Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Tiago Dória


CRIMES VIRTUAIS
Tiago Dória


Frase da semana, 12/7


‘‘É um trabalho difícil, porque você remove o arquivo em um dia e no outro
[dia] ele já está disponível de novo na internet’


A frase acima é de Fabiana Botton, analista de internet da APCM [Associação
Antipirataria Cinema e Música].


Nesta semana, a Folha Online apurou que a associação conseguiu retirar do ar,
no primeiro semestre de 2008, mais de 161 mil ‘links’ e arquivos da internet,
sob acusação de conterem o que eles chamam de ‘conteúdo pirata de músicas e
filmes’ ou apontarem a páginas com esse tipo de material.


Também nesta semana, mesmo com um texto mal redigido que dá margem a diversas
interpretações, o Senado Federal aprovou a ‘Lei Azeredo’ sobre crimes na
internet.


A medida ainda vai passar por votação na Câmara dos Deputados.’



***


Site fora da Lei Azeredo, 11/7


‘Entre protestos e abaixo assinado online contra a ‘Lei Azeredo’, o Portal
Software Livre resgata uma matéria de maio de 2007 do UOL Tecnologia.


O site de Eduardo Azeredo (PSDB-MG) foi feito em desacordo com um dos artigos
do projeto de lei de crimes virtuais que o próprio senador propõe e deve ser
votado nesta quarta-feira (23/05) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
do Senado.


O internauta que visitasse até as 21h20 desta terça-feira (22/05) o site
www.senado.gov.br/web/senador/eduardoazeredo/index.asp, indicado como site
pessoal de Azeredo no site do Senado, teria cookies gravados em seu computador
sem sua prévia autorização.


Também não há no site nenhuma política de privacidade. A prática é
considerada como crime pelos artigos 154-A e 154-B, que podem ser incluídos no
Código Penal pelo projeto de lei de crimes virtuais.’



IMPRENSA
Tiago Dória


Como são os melhores jornais do mundo, 10/7


‘Atendendo a pedidos, vou voltar a escrever posts sobre dicas de livros aqui,
no blog. Até criei a categoria livros.


Volto com o Os Melhores Jornais do Mundo, de Matías Molina, um livro com 680
páginas e publicado pela Editora Globo, importantíssimo para quem quer entender
tudo o que está acontecendo na área de imprensa atualmente.


Molina, jornalista, historiador pela USP e colaborador do Valor Econômico,
faz um histórico dos mais influentes jornais do mundo.


Da leitura, tirei algumas curiosidades e conclusões interessantes.


São várias, mas separei, não necessariamente na ordem de relevância, algumas
para vocês terem uma melhor noção da importância do livro:


Curiosidades:


1) A maior redação do mundo é a do jornal japonês Asahi Shimbun. São 2.700
pessoas, sendo que 1.200 são jornalistas. Próximo ao jornal, existe um
prédio-dormitório onde ficam 300 repórteres, prontos para qualquer imprevisto.
Igual ao Corpo de Bombeiros. Dormem no quartel.


São 12 milhões de exemplares por dia. É o 2º maior jornal do mundo – o 1º é o
Yomiuri Shimbun, com 14 milhões.


2) Durante um período, cada repórter do alemão FAZ tinha direito a um carro,
um Golf. Aos editores uma BMW disponível 24 horas para cada um. É lógico que
essa abundância não durou muito.


3) Conhecido por dar um viés sensacionalista aos produtos, quando Rupert
Murdoch comprou o sisudo e respeitado The Wall Street Journal no ano passado,
foi questionado se ele colocaria fotos de mulheres de biquíni, com pouca roupa
nas páginas do jornal.


Murdoch diz que colocaria, mas que todos poderiam ficar tranquilos, pois elas
teriam MBA.


Conclusões:


1) Influência e relevância não estão ligadas a números. A história dos
jornais mostra isso a todo o momento, mas é mais evidente nos EUA. Para se ter
uma idéia, o USAToday é jornal de maior circulação nos EUA, seguido do Wall
Street Journal e do The New York Times.


São números, mas quem pauta a imprensa local e do mundo inteiro, inclusive a
internet? The New York Times, que é o 3º e tem uma circulação bem menor.


2) A internet é um desafio, mas não é o principal motivo da crise de alguns
jornais. Aliás, em parte, essa crise é recente. Jornais sempre trabalharam com
margens de lucro muito baixas – 1 a 3%.


Os donos de jornais bem sucedidos são aqueles que trabalham com essa margem e
sempre viram os jornais não como uma forma de ganhar dinheiro, mas de ganhar
influência, mesmo sem interferir na parte editorial.


Mas voltando a essa crise, ela é resultado de anos de má administração –
contratações e promoções baseadas mais em critérios pessoais do que técnicos,
falta de estudos corretos de mercado, falta de investimento em pesquisa na
criação de novos produtos etc.


Enfim, aspectos que a longo prazo minam qualquer negócio.


3) O posicionamento mais bem sucedido tem sido o semelhante ao do ElPais. O
site é utilizado para atingir um público global, nunca antes trabalhado pelo
jornal. Um mercado natural, maior e além das fronteiras.


E o impresso focado cada vez mais nas questões locais. Até por que o impresso
tem um problema de distribuição, não pode estar acessível de qualquer lugar do
mundo. O site, ao contrário, pode.


