Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Silvio Navarro

‘A divulgação de fitas de vídeo nas quais sete deputados estaduais de Rondônia aparecem pedindo propina ao governador Ivo Cassol (PSDB) em nome de um grupo de dez deputados gerou uma série de protestos e abriu uma crise entre os Poderes Executivo e Legislativo no Estado.


Ontem, cerca de cem estudantes promoveram manifestações em frente à Assembléia Legislativa e ao Tribunal de Justiça, que proibiu a divulgação das imagens no Estado. A Assembléia já havia sido alvo de protestos na noite anterior, quando manifestantes arriaram as bandeiras que ficam na entrada da Casa -do Brasil, de Rondônia e de Porto Velho- e atiraram ovos na fachada.


Os deputados que aparecem nas gravações não compareceram ontem à Assembléia e não atenderam às ligações da reportagem para seus telefones fixos e celulares. O governador Ivo Cassol, em viagem ao município de Cabixi, disse que não comentaria o assunto.


A Assembléia Legislativa de Rondônia instalou ontem uma comissão, formada por cinco deputados, para investigar as denúncias feitas pelo governador contra os dez deputados acusados de negociar propina em troca de apoio político no Legislativo.


Nas gravações, exibidas anteontem pelo ‘Fantástico’, da Rede Globo, os deputados parecem negociar o pagamento de R$ 50 mil por mês para cada um do grupo em troca de apoio político para aprovar projetos no Legislativo.


Gravação é de 2003


Cassol afirma ter sido o autor das filmagens, feitas em seu escritório. O secretário de Comunicação do governo rondoniense, Sérgio Pires, disse que as gravações foram feitas ‘no final de 2003’. Não soube, entretanto, precisar as datas e não quis explicar por que o material não foi divulgado antes.


No domingo, por decisão liminar do TJ de Rondônia, as gravações não puderam ser veiculadas naquele Estado. A mesma decisão impede que as imagens sejam reprisadas em todo o território nacional.


Em diferentes conversas, aparecem negociando propina com o governador os deputados Ronilton Capixaba (PL), Ellen Ruth (PP), Daniel Nery (PMDB), Emílio Paulista (PPS), Kaká Mendonça (PTB), João da Muleta (PMDB) e Amarildo de Almeida (PDT).


‘Ninguém está comprando ninguém. Dentro do Orçamento do Estado você está levando o seu como executor. Porque isso é de praxe. Você não vai consertar o mundo, nós não vamos. Não adianta dizermos para eles [deputados] que isso não acontece na sua administração, porque não vão acreditar’, diz Ruth em gravação. Na seqüência, o deputado Ronilton Capixaba oferece votos em troca do dinheiro: ‘Nós vamos pegar [o dinheiro] e sentar lá [na Assembléia] e dizer sim, sim. Aí vamos para o sítio, para o Rio de Janeiro, para onde houver sol’.


Os deputados sugerem ao governador o superfaturamento do contrato com empresa responsável pelos postos de vigilância. Em outro trecho, o deputado Amarildo de Almeida pede a dispensa de licitação para favorecer uma empresa. Os vídeos contêm denúncias de corrupção contra o ex-governador do Estado, o senador Valdir Raupp (PMDB), e o atual prefeito de Ji-Paraná, José Bianco de Abreu (PFL). Ambos se recusaram a comentar as denúncias.


A comissão da Assembléia criada para apurar o caso terá 60 dias para apresentar relatório.


Investigação


Em março último, a Assembléia Legislativa autorizou o STJ (Superior Tribunal de Justiça) a abrir processo criminal contra o governador, o que implicaria o afastamento dele do cargo por até seis meses. Cassol foi notificado na última quinta-feira para que apresente sua defesa. O governador foi denunciado ao STJ pelo Ministério Público Federal por suposta formação de quadrilha. A oposição é maioria na Casa. Dos 24 deputados, só quatro apóiam o governador.


Paralelamente, a Casa instalou comissão para investigar denúncia-crime feita pelo economista Carlos Guimarães Rosa na qual acusa Cassol de descumprir a Lei Orçamentária Estadual, por ter reduzido repasses à Assembléia. Ellen Ruth, que aparece nas gravações, é relatora do caso. O parecer dela seria votado amanhã. Se aprovado, seguiria para o aval em plenário e poderia determinar o afastamento de Cassol e a instauração de processo de cassação.’



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‘No STJ, governador de RO responde a ação por fraudes’, copyright Folha de S. Paulo, 17/05/05


‘Em 15 de março deste ano, a Assembléia Legislativa de Rondônia autorizou o STJ (Superior Tribunal de Justiça) a abrir processo criminal contra o governador Ivo Cassol (PSDB).


Cassol foi denunciado ao STJ pelo Ministério Público Federal por suposta formação de quadrilha e fraudes em licitações públicas da Prefeitura de Rolim de Moura entre 1998 e 2002, antes de se eleger governador.


