou acordo com a The Orchard, distribuidora ligada a vários selos independentes do mundo.


O objetivo é fazer com que seus 120 milhões de visitantes únicos (o Facebook atingiu 132 milhões em junho deste ano) permaneçam no portal por mais tempo.


‘O MySpace já é bastante interativo e motiva a sociabilidade’, diz o executivo. ‘Pode-se customizar perfis, criar álbuns fotográficos, compartilhar vídeos, escrever blogs etc. A música é uma parte disso. O que tentamos é trazer mais entretenimento para o site, opções interativas. Temos várias bandas no MySpace, esse novo serviço é uma evolução natural.’


O Myspace Music deve ser ativado no Brasil no início de 2009, segundo Katz.’


 


 


LITERATURA
Juliana Lugão


Programas destacam Machado de Assis


‘Como era de se esperar com o centenário da morte de Machado de Assis (1839-1908), uma série de especiais sobre o autor é prevista na programação deste mês. Neste domingo, véspera da comemoração, o SescTV exibe programas dedicados ao escritor.


A noite machadiana começa, às 19h30, com a estréia de ‘Tertúlia: Encontros da Literatura’, com Lygia Fagundes Telles apresentando ‘Dom Casmurro’. Segue, às 20h, a exibição do documentário ‘Mestres da Literatura – Machado de Assis, um Mestre na Periferia’, que narra a trajetória do escritor até a Academia Brasileira de Letras e traz depoimentos de José Miguel Wisnik e Roberto Schwarz, entre outros.


Às 20h30, encerra a programação um episódio da série ‘Saberes’, com o debate ‘Machado de Assis, Reflexos da Obra no Tempo’, em que acadêmicos discutem a influência do escritor em sua época.


Em ‘Tertúlia’, programa no qual um autor apresenta a obra de outro escritor, Telles narra a história do triângulo Bentinho, Capitu e Escobar e desvenda os truques de Machado para colocar o leitor na condição de juiz. ‘Não vista a toga’, disse Paulo Emilio Sales Gomes a ela quando escreviam o roteiro de ‘Capitu’, filmado por Paulo César Saraceni em 1968, conta Telles.


CENTENÁRIO MACHADO DE ASSIS


Quando: no domingo, às 19h30


Onde: no SescTV


Classificação indicativa: livre’


 


 


Folha de S. Paulo


Editora festeja 80 anos do poema ‘No Meio do Caminho’


‘Para comemorar os 80 anos do poema ‘No Meio do Caminho’, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), a editora Record realiza amanhã, das 9h30 às 11h30, na praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, no Rio, uma programação especial, voltada para o público infantil.


A educadora Drika e outras duas recreadoras vão acompanhar as crianças na pintura de pedras, que serão expostas junto a imagens de um filme sobre o poema de Drummond.


A contadora de histórias Silvia Castro e um violinista de canções infantis farão uma apresentação com fragmentos do poema e trechos de outras obras do escritor. Haverá também distribuição de chocolates e balões com uma charge do poeta, feita por ele mesmo.


Desde agosto, a editora Record vem comemorando o aniversário do poema. Na última Bienal do Livro de SP, foi exibido curta produzido pelo site LivroClip, que pode ser acessado em www.livroclip.com.br.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 26 de setembro de 2008


 


CAMPANHA
Tiago Décimo


Só PT pode usar imagens do presidente em Salvador


‘Em sessão que terminou no fim da noite de anteontem, o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) acolheu, por 5 votos a 1, recurso do PT baiano pedindo a proibição, por parte de candidatos adversários, de uso da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas propagandas eleitorais.


A ação corre desde o início da campanha, depois de o PMDB veicular, no horário de TV do candidato à reeleição em Salvador, João Henrique Carneiro, foto em que ele abraça Lula e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.


A decisão do TRE gera impacto direto na campanha de João Henrique. A corte se baseou no artigo 54 da Lei 9.504/97, que proíbe a participação de filiados de partido que tenha candidato em programa de coligação adversária. O peemedebista tem inserido fotos e vídeos de visitas de Lula à capital baiana para mostrar proximidade com o Planalto. Ele, Walter Pinheiro (PT) e Antonio Imbassahy (PSDB) disputam o segundo lugar nas pesquisas.


