Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Presidenciáveis expõem suas
propostas para inclusão digital


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


************


O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 31 de julho de 2006


INCLUSÃO DIGITAL
Maurício Moraes e Silva


Conheça as idéias dos presidenciáveis para a inclusão digital


‘Candidatos apresentam ao ‘Link’ alguns dos seus planos para levar o acesso a computadores e à internet para a maioria da população durante os próximos quatro anos; apenas 11% dos


Os brasileiros só têm igual acesso à tecnologia em um momento das suas vidas: na hora de teclar o número do candidato e apertar a tecla ‘Confirma’. Fora da disputa eleitoral, o fosso que divide os incluídos dos excluídos digitais continua imenso no País. Segundo um estudo da consultoria BDO Trevisan, apenas 11% da população tem PC com acesso à web em casa. Por isso, nada melhor do que aproveitar a urna eletrônica nas próximas eleições para tentar diminuir o abismo entre os ‘sem micro’ e os ‘com micro’.


Além de analisar as melhores propostas para áreas como educação, saúde, emprego, segurança e transporte, você também pode colocar na balança os projetos que considera mais adequados para ampliar a inclusão digital no País. Para dar uma ajuda na difícil hora de pesar prós e contras de cada aspirante a quatro anos no Palácio do Planalto, o Link decidiu perguntar aos sete candidatos à Presidência o que pretendem fazer nessa área.


O procedimento adotado foi o mesmo para todos, para garantir que ninguém saísse privilegiado. Foram encaminhadas três questões sobre o tema, por e-mail, para as Assessorias de Imprensa de cada um dos presidenciáveis. As perguntas enviadas foram as seguintes: ‘Qual é o seu plano para ampliar a inclusão digital no Brasil nos próximos quatro anos?’, ‘Como avalia o que vem sendo feito por União, Estados e municípios?’ e ‘Quanto pretende investir, por ano, nessa área?’.


O primeiro a responder foi o candidato Cristovam Buarque (PDT). Depois, o Link recebeu o retorno da Comissão de Programa de Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PC do B/PRB), que concorre à reeleição. Vieram em seguida as respostas de Heloísa Helena (PSOL/PCB/PSTU), José Maria Eymael (PSDC), Rui Costa Pimenta (PCO), Luciano Bivar (PSL) e, por último, Geraldo Alckmin (PSDB).


IGUALDADE


Todas as propostas receberam o mesmo espaço e ocupam esta página e a seguinte. A maioria dos presidenciáveis pretende aumentar a inclusão digital por meio de investimentos na informatização das escolas públicas. Também há quase um consenso de que precisa haver mais investimentos nessa área. Existe ainda a idéia de manter e ampliar algumas das iniciativas existentes.


Não faltam, porém, outras sugestões ou críticas. Afinal, hoje existem apenas 13,4 milhões de internautas residenciais no País e só 2% das famílias com renda de até R$ 300 têm um micro em casa. Leia tudo com atenção e compare as propostas. Daí, é só esperar o dia 1º de outubro e usar a tecnologia da sua zona eleitoral.’


***


Lula deseja levar acesso a todas as escolas do País


‘Se for reeleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PC do B/PRB) pretende continuar as iniciativas de inclusão digital adotadas no seu mandato, como o Computador para Todos e os telecentros. ‘Nossa meta é levar conexão com a internet para todos os municípios e escolas’, informou ao Link a Comissão de Programa de Governo sobre Inclusão Digital.


Segundo o grupo, foram instalados mais de 2 mil telecentros comunitários no País e o governo federal levou conexão com a internet via satélite para mais de 3.200 pontos em mais de 2 mil cidades. ‘Hoje, a dona de casa pode comprar um computador para o seu filho estudar, pagando uma parcela mensal de R$ 65, o que há dois anos era inimaginável.’


Para a comissão, União, Estados e municípios precisam trabalhar de forma mais integrada e unificada. ‘Pretendemos criar um Conselho Nacional de Inclusão Digital, reunindo toda sociedade.’ Há ainda a promessa de aumentar os investimentos na área, hoje na faixa de R$ 100 milhões por ano.’


***


Alckmin planeja ajudar qualificação profissional


‘A inclusão digital é vista pelo candidato Geraldo Alckmin (PSDB/PFL) como uma ferramenta para inserir os brasileiros no mercado de trabalho e melhorar o desempenho escolar dos alunos. ‘O compromisso de governo do PSDB, não só para inclusão digital, mas para todas as áreas da educação e da qualificação profissional de jovens e adultos, é investir o necessário para tirar o Brasil do atraso’, afirmou o coordenador-geral do programa do tucano, João Carlos Meirelles.


Segundo ele, adotar um programa abrangente de inclusão digital ajudará a reduzir a desigualdade no País. Meirelles destacou a rede de telecentros Acessa São Paulo, criada por Alckmin. ‘O governo de Geraldo acelerou a informatização das escolas, com laboratórios de informática’, destacou. ‘No Brasil, é possível fazer muito mais.’


A idéia é usar recursos do Orçamento e firmar convênios com Estados e municípios. ‘O governo federal nessa área, como em muitas outras, fez muito pouco’, disse. ‘Não há política clara, não há ação constante e articulada.’’


***


Heloísa quer incluir para democratizar informação


‘A candidata Heloísa Helena (PSOL/PCB/PSTU) acredita que não basta proporcionar acesso a computadores e à internet. ‘A discussão sobre a inclusão digital é a ponta deste enorme iceberg de injustiça social em que vivemos’, disse. ‘Ela só será um instrumento de ruptura se for usada na democratização da informação, no acesso à cultura e como ferramenta educacional.’


Para que isso ocorra, Heloísa pretende repensar as iniciativas em conjunto com a sociedade e atuar em novas frentes. ‘Será uma política de Estado, com ações intersetoriais que envolvam cultura, educação, comunicações, ciência e tecnologia e inclusão social’, destacou. ‘Nosso compromisso será desconstruir os oligopólios de difusão da informação, impulsionando rádios e televisões comunitárias.’


Segundo a candidata, os recursos para isso virão, em parte, da verba hoje reservada para pagar títulos da dívida pública. ‘Nosso governo vai libertar o Brasil da condição de refém da especulação financeira.’’