Segundo a assessoria de imprensa do STJ, a Assembléia autorizou a Procuradoria a afastar o governador do cargo -caso seja necessário para facilitar as investigações-, mas o afastamento ainda não foi pedido e ele continua no cargo.


De acordo com a denúncia, cujo processo está em andamento no STJ e não tem data para ser julgado, Cassol e os demais indiciados associaram-se para burlar as licitações para obras e serviços de engenharia da prefeitura e favorecer oito empresas. As empresas venceram 22 das 29 licitações realizadas entre 1998 e 2001, e 34 das 55 feitas de 2001 a 2002, embolsando R$ 6,72 milhões.


Entre os oito denunciados estão a primeira-dama do Estado, Ivone Mezzomo Cassol, dois irmãos do governador e um cunhado de Ivone.’



Adriana Chaves


‘TJ de Rondônia revoga liminar que impedia divulgação de reportagem’, copyright Folha de S. Paulo, 18/05/05


‘O Tribunal de Justiça de Rondônia revogou ontem a liminar que proibia a divulgação da reportagem do programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, que trazia imagens em que deputados estaduais pareciam pedir propinas e favores ao governador Ivo Cassol.


A liminar fora concedida pelo desembargador Gabriel Marques pouco antes de a reportagem ir ao ar no domingo. A Rede Amazônica cancelou a exibição no Estado, mas, segundo a Rede Globo, não houve tempo para impedir a veiculação no restante do país.


A solicitação partiu de 21 dos 24 deputados estaduais e tinha abrangência nacional. Ontem, os deputados recuaram, formalizando um pedido de desistência do recurso por perda de objeto, e o juiz substituto Osny Claro de Oliveira Júnior revogou a suspensão.


No agravo impetrado ontem, os deputados justificam o pedido de proibição das imagens alegando que elas foram ‘gravadas unilateralmente pelo governador’, exibidas com possibilidades de edição e sem dar direito de resposta aos deputados que aparecem, podendo ‘depreciar de forma irreversível o conceito social dos autores’.


‘Não se tem conhecimento do teor das fitas e das circunstâncias de sua gravação (já que não foram autorizadas). Podem, por exemplo, tratar-se de uma mera montagem, com o único objetivo de ofender os autores’, diz o texto.


O recuo foi explicado pelo fato de os conteúdos das fitas terem sido ‘amplamente divulgados pelos meios de comunicação, inclusive a própria ré [Globo]’. Para os deputados, a veiculação ‘sem oportunidade de defesa e sem que fosse aferida a sua veracidade impôs aos autores e à opinião pública fitas editadas unilateralmente’.


A Globo informou que procurou os acusados antes da exibição das imagens, como relatou na reportagem.’



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‘Globo vai recorrer contra censura ‘, copyright Folha de S. Paulo, 17/05/05


‘A Rede Globo informou ontem que recorrerá da decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia que suspendeu a veiculação de fitas com imagens de deputados estaduais pedindo dinheiro ao governador Ivo Cassol (PSDB). A liminar atinge a emissora em todo o território nacional e atendeu a um pedido assinado por 21 parlamentares. O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, criticou a decisão do desembargador, classificando-a de ‘lamentável’.


A liminar foi concedida pelo desembargador Gabriel Marques às 19h45 (20h45 em Brasília) de anteontem. A Rede Amazônica (afiliada da Globo em Rondônia) foi notificada cinco minutos depois, pouco antes de a reportagem ir ao ar no programa ‘Fantástico’, mas não houve tempo para impedir a veiculação no resto do país.


Segundo a assessoria de imprensa da Rede Globo, a emissora só tomou conhecimento da proibição depois que as imagens foram levadas ao ar. O texto da matéria, divulgado no site do ‘Fantástico’, foi tirado do ar e a reportagem não foi exibida nas reprises do programa no canal Globonews e na Globo Internacional.


Embora o TJ tenha estipulado multa de R$ 200 mil caso as cenas fossem exibidas, o departamento jurídico da Rede Globo entende que não houve descumprimento, já que a emissora não havia sido informada da determinação. Para a Globo, tecnicamente, apenas a afiliada teve condições de suspender a veiculação a tempo.


Num despacho manuscrito, o desembargador alegou que a divulgação das imagens constituía ‘ataque da imprensa sem possibilidade de defesa’ e ‘violação da vida privada, da lisura e da imagem das pessoas, além do mal que causa à população e ao Estado’.


O procurador-geral Claudio Fonteles considera que a decisão configura uma forma de censura: ‘Isso é lamentável. É fundamental que as informações circulem. Qualquer tentativa de censura é profundamente condenável e não pode ser aplaudida’, disse.


Sem se referir a um caso específico, Fonteles disse que o país vem combatendo a corrupção e usou uma metáfora futebolística para exemplificar seu pensamento: ‘O país está mostrando que há ações concretas de combate à corrupção. O importante é que o corrupto sinta que está sendo marcado. Não está tocando a bola livremente. Tem um zagueiro ali’.