Levantamento do Ibope divulgado no dia 15 mostrava Imbassahy com 18%, Pinheiro com 16% e João Henrique com 14%. Quatro dias depois, o Datafolha deu o segundo posto a João Henrique (22%), seguido de Pinheiro (20%) e Imbassahy (14%). Nas duas pesquisas, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) lidera com 26% e 27%, respectivamente.


A direção estadual do PMDB diz que vai apelar da decisão do TRE e pode até entrar com mandado de segurança no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). ‘O que a lei veta é a participação direta do presidente nas campanhas que não sejam do partido dele, mas a Justiça não pode proibir a divulgação de fatos públicos e notórios’, argumenta o advogado Manuel Nunes.


O presidente do PMDB no Estado, Lúcio Vieira Lima, foi mais agressivo. ‘Foi uma decisão política, mas o povo sabe que João Henrique e o PMDB são parceiros de Lula’, acredita. ‘Este foi o último suspiro de um doente terminal, desesperado com o crescimento de nossa candidatura’, disse, em alusão à campanha de Pinheiro.


Lima fez questão de dizer que a bancada do PMDB na Assembléia Legislativa, que apóia o governo estadual do petista Jaques Wagner, ‘pode ficar insatisfeita’ com a atitude do PT e que ‘o governo pode pagar um preço por isso’.


No PT, o clima foi de comemoração com a decisão do TRE. ‘A justiça foi feita’, disse Pinheiro.’


 


 


ELEIÇÃO E CRISE
NYT, Reuters, APF e Associated Press, Washington


Crise altera rumo da campanha


‘Os senadores John McCain e Barack Obama tornaram-se líderes de seus partidos na quarta-feira e o Congresso passou a olhar para eles em busca de orientação sobre o que fazer quanto ao pacote de US$ 700 bilhões para salvar o setor financeiro americano, uma medida altamente impopular. Esse novo papel, porém, é arriscado para ambos os candidatos à presidência.


Os dois estão agora envolvidos em um debate cuja política muda a cada hora, obrigando-os a procurar o equilíbrio entre a irritação popular e as conseqüências da demora na aprovação do projeto.


Ao aceitar o convite do presidente George W. Bush para resolver o impasse em uma reunião na Casa Branca, realizada ontem, McCain e Obama entraram de cabeça na crise.


Para McCain, os riscos são ainda maiores por ele ter suspendido a campanha horas antes para ajudar nas negociações para a aprovação do plano. McCain tentou recuperar a imagem de estadista e pediu o adiamento do debate marcado para hoje.


RISCO


Os dois candidatos tentaram ao máximo se distanciar das propostas colocadas sobre a mesa pelo governo Bush. Suas abordagens individuais, porém, não foram muito diferentes uma da outra.


O gesto de McCain foi um alívio para muitos congressistas republicanos. Muitos achavam que a bomba estouraria em seu colo, já que eles é que deveriam providenciar os votos para aprovar as medidas emergenciais de Bush, arriscando-se a críticas dos eleitores e do próprio McCain.


Para os congressistas democratas, a entrada de Obama na discussão também não será ruim. Muitos estavam relutantes em atar as mãos do candidato do partido ao autorizar um gasto que prejudicasse seus programas sociais.


Apesar da pirotecnia de McCain, Obama foi precavido, sugerindo que não correria de volta a Washington e não participaria das negociações. Assim, depois de tentar flutuar acima do tema, os dois viram-se mais implicados do que gostariam na definição de uma solução para a crise, que oferece apenas alternativas menos piores.


Agora, McCain e Obama estão tateando no escuro em um ambiente confuso, que muda rapidamente. Ambos estão sendo testados em tempo real, com conseqüências reais, ao mesmo tempo que tentam conciliar as bravatas populistas contra o pacote com a necessidade de adotar uma solução que pode ou não dar certo, mas que certamente afastará os eleitores.


‘Não gostaria de estar no lugar de nenhum deles’, disse Bruce Bartlett, ex-economista do Departamento do Tesouro, que trabalhou para presidentes republicanos, mas é crítico do presidente Bush.


Agora, analistas se perguntam qual deles será visto como aquele que politizou o problema e quem parecerá mais presidenciável. McCain, com a sua decisão de suspender a campanha e o seu pedido inusitado de adiar o primeiro debate, ou Obama, com seu argumento de que o presidente deve ser polivalente e capaz de realizar múltiplas tarefas de uma só vez.


