Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Terra Magazine


CASO ROBERTO CARLOS
José Pedro Goulart


Roberto Carlos: a biografia autorizada, 11/05/07


‘Em 19 de abril de 1941 nasce no Espírito Santo aquele que seria o rei da música no Brasil. Uma semana depois ganha a primeira chupeta com argolinha azul, verdadeira razão pela qual Roberto se fixou nessa cor através da vida. Cresce sendo um menino calmo, sonhador, que passava horas ouvindo rádio, demonstrando muito interesse por música.


Ainda criança, Roberto teve uma experiência dramática, um fato cruel cuja lembrança lhe causaria muitas dores através da vida, o rei perdeu, de forma inesperada, inexplicável, um gol feito – só ele e o goleiro – que daria a vitória no campeonato do time mirim no qual jogava de centroavante.


Já no Rio de Janeiro, Roberto Carlos conhece Erasmo e o adota como irmão, inclusive deixando que ele use seu sobrenome. Em seguida a dupla encontra Wanderléa, a Ternurinha. Provando seu caráter altruísta, Roberto deixa que Erasmo flerte livremente com Wandeca, ficando com ela apenas nas quartas à noite, sábados, domingos, feriados e dias ímpares em meses pares e pares em meses ímpares.


Engajado aos movimentos libertários, que espoucavam em vários lugares do mundo no final dos anos sessenta, o rei realiza o filme/protesto ‘Roberto Carlos em ritmo de aventura’. Seguiu-se a ele o corajoso e impactante ‘Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa’. Em época de censura militar, inclusive, o rei utilizou mensagens cifradas com forte teor político nas músicas que compunha como ‘chovia lá fora e a capa pendurada assistia tudo e não dizia nada’.


Defensor da ecologia, o rei sempre tratou as plantas de igual para igual. Certa vez, saindo da sala de um importante executivo do mercado brasileiro de discos, Roberto Carlos se deu conta que havia esquecido algo e voltou apressado, entrando novamente na sala sem pedir licença. Diante do olhar surpreso mas admirado do executivo, Roberto despediu-se de cada planta do ambiente – ‘tchau plantinha’, ‘até breve verdinha’ – e só então foi embora.


Em 2001 Roberto Carlos lança mais um CD revolucionário, seu acústico. No disco, substitui a expressão ‘se o bem e o mal existem’ da música ‘É preciso saber viver’ por ‘se o bem e bem existem’. Para um rei de verdade só o bem existe. Inclusive, na ânsia de ser um exemplo para os súditos, o monarca sempre reservou espaço para muita malhação e cansativas sessões de escova progressiva, algo que o mantém com aspecto jovem e saudável.


Recentemente Roberto Carlos deu mais uma mostra de seu espírito magnânimo. Notando o desamparo do escritor, que dedicou mais de dez anos em trabalhosa pesquisa, o rei desistiu de reivindicar os honorários de seus advogados e os custos do processo que moveu no sentido de impedir a comercialização do livro – repleto de distorções e inverdades – ‘Roberto Carlos em detalhes’. Além disso, toda edição apreendida será reciclada e o papel oriundo disso vai ser doado a instituições de caridade. Esse é o rei: um homem de fé, mas um prático na hora de conquistar seus objetivos, mantendo sempre um pé no chão.


José Pedro Goulart é jornalista, cineasta e diretor de filmes publicitários.’


TV PÚBLICA
Karen Cunsolo


Professor avalia Fórum Nacional de TVs Públicas, 14/05/07


‘Terminou na última sexta (11) o Fórum Nacional de TVs Públicas, organizado pelo Ministério da Cultura. O evento, que não teve caráter deliberativo, avaliou propostas para a criação da rede de TV pública brasileira, que deve estrear no dia 2 de dezembro, junto com a TV digital.


Entre as propostas estão o estabelecimento de novos mecanismos de aferição de audiência e qualidade da programação e a necessidade de colaboração do BNDES na captação de recursos. O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, deixou claro que nenhum imposto será cobrado da população para a manutenção da rede de TV.


Leia também:


‘ As conclusões do Fórum Nacional de TVs Públicas


‘ TV pública espanhola tem ‘telelixo’, diz professor


Juan Manuel Herreros, professor espanhol, estudioso de sistemas públicos de televisão em todo o mundo, foi um dos participantes do fórum. Em sua opinião, o Brasil tem condições de criar uma rede pública de qualidade, uma vez que todos os personagens do fórum mostraram estar conscientes de um ponto crucial: a importância da independência política e econômica do sistema público de TV. ‘As emissoras bem sucedidas em todo o mundo têm esse princípio’, afirma.


Para o professor, é fundamental que o Brasil não siga o modelo da Espanha no que se refere à programação: ‘O dinheiro público não pode financiar programas que não tenham serviço público. Isso acontece na Espanha. Canais públicos com programação sem serviços que buscam competir com as emissoras comerciais. Isso não é desejado’.


