Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Renato Cruz

‘A America Online Latin America, que opera no Brasil, avisou ontem a Securities and Exchange Commission (SEC), autoridade do mercado acionário americano, que pode pedir concordata, por falta de dinheiro. A alternativa seria parar de operar. A situação exposta pela empresa não é nada animadora: ‘A qualquer momento durante o processo de tentar vender nossos negócios ou fechar qualquer operação, podemos concluir que seria mais vantajoso pedir concordata sob as leis dos Estados Unidos ou um ou mais países em que operamos.’

Segundo o comunicado, o dinheiro acabará no terceiro trimestre. A AOL Latin America tentou levantar recursos adicionais com os sócios Time Warner, America Online, Grupo Cisneros e Banco Itaú, sem sucesso. ‘Não estamos atualmente gastando recursos para obter financiamento de qualquer fonte porque acreditamos que quaisquer esforços seriam fúteis, tendo como base experiências passadas.’

A venda de ativos não resolveria o problema. Desde maio de 2004 foram feitos esforços, sem sucesso. A AOL Latin America deve US$ 160 milhões para a Time Warner, que detém notas seniores conversíveis e tem preferência em receber os recursos resultantes da dívida de ativos. Os detentores de ações preferenciais também têm cerca de US$ 599 milhões a receber. ‘Mesmo se tivermos sucesso em vender todas operações, os recursos não seriam suficientes para pagar as notas seniores conversíveis, e nenhum dos recursos ficaria disponível para os detentores de nossas ações ordinárias’, informou a companhia. ‘Dessa foram, não acreditamos que nossas ações ordinárias têm, ou terão, qualquer valor.’

O balanço divulgado em novembro, referente ao terceiro trimestre de 2004, já não era nada bonito. Descontando-se US$ 35,340 milhões referentes a caixa e recebíveis, os ativos da companhia, que poderiam ser vendidos, totalizavam somente US$ 4,590 milhões. Isto, para um passivo de US$ 187,402 milhões. O prejuízo acumulado da companhia estava em US$ 912,151 milhões.

A AOL Latin America, que já chegou a ter mais de 1 milhão de clientes, fechou setembro do ano passado com 400 mil. No Brasil, a atuação foi tumultuada desde o início, em 1999, quando parte dos CDs que a empresa distribuiu tinha faixas de pagode no lugar dos programas de instalação. Nem mesmo a entrada do Itaú como sócio, no ano seguinte, impediu a perda de terreno para os concorrentes locais. Além do Brasil, a empresa opera no México, Argentina e Porto Rico.’



Folha de S. Paulo

‘AOL pode fechar operações na América Latina’, copyright Folha de S. Paulo, 24/03/05

‘A AOL América Latina advertiu anteontem em comunicado à SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos, que pode, a qualquer momento, pedir concordata ou encerrar suas operações. A provedora de acesso à internet atua no Brasil e no México, entre outros países.

A empresa informou ainda que busca potenciais compradores, mas avisou que, mesmo que consiga vender o seu patrimônio, não poderá pagar todas as suas dívidas. A companhia estima ter recursos disponíveis apenas até o terceiro trimestre deste ano.

No relatório, a AOL América Latina disse que não busca novos financiamentos, pois ‘quaisquer esforços para obtê-los serão em vão, com base em experiências passadas’.

Embora tenha recursos suficientes para operar por mais alguns meses, a AOL informou que pode entrar em ‘default’ com a Time Warner, que tem US$ 160 milhões em títulos conversíveis de sua dívida.’



FOTOGRAFIA
João Luiz Sampaio

‘Fotografia ganha nova publicação’, copyright O Estado de S. Paulo, 27/03/05

‘A fotografia acaba de ganhar uma publicação com o lançamento da Photo Magazine. E o n.º 1 já mostra a que veio a revista: de um lado, há informações a respeito de equipamentos e outros elementos técnicos de interesse claro para fotógrafos; de outro, porém, a revista mostra interesse também num público mais amplo, com discussões a respeito de questões essenciais ao trabalho fotográfico que também nos dizem respeito. Afinal de contas, seja nos jornais, nas revistas ou em mostras especiais, a fotografia, pode-se afirmar, é parte mais do que institucionalizada do nosso dia-a-dia.

O grande destaque deste primeiro número é o resultado do World Press, o Oscar da fotografia mundial que, neste ano, teve entre os vencedores um brasileiro, J.F. Diorio, do Estado. Estão lá os principais vencedores desta edição e também alguns dos célebres vencedores de outras edições do prêmio.

Outro destaque importante é uma discussão sobre as fotos publicadas pelo New York Times há alguns meses, ilustração para uma matéria sobre obesidade no Brasil: a legenda da foto mostrava três senhoras acima do peso em Ipanema e a legenda chamava a atenção para o aumento no número de pessoas obesas no País.

O problema: as três ‘gordinhas’ retratadas eram turistas checas. O acontecido é gancho para uma discussão a respeito do fotojornalismo, com entrevistas com profissionais brasileiros e um depoimento do fotógrafo John Mayer, autor das imagens responsáveis pela polêmica.

A revista tem também entrevistas interessantes: Diógenes Moura, há 12 anos curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, fala de seu trabalho, assim como o suíço René Burri. Vale a pena também entrar no universo de Iberê Camargo por meio das lentes do fotógrafo José Góes, que acompanhou o cotidiano do pintor no início dos anos 70.’



ANTI-BAIXARIA NA TV
Carol Knoploch

‘Classificação indicativa ganha novos critérios’, copyright O Estado de S. Paulo, 28/03/05

‘Pelos próximos quatro meses, um novo grupo, formado por representantes do Executivo, Legislativo, Judiciário e organizações da sociedade civil, vai discutir os caminhos para a classificação indicativa da programação da TV. O grupo, responsável por subsidiar uma regulamentação para o setor, foi criado pela Portaria 378, de 21 de março deste ano, publicada na última terça-feira, no Diário Oficial da União. As emissoras de TV estarão representadas por associações como a Abert e Abratel e não participarão diretamente do processo – agências de publicidade também estão fora do debate.

A boa notícia é que, desta vez, produtoras independentes – por meio da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão – e Ongs como a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) e o Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes (Midiativa) passarão a fazer parte desse processo.

De acordo com José Eduardo Elias Romão, diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação, da Secretaria Nacional de Justiça, as entidades foram convidadas – o primeiro contato foi em outubro de 2004 – e têm até o dia 4 para confirmar presença. Nos próximos dias, será divulgado, também por meio de portaria, os nomes das entidades e os temas a serem discutidos, nos mesmo moldes em que foi regulamentada a classificação indicativa para cinema, vídeo e DVD.

Essas entidades e outras que não estarão no processo sugeriram os temas a serem discutidos. Outros focos foram levantados pela campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Noticiários policialescos estarão em pauta – Cidade Alerta, por exemplo, não será nominalmente um assunto, mas o tom que ele representa, visto que não é o único, sim.

O objetivo é criar novos critérios para elaboração de legislação regulamentadora, com base na liberdade de expressão e na proteção à criança e ao adolescente. A classificação indicativa cabe ao Ministério da Justiça com fundamento na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Desde 1990, a competência é do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação. Em caso de abuso, o Ministério Público é acionado e pode pedir a aplicação de multas ou a suspensão da programação.’