***


Cristovam defende mais investimentos na área


‘O candidato Cristovam Buarque (PDT) vê na inclusão digital um duplo caráter: educacional e de cidadania. Por isso, se eleito, ele pretende ampliar as iniciativas nessa área. ‘O governo federal adotará uma estratégia vigorosa de aquisição de computadores e instalação de pontos de acesso nas escolas’, afirmou. O candidato também vai apoiar o laptop de US$ 100.


Cristovam quer popularizar o governo eletrônico – o acesso, pela web ou por terminais gratuitos, a serviços públicos e informações governamentais. ‘A inclusão digital e a popularização de acesso ao e-gov vão ajudar a ampliar a democracia participativa, mediante consultas sistemáticas à sociedade.’ Seu programa também propõe baratear as conexões de internet na maioria dos municípios e torná-las mais velozes.


Ele promete investir R$ 500 milhões por ano em inclusão digital. ‘O governo federal previu gastar R$ 359,1 milhões em 2005 em três programas. Gastou apenas R$ 100,9 milhões e pagou R$ 18,2 milhões. Ou seja, uma quantia medíocre.’’


JORNAIS EM CRISE
Carlos Alberto Di Franco


Revigorar os jornais


‘Os jornais perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram, incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os principais vilões. Será? É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. No entanto, como explicar o estrondoso sucesso editorial do épico O Senhor dos Anéis e das aventuras de Harry Potter? Os jovens não consomem jornais, mas não se privam da leitura de obras alentadas. O recado é muito claro: a juventude não se entusiasma com o produto que estamos oferecendo. O problema, portanto, está em nós, na nossa incapacidade de dialogar com o jovem real. Mas não é só a juventude que foge dos jornais. A chamada elite, classes A e B, também tem aumentado a fileira dos desencantados. Será inviável conquistar toda essa gente para o fascinante mundo da cultura impressa? Creio que não. O que falta, estou certo, é realismo e qualidade.


Os jornais, equivocadamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não são. Daí derivam erros fatais: a inútil imitação da televisão, a incapacidade para dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de qualidade. Num momento de ênfase no didatismo e na prestação de serviços – estratégias úteis e necessárias -, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que precisamos conquistar não quer o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer qualidade informativa: o texto elegante, a matéria aprofundada, a análise que o ajude, efetivamente, a tomar decisões.


Um amigo gozador costuma dizer-me que a expressão ‘jornalismo de qualidade’ é, hoje em dia, contraditória em si mesma. Outro dia, quis exemplificar-me essa sua opinião. ‘Veja’, dizia, ‘boa parte do noticiário de política não tem informação. Está dominado pela fofoca e pelo espetáculo. Não tem o menor interesse para os leitores.’ A cobertura eleitoral, por exemplo, não trata de discutir políticas públicas, mas fica refém do marketing dos candidatos. E o leitor, por óbvio, passa batido. Não encontra reflexão, análise, interpretação, profundidade.


O uso de grampos como material jornalístico, por outro lado, virou ferramenta de trabalho. A velha e boa reportagem foi sendo substituída por dossiês. De uns tempos para cá, o leitor passou a receber dossiês que, muitas vezes, não se sustentam em pé. Curiosamente, quem os publica não se sente obrigado a dar nenhuma satisfação ao leitor. Entramos na era do jornalismo sem jornalistas, nos tempos da reportagem sem repórteres. Ficamos, todos, fechados no ambiente rarefeito das redações. Enquanto esperamos o próximo dossiê, tratamos de reproduzir declarações entre aspas, de repercutir frases vazias de políticos experientes na arte de manipular a imprensa. O jornalismo está virando show business. Espartilhados pelo mundo do espetáculo, repórteres estão sendo empurrados para o incômodo papel de peça descartável na linha de montagem da ciranda do entretenimento. É óbvio, caro leitor, que esse tipo de jornalismo não é capaz de atrair um público qualificado.


De algum tempo para cá, setores da imprensa manifestam preocupante ambigüidade ética. O que é sensacionalismo barato numa publicação popular é informação de comportamento nas respeitáveis páginas de alguns veículos da chamada grande imprensa. Biografias não-autorizadas (ou difamação politicamente correta) e síndrome do boato compõem um retrato de corpo inteiro da indigência editorial. Nem mortos ilustres escapam ao esquartejamento moral. Best sellers de ocasião, apoiados no marketing da leviandade e sustentados pela repercussão da mídia, ganham status de seriedade. Nem Abraham Lincoln, transformado no mais ilustre gay da América, escapou à fúria da historiografia do escândalo. O que interessa não é a informação. O que importa é chocar. Ao tentarem disputar espaço com o mundo do entretenimento, alguns setores da imprensa estão entrando num perigoso processo de autofagia. Esquecem que a frivolidade não é a melhor companheira para a viagem da qualidade. Pode até atrair num primeiro momento, mas depois, não duvidemos, termina sofrendo arranhões irreparáveis no seu prestígio.


O leitor que confia na integridade dos jornais é o mesmo que em inúmeras pesquisas qualitativas nos envia alguns recados: quer, por exemplo, menos frivolidade e mais profundidade. Tradicionalmente fortes no tratamento da informação, alguns diários têm sucumbido às regras ditadas pelo mundo do espetáculo. Ao atribuírem à televisão a responsabilidade pela perda de leitores, partiram, num erro estratégico, para um perigoso empenho de imitação. A força da imagem, indiscutível e evidente, gerou um perverso complexo de inferioridade em algumas redações. Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo.


Só uma séria retomada na qualidade informativa garantirá a fidelidade dos antigos leitores e a conquista de novos. Precisamos mostrar, com fatos e com obras, que os jornais continuam sendo úteis, importantes, um guia insubstituível para a navegação na vida real.


Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética da Comunicação e representante da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra no Brasil, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia. E-mail: difranco@ceu.org.br


ELEIÇÕES 2006
O Estado de S. Paulo


Garcia ataca editorial do ‘Estado’


‘O coordenador do programa de governo do PT à Presidência, Marco Aurélio Garcia, atacou o editorial ‘Universidades Eleitorais’, publicado ontem pelo Estado. Em discurso num evento da campanha do presidente Lula, em Florianópolis, para cerca de 2.500 pessoas, ele argumentou que recursos para a educação não podem ser tratados como gastos. E citou o ex-governador Leonel Brizola: ‘Não é educação que custa caro, o que custa caro é a ignorância.’ Ao lado de Lula e do ministro da Educação, Fernando Haddad, ele disse que quem abandonou a educação foi o ‘professor que governou o País por 8 anos’ – referindo-se a Fernando Henrique Cardoso. ‘No governo do metalúrgico (Lula), dobrou a verba de custeio da universidade.’


