Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Sergio Torres

‘O prefeito petista de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, contratou por quase R$ 600 mil, pelo período de seis meses, a empresa que fez o projeto de marketing de sua campanha, a Supernova Mídia e Comunicação S/C Limitada, a quem o PT deve R$ 250 mil.

O débito com a Supernova consta da planilha de dívidas apresentada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado do Rio em 30 de novembro de 2004 pelo prefeito já eleito. Lindberg e o administrador financeiro da campanha, Paulo César de Araújo, assinam o documento. A dívida não foi quitada até hoje.

Na planilha, Lindberg informa ao TRE-RJ que sua campanha para prefeito da segunda mais populosa (817.117 habitantes) cidade da Baixada Fluminense (região metropolitana do Estado) acumulou R$ 491.610,35 em dívidas. O maior credor é a Supernova.

No dia 8 de abril deste ano, o prefeito homologou a contratação da empresa, que tem sede no município de São Lourenço da Serra (56 km ao sul de São Paulo). O objetivo era ‘a prestação de serviços de publicidade e propaganda institucional para a prefeitura da cidade de Nova Iguaçu’.

O valor do contrato, firmado pelo prazo de 180 dias, é bem mais do que o dobro da dívida: R$ 598.468.

A Supernova conseguiu o contrato após vencer um processo de licitação. A empresa apresentou o menor preço entre os cinco concorrentes.

Eleição estratégica

Nova Iguaçu representou um papel-chave na estratégia do PT nacional para se fortalecer na região metropolitana do Estado do Rio. Foi escolhido como candidato o deputado federal Lindberg Faria, que não tinha vínculo anterior com a cidade.

Jovem -tem 33 anos hoje- e com discurso bem articulado de modernizar o município, Lindberg venceu o peemedebista Mário Marques, apontado pelo petista como representante do fisiologismo político havia muito tempo estabelecido na região.

Conforme a prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, a campanha petista em Nova Iguaçu arrecadou R$ 1.582.098,50 e teve R$ 2.073.708,85 de despesas.

A direção nacional do PT contribuiu com R$ 100 mil. O Diretório Nacional, com R$ 301.600. O estadual, com R$ 214.276,50. Lindberg deu, do próprio bolso, R$ 13 mil.

A demonstração de despesas durante a campanha revela ainda que a Supernova, embora ainda tenha direito a R$ 250 mil, já recebera R$ 500 mil.

Mesmo no período de recesso da Câmara de Vereadores, a oposição ao prefeito se articula para que em agosto seja apresentado o pedido de instalação do que já está sendo chamada no município de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Supernova.

Para a CPI ser instalada, é preciso que haja um requerimento à presidência da Câmara assinado por no mínimo um terço dos 21 vereadores da cidade, conforme determina o regimento interno do Legislativo de Nova Iguaçu.

Líder da oposição, o vereador Alexandre José Adriano (PTB) disse que tem asseguradas seis assinaturas no requerimento.’



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‘Assessoria diz que Supernova venceu licitação’, copyright Folha de S. Paulo, 1/08/05

‘A assessoria do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, afirmou que a Supernova foi contratada para fazer a propaganda institucional da prefeitura após licitação em que participaram cinco empresas.

A assessoria informou que o preço da Supernova (R$ 598.468) foi R$ 7.000 mais barato que o da concorrente mais próxima. E que a prefeitura gasta em propaganda quatro vezes menos que a administração passada, do PMDB.

A dívida de campanha com a Supernova, de R$ 250 mil, é com o PT nacional, não com Lindberg ou com a Prefeitura de Nova Iguaçu, segundo a assessoria. Os quase R$ 600 mil por um contrato de 180 dias não serão pagos na íntegra pela prefeitura à Supernova, ainda de acordo com a assessoria. A empresa só receberá 10% a 15% do valor da campanha feita.

Mas, segundo o sócio da Supernova, Carlos Colonnese, o percentual a ser ganho pela empresa em cada campanha é de 20%. Colonnese diz também que a dívida de R$ 250 mil não foi paga. ‘A gente tem procurado o PT para deixar registrado: a gente quer receber o dinheiro.’’