Apesar de ter anunciado a suspensão de sua campanha até que seja fechado um acordo para aprovação do pacote ao setor financeiro, McCain gravou ontem entrevistas para três dos principais canais de TV dos EUA após a reunião com Bush e Obama na Casa Branca.


Durante o dia, McCain esteve no Senado, sempre acompanhado de seu chefe de campanha, Rick Davis, o que levou muitos democratas a questionarem se a campanha republicana havia realmente sido interrompida. Na véspera, McCain disse que a suspensão era para que ele pudesse voltar a Washington e dedicar-se exclusivamente à aprovação do socorro econômico.’


 


 


AP


McCain não confirma presença no debate de hoje


‘A menos de 24 horas do primeiro debate presidencial, marcado para hoje à noite, na cidade de Oxford, no Mississippi, ninguém sabia dizer se haverá ou não debate. O republicano John McCain manteve ontem sua posição de não comparecer enquanto não houver acordo para a aprovação do pacote de ajuda ao setor financeiro. O prazo dado por ele para que termine o impasse se esgota hoje de manhã. A campanha do democrata Barack Obama afirmou que ele estará no Mississippi. Caso McCain não apareça, segundo fontes democratas, Obama transformaria o debate em um encontro com eleitores, onde o candidato responderia a perguntas da platéia ou do mediador Jim Lehrer, da rede PBS.


No Mississippi, Estado onde McCain lidera com folga, a frustração era grande. A Universidade do Mississippi, que organizou o debate, afirmou que o prejuízo com a ausência de McCain seria de US$ 5 milhões. A campanha republicana propôs adiar o primeiro confronto entre os dois para terça-feira, quando será realizado o debate entre os candidatos a vice-presidente – o democrata Joe Biden e a republicana Sarah Palin. O debate entre Biden e Palin seria adiado para uma data posterior, ainda não definida. Segundo analistas, o objetivo de McCain seria preservar Palin de um confronto com Biden.’


 


 


TELEFONE
Jamil Chade, Genebra


Com o avanço dos Brics, mundo chega a 4 bilhões de celulares


‘O mundo chegará à marca dos 4 bilhões de celulares até o final do ano. Dados divulgados ontem pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) indicam que a explosão do número de usuários vem ocorrendo especialmente nos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), onde já há um terço dos celulares do planeta. Há oito anos, o mundo contava com pouco mais de 500 milhões de celulares.


A expansão, segundo os especialistas, marca uma revolução no mundo. Hoje, o celular chega a 61% de penetração, taxa superior ao telefone fixo em muitas capitais africanas. Segundo o secretário-geral da UIT, Hamadoun Touré, o crescimento do setor foi de 24% em média por ano desde o início da década. ‘O fato de que teremos 4 bilhões de celulares no mundo comprova que, tecnicamente, é possível conectar o mundo e fazer chegar os benefícios da telecomunicação a muita gente.’


A UIT admite que o número não significa que 4 bilhões de pessoas tenham celulares, já que pode haver mais de uma assinatura por consumidor. Mas, mesmo assim, reflete o crescimento explosivo do setor.


Nos quatro grandes países emergentes, a taxa de celulares chegará a 1,3 bilhão até o final do ano – um terço de todos os celulares do planeta. A liderança entre os emergentes é da China, com quase 700 milhões de celulares. Em julho, o país já superava a marca de 600 milhões e se tornou o maior mercado de celulares do mundo, superando os EUA. Desde 2000, a China ganha em média 100 milhões de celulares por ano.


O Brasil acompanha o crescimento, mas em números absolutos foi ultrapassado pela Índia e Rússia nos últimos anos. Entre 2000 e 2003, o País foi o segundo maior entre os emergentes em números absolutos. Mas desde 2004 a Rússia e a Índia ultrapassaram o Brasil em assinaturas. Hoje, os indianos somam cerca de 300 milhões de celulares, contra pouco mais de 130 milhões no Brasil. Na Rússia, são cerca de 160 milhões. Mas em termos de penetração, o Brasil é um dos líderes.


Segundo dados da UIT, 7 milhões de novos celulares são vendidos por mês na Índia. Mas a taxa de penetração ainda é baixa diante do tamanho do país. Apenas 20% da população indiana ainda tem celular. No Brasil, essa taxa é superior a 50%.