Segundo Garcia, o governo contratou 7 mil professores e revogou a ‘lei do governo do professor que proibia que o ensino público técnico fosse assumido pela União’. Chamando o Estado de ‘um jornal conservador de São Paulo’, o coordenador se disse ‘indignado’. ‘É absolutamente surpreendente que um editorial como esse seja estampado num jornal cujos fundadores tiveram papel importante na criação da Universidade de São Paulo’, afirmou. ‘Cegos pelo fanatismo político, e inconformados com a derrota do seu candidato, o que eles têm nos colocado é a crítica da política educacional. E para isso mentem desbragadamente.’’


VIOLÊNCIA & JORNALISMO
O Estado de S. Paulo


Político e jornalista são baleados


‘O vereador e radialista de Rio Claro, no interior, Sérgio Carnevalle, de 66 anos, e o jornalista Dalton Paciulo, de 74, foram baleados anteontem. Os dois saíam da rádio em que trabalham. Eles já estavam dentro do carro quando dois homens em uma moto se aproximaram e fizeram vários disparos. Carnevalle foi atingido por três tiros e Paciulo por um. As vítimas estão internadas e mantêm quadro clínico estável.’


INTERNET
Pedro Dória


Acabou o dinheiro


‘Chegou esta semana, às lojas de brinquedos britânicas, uma nova versão de um dos mais clássicos jogos de tabuleiro, o Banco Imobiliário. E acabou o dinheiro. Ao invés de cédulas, o comprador leva para casa oito cartões magnéticos e um leitor provido de calculadora e alguma memória onde o banqueiro registra ganhos e perdas.


Faz parte da série Here & Now (aqui e agora), na qual o tabuleiro foi atualizado em algumas de suas edições européias e na norte-americana. Ao invés da versão dos anos 1930, com lugares interessantes e valores de então, entram os pontos mais valiosos de hoje e preços correntes. No caso da inglesa, por enquanto a única com cartão magnético, os custos londrinos estão entre os mais altos do mundo.


É só um experimento que vem de uma necessidade prática. Uma pesquisa da Hasbro, editora internacional do jogo, revelou o que era óbvio: a maioria das pessoas não usa mais cédulas. O plástico – seja de débito, de crédito, de tíquetes ou vales – virou o dinheiro. E, cada vez mais, a moeda corrente está a caminho da extinção.


Já vai tarde. Plástico é mais seguro. Uma nota perdida é dinheiro perdido; plástico, que em geral está não no cartão, mas registrado em um banco de dados em algum lugar qualquer é transportável, transferível entre moedas distintas, e, perdido, dá pouco ou nenhum prejuízo. (Quando funciona.)


Mas é curioso que, na verdade, o próprio cartão magnético pode já ter encontrado seu caminho de extinção. Em alguns cantos da Europa já se experimenta fazer transações financeiras com o celular. O indivíduo pára perante uma máquina de refrigerantes e nela está um número; ele manda um código sms, a máquina registra a compra, ele pega a lata e o débito vem na conta telefônica.


Assim o celular vai assumindo seu lugar no cotidiano contemporâneo – é máquina fotográfica, player de música, cartão de débito e crédito. Parece até que serve para falar.


Tecnologia à parte, a inovação do Banco Imobiliário reforça seu símbolo de representante do capitalismo infantil que, como diriam os bons e velhos comunistas, envenena a infância, convencendo impúberes de que tais são as regras do jogo da vida e de que, não, não há alternativas.


Mas o curioso é que não foi para isso que nasceu. Monopoly (Monopólio), o nome norte-americano, foi patenteado em 1904 por Lizzie Magie, uma ‘quaker’. Essa curiosa denominação cristã, que veio ao mundo no século 17, tem entre seus preceitos a valorização da discrição, horror a símbolos de status e muitas técnicas de educação. Dentre elas, a concepção de jogos.


É claro que não é deles o monopólio de criar jogos educativos, mas os quakers estão entre os primeiros a divulgar o conceito hoje tão em voga. O objetivo da senhora Magie era explicar para as crianças como os senhorios faziam quantidades absurdas e, a seu ver, injustas, de dinheiro. São profundamente moralistas, os quakers. Mas The landlord’s Game (O jogo do senhorio) surgiu para que, com diversão, fosse possível aprender sobre os sanguessugas do capitalismo.


Aos poucos e lentamente, nas décadas seguintes o jogo teve várias versões, algumas pagando os direitos devidos, outras não, até que foi descoberto por um comerciante chamado Charles Darrow. Ele registrou o conceito com algumas variantes e, depois, vendeu-o como seu para os irmãos Parker, grandes fabricantes de jogos, em 1924. Ao descobrirem que havia uma patente anterior, os irmãos trataram de comprá-la para adquirir, enfim, o monopólio.


Fizeram fortuna – e, na história oficial, relatam como Darrow inventou-o por conta própria. A história real nem sequer seria conhecida não fosse um acidente. Nos anos 90, quando um professor californiano de economia lançou uma versão chamada Anti-Monopoly, mais fiel aos intuitos originais. Foi processado por quebra de patente e seus advogados conseguiram, enfurnando-se nos arquivos oficiais, retraçar a história. Partes do jogo caíram em domínio público, embora o nome continue marca registrada.


Jogo jogado, pois. Banco Imobiliário, símbolo do capitalismo, acaba de entrar no século 21.


*pdoria@nominimo.com.br’


Ricardo Anderáos


Aprendizado coletivo


‘Na manhã da última quinta-feira sentei para atualizar meu blog. Estava intrigado com o fato de que qualquer nota com as letrinhas l-u-l-a publicada nos blogs do Estadão nos últimos dias transformava as páginas de comentários num verdadeiro campo de batalha.


Para quem ainda não é familiarizado, essa coisa funciona assim: o dono do blog (ou ‘blogueiro’) coloca uma nota e qualquer pessoa que visitar a página pode deixar seus comentários. Tanto a nota como os comentários aparecem na página assim que seu autor termina de escrever. Se quiser, depois, o blogueiro pode apagar ou editar os comentários.