Leia abaixo a íntegra da entrevista de Herreros a Terra Magazine:


Terra Magazine – Como o senhor avalia o fórum?


Juan Manuel Herreros – Foi muito satisfatório. As propostas apresentadas foram muito boas, e coincide com o que se tem discutido em todo o mundo. Debatemos temas como marcos regulatórios, redes de transmissão, o conceito de serviço público, e uma questão importante: a independência política e econômica do sistema público de TV. As emissoras bem sucedidas em todo o mundo têm esse princípio.


Nesse sentido, qual o modelo que pode ser considerado ideal?


É difícil assinalar modelos, porque cada país tem suas peculiaridades, suas idiossincrasias. Na Espanha, por exemplo, a TV pública é mais independente hoje do que no passado, os contratos de subvenção e financiamento são mais objetivos. Mas o melhor modelo é o da inglesa BBC, que é realmente independente e de qualidade.


O senhor acredita que o Brasil consegue chegar num patamar como esse, o da BBC?


Acho que não agora. Mas é um modelo a ser seguido. O que mais me convence é que a TV tem de ter financiamento público para bancar apenas serviços públicos.


Mas a TV pública pode ter outro tipo de serviço?


Até pode, mas não deve ser assim. O dinheiro público não pode financiar programas que não tenham serviço público. Isso acontece na Espanha. Canais públicos com programação sem serviços que buscam competir com as emissoras comerciais. Isso não é desejado.


Chegou a ser discutida no fórum a questão da classificação indicativa que o governo propõe? Qual a opinião do senhor sobre isso?


Sim, discutimos. Mas a minha opinião é que os limites devem ser os menores possíveis. É preciso proteger crianças de superexposição, mas os limites quem deve dar é o público.


***


Leia as conclusões do Fórum de TVs Públicas


‘Nós, representantes das emissoras Públicas, Educativas, Culturais, Universitárias, Legislativas e Comunitárias, ativistas da sociedade civil e militantes do movimento social, profissionais da cultura, cineastas, produtores independentes, comunicadores, acadêmicos e telespectadores, reunidos em Brasília, afirmamos, em uníssono, que o Brasil precisa, no seu trilhar em busca da democracia com igualdade e justiça social, de TVs Públicas independentes, democráticas e apartidárias.


Nove meses transcorridos desde o chamamento para o 1º Fórum Nacional de TVs Públicas, uma iniciativa pioneira do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, com apoio da Presidência da República, podemos afirmar que este nosso clamor soma-se aos anseios da sociedade brasileira. Neste processo, o Brasil debateu intensamente a televisão que quer e pretende construir, quando estamos à porta da transição para a era digital. Nesse período, superamos a dispersão que nos apartava de nós mesmos e descobrimos uma via comum de atuação, que tem como rota o reconhecimento de que somos parte de um mesmo todo, diverso e plural, complementar e dinâmico, articulado em torno do Campo Público de Televisão. Um corpo que se afirma a partir da sua heterogeneidade, mas compartilha visões e concepções comuns.


Os participantes do Fórum afirmam:


A TV Pública promove a formação crítica do indivíduo para o exercício da cidadania e da democracia;


A TV Pública deve ser a expressão maior das diversidades de gênero, étnico-racial, cultural e social brasileiras, promovendo o diálogo entre as múltiplas identidades do País;


A TV Pública deve ser instrumento de universalização dos direitos à informação, à comunicação, à educação e à cultura, bem como dos outros direitos humanos e sociais;


A TV Pública deve estar ao alcance de todos os cidadãos e cidadãs;


A TV Pública deve ser independente e autônoma em relação a governos e ao mercado, devendo seu financiamento ter origem em fontes múltiplas, com a participação significativa de orçamentos públicos e de fundos não-contingenciáveis;


As diretrizes de gestão, programação e a fiscalização dessa programação da TV Pública devem ser atribuição de órgão colegiado deliberativo, representativo da sociedade, no qual o Estado ou o Governo não devem ter maioria;


A TV Pública tem o compromisso de fomentar a produção independente, ampliando significativamente a presença desses conteúdos em sua grade de programação;


A programação da TV Pública deve contemplar a produção regional;


A programação da TV Pública não deve estar orientada estritamente por critérios mercadológicos, mas não deve abrir mão de buscar o interesse do maior número possível de telespectadores;


A TV Pública considera o cinema brasileiro um parceiro estratégico para a realização de sua missão e enxerga-se como aliada na expansão da sua produção e difusão;


O Campo Público de Televisão recebe positivamente a criação e inserção de uma TV Pública organizada pelo Governo Federal, a partir da fusão de duas instituições integrantes do campo público e promotoras deste Fórum (ACERP e Radiobrás);


E recomendam:


