Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Tiago Dória Weblog

CASA BRANCA
Tiago Dória

As coisas nos mínimos detalhes, 24/11

‘O Politico.com colocou no ar um novo site, o Politico44, todo dedicado a cobrir a vida do recém-eleito presidente dos EUA, Barack Obama. Até aí nada de novo.

A diferença é que o site resolveu cobrir a vida do Obama nos mínimos detalhes, 7 dias por semana, 24 horas, minuto a minuto – informa quando o Obama foi a academia, o que ele pediu no café da manhã, com quem se encontrou no restaurante na hora do almoço.

Não sei até quando vai durar a novidade, mas a página já rendeu alguns debates: até que ponto isso é jornalismo ou coisa de stalker? Ou até onde um site deste tipo pode trazer algum nível de transparência?’

 

YAHOO
Tiago Dória

Frase da semana, 22/11

‘‘Farei sempre o que for mais adequado para esta empresa’

Jerry Yang, em email a funcionários, onde explica a sua demissão do cargo de diretor geral da Yahoo!, empresa da qual é um dos co-fundadores.

A sua saída pode acelerar uma possível compra da Yahoo! pela Microsoft.’

 

TV NA REDE
Tiago Dória

YouTube Live foi tão VMB, 23/11

‘‘Chegou a hora de desligarem os seus televisores e deixarem os seus computadores ligados’

Com essa frase, Katy Perry abriu o YouTube Live, que, na noite de sábado, reuniu shows musicais, apresentações de dança e esquetes com pessoas que ficaram ‘famosas’ ou ganharam notoriedade com o site de vídeos. O evento abriu com a cantora britânica americana e fechou com o rapper Akon. Isso intercalado com Chad Vader, Will It Blend, os caras do Mythbusters, entre outros.

Segundo dados não-oficiais, em alguns momentos de pico, foram 700 mil streamings simultâneos para o evento que foi transmitido ao vivo de São Francisco, nos EUA.

Ao vivo que foi pouco espontâneo, piadas e risadas com cara de coisas ensaiadas (Obama e Sarah Palin foram motivos de humor), shows intercalados com vídeos no telão e bate-papos ensaiados. Neste aspecto, o YouTube Live lembrou muito a transmissão do VMB ou do VMA, da MTV. Para mim, foi bem chato. Apesar da audiência ser global, a imagem que ficou é que o YouTube fez um evento exclusivamente para o público americano.

Porém nem tudo foi negativo. A parte comercial investiu em merchandising. Na verdade, o evento foi um grande comercial do YouTube. Um dos principais patrocinadores foi a Pure Digital, responsável pelas câmeras de vídeo de bolso The Flip. Cada pessoa que estava no auditório recebeu uma câmera e pôde filmar o evento direto da platéia.

Fora isso, na parte técnica, a qualidade da transmissão foi muito boa, sem engasgos no som ou quebra de imagem (segundo o TechCrunch, o Youtube utilizou a tecnologia da Akamai).

Três câmeras foram disponibilizadas. Uma principal com a apresentação, outra de bastidores e mais uma atrás do palco. Todas funcionando ao mesmo tempo (você escolhia qual queria assistir).

Junto com as câmeras, existia um espaço para comentários que funcionou como sala de chat, onde as pessoas opinavam sobre a apresentação. Tudo isso na mesma tela. O que não difere muito da dinâmica da ‘transmissão experimental participativa’ que a TV Cultura realiza desde setembro aqui, no Brasil.

Foi um dia histórico e que acredito fez muita gente ficar com a pergunta – o que será daqui para a frente se o YouTube decidir fazer a transmissão ao vivo de outros eventos, tais como partidas de futebol, shows e debates? Mais do que nunca, a TV terá que aprender a coexistir com o YouTube.’

 

VITRINE
Tiago Dória

Para os jornalistas desempregados… um blog, 19/11

‘Algumas empresas começam a criar soluções em meio à crise. A Six Apart, que desenvolve o sistema de blogs TypePad, lançou um projeto que começa a fazer um burburinho na rede.

O ‘Journalist Bailout Program’ é um programa de distribuição de contas gratuitas do TypePad para jornalistas que estão desempregados ou prestes a perder o emprego.

Ao participar do programa, a pessoa ganha uma conta grátis do sistema de blogs, entra para a rede de anúncios da Six Apart (começa a ganhar um dinheiro com publicidade) e tem o seu blog promovido no Blogs.com e em banners da rede social Linkedin.

A intenção é que o blog funcione como uma ‘vitrine profissional’ e ajude o jornalista a encontrar um novo emprego. No texto de lançamento, a Six Apart dá uma cutucada na concorrência e diz que ‘o Tumblr e as suas postagens no Twitter não pagam as suas contas’.

Uma das grandes questões, hoje em dia, sobre o motivo para montar um blog não é sobre estar desempregado, empregado, ser jornalista ou não, mas ter realmente algo a falar.

De qualquer forma, o programa é bem válido.’