TODA MÍDIA
Nelson de Sá

‘‘Eu não sou Zé Dirceu’’, copyright Folha de S. Paulo, 1/08/05

‘‘O deputado José Dirceu’, no dizer do ‘Fantástico’, foi alvo de piadas em pelo menos dois programas de auditório, no domingo.

No início do ‘Pânico na TV’, uma velha fotografia destacava o ex-chefe da Casa Civil diante de um grande logotipo da Caixa, com o ‘2’ completando a cena, ao fundo.

No ‘Domingão do Faustão’, até uma banda de gravadora foi ao ataque, como destacou um blog, cantando refrão com os versos ‘eu sou Zé Ninguém/ eu não sou Zé Dirceu’.

Dos auditórios dominicais para o ‘Financial Times’, no meio do despacho do correspondente em São Paulo:

– O ex-chefe da Casa Civil de Mr. Lula da Silva foi ainda mais envolvido, com a denúncia de que um assessor seu foi autorizado a sacar das contas. Dirceu disse que é ‘armação’.

E tome a voz compassada de Eduardo Suplicy:

– Dear José Dirceu, come and tell the entire truth, because it will be good for Brazil and President Lula. (Querido, venha e diga toda a verdade, porque será bom para o Brasil e Lula.)

Às vésperas do depoimento do ex-ministro, piadas e repercussão surgiram em cima de manchetes de jornais e telejornais, sábado. Na Record:

– Denúncia envolve Dirceu. O ex-ministro fala em uma armação sórdida.

E na Band:

– Um documento revela que assessor tinha autorização para sacar dinheiro de Marcos Valério. Dirceu viaja e diz que é vítima de campanha para enxovalhar seu nome.

O ‘Jornal Nacional’, sábado, optou por não dar na escalada, desta vez.

E foi cuidadoso até no registro, noticiando antes de mais nada a ‘polêmica sobre o documento’ -que ‘não guarda nexo com os saques’ e cita alguém que ‘tem o mesmo nome’ de um ‘amigo’ de Dirceu.

Minutos depois do ‘JN’, a antes funcionária -agora diretora- de Valério surgiu nas rádios e sites para confirmar que o assessor de Dirceu tinha, sim, autorização de saque.

Não foi o bastante para a Globo. No ‘Fantástico’, o cuidado foi até redobrado, para afirmar que pode ser apenas ‘homônimo’ e não o ‘amigo próximo’.

Mais de Valério, sobre Dirceu. De acordo com jornal de Minas Gerais, ontem em manchete, o publicitário mineiro declarou ‘a interlocutores’:

– Ele sabia de empréstimos e eu vou provar.

Como destacou o ‘JN’, ainda no sábado, ‘advogado de Valério telefonou para a Procuradoria Geral da República pedindo que o procurador receba o empresário novamente’.

A manchete da Folha Online, ontem à tarde, para o depoimento de amanhã:

– Dirceu se prepara para ‘bombardeio’.

E é só o primeiro de muitos, a serem precedidos, ao que parece, por mais ameaças e denúncias. Segundo a Globo Online, o relator da CPI dos Correios adiantou que o agora deputado federal será convocado.

Era o que pediam petistas como José Eduardo Cardozo, membro da CPI, ontem em ‘O Globo’. Até petista.

Os partidos

A abertura da reportagem do ‘FT’, sob o título ‘Políticos brasileiros admitem ter tomado dinheiro de publicitário’:

– Os partidos políticos do Brasil mergulharam numa profunda crise de credibilidade com o surgimento de novas provas de que parlamentares de vários partidos aceitaram contribuições financeiras indevidas. Até 50 políticos foram ligados até agora a pagamentos de Mr. Marcos Valério. Muitos não deram explicações, mas alguns admitiram contribuições ilegais de campanha.

Genoino e Azeredo

Do comentarista Franklin Martins, em quase desabafo, ontem no programa ‘Fatos & Versões’, da Globo News:

– O problema é que a oposição e nós da mídia, nos últimos 50 dias, fizemos o discurso de tudo era a mesma coisa, caixa 2, compra de voto, ‘mensalão’. E hoje está difícil separar. Se chegava e dizia, ‘é impossível que só o Delúbio soubesse do esquema, é evidente que o Genoino tinha de saber’. E hoje fica difícil dizer, ‘é impossível que o Azeredo não soubesse do esquema, só o tesoureiro pode saber’.

