Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Terra Magazine


TV & FUTEBOL
Luciano Borges


Presidente do Palmeiras quer transferir para sábado o jogo contra o
Sport


‘O presidente do Palmeiras quer transferir o jogo contra o Sport para
sábado.


A partida foi antecipada para esta quarta-feira a fim de atender às
necessidades de grade da TV Globo e Bandeirantes, que necessitam de um jogo às
21h50. ‘Isso é um desrespeito. Vou trombar com a Globo. Quero o jogo de volta ao
final de semana’, disse esta manhã ao Blog do Boleiro.


Logo cedo, o dirigente tentou entrar em contato com os responsáveis da área
de transmissões de jogos da Globo. Não conseguiu falar com ninguém.


O Palmeiras acha que a antecipação da partida diante do Sport impede o
aproveitamento de dois de seus titulares que retornam de cirurgia (o volante
Pierre) e contusão (o meia Cleiton Xavier). ‘O Cleiton deverá ter condições de
jogo no final de semana’, prevê o médico Rubens Sampaio.


Belluzzo está com vontade de comprar briga. ‘Minha fase de bem educado está
suspensa’, disse. Desde domingo à tarde, quando acompanhou a derrota do
Palmeiras para o Fluminense pela televisão, o dirigente anda, como ele mesmo
diz, ‘muito irritado’.


O principal alvo da ira do economista Belluzzo é o juiz gaúcho Carlos Eugênio
Simon. A decisão do árbitro de marcar uma falta de Obina em Maicon no lance em
que o atacante alviverde cabeceou a bola para o gol, ainda no primeiro tempo,
liberou os instintos mais primitivos do presidente.


No próprio domingo, numa entrevista para o jornal Lance, ele falou em ‘dar
uns tapas’ em Simon se o encontrasse. Nesta segunda-feira, ele conversou com
vários jornalistas e aumentou a ferocidade do discurso.


Para Belluzzo, o árbitro gaúcho ‘é um operador oficial de interesses escusos’
que ‘tem uma folha corrida’ de erros. ‘Eu comentei com meus diretores, antes da
partida, como é que deixaram esse sujeito ser escalado para o jogo. Ele está
claramente comprometido com interesses’, disse ao Blog do Boleiro.


Enquanto falava ao telefone, o dirigente assistia na televisão a reprise do
lance do gol de Obina, que não valeu. ‘Olha aí, não houve nada. Este cara estava
mal intencionado’, acusou.


Segundo Luiz Gonzaga Belluzzo, Simon falhou também ao não marcar um pênalti
em Danilo, no segundo tempo, quando o Fluminense já vencia por um a zero. ‘Foi
uma falta tão ostensiva que não dá nem para comentar. Este camarada enxerga
demais numa hora e, em outros lances, enxerga de menos’


Logo depois da partida no Maracanã, o gerente de futebol Toninho Cecílio foi
à sala de imprensa e protestou fortemente contra a atuação de Simon. Depois,
chegou a vez do presidente do clube que vem pegando pesado.


A idéia é evitar que o técnico Muricy Ramalho e os jogadores se envolvam
neste protestos. ‘Não quero contaminar o elenco. Eu tenho que falar e eles têm
que jogar, se preparar para a partida contra o Sport’.


O dirigente admite que o time não anda bem. Faz críticas ao futebol jogado
pelo atacante Vágner Love. Acha que o treinador precisa ‘fazer uma avaliação ao
que não foi bem’.


Sua avaliação do desempenho do Palmeiras contra o Fluminense não é das
melhores: ‘O time Jogou mal? Estou de acordo. Mas o Fluminense também não jogou
bem. Foi uma partida igual. Mas se o gol do Obina fosse validado, o jogo seria
outro’.


‘NÃO VOU COMPRAR JUÍZES’


O presidente leu os blogs não oficiais do Palmeiras. Viu que está sendo
cobrado para ter uma atuação mais efetiva nos bastidores da CBF, entidade que
organiza o Campeonato Brasileiro. Reagiu com indignação.


‘Não faço isso. Não compro juiz para apitar a meu favor. Sei que tem gente
que opera desse jeito. Eu não’, afirmou. Belluzzo sequer pretende enviar um
protesto formal à CBF, reclamando de Simon ou vetando o nome do juiz nos jogos
do Palmeiras.


Em alguns momentos da conversa, o dirigente mostra desânimo. ‘O futebol é
podre. É frequentado por pessoas que não servem para viver minimamente no que se
denomina civilização ocidental. Está coalhado de safados e malandros’,
afirmou.


Belluzzo disse mais: ‘Não vou me meter a fazer coisas que não condizem com
minha formação. O futebol é um jogo bonito. Não consigo achar legal ir para a
arquibancada sabendo que existe este trabalho de bastidores’.


O que mais irrita Belluzzo é o estrago que o erro de Simon causou para o
Palmeiras. ‘A gente vinha se mantendo na liderança, com muito esforço, e leva
uma tungada dessas! Não é apenas um erro, mas um erro que tira a liderança do
campeonato faltando quatro rodadas para o final’, falou.


Será difícil mudar a data do jogo entre Palmeiras e Sport. A TV Globo já
ouviu reclamações dos são-paulinos, que não queriam enfrentar o Grêmio no meio
da semana passada. Mesmo assim, o Palmeiras parte agora para uma resistência
estóica. ‘Passei do meu limite de tolerância. Se precisar brigar com a Globo,
vou brigar’, afirmou.’


 


RECIFE
Vitor Hugo Soares


‘O que ficou do que passou’


‘Na apresentação do livro ‘Dias Idos e Vividos’, a antologia do escritor José
Lins do Rego (publicada in memoriam), uma citação de Goethe veste com perfeição
e elegância a figura do escritor nordestino de obra universal: ‘Eu não tenho
feito outra coisa, na vida, que tirar proveito das coisas vividas’.