Na África, algumas regiões contam com sinal de celular, mesmo onde não há energia elétrica. É o caso do interior de Burkina Fasso. A reportagem do Estado esteve no vilarejo de Poa, a 200 quilômetros da capital do país. Para recarregar as baterias dos celulares, a população improvisava e usava baterias de caminhões que paravam na cidade. Para fazer a conexão com a bateria do veículo, uma verdadeira obra de arte de fios foi inventada pelos moradoras. No vilarejo, os celulares eram considerados como um dos elementos mais importantes, usados tanto pelo prefeito como pelo comerciante mais modesto.


Um dos problemas em fazer chegar o telefone fixo a todos era a falta de recursos para investir em linhas elétricas que atravessavam a Ásia ou África. Com o celular, essa barreira foi superada.’


 


 


Michelly Teixeira e Ana Paula Lacerda


iPhone no Brasil vai custar de R$ 899 a R$ 2.299


‘As vendas do iPhone 3G no Brasil, pela operadoras Claro e Vivo, estavam programadas para começar na madrugada de hoje. As primeiras unidades chegariam às mãos dos clientes à meia-noite (após o fechamento dessa edição), em festas organizadas pelas empresas em espaços de luxo da cidade: a Claro fechou o Terraço Daslu e a Vivo, a loja da Apple no Shopping Iguatemi.


A primeira cliente da Claro na fila do iPhone era a advogada Helena Mendes. ‘Sou viciada em novidades tecnológicas, e especialmente nos produtos da Apple’, conta ela, que já teve três iPods e dois MacBooks. ‘Quando soube do iPhone, me inscrevi imediatamente na lista de interessados, mas não imaginei que seria a primeira.’


Ela diz que os recursos do aparelho a auxiliarão no trabalho – como a possibilidade de ler e-mails e usar a internet – e também a resolver um problema típico feminino: organizar a bolsa. ‘Agora, não preciso mais carregar quinhentas coisas’, disse. O iPhone reúne, em um só aparelho, recursos como telefone, tocador de música digital, GPS, pen drive e câmera.


Pela Claro, os preços para o modelo de 8 gigabytes (GB) oscilarão entre R$ 1 mil e R$ 1.999, dependendo do plano de telefonia contratado. Os valores do aparelho com capacidade de armazenamento de 16 GB serão de R$ 1,3 mil a R$ 2.299 no Estado de São Paulo. Todos os celulares serão subsidiados.


Na Vivo, os preços oscilam entre R$ 899 e R$ 1.899 (8GB) e R$ 1.199 e R$ 2.199 (16GB), de acordo com o plano escolhido. ‘Nosso preço surpreendentemente ficou abaixo da concorrência’, diz o presidente da Vivo, Roberto Lima. ‘Isso porque estamos vendendo primeiro para nossos clientes, então são pessoas cujo comportamento conhecemos, e podemos oferecer um subsídio maior.’


João Cox, presidente da Claro, rebateu. ‘O que diferencia uma operadora é a qualidade dos serviços.’ Ele minimizou o uso do iPhone como arma para conquistar a liderança de mercado. ‘A distância (para a Vivo) foi provocada pela compra da Telemig. A gente não está tão distante, não. A Claro é a que tem mais crescido em vendas’, afirmou.


Questionado sobre o porquê de os preços ficarem tão acima dos US$ 199 praticados nos Estados Unidos (equivalentes a R$ 360), mesmo com os subsídios ‘muito elevados’, Cox citou a carga tributária do Brasil, especialmente o peso do ICMS e dos impostos sobre importação. ‘Acho absurdo um celular pagar mais imposto que arma e munição. Até cachaça paga menos imposto que celular.’


Na semana passada, Cox disse que o iPhone seria um dos pilares de sua estratégia para liderar o mercado e tirar a Vivo da primeira posição. Em agosto, a Claro subiu uma posição no ranking de telefonia móvel, ficando com uma diferença de 5,7 mil clientes para a TIM. Ambas têm 25,09% de participação de mercado. A Vivo é a 1ª, com 30,12% dos clientes.


Cox acredita que pode faltar iPhone 3G nesta fase de lançamento. A operadora recebeu 30 mil aparelhos para o anúncio oficial do produto no Brasil, mas novos lotes devem chegar até o Natal.’


 


 


WEB
Reuters, Londres


TV pela internet cresce 64% no mundo


‘A televisão pela internet deve fechar este ano com 19,6 milhões de clientes em todo o mundo, segundo estimativas do instituto de pesquisas Gartner. O número ainda é pequeno, já que a tecnologia ainda está praticamente no seu início. Mas já representa um crescimento de 64% em relação ao ano passado. A previsão é que o faturamento de televisão transmitida por protocolo de internet (IPTV) atinja US$ 4,5 bilhões, uma alta de 93,5% em relação a 2007.


