Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Renato Cruz

‘‘A Terra ainda é azul’, afirmou o sul-africano Mark Shuttleworth, de 31 anos, lembrando de sua estada de oito dias em órbita, na Estação Espacial Internacional. ‘Não ficou marrom por enquanto, exceto por grandes pedaços de cidades, que parecem uma doença. Partes do Brasil estão intocadas. E partes da África também.’ Shuttleworth – uma tradução para o sobrenome é ‘digno do ônibus espacial’ – foi o segundo turista espacial do mundo.

Ele pagou US$ 20 milhões aos russos para viajar ao espaço, o que aconteceu entre abril e maio de 2002, quando integrou a equipe da Soyuz TM34. Shuttleworth tornou-se multimilionário ao vender a sua empresa Thawte, especializada em segurança na rede mundial, para a americana Verisign por US$ 575 milhões, no auge da euforia da internet, em 1999. No ano seguinte, a bolha estourou.

Shuttleworth visita o Brasil e estava em São Paulo na sexta-feira. Ele também passou por São Carlos (SP), Manaus, Brasília, Salvador e Porto Alegre, visitando projetos de inclusão digital, empresas e universidades, encontrando-se com pesquisadores, representantes da comunidade de software livre e integrantes do governo.

‘A emergência do software livre é uma oportunidade fantástica’, afirmou o empresário sul-africano. ‘Acredito que as iniciativas de inovação virão cada vez mais do mundo do software livre do que do proprietário.’ O software livre, como o sistema operacional Linux, pode ser usado, copiado e modificado livremente, sem a necessidade de pagamento de royalties. Seu código-fonte (linhas de comandos de programação) é aberto a qualquer pessoa que queira estudá-lo ou melhorá-lo. O software proprietário, como o produzido pela Microsoft, tem o código fechado e exige o pagamento de royalties.

INDÚSTRIA

O turista espacial criou uma distribuição de Linux chamada Ubuntu, palavra africana que significa ‘humanidade para os outros’. Ou algo como ‘sou o que sou por causa do que somos todos nós’. A idéia foi criar um sistema operacional para computadores de mesa, que seja fácil para qualquer pessoa usar. Ao contrário de algumas outras versões do Linux, mesmo a versão empresarial, é de graça. O cliente pode pagar pelo suporte técnico, se precisar. Em julho, Shuttleworth criou a Ubuntu Foundation, na qual aplicou US$ 10 milhões, para garantir a continuidade do projeto de software livre.

‘Meu envolvimento com o software livre começou em 1995, na Universidade da Cidade do Cabo’, explicou o empresário. ‘Não suportava trabalhar com o Windows e comecei a usar o Linux.’ A experiência foi aplicada na Thawte, empresa que criou no mesmo ano. Em 1996, a empresa foi a primeira a se tornar uma autoridade certificadora, que garante a segurança dos sites, fora dos Estados Unidos. Também foi a primeira no mundo a emitir um certificado digital para o servidor Apache, que tem código aberto.

Para Shuttleworth, o software livre é a principal força de mudança na indústria de software hoje. ‘Ele assusta os executivos’, explicou o astronauta. ‘Se eu estivesse no lugar deles, optaria por antecipar minha aposentadoria. Venderia minhas ações e iria viver na praia. O momento pode ser bem difícil para empresas como a Microsoft. Companhias como o Oracle e a SAP devem comprar uma a outra até que não sobre mais nenhuma.’

RETOMADA

O empresário sul-africano foi um dos milionários criados pela bolha da internet. Vendeu no momento certo e realizou o sonho de se tornar astronauta. Agora, o mercado de tecnologia dá sinais de recuperação. Na quinta-feira, o gigante Yahoo! comprou 40% do portal chinês Alibaba, por US$ 1 bilhão.

