Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Terra Magazine

ESCÂNDALOS
Francisco Viana

‘Blindagem’ vale tanto quanto a mentira, 14/7/07

‘Se há um mito em queda no Brasil, este é a chamada ‘blindagem’. Comunicadores, advogados e, inclusive marketeiros, vêm se deixando seduzir por esta palavra, que soa como mágica para os envolvidos em escândalos de corrupção, mas a realidade teima em demonstrar que, a exemplo do ensinava o venerando Rui Barbosa, contra fatos não há argumentos. O caso Renan Calheiros é um emblema incontestável desta realidade. Quanto mais é questionada a versão apresentada pelo senador quanto às suas relações com o lobista Cláudio Gontijo, da empreteira Mendes Júnior, mais a sua posição se torna frágil, mais ele perde terreno, embora teime em resistir.

Pior, a crise provocou uma reação em cadeia. E põem em cheque, cada vez com maior intensidade, a reputação e o papel do Congresso, a origem da fortuna do próprio Renan Calheiros, o mandato de senadores suplentes que ocupam o cargo sem dispor de um mísero voto e, com a sutileza de um vírus, ameaça a credibilidade do Governo. Afinal, Renan Calheiros é o presidente do Congresso e não soa bem para o presidente aparecer publicamente, no atual momento, trocando com ele amabilidades e abraços. Ou será que perdeu a validade o dito popular que ensina ‘diga-me com quem andas e eu lhe direi quem és’?

Tudo isso é comunicação. Claro, comunicação que causa estragos porque é a comunicação pelo viés negativo. A anticomunicação, aquela que bate de frente com a realidade dos fatos. Políticos e comunicadores deveriam ter sempre ao alcance das mãos os livros de História. Se assim fizessem, saberiam que a história está sempre a fazer eco nos presente e a se repetir. O caso Renan Calheiros, sob esta perspectiva, não seria, guardadas as proporções, uma repetição requentada da chamada Operação Uruguai do Governo Collor? Como todos sabem, não deu em pizza. Caiu o presidente da República, caiu o lobista Paulo César Farias, caiu todo um esquema colossal de corrupção.

Não obstante, os envolvidos em escândalos se recusam a olhar o passado para melhor compreender o presente. Estão presos a velhos modelos de gestão ou prevenção de crises. Acreditam firmemente que seus argumentos serão aceitos sem questionamentos, sem reação e sem que sejam investigados.

O comunicador, nesses momentos, precisa ter a capacidade de visão de muitos e muitos lances antes de mover qualquer das peças do tabuleiro. Em primeiro lugar, porque nenhuma peça pode ser movida sem que antes se avalie a possibilidade de contradição dos fatos. Em paralelo, porque precisa assumir o papel de educador do cliente, de conselheiro, de autêntico gestor de reputações. Na crise, qualquer contradição, por tênue que seja, inspira suspeitas e motiva a perda de credibilidade. E se o beduíno sempre encontra água no deserto, o jornalista sempre vai saber separar o que é fato verdadeiro do que é pura ficção.

Eis a verdade: a mídia tornou-se um grande e inclemente tribunal. Os nomes dos que são envolvidos em escândalos são imediatamente condenados pela opinião pública. À primeira vista, parece algo doentio. A imprensa sempre enfatiza o negativo. As autoridades costumam reagir argumentando que só o negativo é realçado. Rejeitam a critica, querem, em outras palavras, a cumplicidade. Acima de tudo querem exercer o poder sem ser incomodadas. Ou que outro sentimento explicariam o fato da ministra do Turismo recomendar que o cidadão, diante das agruras do chamado ‘apagão aéreo’ simplesmente relaxasse e gozasse (com o perdão do leitor de repetir frase tão inapropriada).

Ou que outro sentimento levaria o ministro do planejamento a atribuir o mesmo ‘apagão’ ao súbito crescimento brasileiro. Ambos poderiam reagir com simplicidade e dizer: falhamos. Não planejamentos. Vamos mudar. Soaria simpático, semearia compreensão se as desculpas viessem seguidas de um sincero pedido de desculpas. É assim que se faz quando se erra: admite-se o erro, pede-se desculpas. Se muda o modo de fazer as coisas.