A polarização das opiniões em torno do presidente e candidato à reeleição é natural numa campanha eleitoral. O que me chamou atenção foi a enorme elevação no número dos comentários citando o nome de Lula, que pulavam de 5 a 10 para a casa das centenas.


Eu já tinha ouvido falar da convocação feita pelo secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, para que seus militantes invadissem blogs para lutar no que chamou de ‘guerra suja’ pela internet, defendendo seu partido. Talvez a alta audiência fosse uma resposta a esse chamamento. Assim, fui conferir o texto no site do PT. Pesquisando na internet, descobri também um estudo intitulado Buzz, Blogs and Beyond: The Internet and the National Discourse in the Fall of 2004, que analisou o papel dos blogs na eleição presidencial norte-americana de 2004.


Resolvi então colocar uma nota no meu blog traçando um paralelo entre a eleição americana de 2004 e a brasileira de 2006, com um link para o texto do petista convocando seus militantes e outro para a tal pesquisa nos EUA. E arrematei dizendo que a tarefa desses militantes seria nos convencer de que o presidente não tinha nem idéia da sujeirada que aconteceu bem debaixo de seu nariz. O que me pareceu uma frase isenta, dada minha indignação com o que venho descobrindo na política brasileira desde que estourou o escândalo do mensalão.


Dez segundos depois pipocou o primeiro comentário. Daí em diante foi uma verdadeira enxurrada, com muitos ataques à minha pessoa, posições a favor do governo, contra e muito pelo contrário. Dos 103 comentários postados nas 24 horas seguintes menos de dez se referiam à minha nota. A maioria trocava impropérios e acusações entre Lula e Alckmin.


Uma mensagem avisa a quem vai deixar comentários que serão rejeitados textos que desrespeitem a lei, apresentem linguagem obscena ou ofensiva. Comecei então um paciente trabalho manual de retirar trechos de comentários que não respeitavam essas regras. Tudo isso me parece um grande aprendizado coletivo. De minha parte devo aprender como ser um melhor moderador do debate, independente das minhas posições pessoais, que expresso na nota que está sendo comentada. E algumas das pessoas que colocam comentários têm de aprender a respeitar melhor os outros, a despeito da divergência de posições.


O comentário que mais me agradou, e que reproduzo aqui para encerrar esta história, foi justamente o que deixou de lado a disputa política para falar do papel dos blogs na atual campanha. Sob o pseudônimo de Fernão Capelo, a mensagem diz: ‘Muito legal esse negócio de blog, a versão moderna dos famosos encontros na Boca Maldita, na Rua da Alfândega, nas esquinas, nos bares, nas portas de fábricas, com discussão de política, às vezes muito bem humorada e às vezes acirrada. Que bom que temos mais um caminho e agora com estatística das opiniões que começa a mostrar uma boa indicação da opinião pública. É uma pena que estamos na terra de cegos…’


*anderaos@estadao.com.br


TELEVISÃO
Ana Paula Lacerda


Emissoras de TV investem na internet para atrair jovens


‘A busca por vídeos na internet, comum em países como Estados Unidos e Coréia, está se tornando cada vez mais forte no Brasil. Buscar um arquivo no site YouTube, rever lances de jogos e assistir na rede à reportagem que passou ontem na tevê está se tornando rotina na vida de muitos internautas.


‘Isso ocorre com uma força muito grande principalmente entre o público jovem. São pessoas que cresceram com a internet no seu dia a dia, são ávidas por informação e querem ter acesso a conteúdo com muita rapidez’, diz Isabelle Perelmuter, vice-presidente de planejamento estratégico da agência de comunicação Fischer America.


Pesquisas da Fischer mostram que, com o aumento da banda larga, a internet cada vez mais se torna uma opção de lazer nos grandes centros e isso inclui um dos passatempos mais populares para essa faixa etária: assistir a vídeos. ‘Hoje, 65% das pessoas que acessam a internet de casa usam banda larga. E usam a internet em horário nobre, porque é quando têm tempo para relaxar’, diz Isabelle. ‘E se o jovem encontrar um conteúdo de vídeo que o interessa na internet, ele não vai esperar para ver na televisão. Ele vai assistir pela rede.’


Isso não significa, no entanto, que eles deixam de assistir televisão, ou de que a mídia televisiva vá perder seus espectadores para a rede. ‘A televisão tem melhor qualidade de imagem, é muito mais confortável,’ explica a vice-presidente. ‘Mas a convergência das mídias é um caminho natural, que está ocorrendo em todo o mundo.’


PROGRAMAÇÃO


As emissoras de televisão estão cada vez mais preocupadas com seus conteúdos online. ‘Como antigamente não havia banda larga, não havia também o hábito de assistir a vídeos pela internet’, diz Frederico Monteiro, diretor de marketing do portal Globo.com. ‘Mas conforme isso foi se desenvolvendo, percebemos que se tornaria um grande negócio.’ Hoje o Globo Media Center oferece de reportagens a episódios de séries antigas e o programa Big Brother.


O executivo afirma que o objetivo do portal é se tornar o ponto de encontro dos internautas que querem ver vídeos pela internet. ‘Estamos firmando parcerias para que tenhamos sempre novos conteúdos, como clipes e shows’, diz Monteiro.


Para Isabelle, da Fischer, oferecer conteúdo é importante para não ‘frustrar’ o internauta.’A emissora mostra que está em sintonia com ele, oferecendo material para ele buscar. Se ele procura algo e não encontra, se frustra. E recuperar a confiança de um cliente – principalmente jovem – é trabalhoso.’


A ESPN Brasil estuda oferecer por meio da internet conteúdo para tocadores de MP3 com vídeo. ‘Sabemos que não vamos atingir milhões de pessoas’, diz o gerente de internet da emissora, Maurício Martins. ‘Mas aquele cara que tem seu tocador com vídeo vai saber que a ESPN está junto com ele em termos de tecnologia’, diz.Durante a Copa do mundo, o site da emissora teve 50 milhões de visitas. ‘Colocamos na web vários vídeos e produzidos aqui e foi um sucesso. Nunca tínhamos chegado perto deste número de acessos antes.’