Uma nova bolha? ‘Não acho que haverá uma nova explosão de investimentos na internet nos próximos dois anos’, afirmou Shuttleworth. ‘Mas, depois que o mercado despencou, a inovação continuou no mesmo ritmo. O mercado sobe e desce, mas a inovação mantém o passo.’

Na opinião do empresário, a próxima onda de tecnologia será liderada pelos programas de código aberto. ‘Aposto que a infra-estrutura da empresa chinesa comprada pelo Yahoo! roda em software livre.’’



INTERNET
Rupert Cornwell

‘Blogueiros protestam contra Bush nas rodovias’, copyright Folha de S. Paulo / The Independent, 13/08/05

‘Você gostaria de desabafar seus sentimentos com relação ao iníquo e belicoso ocupante da Casa Branca? Bem, pode escrever uma carta ao seu jornal, ouvir os programas de entrevista em rádios liberais ou clicar em um confiável site esquerdista da internet. Outra alternativa é sair de carro pelas rodovias da Califórnia.

Elas são o domínio dos blogueiros motorizados, um grupo de pessoas que inventou uma versão tangível da internet em meio ao concreto e ao asfalto para expressar seus sentimentos quanto a George W. Bush. As mensagens, postadas em viadutos, pontes e barreiras protetoras, são curtas, sarcásticas e muito, muito rudes.

Quantos desses blogueiros estão em circulação? Ninguém sabe ao certo. Quem são eles? A maioria, aparentemente, jovens rapazes de disposição amenamente anarquista, com uma mensagem a divulgar, certo talento atlético e uma pronunciada apreciação pela adrenalina que esse tipo de atividade descarrega. Estão violando a lei? Talvez, ainda que seja difícil argumentar que os ataques que fazem ao presidente Bush distraem mais os motoristas do que os anúncios de moda ousados, os painéis das estações locais de TV e os outros marcos do consumismo descontrolado que adornam todas as estradas nos EUA.

Esses anunciantes, evidentemente, precisam pagar pelo privilégio em contrapartida; e quanto à sacrossanta primeira emenda à Constituição dos EUA, que garante o direito à liberdade de expressão? A técnica tampouco é ilegal. Naquele distante período de 18 meses de patriotismo indubitável que se seguiu aos ataques do 11 de Setembro, e nos primeiros dias da Guerra do Iraque, as rodovias norte-americanas estavam repletas de flores, bandeiras, diatribes contra Bin Laden e inúmeros pedidos de apoio aos soldados.

Agora a situação política mudou, e as mensagens têm tom mais sombrio. Ao lado de um velho cartaz com a mensagem ‘Apóie nossos soldados’, um blogueiro rodoviário acrescentou sua sugestão sobre a melhor maneira de fazê-lo: ‘Derrubem os bastardos homicidas que enviam soldados para a morte por um monte de mentiras’.

Outra das intervenções vai direto ao cerne do escândalo referente à Agência Central de Inteligência que abalou a posição do principal assessor político do presidente: ‘Apoiamos Karl Rove’, diz a mensagem, assinada por ‘norte-americanos pela traição.org’.

O efeito dessa onda de propaganda é discutível. Os índices de aprovação a Bush e sua condução da guerra no Iraque estão batendo recordes de baixa, mas os mais de 1.800 soldados norte-americanos mortos no Iraque, os 10 mil seriamente feridos e a insurgência aparentemente invencível certamente têm muito mais a ver com isso do que as reclamações desses grafiteiros do século 21.

O que não se discute, no entanto, é que os blogs rodoviários são uma forma eficiente de expressão. ‘Levo cerca de sete minutos para escrever e pintar um cartaz, e seis segundos para pendurá-lo’, disse um dos responsáveis pelos cartazes. Os materiais -cartolina ou tecido e tinta- custam apenas alguns dólares, e é simples afixá-los.