O Leste Europeu apresenta o maior número de assinantes de IPTV e os Estados Unidos representam o maior mercado em receitas. De acordo com a Gartner, 1,1% cento dos domicílios do mundo devem usar IPTV este ano, e a expectativa é que esse número aumente para 2,8% até 2012.


‘A maior mudança desde 2007 é o rápido advento de novos personagens atuando no mercado de consumo de vídeo e pressionando os operadores de IPTV a inovar’, disse o pesquisador Elroy Jopling, da Gartner. O instituto citou como parte dos novos competidores portais como o YouTube e o Joost e redes sociais como o MySpace e o Facebook. ‘Antes de 2008, a ênfase dos operadores de IPTV estava na expansão de sua marca e na tentativa de achar uma solução para cabo e satélite’, disse Jopling.


A Gartner define IPTV como uma rede fornecida por banda larga que propicia imagem de televisão com qualidade e conteúdo de vídeo para TV por meio de um conversor. Conteúdo fornecido pela internet ou somente para um computador não é incluído.’


 


 


RÁDIO
Ethevaldo Siqueira


Escolha de rádio digital abre polêmica


‘O Instituto Mackenzie concluiu os testes sobre o desempenho do padrão norte-americano de rádio digital Iboc (In Band on Channel, ou HD Radio) feitos sob a direção do professor Gunnar Bedicks, mas não recomenda sua adoção pelo Brasil sem que se façam testes comparativos com outros padrões. Essa é a razão por que o Mackenzie se recusa a assinar o relatório final dos testes, nos termos solicitados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).


Defensora ardorosa do padrão norte-americano, a Abert insiste na adoção dessa tecnologia digital pelo Brasil, independentemente de qualquer comparação com outros padrões. Para tanto, vai elaborar relatório final sobre os testes feitos pelo Mackenzie e levar o documento ao Ministério das Comunicações.


O Instituto Mackenzie não considera correto nem possível recomendar um padrão sem conhecer o desempenho dos demais com a mesma profundidade. Os testes de campo do padrão Iboc foram contratados em novembro de 2007 pela Abert, e foram acompanhados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Ministério das Comunicações.


‘Ao fazer esses testes, nossa missão foi avaliar o desempenho do padrão Iboc, isoladamente, acompanhando os testes que vinham sendo feitos em várias emissoras em São Paulo, Ribeirão Preto, Cordeirópolis e Belo Horizonte’, diz Bedicks. ‘Medimos o alcance do sinal digital em comparação com o sinal analógico, as eventuais interferências, a qualidade da transmissão e da recepção móvel e fixa, tanto em amplitude modulada (AM) como em freqüência modulada (FM). Não podemos, entretanto, recomendar a adoção desse padrão sem compará-lo com outros padrões europeus, como o DRM (Digital Radio Mondiale) e DAB (Digital Audio Broadcasting).’


Bedicks reitera que o Mackenzie aprova o objetivo geral de digitalização das emissoras de rádio. ‘Mas não pode recomendar o padrão Iboc sem comparar seu desempenho com o de outros padrões. E não queremos fazer nada de forma apressada, senão corremos o risco de adotar um padrão que será como a lei que não pega. Além disso, é bom reconhecer que a digitalização do rádio em todo o mundo está numa fase incipiente, muito menos avançada do que a TV.’


OS TESTES


Os testes de cobertura de área foram feitos com as Rádios Bandeirantes (FM), Cultura (AM), Ribeirão Preto (FM), Belo Horizonte (AM) e Cordeirópolis (AM) classe C, ou seja, rádio comunitária. Os resultados dos testes com emissoras de AM na área da cobertura predefinida mostraram que o alcance do sinal digital é praticamente equivalente ao do analógico, e a qualidade, satisfatória.


O padrão Iboc testado permite a transmissão simultânea do mesmo programa tanto na forma digital quanto analógica, no mesmo canal de freqüência. É a característica chamada simulcast – que permitirá aos receptores analógicos sintonizar as mesmas emissoras, durante 10 anos ou mais, até que todas as rádios encerrem suas transmissões analógicas e passem a transmitir exclusivamente com sinal digital. Até aqui, o Iboc era o único padrão que permitia o simulcast.