O diretor de programação da emissora, José Trajano, diz que uma maneira de atrair os ‘webspectadores’ é fazer a ligação com a televisão.’Percebemos que muita gente usa a internet e vê tevê ao mesmo tempo, pois basta anunciarmos uma pesquisa no ar que logo os votos começar a chegar pela rede.’


Como a internet brasileira está se desenvolvendo, ele diz que o internauta procura ‘o detalhe’ nos vídeos web. ‘Ele quer ver o gol que não viu, a jogada mais bonita, uma cena específica. Mas num futuro próximo, haverá programas completos pela internet.’


Nos EUA, emissoras já oferecem ‘websódios’ de seriados. ‘O brasileiro passa 17 horas por semana na internet. É questão de tempo para essa oferta chegar aqui’, diz Isabelle Perelmuter.’’


Renato Cruz


Novo serviço une televisão e celular


‘A diretora superintendente da TVA, Leila Loria, lembra quando tomou contato com o conceito de triple play, há alguns anos, num relatório da Booz Allen. ‘Era revolucionário’, destaca. Atualmente, a oferta tripla de televisão, telefonia fixa e internet rápida por uma única empresa é uma realidade. Agora, as companhias se preparam para o próximo passo: acrescentar a telefonia móvel ao pacote de serviços, criando o sistema chamado de ‘quadruple play’.


A TVA deve anunciar hoje seu primeiro passo nessa direção. A empresa instalou uma rede WiMax, tecnologia de banda larga sem fio, em São Paulo. ‘O que está acelerando o processo é a mudança no comportamento do consumidor’, afirma Leila. ‘Ele quer mobilidade, quer os serviços em qualquer dispositivo, em qualquer momento e em qualquer lugar.’ Na prática, o conceito de quadruple play significa que o consumidor pode ter um único fornecedor e uma única conta para telefonia móvel e fixa, TV e internet.


Com a versão móvel do WiMax, adotada pela TVA, seria possível fazer telefonia via internet, mas, segundo a executiva, o foco do serviço é a transmissão de dados. ‘Para a telefonia, ainda existem aspectos regulatórios para serem resolvidos.’


A Net, maior operadora de TV paga do País, conversa com a Claro, empresa celular do mesmo grupo, para também formar o quadruple play. ‘É uma sinergia natural’, afirma Márcio Carvalho, diretor de Produtos e Serviços da Net, mas diz que ainda não existe data para isto acontecer. Oportunidades nesta área serão discutidas no evento ABTA 2006, da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, que começa amanhã em São Paulo.


A Net começou a vender telefonia no trimestre passado, e conquistou 49 mil clientes de voz. A base de assinantes de internet cresceu 110%, para 532 mil. A empresa tem 1,6 milhão de clientes de televisão. Ou seja, um em cada três clientes assinam vídeo e internet. ‘A evolução da receita por cliente está totalmente relacionada com isso’, diz Carvalho. A receita média por cliente avançou 12% no período, para R$ 120,71.


PROMOÇÃO


E qual é o principal atrativo para o cliente? A princípio, preço. Na Net, o pacote com os três serviços sai a partir de R$ 99,90, numa promoção em que o cliente não paga a franquia do telefone por três meses. Se fossem comprados separados, sairiam por R$ 164,70. Na TVA, o pacote mais barato custa R$ 89,90. Fora do pacote, a conta ficaria em R$ 160,70. A TVA tem telefonia somente em São Paulo e planeja lançar o serviço no Rio no ano que vem. A Net oferece voz em nove cidades.


Leila, da TVA, aponta que o conceito não vai além de vender mais barato: ‘É um relacionamento de longo prazo, onde quanto mais o cliente consome, mais vantagens recebe’. Ela aponta mais vantagens, como receber tudo em uma só fatura e ter um único interlocutor em caso de dúvidas. ‘Mais de 90% dos clientes de telefonia assinam os outros dois serviços’, diz Carvalho, da Net. Para as empresas, além do aumento da receita por cliente, os pacotes trazem fidelização. Acesso à internet e telefonia são mais difíceis de serem cancelados pelo cliente que televisão.


‘Precisamos ter uma oferta completa de serviços’, diz Alberto Blanco, diretor de Novos Negócios da Oi, operadora móvel da Telemar. Na quinta-feira, a Telemar comprou a Way Brasil, empresa de TV a cabo nas cidades de Belo Horizonte, Barbacena, Poços de Caldas e Uberlândia (MG). A aquisição ainda tem de ser aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).


Com a Way Brasil, a Telemar se torna quadruple play. A empresa também é parceira de telefonia da TVA em São Paulo. A Telefônica solicitou à Anatel uma licença de TV via satélite, enquanto a Embratel está no controle da Net. ‘Nos próximos anos, o mercado de vídeo é o que mais vai crescer e a telefonia fixa a que vai mais cair’, diz Leila, da TVA. ‘É natural que as operadoras caminhem para esse mercado.’’


O Estado de S. Paulo


TNT lança desafio


‘Depois de realizar o Projeto 48, a TNT abre inscrições para o Projeto ONG, seu novo reality show cultural. Em vez de um curta-metragem, o vencedor desta nova maratona gravará um comercial para a ONG Nós do Cinema, criada pela cineasta Kátia Lund e que abasteceu o elenco do filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Aliás, o cineasta já confirmou sua participação no projeto.


O alvo do reality show são alunos de marketing e publicidade, staff das agências e interessados em geral. Cada equipe participante deve ter três integrantes e as inscrições podem ser feitas pelo site www.tnt.com.br até 18 de agosto. Além dos dados pessoais, os concorrentes devem incluir um plano para um anúncio institucional para a ONG.


Serão selecionados três grupos, que vão realizar seus projetos sob supervisão de profissionais da área publicitária e sob as lentes do canal. O Projeto ONG irá ao ar em cinco episódios em outubro.


O prêmio para o vencedor será a veiculação do comercial criado nos intervalos da programação dos canais da Turner – TNT, Cartoon Network, Boomerang, CNN Internacional e CNN en Español. O filme também ficará com a ONG, que poderá negociá-lo com outros canais, abertos e pagos.


Entre-linhas


Mal começou, Páginas da Vida está cheia de flashbacks. Nanda (Fernanda Vasconcelos) já passou dois capítulos rememorando os bons momentos com o namorado. É que já há atraso no envio do script para as gravações.