Crítica à censura


A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Rondônia repudiou a censura à reportagem do programa do ‘Fantástico’. A entidade disse, por meio de nota, confiar na prevalência do Estado democrático de Direito, ‘com independência e harmonia entre os Poderes, obedecendo-se os princípios constitucionais, fazendo preponderar o interesse público’.


Para a OAB, a suspensão fere o artigo 44 da lei nº 8.906/94, que assegura a livre manifestação do pensamento e veda a censura prévia. ‘Urge que os princípios que regem a administração pública sejam respeitados, principalmente no que concerne à moralidade, impessoalidade e eficiência’, diz a nota.’



Evandro Éboli


‘‘Retorno da censura é lamentável e condenável’’, copyright O Globo, 17/05/05


‘Entidades e autoridades do Judiciário reagiram com indignação ontem à decisão do desembargador Gabriel Marques, do Tribunal de Justiça de Rondônia, de proibir a exibição em Rondônia da reportagem do ‘Fantástico’ que mostra deputados estaduais pedindo propina ao governador Ivo Cassol (PSDB) para não aprovar o impeachment dele na Assembléia Legislativa. A reportagem da Rede Globo foi exibida em todo o país menos em Rondônia, onde foi censurada pela Justiça.


O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, criticou a decisão judicial:


– É lamentável. É fundamental que as informações circulem. Qualquer tentativa de retorno da censura é condenável e não pode ser aplaudida nem tolerada – disse.


O presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Nelson Sirotsky, classificou a decisão judicial que proibiu a exibição da reportagem de ‘esdrúxula e inconstitucional’. Sirotsky afirmou que o país tem assistido indignado a seguidas decisões judiciais que significam a ‘censura prévia’ no país.


‘A decisão é mais uma afronta ao direito de informar e de ser informado. É lamentável e preocupante que setores do Poder Judiciário estejam promovendo a volta da censura no Brasil, que todos acreditavam extinta com o fim dos anos negros do autoritarismo’, afirmou o presidente da ANJ, em nota oficial.


A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também reagiu à decisão da Justiça. Em nota, a entidade lembra outros dois casos de decisões judiciais que considera censura aos meios de comunicação: a condenação do comentarista esportivo Jorge Kajuru e a apreensão do livro do jornalista Fernando Morais sobre a história da agência de publicidade W/ Brasil. ‘Ao exorbitar seus poderes, a Justiça traz enormes prejuízos às empresas de comunicação e aos jornalistas profissionais. Mas a maior prejudicada é a população, nesse caso a de Rondônia, que teve restringido e desrespeitado seu direito à livre informação’, afirma a Fenaj.


O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, disse que a decisão quebra o princípio da isonomia, já que Rondônia foi o único estado onde a reportagem não foi exibida.


– O bem maior é o bem da informação – disse Busato.


A seccional da OAB em Rondônia também repudiou a censura à reportagem. Em nota, a OAB de Rondônia reafirma sua crença na prevalência do estado democrático de direito, ‘com independência e harmonia entre os Poderes, obedecendo-se aos princípios constitucionais, fazendo preponderar o interesse público. Diante disso, urge que os princípios que regem a administração pública sejam respeitados, principalmente no que concerne à moralidade, impessoalidade e eficiência’, diz o texto.


O governador Ivo Cassol reúne-se hoje com o ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, em Brasília, para pedir abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar sua denúncia contra os deputados estaduais num esquema de cobrança de propina. Cassol vai entregar dez fitas com as gravações em que deputados aparecem pedindo dinheiro. O próprio Cassol filmou as conversas.


Na noite de domingo, em várias cidades do interior de Rondônia faltou energia elétrica. Manifestantes foram às ruas protestar contra a proibição de exibir a reportagem. Ontem ocorreram novos protestos, em frente à Assembléia Legislativa e ao Tribunal de Justiça. Manifestantes gritavam palavras de ordem contra a decisão e rasgavam a Constituição, num ato simbólico para protestar contra o atentado à liberdade de imprensa.


O presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, Carlão de Oliveira (PFL), disse em Porto Velho que lamenta a forma como o governador usou as fitas para, segundo ele, escapar da denúncia do crime de responsabilidade. De acordo com Carlão, as imagens de deputados pedindo propina foram gravadas há dois anos.


– Foi uma forma de pressão do governador para inibir a ação dos deputados estaduais – disse Carlão de Oliveira.


Denúncia contra Cassol será votada amanhã


O presidente da Assembléia disse que estão confirmadas para amanhã a leitura e votação do relatório da Comissão Temporária Especial, que analisa a denúncia de crime de responsabilidade orçamentária contra Cassol. A relatora do caso, deputada Ellen Ruth (PP), considera procedente a denúncia. Cassol foi denunciado semana passada pelo Ministério Público ao Superior Tribunal de Justiça por supostas irregularidades quando era prefeito de Rolim Moura (RO), entre 1998 e 2002.