Difícil achar palavras mais apropriadas para iniciar este artigo sobre dois
assuntos vinculados entre si e que calam fundo na formação e nos sentimentos do
autor destas linhas: o aniversário do ‘Diário de Pernambuco’, o mais antigo
jornal da América Latina, neste sábado, 07; e o lançamento nacional de ‘A Nuvem
– O que ficou do que passou’ , livro de memórias do jornalista baiano Sebastião
Nery, na segunda-feira, 9, em Recife – um explosivo e denso depoimento político
e pessoal. ‘Espremi minha vida’, confessou Nery esta semana, em reveladora e
polêmica entrevista à revista digital Terra Magazine.


‘Os dois eventos fazem Recife ferver nestes dias quentes de pré-verão’,
informam amigos queridos que conservo na Veneza Brasileira, em telefonemas
generosamente convidativos. É quase certo que o aniversário do DP e o livro de
Nery farão ferver também a política nacional nestes e nos próximos dias: de
Salvador a Brasília e Minas, e do Rio a São Paulo.


Desde o começo desta semana, quando li a entrevista do veterano jornalista
Sebastião Nery ao jovem repórter Claudio Leal (baiano de Itapagipe), bateu uma
vontade danada de voltar e estar na capital pernambucana. Vontade tão intensa
quanto a que experimenta nos tempos de infância e juventude. Então viajava
léguas para brincar nos carnavais de Capiba e Nelson Ferreira.


O fato é que conservo marcas profundas de quem nasceu em uma cidade da margem
baiana do Rio São Francisco (Abaré), a poucos quilômetros da pernambucana
Cabrobó, marco zero das obras de engenharia do faraônico, bilionário e polêmico
projeto de transposição das águas do rio, tocada pelo governo Lula, que há
poucos dias andou por lá ‘fiscalizando’, com a ministra Dilma Rousseff debaixo
do braço.


Bem perto fica também a cidade de Santo Antonio da Glória, pertinho dos
rugidos da cachoeira de Paulo Afonso. Em Glória, no tempo da construção da
primeira grande hidrelétrica da CHESF no Nordeste, passei os melhores anos da
infância, olhando para Pernambuco, na outra beira do rio. Acordava diariamente
com a casa da família sintonizada na Rádio Jornal do Comércio ‘falando para o
mundo’. Notícias de Miguel Arraes, de Agamenon Magalhães, de Francisco Julião,
de Cid Sampaio, das grandes pelejas eleitorais para governador do Estado ou
presidente da República.


Depois vinham os frevos de Capiba, os baiões geniais de Luiz Gonzaga, o
relato dos fatos do dia na polícia e na política, os casos da gente elegante e
na ‘última moda do ‘Ricife’. Chegava também da margem oposta do Velho Chico, o
Diário de Pernambuco, jornal aguardado na cidade com tanta expectativa quanto o
exemplar semanal da revista O Cruzeiro, também dos Diários Associados de Assis
Chateaubriand, como o DP, que vinha do Rio de Janeiro para a casa de Seu Mendes,
o distribuidor local.


Neste sábado, o Diário de Pernambuco, idealizado pelo comendador Antonio José
de Miranda Falcão, festeja 184 anos de vida e presença marcante, com merecida
pompa e circunstância. O mais antigo jornal da América Latina – foi fundado a 7
de novembro de 1825 -, é um exemplo raro de longevidade e coerência com a sua
história e os princípios liberais que sempre defendeu.


O DP – constato agora – não parou no tempo nem dormiu enquanto os fatos e as
mudanças no mundo e no Brasil passavam em sua porta, como fizeram grandes
jornais do passado, hoje mortos e enterrados, ou quase moribundos. Atualizou-se
sempre, ‘sendo esse constante empenho um dos trunfos de sua longa vida’, leio em
sua edição on-line. Dispõe atualmente de um dos mais avançados parques gráficos
do País e ostenta ainda outro importante título: é a mais antiga publicação do
mundo editada em língua portuguesa, segundo informa o seu site na Web.


De ponta a ponta exibe uma história fascinante de lutas, erros e acertos na
construção de um jornal que faz 184 anos, e caminha com passos firmes para
festejar os 200. Pernambuco tem motivos de sobras para ferver e frevar neste
aniversário de seu diário. E a Bahia vai estar bem representada na festa.


Na segunda-feira, 09, em Recife, Nery lançará como parte das comemorações, ‘A
Nuvem – O que ficou do que passou’ (Geração Editorial), o livro que – como
assinala Terra Magazine na apresentação da entrevista de um dos mais polêmicos
jornalistas do País – condensa 50 anos de vida profissional e política. A
aventura se inicia no internato de seminarista, na Bahia, e se estende até os
anos 90.


‘Nesse rastro de evocações’, surgem os presidentes Juscelino Kubitschek,
Jânio Quadros, os ditadores do regime militar, Tancredo Neves, José Sarney e
Fernando Collor. Além da drástica e dramática narrativa do rompimento com Leonel
Brizola, quando o gaúcho o colocou diante de um dilema impensável para Nery, que
acumulava sua atividade jornalística com a de combativo e combatido deputado
federal: largar o jornalismo para permanecer em um dos cargos de comando
nacional do PDT de Brizola, que o baiano então ocupava.


E mais não conto para não tirar a graça e quebrar o suspense. Quem desejar
saber mais leia o livro ou vá à festa do Diário de Pernambuco, para beber
diretamente da fonte. Agora o que faço é uma saudação comovida ao DP, ‘madeira
que cupim não rói’, como o bloco do Recife cantado no frevo lendário de Capiba.


Bravo!’


 


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