O hábito de analisar a realidade para mudá-la, tão incipiente entre nós, brasileiros, não é novo. No início do século XX, David Rockefeller, à época o homem mais rico do planeta, vivia às turras com a mídia americana porque estava freqüentemente no banco dos réus acusado que era de monopolizar o negócio do petróleo. Ao morrer, era um herói americano. Deu a virada porque mudou seu estilo de fazer negócios e pode provar a mudança. Não mudou, porém, por acaso. Mudou por pressão da sociedade e das leis. Era mudar ou ser execrado.

Hoje, a cultura da anti-impunidade tornou-se planetária. E a ética está virando lei. Por que a popularidade de Bush está caindo em flecha? Por que ele mentiu sobre as armas químicas no Iraque, justificativa para a invasão e a guerra? Por que empresários americanos foram condenados a 20 anos de cadeia por fraude? Porque a lei assim determina.

No Brasil, grassa a cultura da autoridade olimpiana. Aquela que paira acima do bem e do mal. Aquela que se comporta com estilo absolutista e cujos atos não podem ser contestados. Os escravagistas tiraram partido deste traço cultural para manter o tráfico de negros, a despeito de ser proibido pela Inglaterra – que afundava os navios dos traficantes – por quase um século. Resultado: quando o Brasil afinal acordou e proibiu o tráfico, a frota de navios mercantes dormitava no fundo do mar e o pais ficou sem meios de exportar em larga escala. Os partidários do império também consideravam crime de lesa pátria defender a República. Queriam, sim, defender seus privilégios. Na República, o freio para os movimentos sociais foi o anticomunismo. De 1935 até a década de 80, essa foi a grande bandeira para barrar os movimentos sociais, as reformas. A justificativa para não mudar ou mudar muito pouco.

E, assim, chegamos aos dias atuais. A novidade é que já não existem refúgios retóricos seguros para aqueles que pensam exclusivamente nos seus interesses. Ou, que não medem o limite da vergonha para os seus atos. O anticomunismo virou uma relíquia bárbara. Os brasileiros estão ficando consciente dos seus direitos. Criticam, questionam, julgam. E não agem assim apenas em relação aos políticos. Mais e mais empresas estão na berlinda. Em particular, aqueles que prometem uma coisa e fazem outra. Os escândalos só não ganham maiores dimensões é porque a imprensa foca muito no político e pouco no dia-a-dia das pessoas. Questiona-se muito os políticos como se eles fossem capazes de praticar sozinho atos de corrupção, sem ir a fundo no em torno ou nas conexões perigosas com o mundo dos negócios.

Essas nuanças virão à tona com o tempo. A chave que vai abrir o espaço para os novos e mais profundos questionamentos está na liberdade da sociedade. Em paralelo, falta mais agilidade à justiça. A reforma do judiciário precisa ser a mãe de todas as reformas. A partir dela é que se erguerá um autêntico Estado de Direito. Uma autêntica democracia. Critica-se muito a cultura de impunidade no Brasil. Mas não existiria algo que origina esta cultura? Suas raízes não estariam na cultura do privilégio, numa cultura jurídica que privilegia os ricos e cria muralhas para proteger os pobres? Não teria essa dicotonomia criado uma Justiça com dois pesos e duas medidas? Não seria a verdadeira pedra no caminho da modernização brasileira?

Certamente, a sociedade encontrará respostas. Melhor, começa a encontrar respostas. O tempo dos discursos vazios, ocos como anéis, está perdendo lugar. A sociedade amadureceu. Evidentemente, espaço para a manipulação e a mentira existe e muitos continuarão a usá-lo, seja na política, seja nos negócios, seja na conexão perversa de política e negócios. Mas, o que há de positivo é que quando as conexões perversas vêm à luz a sociedade reage e pune. Como reage aos modelos perversos de gestão do Estado e de empresas. O ambiente da vida brasileira está contaminado pela corrupção e a ausência de ética, pelo desrespeito à lei e pela impunidade, mas existe uma reação em marcha e está vem se revelando eficaz.

Que o Congresso Nacional não se iluda: a chamada ‘blindagem’ não passa de uma miragem e, como toda miragem, se esfuma quando vista de perto. Não se trata de prejulgar o caso Renan, como não se trata também de prejulgar o senador Joaquim Roriz – flagrado numa gravação em que discute com Nenê Constatino, dono da Gol, a partilha de R$ 2,2 milhões em dinheiro vivo. Nem de prejulgar ninguém. Todos, é evidente, são inocentes até que se julgue em contrário. Trata-se, sim, do rito civilizado e democrático de investigar, julgar e apontar culpados ou inocentes. Isto é uma comunicação positiva. Não ficar fugindo dos fatos ou adiando julgamentos. Como disse Freud, o corpo todo fala.