Mas Manoel Carlos, o autor de Páginas da Vida, costuma reproduzir o que dizem sobre seu ritmo dentro da Globo: se ele pudesse, escreveria o capítulo do dia seguinte só após assistir ao da véspera no ar. É o prazer de escrever em cima do retorno mais imediato que a platéia lhe dá. O elenco, em permanente estado de alerta e sem previsão para agenda pessoal, já conhece o ritmo do autor.


Presidente da CPI dos Sanguessugas, o deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), ocupa hoje o centro do Roda Viva. Às 22h30, na TV Cultura.


A RedeTV! informa que não comprou os direitos de exibição do reality show Dr. 90210, com o cirurgião plástico brasileiro Robert Rey.


A jornalista Marilu Torres, devidamente escoltada pelo marido, Nilton Travesso, lança hoje na Livraria da Vila da Casa do Saber o livro Caminhos da Fé – Santiago de Compostela. Às 19h.


A cineasta Carla Camurati será diretora da segunda temporada de Director’s Choice da MGM em parceria com a DirecTV/Sky.


A ESPN Brasil transmitirá 14 horas ao vivo de esportes radicais diretamente de Los Angeles, onde acontece o X Games. Os skatistas Sandro Dias, o Bob Burnquist e Karen Jones estarão em foco.’


************


Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 31 de julho de 2006


ELEIÇÕES 2006
Matheus Pichonelli


Genoino reaparece, diz que é vítima e faz críticas à imprensa


‘Após um período de reclusão, o ex-presidente do PT José Genoino disse ontem em São Paulo, em encontro do partido com a presença de Aloizio Mercadante e João Paulo Cunha, que o governo Lula enfrenta uma guerra armada por setores da mídia.


Disse que não praticou crime algum e que as acusações a ele não foram provadas. ‘Quando é para condenar, as manchetes são grandes e coloridas. Quando é para dar o resultado da investigação, a nota é pequena. Meu irmão, quando foi absolvido, ficou num cantinho de página.’


Durante o encontro, Mercadante afirmou que quer firmar parcerias com o setor privado para gerir as prisões.’


Folha de S. Paulo


Alckmin desafia Lula a participar de debates na TV


‘À noite, Geraldo Alckmin desafiou Lula ao cobrar da Rede Bandeirantes -à qual concedia uma entrevista – a exibição da cadeira vazia do presidente Lula caso ele não apareça nos debates. ‘Quero me comprometer com a presença para o debate. Mas quero o compromisso da cadeira vazia. Quem não vier, estará lá a cadeira vazia’.


Num momento em que o comando de campanha se queixa da dificuldade de arrecadação, Alckmin disse que enviará a potenciais doadores ‘uma cartinha’ pedindo colaboração, a exemplo do que fez na disputa ao governo do Estado. A carta, a qual a Folha teve acesso, inclui um símbolo da campanha do candidato, o número da conta e orientação para possíveis colaboradores.


Segundo integrantes do comando da campanha, os tradicionais colaboradores têm preferido esperar o início do horário eleitoral para fazer suas doações. Até lá, estará melhor desenhado o quadro eleitoral.


‘Essa dificuldade é de todas as candidaturas’, reconheceu o coordenador-geral da campanha, Sérgio Guerra.’


***


‘Geraldo’ decide voltar a incluir o nome Alckmin no material de campanha


‘Após a confecção de 6 milhões de panfletos só com o prenome Geraldo, o sobrenome Alckmin voltará a ser incorporado ao material de campanha do PSDB. Ainda que em tamanho menor, o ‘Alckmin’ será usado nos panfletos, cartazes e adesivos logo abaixo do Geraldo.


Embora o sobrenome seja de difícil assimilação, o PSDB desistiu da idéia de apresentar o candidato apenas como Geraldo para tentar criar certa intimidade com eleitor para não confundir a cabeça dos que já associam o tucano a Alckmin. Há ainda os que lembram a força do sobrenome em Minas, terra de José Maria Alkmin, que foi ministro da Fazenda de Juscelino Kubitschek e vice-presidente na gestão de Castello Branco (1964-67).’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Cenas


‘Por volta das 18h, entrou ‘breaking news’ na BBC, na CNN e na Fox News com a suspensão dos ataques.


Até lá, nos canais de notícias e sites de jornais de EUA e Europa, a pressão das manchetes e imagens foi crescente. Primeiro na mesma BBC, de Qana:


– Este foi o primeiro de muitos corpos que vimos. Muitos de crianças. Eu contei cinco em dez minutos… É só o que você pode ver do sofrimento, mas através da região estas cenas estão se repetindo todos os dias.


A CNN, de início, não mostrou as crianças, depois mudou. A Fox News evitou as cenas ao longo do dia.


Nos sites, a home do ‘New York Times’ não deu imagens nem sequer a notícia da morte de crianças -até a noite, quando abriu manchete para ‘Ataque mortal de Israel provoca escalada do conflito’.


As páginas iniciais de ‘Guardian’, ‘Le Monde’, ‘El País’ deram destaque crescente, mas sem as fotos.


Seguindo a cobertura, primeiro o britânico Tony Blair e depois o americano George W. Bush falaram em tom diverso dos dias anteriores -até a suspensão.


Na BBC, corpos de crianças são carregados em Qana


CORAÇÕES E MENTES


Paralelamente às cenas do Líbano, firmou-se a idéia de que, no dizer da Fox News, ‘o Hizbollah está conseguindo todo o apoio’ na luta por ‘corações e mentes’. Destacada pelo ‘NYT’ na sexta, sob o título ‘Onda de opinião árabe se volta para apoiar Hizbollah’, a notícia ecoou no ‘WP’, ontem, sob o título ‘Muitos árabes aplaudem Hizbollah’.


INÍCIO DE PROCESSO


Em meio à guerra, o site do ‘Financial Times’ trazia como submanchete ‘EUA e Brasil ressuscitam a esperança de um acordo comercial’.


A enviada americana, Susan Schwab, saiu dizendo que a reunião com Celso Amorim foi ‘o início de um processo que temos esperança que outros também vão apoiar’. Já o chanceler disse ser ‘possível, mas não vai cair do céu’.


De quebra, hoje no mesmo ‘FT’, o comissário europeu, Peter Mandelson, defende a ‘volta à mesa de negociação’.