Impresso = mais local/ Site = público global, trabalha com o conceito de
informação disponível de qualquer lugar. Um dos desafios é migrar a publicidade
a esse mercado global e online.


No geral, Molina deixa de fora muita coisa sobre a internet. Isso é bom e
ruim. Bom porque ele tem mais espaço e energia para falar sobre um passado que
você não encontra muito material em português por aí.


E ruim porque essa parte da internet nos jornais é essencial para entender
qual visão eles têm sobre o seu futuro. O site reflete muito a missão e a visão
do jornal.


Outro aspecto é que Molina não comenta a importante decisão do The New York
Times de abertura do conteúdo de seu site, em setembro de 2007. O livro foi
fechado em outubro de 2007. Ou seja dava tempo de ter uma menção ao caso. O
livro merece uma nova edição atualizada daqui a algum tempo.


Apesar disso, Os Melhores Jornais do Mundo é uma obra necessária e que pode
ser utilizada como consulta e referência. Ao final de cada capítulo, Molina
fornece uma ficha técnica de cada jornal – números de circulação, receita
publicitária e endereços de contato – que pode ser consultada a qualquer
momento.


Para alguns o livro mostra que o futuro da imprensa é sombrio. Não faço essa
leitura. Para mim, é o contrário. Ao mostrar desafios pelos quais a imprensa já
passou – guerra mundiais, destruição de redação e lobby de sindicatos [jornais
ficaram sem circular por meses] – demonstra que a internet é somente mais um dos
desafios para o seu futuro.


NYTimes e ElPais são alguns jornais que estão sabendo se virar nesse mundo. O
que ocorre é que as empresas de mídia estão passando por uma fase de
autoconhecimento.


Têm que perguntar a si mesmas – qual é o nosso serviço em essência? Sou uma
empresa de conteúdo ou de tecnologias que ajudam a organizar e a entender toda
essa avalanche de informação que está acessível hoje em dia? O que pode ser
construído ao nosso redor?


Na verdade, somos um hub que agrega pessoas [comunidade] que estão em busca
do mesmo tipo de informação e têm a mesma visão de mundo? Adotar uma postura
‘agnóstica’ de não se prender a formatos não seria o melhor caminho?


Acredito que o NYTimes e o ElPais são dois veículos que já responderam a
essas perguntas e seguem influenciando o mercado de informação e colhendo frutos
positivos.


Antes de tudo, são empresas de conteúdo que caminham para funcionar
independentemente do formato em que se apóiam – impresso, internet, TV etc.


Existe uma frase do editor do ElPais, Javier Moreno, citada no livro que
resume um pouco essa idéia. ‘Um jornal não é o papel; são seus jornalistas, seus
fotógrafos, seus editorialistas e seus valores. Em resumo, a sua maneira de ver
as coisas, compartilhada com os seus leitores’.


Por isso, acredito que a imprensa tem um futuro brilhante, quando bem
administrada.


O próximo livro a ganhar um post será o Universo Elétrico, de David Bodanis.
Ele conta de forma ‘romanceada’ a história da eletricidade e as tecnologias que
surgiram a partir dela – telégrafo, redes de computadores, telefone. Sem ser
técnico, mas também não simplório.


Por exemplo, por meio dele, você descobre que o principal motivo de Graham
Bell ter inventado o telefone no sec XIX foi simplesmente conversar e mostrar
que era importante para os pais de sua namorada, que era surda.’



ELEIÇÕES
Tiago Dória


Primeiro debate aberto da internet do Brasil, 8/7


‘O iG, portal onde este blog está hospedado, vai promover no dia 17,
quinta-feira, às 15h, um debate ao vivo com os candidatos à Prefeitura de São de
Paulo, que responderão ao vivo às perguntas enviadas pelos usuários. As mesmas
já podem ser enviadas.


Os próprios usuários podem votar nas 20 questões que merecem ir ao ar.
Depois, as mesmas passam pela avaliação de um grupo de jornalistas do Último
Segundo. A participação e as perguntas serão permitidas também por chat, ao
vivo, durante o andamento do debate.


E os três usuários do portal que fizerem as melhores perguntas por email
serão escolhidos para participar do debate e fazer os questionamentos ao vivo.
Detalhes de como participar e de como tudo vai funcionar aqui.


No ano passado, em parceria com o YouTube, a CNN promoveu um debate parecido
com os pré-candidatos à presidência dos EUA. Até hoje, é considerado o debate
com maior audiência jovem nos EUA.’



CAFÉ DIGITAL
Tiago Dória


Um ‘starbucks’ de um portal de internet, /7


‘O portal MSNBC, parceria da Microsoft com a rede de TV NBC, inaugurou nesta
segunda-feira o seu Open Digital Cafe, em Nova York. O local funciona como uma
mistura de Starbucks com Apple Store.


Segundo o Lost Remote, lá uma pessoa pode tomar um café, comer alguma coisa,
aproveitar o WiFi de graça, jogar conversa fora, fazer uma reunião e testar os
novos produtos do portal de internet, que ainda estão em fase beta, como
newsgames e o sistema Spectra, que permite a você navegar em um ambiente 3D
pelas notícias do MSNBC.


A idéia do ‘Café MSNBC’ é ter ‘um feedback mais próximo e direto de seus
usuários e trazer a marca do portal para mais perto das pessoas’.


Na inauguração do local, um programa da emissora NBC foi transmitido ao vivo
de lá. O vídeo está aqui. Dá para ver mais ou menos como é o espaço.’



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