Ou seja, não julgar, adiar posicionamentos, fugir dos fatos equivale a confissões de culpa ou de cumplicidade. No Brasil dos dias atuais,uma personalidade pública (ou um empresário) pode até ficar acima da lei, mas o artifício da ‘blindagem’ vale o mesmo que a palavra de um mentiroso. Isto é, nada. Absolutamente, nada. Só há um caminho para escapar do tribunal da opinião pública: apresentar fatos. E fatos incontestáveis. Palavras como honra, reputação, dignidade, verdade e afins são sinônimos de nada se não estiverem respaldadas em fatos. Na dúvida, é aconselhável ler o noticiário.

Francisco Viana é jornalista, consultor de empresas e autor do livro Hermes, a divina arte da comunicação. É diretor da Consultoria Hermes Comunicação estratégica (e-mail: hermescomunicacao@mac.com)’

PEDOPRIEST
Vera Gonçalves de Araújo

A censura é sempre burra, 13/7/07

‘Se você procurar no Google ‘pedopriest’ os resultados serão 120.000 sites que tratam do assunto. Uma resposta destas, na língua dos motores de busca, pode se traduzir com ‘sei lá, são muitos, aqui estão os primeiros 120.000 que encontramos’. Uma resposta que quer dizer, também, que os esforços de censura do deputado italiano Luca Volonté, do partido de centro-direita UDC, se revelaram inúteis.

Luca Volonté é um dos parlamentares mais queridos do Vaticano, mas demonstra, nesse caso, uma colossal ignorância da internet, e um descaso completo por idéias como ‘liberdade de expressão’. Volonté pediu, com grande alarde, no dia 3 de julho, a intervenção do governo italiano para censurar o videogame Operation Pedopriest, produzido pela italiana Molleindustria. O governo acatou o pedido, mobilizando a polícia informática para impedir a difusão do Pedopriest. Impedir em termos: os 120.000 resultados de Google demonstram que censurar a web é, no mínimo, complicado. Ou impossível.

Para censurar o jogo foi fechada a plataforma www.noblogs.org (sem mandar nenhum aviso aos titulares), que hospeda muitos blogs de interesse social, vítimas de um apagão geral, junto com aqueles que tinham ‘ousado’ apresentar o vídeojogo. Apagão que só durou poucas horas, porque a gestão de Noblogs conseguiu reacender tudo apesar da censura, também porque no dia seguinte o provedor descobriu que nenhuma lei dos EUA proibia o conteúdo do jogo.

O jogo é muito simples: crianças – representadas por bonequinhos estilizados – sofrem moléstias de padres – também eles simbolizados por bonequinhos estilizados: o jogador é chamado a encobrir os casos, ajudando a cúpula vaticana a esconder tudo para salvar a honra da Igreja. O parlamentar italiano fez um escândalo, dizendo que o jogo exibe ‘imagens de pedofilia e pornografia’. Claramente, ele nem chegou a visitar os sites que mandou fechar.

O paradoxo é evidente: censura-se um jogo que denuncia a pedofilia e os pedófilos, com o pretexto (falso) de que apresenta imagens pornográficas. A polícia informática demonstrou burrice, acusando Noblogs de hospedar material pedopornô, como burras se revelaram as autoridades dos EUA – país de residência do provedor – que fecharam a plataforma sem investigar. Como se fechassem os correios porque alguém manda cartas anônimas difamatórias. A comunidade da internet reagiu, e o resultado é que Pedopriest é um sucesso, publicado em dezenas de milhares de sites. Um verdadeiro caso de auto-lesionismo.