TIO SAM


No ‘Observer’, a explicação do tom amigável dos EUA, sob o título ‘Tio Sam pode encarar reação comercial global’.


Para o prestigioso jornal, ‘o país está cada vez mais vulnerável a boicotes comerciais, com os emergentes culpando-o pelo colapso de Doha’:


– Aliás, para os emergentes, o colapso é só mais uma razão para odiar Tio Sam.


Noutro texto, o título ‘Para Bush, acordo justo é fazer o que os fazendeiros querem’.


BANANAS


O conservador Alvaro Vargas Llosa, no ‘Washington Post’, se pergunta se o Mercosul ficou louco, no título ‘Has Mercosur gone Bananas?’.


As razões seriam o apoio à candidatura da Venezuela a um assento temporário no Conselho de Segurança e o acordo assinado com Cuba.


O PETRÓLEO DE CUBA


Mas os EUA, ouvidos sobre o acordo do Mercosul com Cuba, não se opuseram, pelo que noticiou a BBC Brasil.


A explicação pode estar na longa reportagem da agência Associated Press, reproduzida nos sites de ‘Wall Street Journal’ e ‘WP ontem, ‘A descoberta de petróleo em Cuba quebrará o embargo?’.


Um ‘coro crescente de especialistas’ diz que o embargo tem que cair, porque ‘as recentes e consideráveis descobertas na plataforma norte de Cuba já chamaram a atenção de empresas de China, Espanha, Venezuela e Brasil’.


O Congresso dos EUA, aliás, já tem um projeto isentando suas petrolíferas do embargo.


SHOW DA VIDA Não tem fim a novela do julgamento de Suzane e Daniel, no ‘Fantástico’, ontem com a dramatização dos diálogos gravados na própria sala


CANAL LIVRE


O site de mídia Comunique se destaca a estréia do comentarista Franklin Martins, saída da Globo, hoje no ‘Canal Livre Eleições’, da Band.


A VELHA SENHORA


E o site Observatório da Imprensa destaca a ‘censura na ‘Revista do Brasil’, ordenada pelo TSE. Na manchete, ‘A velha senhora está vivíssima’.’


ARGENTINA
Sylvia Colombo


Revista questiona ‘correção política’


‘Na entrada do site da revista satírica argentina ‘Barcelona’ (www.revistabarcelona.com.ar), você dá de cara com um teste de múltipla escolha. Ali, uma pergunta: ‘Como você acha que vai terminar o conflito no Oriente Médio?’.


Entre as alternativas: ‘Israel ganhará e obrigará o mundo inteiro a comer matzá por toda a vida’; ‘O Hizbollah vai ganhar e decidirá que a Terra Santa se espalhará até a Argentina, onde colocarão Menem de volta na Presidência’, ou, ainda, ‘todo o Oriente Médio será destruído pelos Estados Unidos’.


Assuntos políticos explosivos, temas religiosos ultra-delicados, um sem-número de costumes da sociedade argentina e os maus hábitos e cacoetes da imprensa local são os temas pelos quais deitam e rolam (de rir) os jornalistas que fazem esse periódico quinzenal, independente e que vende cerca de 13.500 exemplares por edição desde a sua fundação, em 2003.


Há quem acuse a revista de fazer uso oportunista do politicamente incorreto para causar sensação numa sociedade que hoje é conservadora no que diz respeito à imprensa. O diretor da publicação se defende: ‘A incorreção política não nos interessa, pois trata-se de provocação gratuita. Gostamos, sim, de fazer o que politicamente nos parece, justamente, que é correto. O que se conhece por ‘correção política’ mesmo, na maioria dos casos, me parece uma imbecilidade’, disse Pablo Marchetti à Folha.


Seu título evoca a cidade dos sonhos de muitos imigrantes que fogem das ciclotímicas crises argentinas e sonham com o glamour e os empregos de uma cidade cosmopolita em que podem se virar e sobreviver sem ter de aprender uma outra língua. Já o subtítulo, ‘una solución europea para los problemas de los argentinos’ reforça o não menos ridículo -ainda que pensado para ser sério- subtítulo do jornal ‘El Clarín’, ‘un toque de atención para la solución argentina de los problemas argentinos’.


Na edição de nº 87, que se encontra agora nas bancas, está uma notícia sobre Kirchner negando que pretenda adotar mais políticas nacionalizantes. A ilustração? Uma fotomontagem de manifestação na extinta União Soviética com a multidão carregando placas de Marx, Lênin e… do próprio Kirchner. Em outra edição recente, a publicação questionou o ‘mito’ que se criou do futebol argentino como uma potência, colocando em dúvida os dois mundiais conquistados pela seleção (um teria sido ‘roubado’, com uma mãozinha dos militares, o outro, com o gol de mão de Diego Maradona).


Da política do governo com relação aos imigrantes (‘seria legalizado o porte de escravos bolivianos para consumo pessoal’) à ambição dos argentinos em ‘emplacar’ um papa nacional (‘Bergoglio [o papável deles]: ‘é muito difícil competir com um nazista alemão’), poucos assuntos nacionais e internacionais relevantes ficam de fora da pauta da revista.


Para mascote da Copa da África do Sul, em 2010, sugeriram o mascote ‘Esclavito’, um menino negro com um osso na cabeça e grilhões nos pés. Mas a idéia, dizem eles, é apenas satirizar a histeria coletiva em torno dos mundiais e o que eles representam como grandes negócios publicitários.


As provocações fizeram a ‘Barcelona’ multiplicar seus meios de ação. Além de participarem de programas de TV e rádio, os jornalistas acabam de lançar ‘Puto El Que Lee – Diccionário Argentino de Insultos, Injúrias e Impropérios’ (ed. Barcelona, 2006). Marchetti justifica a publicação contando que muitos dos termos que os argentinos usam no dia-a-dia não estão escritos em lugar nenhum. ‘Nesse sentido, o dicionário serve também como um trabalho lingüístico que dá conta da maneira como falamos neste determinado momento da história argentina.’