Com uma câmera escondida, o governador gravou os deputados estaduais Ronilton Capixaba (PL), Daniel Neri (PMDB) e Ellen Ruth (PP). Eles teriam pedido cerca de R$ 50 mil para cada para aliviar as denúncias contra o governador.’



O Globo


‘Cai a censura a reportagem sobre corrupção’, copyright O Globo, 18/05/05


‘Num protesto contra a corrupção generalizada em Porto Velho, mais de 500 estudantes tentaram invadir ontem o Palácio do Governo e a Assembléia Legislativa. O clima na capital de Rondônia ainda é de muita tensão, mesmo depois de os deputados estaduais desistirem do recurso judicial que impedia a divulgação da reportagem do ‘Fantástico’ sobre a cobrança de propinas de parlamentares ao governador Ivo Cassol (PSDB). Com a desistência, a TV Globo veiculou novamente ontem, no ‘Jornal Nacional’, a reportagem mostrando deputados cobrando R$ 50 mil cada para não votarem o impeachment de Cassol.


Hoje, uma comissão especial da Assembléia deve decidir se acolhe ou não o pedido de abertura de processo contra Cassol. Antes da votação, a comissão especial deverá substituir a relatora Ellen Ruth (PP) e os deputados Ronilton Capixaba (PL) e Amarildo Almeida (PDT), que aparecem no vídeo tentando extorquir dinheiro do governador.


Também hoje, a Assembléia decide se instala ou não uma comissão de ética para investigar o envolvimento de pelo menos oito deputados na tentativa de extorsão.


Cassol disse que gravou as fitas para se proteger da investida dos parlamentares. Segundo ele, o esquema de extorsão é antigo e outros governadores já teriam sido achacados. Cassol viajou para Brasília para entregar as fitas ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mas, como Bastos está de férias, o compromisso foi cancelado.


– Só gravei 10% (dos achaques). Outros governadores passaram por isso – disse.


Revoltados com as sucessivas denúncias de corrupção no estado, mais de 500 estudantes, segundo a Polícia Militar, jogaram pedras, quebraram vidraças e até lançaram um coquetel molotov no prédio da Assembléia. ‘Fora deputados canalhas’, dizia uma das faixas exibidas pelos manifestantes.


Os policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo para impedir a invasão do prédio. Mais tarde, os estudantes tentaram entrar no Palácio do Governo, mas foram contidos. Anteontem, algumas faculdades reuniram os estudantes em auditórios para exibir a reportagem.’



Folha de S. Paulo


‘Ataque às Liberdades ‘, Editoral, copyright Folha de S. Paulo, 18/05/05


‘No que configura mais um ataque à liberdade de imprensa, o Judiciário censurou a divulgação de informações relevantes para a população. Pela segunda vez, num intervalo de duas semanas, um magistrado, cujas decisões deveriam ser pautadas pelo respeito à lei, ignora a Constituição Federal, que baniu definitivamente a censura do país (arts. 5º, IV, IX e 220, caput e º1 e º2).


Desta feita, o desembargador Gabriel Marques, do Tribunal de Justiça de Rondônia, atendendo a pedido de parlamentares da Assembléia Legislativa local, proibiu a difusão pelo programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, de fitas de vídeo nas quais sete deputados estaduais aparecem pedindo propina ao governador Ivo Cassol (PSDB). No episódio anterior, um juiz de Goiás ordenara que todos os exemplares do livro ‘Na Toca dos Leões’, de Fernando Morais, fossem retirados do mercado por conter supostas ofensas ao deputado federal Ronaldo Caiado (PFL-GO).


As gravações do ‘Fantástico’ foram feitas pelo próprio Cassol, de modo que não pairam dúvidas sobre sua origem. Há, é certo, um contexto político que não deve ser ignorado. As fitas foram produzidas no final de 2003 e só vieram à tona agora porque Cassol enfrenta dificuldades na Assembléia, que chegou a autorizar o Superior Tribunal de Justiça a abrir processo criminal contra o governador, ameaçado de cassação. Mas o fato de que pode haver interesses escusos por trás do vazamento do material não apaga a gravidade das denúncias que ele contém. Nem torna menos inconstitucional a decisão do juiz que determinou a censura.


É claro que a liberdade de imprensa e o direito de informar não podem servir de escudo para a irresponsabilidade. Qualquer um que se sinta prejudicado com uma reportagem pode processar o seu autor por crimes contra a honra e reclamar indenização. Menos mal que a liminar do desembargador de Rondônia tenha sido revogada ontem.


Ainda assim, é inadmissível que, passados 17 anos da promulgação da Constituição que aboliu a censura, juízes continuem vetando reportagens e obras impunemente.’