Mas o deputado Volonté parece não se dar conta de seus vexames: já pediu um novo ato de censura para impedir a apresentação do balé Messiah Game na Bienal de Arte de Veneza. Neste caso, o prefeito de Veneza e o diretor da Bienal mandaram ele às favas. Agora, parece que descobriu outro caso digno da sua atenção: um passeio organizado para visitar mosteiros e conventos famosos por episódios picantes na Idade Média e na Renascença. Luca Volonté parece decidido a passar para a história como o grande defensor da honra da Igreja católica. Seu nome vai entrar para a mesma galeria onde já está o pintor, conhecido só pelo seu apelido, Braghettone (cuecão), encarregado por alguns cardeais de pintar calcinhas e calções para cobrir a nudez dos personagens do Juízo Universal de Michelangelo, na Capela Sistina.

Vera Gonçalves de Araújo jornalista, nasceu no Rio, vive em Roma e trabalha para jornais brasileiros e italianos.’

LIVE EARTH
Alexandre Xavier

O Live Earth polui demais, mas pode ter dado certo, 12/7/07

‘O semanário inglês The Observer pediu uma conta a um cientista do site Carbonfootprint.com para saber quanto o Live Earth (evento realizado sábado nos sete continentes em prol do meio ambiente) gerou de poluição. A estimativa considerou o deslocamento de artistas e público e o consumo de energia nos nove festivais. A conta deu 31,5 mil toneladas de dióxido de carbono.

O tablóide News of the World fez outra matemática e concluiu que a Madonna emite 100 vezes mais CO2 do a média britânica. Calculou as emissões de suas nove casas, frota de carros, jato particular e da turnê Confessions. Ela foi chamada de ‘catástrofe da mudança climática’.

Em contraponto às críticas da imprensa inglesa, a imprensa alemã elogiou o evento e vestiu a camisa da causa de Al Gore. O Live Earth emitiu muito gás carbônico, sem dúvida (só a luz do telão iluminava minha casa por cem anos), mas pode ter sido um investimento e pode ter empolgado muita gente a finalmente tomar alguma atitute contra o aquecimento global. Os organizadores calculam que sua audiência chegou a dois bilhões de pessoas.

O melhor Live Earth dos 7 continentes

Aqui em Londres, o Live Earth começou profético. Em prol da sensibilização para enfrentar a crise da mucança climática global, o evento começou justamente com uma mudança de clima. Fazia quase um mês que a capital britânica não via o sol. Justamente no sábado, o tempo mudou.

O que já garantia parte do sucesso dos shows porque o público chegara ao estádio de Wembley com o humor renovado.

Depois das performances insossas do Genesis, do Razorlight e do Snow Patrol, o Kasabian fez uma competente apresentação de 15 minutos. Antes de fechar com ‘LSF’, deu tempo de o vocalista Tom Meigham bradar: ‘vamos tentar salvar os ursos polares para que nossos filhos os vejam!’.

Aí foi a vez do Black Eyed Peas entrar com a pulp-fiction ‘Let¿s Get it Started’ e, pela primeira vez no dia, botar o estádio inteiro para dançar. Enquanto Wembley pulava, o letreiro do palco explicava que a energia gasta para produzir 20 latinhas recicláveis equivale à gasta para produzir uma latinha do zero. E pouco antes do grupo iniciar a quarta música, o Brasil virou protagonista do Live Earth. O rapper Apl.de.ap recebeu uma bandeira brasileira da platéia. Ele aproveitou que ia cantar um tema composto em homenagem ao Al Gore (após conhecer o ex-presidente no País), se enrolou na bandeira e fez o seguinte discurso: ‘Quando penso na Terra, penso no Brasil, porque 20% do oxigênio do planeta vêm de lá. O Brasil é um dos protagonistas deste evento por causa da Amazônia, temos de preservar a floresta e sua água’. Enquanto Apl.de.ap falava, um cartaz escrito ‘Save the Amazon’ aparecia no telão (tinha muito brasileiro na pista de Wembley).

Já o Duran Duran podia ter ficado em casa. Não falou nada em prol da causa do evento e não manteve o público na animação do Black Eyed Peas. ‘Ordinary World’ não funciona mais ¿ se é que funcionou algum dia. Atrás da banda, o letreiro do palco pedia para as pessoas andarem de bicicleta e comprarem créditos de carbono.

Às 17h15 (hora local) era a vez do Red Hot Chili Peppers. Mas alguns problemas técnicos atrasaram a entrada dos californianos e a platéia teve que aturar alguns minutos do show do Linkin Park em Tóquio. O letreiro do palco lembrava que um saco plástico leva 500 anos para se decompor.