Imprensa


Mas o alvo principal da ‘Barcelona’ é mesmo a imprensa dita tradicional. Marchetti explica que, desde a crise de 2001 até hoje, a economia argentina atingiu relativa estabilidade, mas que isso acabou fazendo com que, na sua opinião, os jornais tradicionais ficassem cada vez mais apáticos ou explicitamente governistas. ‘A maioria dos meios é hoje muito oficialista. Quando fazem oposição, é sem autocrítica e sem noção do ridículo. Não há nenhum meio, por exemplo, que coloque em dúvida o suposto progressismo de Kirchner. E, para nós, isso é tão óbvio que é incrível que ninguém comente.’


Não é apenas o tratamento dado pela mídia aos grandes assuntos que está na mira de ‘Barcelona’. Pequenas manias não passam despercebidas. ‘Usamos muito nos títulos as expressões ‘ahora dicen’ (agora dizem) e ‘cada vez más gente’ (cada vez mais gente), que são fórmulas que a imprensa supostamente séria daqui utiliza diariamente para instalar temas ou criar tendências. Mas elas são de uma imprecisão absoluta, o contrário do que deveria ser o jornalismo.’


Mas, afinal, qual é o objetivo disso tudo? ‘Acho que fazemos um convite para que as pessoas leiam os jornais com cuidado e busquem a razão pela qual, para alguns meios, são certos personagens que importam, enquanto outros têm o foco em pessoas diferentes.’’


INTERNET
Álvaro Pereira Júnior


Socialista durão enfrenta MySpace


‘COMEÇOU A fechar o tempo no MySpace. No olho do furacão, o tiozinho esquerdista Billy Bragg, cantor inglês, homem de fortes posições políticas.


Como você sabe, o MySpace é o Orkut que deu certo. Enquanto o Orkut pegou só no Brasil -e é mais usado para galinhagem e fofoca-, o MySpace é um fenômeno mundial. Mais do que relações individuais, promove a aproximação entre artistas e fãs. Assim, milhares de bandas têm páginas ali, ficam amigas de um monte de gente, postam suas músicas, vídeos etc.


Tudo parece perfeito, mas… não é. Há alguns meses, o MySpace, invenção de dois jovens californianos, foi comprado pelo magnata das comunicações Rupert Murdoch, dono, entre outras coisas, dos canais e estúdios Fox, da SkyTV e de um monte de jornais.


Murdoch, que tem mais de 80 anos e nenhuma fama de bom velhinho, pagou meio bilhão (!) de dólares pelo MySpace e de repente virou cool. Foi parar até na capa da revista ‘Wired’, bíblia da descolância planetária.


Mas voltando ao Billy Bragg. Como tantos outros artistas, ele criou página no MySpace e botou músicas à disposição dos fãs. Estava achando tudo lindo, até que foi ler aquelas letrinhas bem pequeninas dos termos de serviço, que entraram em vigor em maio passado, sem alarde, e com os quais todos os usuários têm de concordar.


Estava lá que o MySpace tem ‘totais direitos’ sobre todo o conteúdo postado. Bragg interpretou isso como o império de Murdoch querendo, na surdina, se apossar do trabalho dos artistas. Bem a seu estilo linha-dura, retirou suas músicas do MySpace.


Disse ele à revista ‘Spin’: ‘Nem a pau (‘no fucking way’, no original) vou entregar meus direitos desse jeito’. O MySpace nega a tentativa de trambicagem, mas a guerra já começou. Quem será que vai ganhar?’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Band ataca ‘manipulação’ política da Globo


‘A Band publica hoje anúncio de duas páginas em jornais atacando propaganda da Globo, publicada na última quinta-feira sob o título ‘Eu Prometo’. No anúncio, a Globo apresentava a sua cobertura das eleições deste ano, que, a partir de hoje, terá série de reportagens no ‘Jornal Nacional’ produzidas em um ônibus e um barco que percorrerão todo o país.


O anúncio da Band não cita a Globo nominalmente, mas se refere diretamente a ela. Diz que o ‘eleitor já está acostumado ao blá-blá-blá dos candidatos. Duro é promessa de quem nem candidato é’. Afirma que para ter ‘isenção e credibilidade não basta ônibus ou barco’.


Em seguida, a Band enumera seus feitos jornalísticos desde 1979, na cobertura da volta dos exilados pela ditadura militar, até 1991, no Collorgate. E os compara com os da Globo.


A Band anuncia que em 1982 fez o primeiro debate para governador e que, em 1984, cobriu os comícios das Diretas Já. ‘Eles silencia[ra]m’, declara, referindo-se à Globo.


Em 1989, a Band festeja a realização do primeiro debate de presidenciáveis. ‘Eles manipula[ra]m a edição do debate’, acusa, referindo-se ao ‘Jornal Nacional’ que mostrou Fernando Collor de Mello vencendo Luiz Inácio Lula da Silva no debate que a Globo promovera.


A Central Globo de Comunicação afirmou que a emissora só se manifestará após a publicação do anúncio.


ANIMAÇÃO NO GELO 1 Suzana Vieira, Deborah Secco e Juliana Paes estão levando a sério o ‘Dança no Gelo’, novo quadro do ‘Domingão do Faustão’ que estréia dia 13, no qual elas competirão num ringue de patinação. Todas têm ensaiado quase todos os dias.


ANIMAÇÃO NO GELO 2Suzana Vieira é a que mais tem ‘apanhado’ dos patins. Na semana passada, chegou a dar um piti com o professor de patinação. Deborah Secco está cheia de hematomas. E Juliana Paes, que já sabia patinar, por enquanto está achando tudo muito divertido.


NOVO ELENCOEm ‘O Aprendiz 3’, que estréia dia 6, Roberto Justus terá três conselheiros, e não mais dois. E sua assessora Isabel Arias deixou o programa.


RENÚNCIA NA RECORD 1O ator Castrinho foi convocado pela cúpula da Record, na última quinta à noite, a dar esclarecimentos sobre sua candidatura a deputado estadual do Rio de Janeiro, pelo PFL.


RENÚNCIA NA RECORD 2A Record exigiu que Castrinho renunciasse à candidatura, caso contrário não gravaria mais a novela ‘Bicho do Mato’. Desde 1º de julho, artistas e apresentadores que são candidatos não podem trabalhar em TVs, sob pena de multa e até corte do sinal da emissora. Na sexta, o ator renunciou.


NOME ENGANOSO Vai se chamar ‘Paraíso Tropical’ a próxima novela de Gilberto Braga na Globo. Parece nome de trama das sete, mas o conteúdo será de produção das dez. A história terá muito sexo.’


************