De acordo com um conjunto de instruções postado na internet, cartazes menores podem ser instalados com apoio de cercas e amarrados em posição com fortes cordas usadas em bungee jumps. Para os cartazes de maior porte, cabides e fita adesiva são recomendados. Os cabides precisam ser fixados com fita adesiva no topo do cartaz e depois enrolados em torno da cerca, antes de serem amarrados com cordas de bungee jump. Quando à localização, qualquer uma serve (praticamente). Não só vias elevadas e muros de proteção, mas ‘qualquer coisa que se possa ver dirigindo é um bom lugar para um cartaz’, de acordo com as instruções.

‘Dezenas ou até centenas de milhares de pessoas podem passar de carro por um cartaz ainda que seja removido em apenas cinco minutos. Excetuados os prisioneiros de verdade, não existe audiência mais cativa do que pessoas em automóveis’, afirma o site. Alguns dos cartazes são removidos em minutos. Mas outros ficam onde foram colocados durante meses.

De certa forma, a mídia é ainda mais efetiva do que a internet, da qual extrai seu nome. O ciberespaço político está dividido em guetos de esquerda e de direita, mas, como disse um praticante, ‘quando você coloca um cartaz na estrada, atinge a todos’.

E nas movimentadas rodovias da Califórnia, pioneiras nessa forma de arte, ‘todos’ quer dizer muita gente -dezenas, talvez centenas, de milhares de pessoas trafegando por uma rodovia de oito pistas, sem alternativa a não ser ler essas declarações políticas na beira da estrada.

Para os motoristas republicanos, deve ser um inferno. Mas, para os blogueiros da estrada, a vida não poderia ser melhor. Tradução de Paulo Migliacci’



Antonio Brasil

‘Internet rouba audiência da TV?’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 5/08/05

‘Segundo pesquisa divulgada esta semana pela Forrester Research (ver aqui) e publicada no Brasil pela Folha Online, ‘os internautas norte-americanos que tem conexão de banda larga em suas casas, assistem, semanalmente, duas horas a menos de televisão do que aqueles desconectados’. Ainda segundo o estudo, ‘os entrevistados que não têm Internet em casa passam cerca de 14 horas semanais em frente à TV, contra 12 horas e meia gastas pelos internautas de acesso discado e 12 horas gastas por aqueles com conexão rápida’.

Pelo estudo da Forrester há evidências de que a tal ameaça da Internet à hegemonia da TV como meio de comunicação de massa deixou de ser uma mera ameaça. ‘Nos próximos anos, as emissoras devem enfrentar uma queda ainda maior de audiência. Isso porque o número de usuários residenciais que utilizam a banda nos EUA não vai parar de crescer: eles eram 31 milhões, no final de 2004, e prevê-se que cheguem a 71,4 milhões, em 2010. Há seis anos, em 1999, essa facilidade era restrita a cerca de 2,6 milhões de internautas residentes nos EUA.

Brasil, miçangas e ‘espelhinhos’

A situação no Brasil não é muito diferente. Em alguns aspectos o ritmo da migração do brasileiro para a Internet é ainda mais dramático. Já estamos em primeiro lugar no mundo, em termos de tempo de conexão do nosso internauta tupiniquim. O brasileiro é o povo que passa mais tempo conectado na rede. Impressionante. Isso não é à toa ou mera coincidência.

Em 1950, om empresário brasileiro Assis Chateaubriand, o nosso polêmico visionário, conhecido como Chatô, saiu pelo mundo e resolveu trazer para o nosso país a Internet da época, a TV. Obviamente, não trouxe para o Brasil a solução para a fome ou para a educação. Mas vislumbrou uma grande fonte de dinheiro e poder. A TV não teve a menor dificuldade em se instalar em nosso país, apesar de tanta miséria e injustiças sociais. Adoramos as miçangas e os espelhinhos importados. Podem ser analógicos ou digitais. Tanto faz!