Esse padrão digital, entretanto, enfrenta alguns problemas ainda insanáveis, como o atraso de 4 a 8 segundos do sinal digital em relação ao analógico. Quando o sinal digital perde intensidade e não é recebido, entra o analógico. Ao retornar, o sinal digital está atrasado alguns segundos em relação ao analógico, causando a repetição de trechos já ouvidos.


Pior do que isso é o consumo excessivo de baterias dos receptores digital, que torna praticamente impossível o uso de receptores portáteis. Essas limitações parecem ser de todos os padrões de rádio digital existentes atualmente e, talvez, só venham a ser superadas com a evolução tecnológica futura.


O professor Gunnar Bedicks acha essencial que o Brasil compare o desempenho do padrão norte-americano com os padrões europeus DRM e DAB. Até porque a versão DRM-Plus também permite a transmissão simultânea de programa analógico e digital no mesmo canal, tanto em AM como em FM, conforme foi demonstrado no evento International Broadcasting Conference (IBC), realizado há duas semanas em Amsterdã.


ABERT QUER IBOC


O presidente da Abert, Daniel Slaviero, diz que vai ‘defender a adoção do único padrão digital capaz de atender AM e FM’. Na opinião dele, ‘não existe outro’. Além disso, a digitalização é uma ‘questão de sobrevivência’ para as rádios AM e não pode mais ser protelada. Se aprovado o padrão Iboc, o próximo desafio da Abert será buscar financiamento para a troca dos equipamentos pelas emissoras.


A troca de equipamentos analógicos por digitais deve custar de US$ 80 mil a US$ 120 mil – ou seja, de R$ 144 mil a R$ 216 mil – a cada emissora de rádio. Para a maioria das emissoras brasileiras, é um valor muito alto.’


 


 


FUTEBOL
O Estado de S. Paulo


Romário cobra Vasco por uso de imagem


‘O ex-atacante Romário quer receber do Vasco e da Reebok, empresa fornecedora de material esportivo do clube, parte do dinheiro pela venda das camisas comemorativas de seu milésimo gol. O advogado do Baixinho disse que seu cliente busca uma solução amigável, mas não descarta ir à Justiça para obter indenização por uso indevido de imagem. Romário afirma que o contrato de imagem que mantinha com o Vasco não incluía a venda do material festivo.’


 


 


FOTOGRAFIA
Simonetta Persichetti


Etiópia com lirismo, por J.R. Duran


‘Dizem que quem vai para a África jamais a esquece. Dizem que ela é mágica, que você fica ‘enfeitiçado’ e não vê a hora de voltar. Dizem. Mas parece que funcionou com o fotógrafo J.R. Duran, que desembarcou lá há dez anos, mais precisamente no Quênia, para escrever uma matéria para a revista Playboy. Em outubro do mesmo ano ele retornou, desta vez por conta própria para fotografar a Namíbia. E sempre voltou.


Em 2001, passou um mês fotografando em Angola; no ano seguinte passou duas semanas fotografando em Ruanda e no Congo; e em 2004 voltou ao Quênia. Seu encanto pela região foi provocado quando, ainda adolescente, leu os livros do pesquisador e etnólogo do século 19 Richard Burton. E também pelos quadrinhos de Corto Maltese, personagem inventado por Hugo Pratt. Foi na literatura que nasceu sua fantasia sobre a África. Em 2005, ele realizou mais uma viagem ao continente, desta vez à Etiópia, onde conheceu e documentou cinco tribos. E é justamente dessa incursão que saem as 84 imagens do livro Cadernos Etíopes (Editora Cosac Naify, 192 páginas, R$ 65), lançado agora em setembro durante o Icontemporâneo-Circuíto de Fotografia.


Não é a primeira vez que Duran, mais conhecido como fotógrafo de moda ou pelas páginas da Playboy, mostra algo que vai além de seu trabalho publicado na imprensa. Em 2002, ele enveredou pela literatura e publicou o romance Lisboa, feito que repetiu em 2006 com outro livro, Santos. Além disso, durante anos cinco anos, Duran foi editor da revista de imagem Freeze, distribuída gratuitamente. Aliás, foi nessa revista que aparecerem suas primeiras imagens feitas na África.