Azeredo e Lula

O comentarista compara o presidente do PSDB ao ex-presidente do PT. FHC, à rádio Eldorado, prefere outra analogia:

– O Eduardo Azeredo tem a mesma posição que o presidente Lula, ele não deu ordem a nada. Se for pegar o Azeredo, tem de pegar o Lula também.

Lula e Fox

Curiosamente com mínima repercussão no Brasil, o ‘New York Times’ entrou afinal no escândalo, na edição do sábado.

Em reportagem realizada por três correspondentes na América Latina, um no Rio, Larry Rohter, e os outros dois no Peru e no México, não comparou Lula a Azeredo, mas a outros presidentes latino-americanos, como Vicente Fox e Alejandro Toledo, sob o título:

– Suborno sem fim está ameaçando a América Latina.

‘Calar a boca’

Jornais londrinos, a começar do ‘Observer’, voltaram à carga contra o governo britânico, por conta da execução do brasileiro Jean Charles de Menezes -cujo sepultamento ganhou cobertura emocionada, também ontem.

O destaque foi para o chefe da comissão que investiga a morte, que questionou a informação de que o brasileiro não tinha documentos em dia. Para o investigador, isso não importa e os representantes do governo Tony Blair têm de ‘calar a boca’.

Outras personalidades britânicas, em rádios e entrevistas no fim de semana, abriram campanha por consulta popular sobre a política de ‘atirar para matar’.’



FSP CONTESTADA
Painel do Leitor, FSP

‘Procon’, copyright Folha de S. Paulo, 30/07/05

‘‘Em resposta à reportagem ‘Procon reduz multas de empresas infratoras’ (Dinheiro, 25/7, pág. B1), esclareço que, diferentemente do que foi publicado, permaneço no exercício do meu cargo. Não fui demitido. Esclareço também que o repórter procurou a assessoria de imprensa do Procon nos dias 18, 19 e 20 de julho. Foram-lhe concedidos horários no dia 21 e 22, para esclarecimentos sobre a reportagem. O repórter, no entanto, não nos procurou mais. Não procede a informação de que fomos procurados ‘desde sexta da semana retrasada’, como diz a reportagem, e que o Procon e a Secretaria da Justiça não quiseram se pronunciar. Cabe ainda esclarecer que as portarias da Fundação Procon/SP beneficiam qualquer fornecedor/empresa que tiver interesse em pagar as multas aplicadas; a prática de redução para pagamento antecipado é lícita e regular, aplicável não só pela Fundação Procon como por outros órgãos públicos. As portarias representaram, ainda no exercício de 2005, um aumento de 510% na arrecadação do Procon. Até junho deste ano foram arrecadados R$ 12 milhões, contra R$ 2,3 milhões em todo o exercício de 2003. Ressalvo que os processos que se encontram em fase de execução de dívida ativa do Estado são de responsabilidade da Procuradoria Geral do Estado – Execução Fiscal, portanto o Procon/SP não revisou nenhuma multa. E o quadro de pessoal da Fundação Procon encontra-se regular e em atividade, o que é de fácil comprovação. Não existem funcionários fantasmas, como quer fazer crer a reportagem. Por fim, os processos citados na reportagem estão à disposição para consultas na Fundação Procon.’ Gustavo José Marrone, diretor-executivo do Procon/SP (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Luis Fernando Klava – A informação sobre a saída de Marrone foi transmitida pela assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça de São Paulo. No dia 26/7, porém, a mesma assessoria disse que ele ficaria no cargo até o final de julho (veja seção ‘Erramos’, abaixo). Em nenhum momento as entrevistas foram marcadas.’



JABÁ DA VOLKS
Ancelmo Góis

‘Jabá sobre rodas’, copyright O Globo, 31/07/05

‘Nestes dias de mensalão, é no mínimo ousada a oferta de jabá que a Volkswagen está oferecendo a alguns jornalistas que nem sobre carros escrevem. Vem por e-mail: ‘A Volkswagen lançou o CrossFox e está disponibilizando um para você experimentar.’

O coleguinha pega o bibi quinta e devolve segunda. Na minha terra, isso é… deixa pra lá.’