Caso você não saiba, fomos o quarto país do mundo, repito, o quarto país do mundo a adotar a nova tecnologia, a TV. Apesar de já termos uma base comunicação nacional instalada e dedicada a outro meio, o rádio, em poucos anos fizemos a migração acelerada e alucinada, bem no nosso estilo apressado e inconseqüente, para um novo meio: ‘o rádio com imagens’ ou TV à brasileira. Na pressa de adotar o novo, o novíssimo, o moderníssimo, adaptamos o mesmíssimo e velhíssimo conteúdo do rádio para o novo meio, a TV.

Adoramos adotar novas tecnologias, mas odiamos planejar o futuro ou conteúdo apropriado para os novos meios. Adoramos improvisar. Na hora, damos um jeitinho. Não pesquisamos conteúdo ou planejamos o nosso futuro. Talvez isso explique o atual mostrengo do modelo da TV brasileira com hegemonia de canal único e o ‘jeitinho’ digital que se aproxima rapidamente.

Dados humilhantes

Em meros 50 anos, nos tornamos um dos países mais conectados e dependentes de TV no mundo. Hoje, divulgamos com triste e humilhante ‘orgulho’ que 98% dos lares brasileiros não possuem um refrigerador, utilidades domésticas básicas ou saneamento básico. Mas 98% dos brasileiros assistem a TV com uma programação saturada de péssimas telenovelas. E dá-lhe novelas o dia inteiro. Nada como uma historinha de amor para manter o brasileiro cada vez mais sedado e apático.

Talvez esses dados sobre a grande penetração da TV brasileira também expliquem porque o Brasil é com triste e humilhante orgulho o penúltimo país do mundo – entre cerca de 147 paises, só perde para Serra Leoa, na África – em concentração de renda e desequilíbrio social. Por enquanto, somos vice. Mas, com tantos brasileiros emigrando para o exterior, crises políticas no governo e desesperança generalizada na população, não temos porque nos preocupar. Com muitas telenovelas, futebol e ainda mais corrupção, essa taça certamente em breve também será nossa. Serra Leoa que se cuide.

TV dos tiranos

A TV é um meio desenvolvido e aprimorado pelos ‘tiranos’. Não é à toa que os ‘tiranos’ de hoje lutam pela sobrevida do meio a qualquer custo. Digital ou analógico, o modelo, ‘eu falo, mostro, mando e vocês todos vêem, ouvem e obedecem’ fez tanto sucesso no Brasil. Mas também é verdade que muita gente gosta. Muitos preferem viver eternamente dopados pelas novelas para se afastar ainda mais da realidade. Assim como outros vícios, a TV oferece alguns momentos de um total imersão em um mundo irreal. É bom emburrecer em frente a TV. Puro escapismo de realidade adversa que somos impotentes de mudar. Com isso, ganha a TV, mas sofrem os programas considerados sérios como os telejornais e documentários.

Pesquisas contraditórias e a droga do século!

Essa reflexão talvez nos ajude a entender um cenário bem mais complexo. Nesta mesma semana, uma outra pesquisa (ver aqui) contradiz frontalmente essa tendência de perda de audiência da TV para a Internet ou para qualquer outro meio. Segundo o estudo divulgado pela rede americana Turner Broadcasting que controla, entre outras emissoras, a toda-poderosa CNN, a audiência da TV tem crescido muito nos últimos anos. A Turner anuncia que as pessoas estão, sim, dedicando mais tempo aos meios de comunicação em geral. Elas dedicam cada vez mais tempo à Internet. Mas também assistem ainda mais TV, tanto aberta como a cabo. Ou seja, segundo os pesquisadores da rede de TV americana, o público tem ‘assistido’ cada vez mais, e, provavelmente, vivido cada vez menos. A realidade assusta e meio de comunicação – Internet ou TV – virou a droga do século!’.

Mas, por outro lado, como bem dizia o velho e cético jornalista Paulo Francis, ‘quando você quiser confirmar qualquer coisa, seja uma verdade ou uma mentira, faça uma pesquisa’.