O Estado de S. Paulo


‘Deputados retiram ação contra TV Globo ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 18/05/05


‘RETIRADA: Depois da reação nacional à censura imposta à TV Globo, os deputados estaduais de Rondônia retiraram ontem a ação judicial que impediu a emissora de transmitir no Estado reportagem que mostra parlamentares pedindo propina ao governador Ivo Cassol (PSDB) em troca de apoio ao governo. Em muitas escolas de Porto Velho fitas de vídeo com a reportagem proibida foram exibidas. Ontem os alunos foram liberados da aula para participar de protestos em frente à Assembléia e à sede do governo. Vinte e um dos 24 deputados estaduais são apontados como autores da ação. Alguns deles não passaram procuração ao advogado Adriano Jennes de Araújo Moreira e, depois da ampla repercussão negativa, passaram a negar que tivessem participado da ação.’



GOVERNO LULA


TT Catalão


‘A narcose midiática’, copyright Blog do Ricardo Noblat (http://noblat.blig.ig.com.br/), 17/05/05


‘Realmente o sistemático trabalho de lavagem cerebral da mídia vem obtendo imenso sucesso no mundo e especialmente em países emergentes na linha ‘chegaremos lá’, como o Brasil.


Não se lê o país real. Muito menos se ouve ou vê o que pode interessar. Se olharmos com algum nível de indignação o estudo do IBGE (divulgado sexta, 13 de maio) sobre o perfil ambiental dos municípios brasileiros, concluiremos que enquanto trocamos farpinhas pseudo-radicais – tentando satanizar o MST ou o boquirroto Chavez – a vaca nem para o brejo está indo mais.


Com este grau e velocidade de degradação municipal não haverá mais brejo no país. Tal ecossistema também será banido dos nossos 5560 municípios pela seca, queimada, água poluída e pasmem, esgoto a céu aberto.


O estudo revela que seis em cada dez brasileiros sofrem a deterioração da qualidade de vida pela degradação progressiva do seu meio DA vida. Enquanto simulamos debates sobre os severinismos exóticos e a bocarra da Cicarelli que perdeu a bocada do Ronaldo conseguimos nos afastar da raiz estrutural do colapso que vai inviabilizar qualquer tipo de projeto futuro: se perdemos o meio DA vida – a terra, a água, o ar, o alimento farto e limpo – vamos ficar sem meio DE viver. Atulhados em teses, livros, artigos, sacadas geniais, frases engraçadinhas e pronunciamentos mágicos. São mais de 2.200 municípios (onde vivem 108 milhões de brasileiros) que deixam a vida escapar pela raiz.


O eco-filósofo e militante poeta José Lutzenberg sempre repetia ‘quem dera esta sociedade fosse materialista, mesmo’. Ele estava certo. Se vivêssemos em um sistema preocupado concretamente com a matéria da pedra, da água, da terra, dos elementos vitais que substanciam o ser humano não cuspiríamos tão estupidamente no prato-bioma que nos permite viver.


O pior é que a narcose sabe manipular os dados e a mídia trabalha pelo técnico do tema de tal modo que as cifras soam como mais um estudo sobre uma ‘grave ameaça’. Ameaça é algo que se anuncia. No momento já estamos no estágio posterior: estamos imersos na curva decadente do colapso com aquele ar abestalhado de quem ainda festeja por estar no último vagão do trem sem freios à beira da colisão.


O último estudo da ONU (10 mil páginas com 1530 cientistas de todo o mundo) fez uma estarrecedora análise da falência das matérias-primas na avaliação sistêmica do planeta. Chamaram de mais um alarmismo eco-chato. E o Brasil atual ainda acredita na retomada de Angra-3. Drena o aqüífero Guarany e quer a transposição do S. Francisco em grana de latifundiário. Nuclear como ‘alternativa energética’ só na Albânia e Coréia da Norte, e olhe lá! E ainda perdemos tanto tempo em nos dividir e nos ofender quando deveríamos estar na busca de pontos de contato para uma ousada postura de e força de reação.


A tática do opressor é fazer com que os oprimidos disputem migalhas enquanto eles levam vantagens. E nos fazem crer em fantasmas ‘vermelhos’ (a Guerra Fria continua?); e nos fazem rir do que não tem a menor graça e ainda tiramos onda de ‘emergentes em busca de destaque no cenário internacional’, ou seja, queremos papel de figurante no big-bang-bang da falência monetária, enérgica, estética e incompetente em lidar com as bases da vida: a água, a terra, o ar, o alimento, o prazer solidário, o compartilhar, o existir sem agredir.


Se 46% dos 5560 municípios confessam o lento extermínio da população pelo esgoto a céu aberto e não temos um foco centrado de políticas públicas sobre tal extermínio (o impacto de custos sobre a saúde pública é fatal), como identificar ‘mar de lama’ naquilo que está virando um oceano de melda?’