Curioso por natureza, ainda mais quando se fala em viagens, lugares e expedições, seus olhos logo cedo foram atraídos pelas aventuras: como a que o trouxe com a família para o Brasil, em 1970, aos 18 anos. Talvez a travessia da Espanha pudesse ter sido feita de avião, mas os Durans vieram de navio. Já em São Paulo, decidiu cursar a Faculdade de Comunicação, que logo abandonou para se tornar assistente do fotógrafo Marcel Giro, catalão como ele, que nasceu em 1952 na Vila de Mataró, a 33 quilômetros de Barcelona.


Neste livro, intitulado propositalmente de Cadernos Etíopes, Duran criou um diário em que, além das imagens, reuniu seus textos, desenvolvidos em forma de relato, algo que ele faz há tempos. Com seu guia, durante um mês ele visitou e fotografou os karos, os mursis, os hamers, os nyangatons e os dhasanechs. Suas imagens, um ensaio pessoal, mais de retratos do que de cenas, não aponta, não julga, não explica: mostra. ‘Ninguém posou para mim’, conta Duran por telefone durante entrevista ao Estado. ‘Eles paravam para ver o que eu estava fazendo e eu, então, fotografava.’ Instantâneos em que se cruzam a curiosidade do fotógrafo e a dos próprios etíopes, que – a exemplo de Duran, que muitas vezes se perguntou o que fazia ali – deviam se perguntar o que ele fazia por ali.


Mas a estética que Duran se habituou a imprimir em suas imagens para as páginas de revista de moda também se faz presente neste livro: por meio da poética, ele procura entender quem são essas pessoas. Um diário de viagem, em que ele desvenda sua própria vontade de conhecer.


Não se trata de uma reportagem. Parece que Duran fotografa para si mesmo. Uma imagem que poderia ser antropológica, não fosse o lirismo que ele impõe ao que fotografa. Lirismo que pode ser resultado de seu imaginário sobre os etíopes. Assim como os exploradores do século 19, Duran é atraído pelo inusitado, mas nunca pelo exótico. Eles, por sua vez, parecem não se importar com a invasão e seguem sua vida como se o fotógrafo não estivesse presente. O que Duran procura é guardar uma África que, aos poucos, vai desaparecendo, ‘empurrada pelas mudanças que a vida moderna provoca’. Em seu diário, uma explicação detalhada sobre quem são os personagens retratados em cada tribo: suas histórias, muitas vezes suas lendas.


Um belo trabalho que não pode, talvez nem deva, ser visto como um livro de fotografias, mas sim como o relato de alguém que retorna de uma viagem inusitada. Ou como escreve o próprio Duran: ‘De vez em quando é bom se perder com a certeza de que é possível voltar para casa. Se perder para na volta poder contar alguma coisa a quem tiver paciência de ouvir.’


E nós tivemos!’


 


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Band chega à Net


‘Após longo período de reivindicação do Grupo Bandeirantes, não sem acusações exaltadas em referência ao protecionismo da Net aos canais das Organizações Globo, BandNews e BandSports finalmente chegam ao line up da maior operadora de TV paga do País. As duas emissoras estarão disponíveis apenas aos assinantes com acesso ao sinal já digitalizado, o que hoje soma 730 mil titulares – no total, a operadora conta com 2, 7 milhões de assinantes.


Parece restrito? Nem tanto. A digitalização do sinal é um processo em andamento para atingir todos os pagantes em prazo não muito longo. Além disso, há que se considerar que BandNews e BandSports farão parte do pacote Advanced, que compreende mais da metade da base de assinantes. Serão, assim, mais acessíveis que os canais do grupo HBO, por exemplo, presentes apenas nos pacotes mais caros.


O acordo está fechado. ‘Só falta definir o prazo para a entrada no ar, mas o lançamento é para breve’, garantiu ao Estado um executivo que prefere não se identificar. Isso significa, segundo ele, no máximo dois meses.’


 


 


Julia Contier


Celso Freitas ancora debate na Record


‘O debate da Record entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo está confirmado para domingo, às 20h30, no Teatro Record, com transmissão ao vivo pela rede, via Record News e Rádio Record. Celso Freitas vai mediar o encontro, que terá duas horas de duração e 350 convidados. Nos dois primeiros blocos, as jornalistas Adriana Araújo e Christina Lemos farão perguntas aos candidatos; nos dois blocos seguintes, os candidatos farão perguntas uns aos outros. No último e quinto bloco, espaço para as considerações finais.’


 


 


 


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