Agora, você decide!’



Mario Lima Cavalcanti

‘Recheando o conteúdo com o Google Maps’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 9/08/05

‘O que acha de um classificados virtual que possui um mapa geográfico interativo – com direito a zoom in e zoom out – com o objetivo de facilitar a localização por parte de possíveis compradores? E de um jornal online que inclui o mesmo tipo de recurso em algumas de suas notícias a fim de torná-las mais informativas? De uns tempos para cá, publicações passaram a utilizar de forma criativa soluções multimídia terceiras desenvolvidas, em uma primeira instância, para outros fins. Entre tais soluções, o Google Maps tem se destacado por possuir um adendo para editores – o Google Maps API (interface de programação de aplicação) que permite a inserção de mapas interativos e personalizados em suas páginas.

No início deste ano o desenvolvedor norte-americano Adrian Holovaty, criador do weblog sobre engenharia de sites Holovaty.com, lançou o Chicagocrime.org com o objetivo de listar crimes ocorridos nos últimos três meses em Chicago, nos Estados Unidos. Um dos principais atrativos da página – e acho que ficaria um buraco se não houvesse – é justo o uso oportuno do serviço de mapas do Google. Segundo Holovaty, seu site utiliza o Google Maps para exibir um mapa da cidade e o Citizen ICAM – site do Departamento de Polícia de Chicago – para coletar dados de crimes reportados. É feito uma espécie de cruzamento de informações. O resultado é um serviço original que se apóia em dois fornecedores virtuais de informação.

Mais recentemente, o Colorado Homes, que comercializa imóveis nos Estados Unidos, criou um mecanismo de busca que inclui uma combinação dos serviços Google Maps e Google Earth para exibir não somente mapas cartográficos, mas também imagens de satélite a fim de que os interessados conheçam melhor a região onde podem vir a morar.

Na mesma linha, o Oodle, uma ferramenta de busca de classificados online, integrou o Google Maps ao seu serviço, permitindo assim que o comprador visualize a localização do endereço do vendedor.

Esta semana, um protótipo de uso do Google Maps em sites de notícias foi apresentado pelo jornalista Larry Larsen, editor multimídia no Instituto Poynter. Nele, estão os balões de informações, que nos classificados virtuais exibem o endereço do vendedor, comentários ou curiosidades sobre a área demarcada. Indo mais além, com esse recurso poderiam ser mostrados comentários em forma de suítes. Dessa forma, além do leitor se informar sobre possíveis atrações ou curiosidades locais, ele estaria ligado a fatos que já ocorreram naquela mesma área.

Com os exemplos bem sucedidos acima, a tendência é que outros surjam e novas APIs, sejam para mapas geográficos ou outro tipos de conteúdo, apareçam. Integrar esse tipo de recurso a um site de notícias, se feito de forma oportuna, passa a ser, assim como infográficos construídos em Flash ou em Java, um valioso complemento da informação. Até a próxima.’



Juliana Carpanez

‘72% usam rede para fim pessoal’, copyright Folha de S. Paulo, 13/08/05

‘Os funcionários brasileiros trabalham semanalmente duas horas a menos do que deveriam. Esse tempo é usado na internet para fins pessoais, segundo a primeira pesquisa Web@Work, da Websense, voltada para Ásia-Pacífico e América Latina.

Os gerentes de tecnologia da informação, por outro lado, acreditam que esse tempo exceda as quatro horas semanais. A informação surpreende, pois mostra que os colaboradores usam menos a internet para fins pessoais do que se imaginava.

‘Talvez essa diferença seja explicada pela dificuldade que os funcionários têm em medir o tempo de navegação. A conversa com amigos nos comunicadores instantâneos [MSN Messenger e ICQ], por exemplo, acontecem de maneira picada e isso complica o cálculo’, afirma Marcos Prado, gerente de canais da Websense.