A nova rede pública organizada pelo Governo Federal deve ampliar e fortalecer, de maneira horizontal, as redes já existentes;


A regulamentação da Constituição Federal em seu capítulo sobre Comunicação Social, especificamente os artigos 220, 221 e 223;


O processo em curso deve ser entendido como parte da construção de um sistema público de comunicação, como prevê a Constituição Federal de 1988;


A construção e adoção de novos parâmetros de aferição de audiência e qualidade que contemplem os objetivos para os quais a TV Pública foi criada;


A participação decisiva da União em um amplo programa de financiamento voltado para a produção de conteúdos audiovisuais, por meio de mecanismos inovadores;


Promover mecanismos que viabilizem a produção e veiculação de comunicação pelos cidadãos e cidadãs brasileiros;


E propõem em face do processo de migração digital:


Garantir a construção de uma infra-estrutura técnica, pública e única, que viabilize a integração das plataformas de serviços digitais por meio de um operador de rede;


A TV Pública considera que a multiprogramação é o modelo estratégico para bem realizar a sua missão;


A TV Pública deve ser promotora do processo de convergência digital, ampliando sua área de atuação com as novas tecnologias de informação e comunicação e promovendo a inclusão digital;


A TV Pública deve se destacar pelo estímulo à produção de conteúdos digitais interativos e inovadores;


O apoio à continuidade de pesquisas com vistas à criação de softwares que garantam a interatividade plena;


Os canais públicos criados pela Lei do Cabo devem ser contemplados no processo de migração digital, passando a operar também em rede aberta terrestre de televisão;


A TV Pública deve estar presente em todas as formas de difusão de televisão, existentes ou por serem criadas;


Trabalhar em conjunto com o BNDES para encontrar mecanismos de financiamento, por meio do fundo social do banco de fomento, da migração digital das TVs Públicas;


Fomentar o debate sobre a questão da propriedade intelectual no universo digital, buscando ampliar os mecanismos de compartilhamento do conhecimento.


A força e a solidez do 1º Fórum Nacional de TVs Públicas são reflexos do envolvimento das associações do campo público de televisão brasileiro Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCom), Associação Brasileira de Emissoras Universitárias (ABTU) e Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral) e das organizações da sociedade civil, que ao tomarem parte deste processo dele se apropriaram, difundindo-o e ampliando-o.


Ao cabo destes quatro dias de reunião, sob o signo da fraternidade e de uma harmonia construtiva que só se vivencia nos grandes momentos históricos, todos saímos fortalecidos.


Acima de tudo, emerge fortalecido o cidadão brasileiro, detentor de um conjunto de direitos que jamais se efetivarão sem a ampliação e o fortalecimento do espaço público também na televisão brasileira;


Pelos motivos que se depreendem da leitura desta carta, é consenso, por fim, que o Fórum Nacional de TVs Públicas deve se transformar em espaço permanente de interlocução e de construção de políticas republicanas de comunicação social, educação e cultura, institucionalizando-se na vida democrática do País.


Brasília, 11 de maio de 2007


I Fórum Nacional de TVs Públicas’


INTERNET
Caique Severo


A longa cauda do spam, 14/05/07


‘O spam sempre acha uma forma de se encaixar em qualquer coisa que faça sucesso na internet. Para quem não sabe, spam são as mensagens indesejadas, normalmente enviadas para o seu email. A mais nova encarnação do spam são os blogs. Não estou falando de spams em comentários em blogs, pois isso é velho, mas na forma de blogs. É o spam surfando a cauda longa dos blogs.


Existem tantas novas formas de fazer os blogs ganharem dinheiro que agora começam a surgir blogs apenas para ganhar alguns trocados. Esses blogs não se contentam em encher a página com links patrocinados. Eles simplesmente copiam conteúdo de outros sites para ter o que publicar. Normalmente, eles escolhem textos sobre produtos e serviços para que os anúncios que aparecem na página sejam de coisas que as pessoas normalmente compram.


Outra consequência do crescimento da importância dos blogs é que mesmo os blogs com conteúdo genuíno estão ficando lotados de mensagens publicitárias. Antes um refúgio de páginas saturadas de propaganda, os blogs seguem o mesmo caminho. Não faltam alternativas cada vez mais atrativas.


Uma empresa chamada Tumri oferece uma caixa com anúncios para o seu blog. Você pode selecionar que tipo de anúncios quer que apareça. Se algum leitor comprar um produto a partir dessa caixinha, você ganha uma comissão. Outra opção são os widgets (como são chamadas essas caixinhas) da Mpire.com, que relacionam os produtos mais procurados de lojas online famosas.


Nada de errado em utilizar essas ferramentas para gerar receita. Muito pelo contrário. O problema é usá-las em demasia ou pior, criar conteúdo sob medida para gerar um anúncio com mais chances de ser clicado.’


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Folha de S. Paulo


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