Marcelo Coelho


‘A arte de preencher cupons ‘, copyright Folha de S. Paulo, 18/05/05


‘Um castigo comum nas escolas de antigamente consistia em preencher várias páginas de caderno com a mesma frase. Podia ser auto-acusatória (‘Nunca mais jogarei giz na cabeça da professora’), edificante (‘O bom aluno ama seus pais e sua pátria’) ou mnemônica (‘A Mesopotâmia fica entre o Tigre e o Eufrates’).


Apelo à imaginação para dar esses exemplos. Nunca tinha ficado copiando cem vezes a mesma frase -até recentemente, pois caí na asneira de fazer um cartão preferencial numa grande rede de supermercados, que passou a me infernizar com promoções.


É assim que não sei quantos reais em compras me dão direito a uns tantos papeizinhos, que devo preencher antes de ‘depositá-los’, como dizem, na ‘urna’ do sorteio.


‘Qual o supermercado que dá a você milhões em prêmios?’ Respondo corretamente, com letra caprichada. Modéstia à parte, não é uma pergunta difícil. Mas isso não basta. Como eles acreditam que eu posso ganhar -otimismo de que não compartilho- , é preciso que eu ponha no papel o meu nome e o meu endereço, com o CEP, ‘de preferência’. Na linha de baixo, o telefone, ou melhor, os telefones. O de casa, o do escritório, o celular.


Imagino o pessoal do supermercado em pânico. ‘Nossa, ele ganhou! Contatem-no imediatamente!’ A ligação cai na secretária. O desespero toma conta dos premiadores. ‘O vôo para Paris parte em duas horas! Como é que ele não veio retirar a passagem? O celular! O celular!’


Mas eu não pude atender o telefone porque estava preenchendo mais formulários. Para me inscrever no programa de descontos progressivos da Farmácia Drogalev, pediram-me o CPF e o número do cartão de crédito, que tive dificuldade em fazer caber nos quadradinhos correspondentes. Posso ser bom em preenchimento de cupons, mas não é que eu seja um gênio nisso.


Desisto da farmácia. Volto aos papeizinhos do supermercado. São uns 30, talvez. Falta colocar o meu e-mail e o RG em todos. Faz sentido. Pode haver outro Marcelo que se apresente como ganhador de uma cafeteira ou de um vale-compras na seção de perfumaria, e o supermercado não há de querer complicações com a Justiça. Eles mal sabem do que sou capaz.


Respiro fundo, completo o último formulário e volto ao início deste artigo. Entre a velha punição escolar e a atividade a que tenho direito agora, como possuidor do cartão preferencial do supermercado, a diferença é pequena. Está na faixa do 0,00001% de chance que eu tenho de ganhar um prêmio que não me interessa.


Mas essa diferença é tudo: uma longínqua esperança de ganho transforma a chatice do castigo num voluntário momento de grafomania.


Vem ao caso uma passagem do ‘Tom Sawyer’, de Mark Twain. Era um sábado de calor e o menino estava encarregado de caiar uma interminável cerca de madeira. Passa um amigo de Tom, rindo dele ou (não me lembro direito) dirigindo-lhe palavras de compaixão.


Nosso herói responde com astúcia: está se divertindo imensamente com a tarefa. Ninguém imagina como é interessante caiar uma cerca. Tamanha é a propaganda, que logo se forma uma fila de meninos, prontos a pagar a Tom em troca do privilégio de trabalhar também.


Em outro livro antigo -’A Linguagem no Pensamento e na Ação’, de S. I. Hayakawa-, narrava-se uma fábula parecida. Duas cidadezinhas paupérrimas eram escolhidas para um programa federal de desenvolvimento. Os habitantes da primeira cidade recebiam um montante em dinheiro a que se dera o nome de ‘mesada’, ‘ajuda emergencial’ ou coisa parecida. Na segunda cidade, os recursos foram apresentados como ‘investimento’, ‘prêmio de estímulo à microempresa’, ‘empréstimo’ e por aí afora.


Não é difícil imaginar o desfecho da historinha, que simplifiquei bastante. A cidade que recebeu as verbas sob o nome de ‘investimento’ soube prosperar e só teve fortalecida sua auto-estima. A outra, objeto de humilhante esmola coletiva, mergulhou mais na miséria.


Aqui, como em ‘Tom Sawyer’, é fácil reconhecer a velha cultura do pragmatismo americano, que não por acaso inventou a publicidade, as relações públicas e… o ‘politicamente correto’.


Em princípio, a idéia não é absurda. Palavras contam muito na prática. Uma bela mulher, aspirante à carreira de modelo, não terá sucesso se mantiver um nome de batismo como Hermengarda ou Durvalina.


O problema é termos agora de pedir desculpa às Hermengardas e Durvalinas. Estou reforçando o preconceito em torno das portadoras desse nome? Mas nossa modelo, que trocou de nome, está reforçando o preconceito também. Ela está certa ou errada? Correta ou incorreta? Talvez exista sempre um fundo de incorreção em toda correção política, uma vez que lutar contra um preconceito significa também reconhecê-lo.