De todos os funcionários entrevistados no Brasil, 72% confessaram usar a internet para fins pessoais. Quando a pesquisa considera oito países da Ásia-Pacífico e América Latina, esse valor sobe para 83%.

Quando não usam a internet para trabalhar, 52% dos funcionários brasileiros afirmam que vão a páginas de bancos durante o expediente -as favoritas entre os internautas locais. Em seguida, vêm os sites de notícias (46%) e de compras (22%).

No ranking da pesquisa que abrange os outros países, a liderança é dos sites de notícias (51%) e internet banking (38%).’



MEMÓRIA / PETER JENINGS
Eliakim Araujo

‘A morte de uma estrela do jornalismo’, copyright Direto da Redacao (www.diretodaredacao.com), 11/08/05

‘Peter Jenings, um dos maiores âncoras do telejornalismo americano, morreu esta semana em Nova Iorque. Peter, que durante vinte e dois anos apresentou o principal telejornal da rede ABC, anunciou em abril em seu programa, em rede nacional, que estava com um câncer de pulmão.

Com a voz completamente rouca, Peter aproveitou para mandar um recado. Depois de deixar o cigarro durante vinte anos, voltara a fumar no episódio da destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em setembro de 2001. Mas prometia enfrentar o tratamento na base da quimioterapia e retornaria ao seu respeitado noticiário das seis e meia, o ‘World News Tonight’. Não voltou. Morreu quatro meses depois.

Peter Jenings, juntamente com Dan Rather (da CBS) e Tom Brokaw (da NBC), dominou o horário nobre do jornalismo televisivo americano nas duas últimas décadas. Todos beiravam os setenta anos e possuíam um prestígio difícil de imaginar no telejornalismo de outros países. Em comum, os três tinham competência e enorme credibilidade junto ao público e à classe política.

Em menos de um ano os três deixaram o convívio diário com o público e a notícia. Sem trauma, Brokaw aposentou-se no dia 2 de dezembro do ano passado, depois de anunciar sua saída com dois anos de antecedência. Traumático foi o afastamento do velho Dan Rather. Uma informação sobre o serviço militar do presidente Bush, baseada em documento falsificado, custou-lhe a cadeira de âncora na CBS. Com a morte de Jenings, chega ao fim a era de ouro do telejornalismo americano.

As redes aparentemente não encontraram substitutos à altura para os três âncoras. Os que entraram, pelo menos até agora, não conseguiram fazer esquecer os antigos titulares. Falta carisma, tempo de serviço e principalmente intimidade com a notícia. Além do mais, as redes não parecem muito interessadas em encontrar profissionais que possam preencher os lugares.

A preocupação maior da indústria televisiva neste momento é com as pesquisas que estão sinalizando para um esvaziamento gradativo da audiência dos noticiários da TV. A pressão do governo sobre a mídia em questões como a Guerra do Iraque pode ser uma das causas dessa queda, mas sem dúvida o crescimento da internet como principal fonte de informação, principalmente entre as gerações mais novas, é que vem determinando essa mudança, que pode significar a curto prazo uma gigantesca revolução nos hábitos da sociedade.

Voltando a Jenings, vale destacar, além da empatia com o telespectador, sua simplicidade em transmitir as notícias. Aliás, em matéria de telejornalismo não há muito o que inventar. A receita é simples. Um (a) âncora (a) que não queira ser mais importante que a notícia e a informação precisa, isenta e descomprometida com partidos políticos ou grupos econômicos.

Talvez falte ao telejornalismo brasileiro essa preocupação com o conteúdo. Roupas, cabelos, maquiagem, cenários são apenas acessórios e não merecem o lugar de destaque que ocupam em nossos noticiários.

(*) Ancorou o primeiro canal internacional de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora do Jornais da Globo, Manchete e SBT e noticiarista da Rádio JB. Tem uma empresa de assessoria em jornalismo e marketing.’