Em todos os intervalos entre os shows, uma mensagem pró-meio ambiente aparecia. O público não passava dois minutos sem alguma informação (via telão, via letreiro, via alguém no microfone).

O Red Hot entrou às 17h40 com ‘Can¿t Stop’ e o baixo do Flea estava tão alto que deve ter aberto centenas de buracos na camada de ozônio. A banda só foi ovacionada quando tocou ‘By the Way’, a quarta e última música do setlist. O letreiro anunciava que a indústria de carne mundial responde por 18% da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa.

A banda local de art-rock, o Bloc Party, teve que encurtar seu show por conta do atraso alheio. Ninguém reclamou. Com exceção de ‘Banquet’, as outras músicas não empolgaram. A banda estava visivelmente nervosa por estrear em Wembley.

O Keane entrou com a missão de levantar o público, já meio desanimado depois do Bloc Party, da Corinee Bailey Rae e da Terra Naomi. E conseguiu por meio do carismático vocalista Tom Chaplin e do hit ‘Somewhere Only We Know’. O letreiro pedia para se usar a máquina de lavar na temperatura 30 graus.

Cerca de vinte minutos depois dos teclados do Keane, o Metallica entra com as duas guitarras mais altas do festival. ‘Sad but True’ e ‘Nothing Else Matters’ vieram antes de ‘Enter Sandman’, clássico da banda que fez Wembley tremer, pular e cantar. O frontman James Hetfield, apesar da quantidade de cabelos brancos, ainda tem a exata noção do que é tocar para 70 mil pessoas e a banda foi aplaudida de pé. (O Metallica fez seu papel, apesar de não estar se sentindo em casa num evento que tinha, por exemplo, as meninas pop-teen-dançante-brega do Pussycat Dolls).

Os vovôs do Spinal Tap tocaram seu metal semi-fictício (mistura de Pink Floyd com Twisted Sisters) em seguida. Sem poder acompanhar o ritmo do Metallica, entreteve o público com ‘gracinhas’: o show teve anões capuchinhos, pedras de isopor durante ‘Stonehenge’ e teve uma reunião de todos os baixistas presentes (que incluiu o tecladista do Keane, o guitarrista do Metallica, entre outros penetras) durante ‘Big Bottom’.

Às 20h, o tenista Boris Becker anunciou o cantor James Blunt que tocou sob um céu cheio de rastro de gás poluente de avião. Ele só não passou desapercebido porque vez um cover de ‘Wild World’ do Cat Stevens. O letreiro do palco, coincidentemente, dizia que viagem de trem polui menos que viagem aérea.

O Beastie Boys não fez muito sucesso, mas teve uma entrada triunfal no palco com ‘Sure Shot’ e, quando usou instrumentos musicais ao tocar ‘Sabotage’, levantou o público.

Às 21h15 era dia ainda em Londres e o Live Earth virou de cabeça para baixo com o Foo Fighters. Dave Grohl dedicou ‘Time Like These’ para o Al Gore e ainda botou o ex-presidente americano no meio de ‘My Hero’. O ex-bateirista do Nirvana, com uma presença de palco impecável, fechou o show de cinco músicas com uma versão quase solo de Everlong (o resto da banda entrou nos últimos 30 segundos da música) e fez valer as £55 do ingresso do evento.

Às cinco para às 22h, finalmente é noite. As luzes se apagam. E fez-se a Madonna. Com um feixe de luz só nela, a rainha da música pop começa a cantar ‘Hey You’, canção composta especialmente para o Live Earth. A mulher prende a atenção com uma autoridade impressionante. Depois de ‘Hey You’, ela pegou uma Gibson Les Paul preta e tocou ‘Ray of Light’ meio desajeitada. Em seguida, Madonna chamou dois membros da banda indie nova-iorquina Gogol Bordello (que não tem nada de pop) para tocar La Isla Bonita. ‘Obrigado Al Gore por começar uma avalanche global pela conscientização sobre a mudança climática. O Live Earth não é só entretenimento, é o começo de uma revolução, amém’, pregou a cantora americana. Madonna fechou o Live Earth de Londres com um clima excelente. Mas é pouco provável que o clima (e o tempo) continue assim por muito tempo.

Alexandre Xavier é editor da revista JungleDrums (www.jungledrums.org) e escreve quinzenalmente direto da terra da Rainha e dos Sex Pistols’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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