Daí, creio, a conseqüência mais perversa do ‘politicamente correto’. Seus possíveis benefícios ficam em segundo plano; o que se alimenta é a vontade de policiar, de censurar, de descobrir sempre novas incorreções -no tom de voz, no olhar, no gesto de quem fala… Cartilhas e manuais se transformam rapidamente em meios de perseguição e exclusão, mais do que em instrumentos de igualdade e de entendimento.


Quem quiser melhorar o quadro que experimente mudar o nome da coisa. Em vez de ‘cartilha do politicamente correto’, pode-se inventar outro título. Não tenho sugestões a dar. O governo poderia organizar um concurso, com farta distribuição de cupons e prêmios ao vencedor. É sempre uma maneira de manter as pessoas ocupadas, impedindo-as, como diziam as velhas professoras, de pensar em bobagem. Elas bem que entendiam de cartilha.’



TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘O inócuo’, copyright Folha de S. Paulo, 17/05/05


‘Como anteontem, ontem a Globo custou a dar atenção ao escândalo PTB/Correios.


Registrou aqui e ali, como no jornal ‘Hoje’ e na Globo News, ressaltando que a Polícia Federal ‘vai investigar as denúncias de um esquema de corrupção’.


É que a oposição, desta vez, demorou a dar sinal de vida. Até o fim da tarde, o melhor que a televisão conseguiu foi o tucano Álvaro Dias, para quem ‘agora não se exige nem mais CPI’.


Não? Poucas horas depois e a Folha Online apareceu com a manchete ‘Oposição articula CPI’. A Globo Online acresceu que a ‘estratégia da oposição é forçar o governo a explicações’, pois ‘seria inócuo investigar só o deputado Roberto Jefferson’.


Com duas décadas de alianças, ele não é inócuo para ninguém.


De todo modo, a Globo tinha mais do que cuidar, ontem. Na escalada do ‘Jornal Nacional’:


– Silêncio forçado. A Justiça proíbe a Rede Globo de voltar a exibir reportagem de denúncia: as conversas gravadas em que deputados de Rondônia tentam extorquir dinheiro em troca de apoio político. Os cidadãos do Estado são impedidos de ver o ‘Fantástico’ e protestam na rua. E em todo o Brasil a sociedade civil reage contra a censura.


A MAIOR


Eduardo Suplicy e Leonardo Boff na hora do lanche


Ontem, dia seguinte à chegada dos sem-terra a Brasília, Globo e demais emissoras redescobriram a marcha -que é acompanhada passo a passo pelo britânico ‘Guardian’ e outros, no exterior, e que a mesma Globo descrevia ontem como ‘a maior marcha que o Brasil já teve, com 12 mil homens, mulheres, crianças’.


O problema da invasão, desta vez, é evidenciado pelo relato global, ontem no final da tarde, ao vivo:


– Nos discursos e palavras de ordem, a orientação do movimento é pedir pressa na reforma agrária, poupar o presidente Lula e focar as críticas na Fazenda.


Acuado em Brasília, Lula recebe 12 mil lulistas.


Com veto


A pressão dos Estados Unidos, evidenciada anteontem pelo ‘New York Times’, não surtiu maior efeito e ontem as agências todas, da americana Associated Press à chinesa Xinhua, diziam que ‘Brasil, Alemanha, Índia e Japão’ distribuíram o rascunho de sua proposta de mudança no Conselho de Segurança:


– Ele inclui o poder de veto sobre as resoluções da ONU.


Mais cúpula


Ainda ecoam reações à cúpula América do Sul/Países Árabes, mas agora de outra ordem.


A agência iraniana Irna deu ontem que o país ‘protestou com o Brasil por sediar reunião em que um ‘desentendimento’ territorial dos Emirados com o Irã foi destacado’. É referência a três ilhas em disputa no Golfo Pérsico, que também acabaram citadas no documento final.


ANTI-CNN


O diretor colombiano da Telesur, canal de Chávez


O presidente Jacques Chirac chegou a anunciar uma CNN à francesa, mas quem está para iniciar sua ‘reação à ditadura dos grandes canais internacionais de notícias’, para lançar sua própria Al Jazira, avisava ontem o ‘New York Times’, é o venezuelano Hugo Chávez:


– Os jornalistas da Telesur, entre os quais uma âncora colombiana que se veste com a roupa branca de sua tribo Arhuaco, falam em ‘rede anti-hegemônica’.


Dos US$ 2,5 milhões previstos para viabilizar o canal até julho, a Venezuela entra com 70%, a Argentina de Néstor Kirchner e o Uruguai de Tabaré Vázquez, com o resto. O Brasil de Lula e a ilha de Fidel Castro darão ‘apoio técnico’. Eugênio Bucci, da Radiobrás, disse ao ‘NYT’ que a Telesur é ‘uma iniciativa irmã’.’



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‘A revolta’, copyright Folha de S. Paulo, 18/05/05


‘- Revolta anticorrupção.


Era o enunciado do ‘Jornal da Record’, ancorado por Boris Casoy. Valia para o país todo, ontem.


No ‘Jornal Nacional’ de William Bonner, como na Record, a escalada de manchetes abriu com Rondônia:


– Deputados desistem de impedir exibição de reportagem sobre pedidos de propina. Em Porto Velho, confusão e quebra-quebra em frente à Assembléia Legislativa.


Depois, Brasília:


– Presidente do PTB, Roberto Jefferson se defende das acusações de corrupção nos Correios e diz que apóia CPI para investigar denúncia.


Depois, Alagoas:


– Prefeitos e ex-prefeitos são presos em Alagoas por desvio de dinheiro público.


Por fim, o Rio de Janeiro, que não foi manchete, mas estava lá, em destaque na cobertura quase toda policial do ‘JN’:


– Ministério Público aceitou provas de crime eleitoral contra Garotinho.


Misture tudo, acrescente a campanha contra a censura do ‘Fantástico’ -e o resultado é a revolta popular.


Outro resultado, na escalada dos canais de notícias, depois de encerrados nas redes os telejornais nacionais:


– Aprovada a CPI.


Band News e as rádios deram ao vivo, Globo News e a própria Globo entraram no meio -mas o discurso de Jefferson não parecia ser a atração do dia, ontem na Câmara.


Eram as 200 cópias com a gravação da conversa em que o escandaloso ‘funcionário de carreira’ dos Correios, como sublinhou Jefferson na Folha Online, falou de ‘outros integrantes do governo’.


O petebista sublinhou que o funcionário ‘envolveu pessoas sérias e corretas’. Pelo que se viu na TV Câmara, ele encerrou seu discurso sob aplausos dos colegas deputados.


Antes mesmo do pronunciamento, governo e oposição já eram só elogios ao deputado e seu partido.


A começar do líder pefelista Agripino Maia, na Folha Online, dizendo que ‘o objetivo da CPI não é acusar o PTB, mas sair em defesa do PTB’:


– Não podemos deixar que vire bode expiatório.


Depois veio Lula, segundo relatos dos líderes governistas, e hipotecou apoio:


– Amigo se vê nessas horas.


Por fim, o procurador-geral Cláudio Fonteles, na Globo Online, saiu pedindo ‘calma’ e nada de ‘precipitação na instalação da CPI’.


Roberto Jefferson, o que foi ‘troglodita’ e hoje dizem ser ‘inócuo’, nunca sonhou com tantos amigos.


Do blog de Ricardo Noblat, tarde da noite:


– Perguntas que não querem calar. Por que só depois de ver o nome citado Jefferson contou que foi vítima de chantagem? Por que o governador de Rondônia guardou por dois anos as fitas com deputados tentando chantageá-lo?


MST E O BC


Queimaram de novo a bandeira dos EUA


Em Brasília, relatou a Globo, ‘queimaram faixas e jogaram lixo na embaixada americana’. Depois, nas manchetes do ‘Jornal da Band’:


– Os sem-terra tentam invadir o Congresso e são impedidos.


Foi ‘uma pancadaria’, segundo o ‘JN’, com 20 policiais e 14 manifestantes feridos. Em contraste, a Band deu 18 e 32, respectivamente.


Em Porto Alegre ‘tentaram invadir o prédio da Receita Federal em protesto contra o pagamento da dívida’. E no Recife ‘estiveram no Banco Central, onde reclamaram da política econômica’.


No fim, enquanto os sem-terra posavam com Lula, o ministro da Fazenda surgia no site do ‘Financial Times’ em entrevista exclusiva, dizendo que ‘o cenário é de uma política para a taxa de juros menos restritiva neste ano’. Ao longo do ano.


Num registro do ‘JN’, ‘Palocci voltou a defender a atuação do Banco Central’.


Tanto ‘FT’ como ‘Wall Street Journal’ traziam ontem especulações sobre a taxa de juros que sai hoje no Brasil. Apesar da ‘inflação zero’ num dos índices, divulgado ontem, a divisão foi grande. O ‘FT’ arriscou que não sai do lugar. O ‘WSJ’ pesquisou com analistas e o resultado foi curioso: 10 falaram em aumento de 0,25%, 9 disseram que fica como está.


Fica


Manchete em outros dias, ontem mal se percebeu, nos telejornais e outros, um anúncio de Lula no almoço com os líderes governistas. Segundo registro dos canais de notícias, prometeu o presidente:


– O ministro Aldo Rebelo fica no lugar onde está.


Derrotado


Também manchete em outros dias, ontem mal se percebeu que ‘o nome do PT para ministro do TCU foi derrotado [na Câmara] por um deputado apadrinhado por Severino Cavalcanti’, segundo a Folha Online.’