 

LIFE
Tiago Dória

Fotos secretas da revista Life estão no Google, 19/11

‘Já comentei por aqui que a revista Life vai voltar à ativa, mas como um banco de imagens.

Nesta terça-feira, a Google anunciou uma parceria com a Time Inc, responsável pela publicação, e disponibilizou na rede mais de 20% de 10 milhões de fotos do acervo da revista – 97% desse material é inédito.

Dá para passar um bom tempo navegando pelas imagens. O único porém é que as fotos estão protegidas por direitos autorais e têm uso restrito.’

 

HACK DAY
Tiago Dória

Como hackear um portal de notícias, 18/11

‘O The Guardian, outro ‘jornal que não se vê mais como um jornal, mas uma plataforma de conteúdo’, promoveu recentemente o seu primeiro Hack Day.

É um evento de 24 horas com palestras e uma competição para incentivar estudantes e desenvolvedores a criar aplicativos em torno do conteúdo e dos serviços do site do jornal. É semelhante ao Open Hack Day, que o Yahoo! promoveu há duas semanas por aqui, no Brasil.

A competição foi comandada por Matt McAlister, ex-Yahoo! e atualmente diretor da rede de desenvolvedores do site do jornal britânico. McAlister foi contratado neste ano para acelerar a transformação do The Guardian em uma plataforma online (aberta) de conteúdo.

Diversos aplicativos foram criados, todos para serem utilizados dentro do contexto do jornal. Entre eles, os que chamaram mais a minha atenção:

. um ‘hack’ que permite bloquear certos comentaristas de matérias do jornal. Por exemplo, você pode bloquear aquele cara que sempre faz comentários nos artigos, mas que você não gosta muito.

. jornalistas adoram citar números – 1 bilhão de reais, 100 mil carros – mas normalmente sem contexto. Um dos participantes criou um menu que aparece toda vez que esses números grandiosos são citados em uma matéria. O menu indica uma proporção e ajuda a dar uma noção melhor dos valores. Por exemplo, ‘50 mil reais, o que equivale ao salário de não sei quantos meses de um professor’.

. um outro aplicativo que completa frases, do tipo ‘Chinese Democracy é…’ e ele completa a frase com diversas citações já feitas no jornal em relação ao Chinese Democracy, disco do Guns and Roses.

Por fim, o vencedor foi um ‘aplicativo de tags’ que permite brincar com palavras-chaves de matérias diferentes do jornal. Por exemplo, você pode arrastar a palavra-chave ‘economia’ em cima de ‘Brasil’, e o aplicativo retorna a você todas as matérias relacionadas.’

 

O FUTURO DO JORNAL
Tiago Dória

Do papel a marcas, 17/11

‘‘Ao contrário dos pessimistas, eu acredito que os jornais vão alcançar novos horizontes.

No século XXI, as pessoas estão mais do que nunca famintas por informação. E elas têm mais fontes de informação do que nunca.

(…) Em toda a minha vida profissional, eu acreditei que existe um valor social e comercial em entregar informações precisas de forma barata e na hora certa. Neste século, a forma de entregar pode mudar, mas a potencial audiência para o nosso conteúdo se multiplicará’.

O magnata da mídia Rupert Murdoch em um longo e já histórico pronunciamento na rádio australiana.

Em resumo, a idéia é a de que o foco está mudando de ‘jornais impressos’ para ‘marcas jornalísticas’, que estarão presentes em diversos dispositivos e ambientes.

O impresso, a TV, o rádio, um site, serão vistos apenas como suportes entre tantos outros para entregar informação e não um fim em si mesmos.

O que vai ao encontro de uma frase famosa de Javier Moreno, editor do ElPaís.

‘Um jornal não é o papel; são seus jornalistas, seus fotógrafos, seus editorialistas e seus valores. Em resumo, a sua maneira de ver as coisas, compartilhada com os seus leitores’.’

 

BLOGOSFERA
Tiago Dória

Redes de blogs = Fail?, 17/11

‘Mais dois blogs tiveram o seu fim anunciado. Valleywag, o blog de fofocas do Vale do Silício, e o The Consumerist. Ambos são da Gawker Media, rede de blogs que já havia fechado 3 blogs em abril.

Os dois eram ‘blogs problemáticos’ para o departamento comercial da rede. O The Consumerist é dedicado a mostrar as mazelas das empresas com os consumidores. É, portanto, um blog de defesa do consumidor.

E o Valleywag é voltado a esculhambar e vasculhar a vida pessoal dos principais funcionários de empresas de internet. Devido aos temas, poucas empresas de internet se interessavam em anunciar nos dois sites.

Os cortes na Gawker Media neste final de semana serviram para destacar o artigo Is the Blog Network model dying?, escrito no começo do mês por Duncan Riley, investidor que tem conhecimento de causa no assunto de blogs. Foi o co-criador da b5Media, uma das primeiras redes de blogs com caráter comercial.

Para ele, comercialmente o modelo tradicional das redes de blogs, de juntar em rede diversos blogs sobre assuntos e marcas diferentes, está com os dias contados.

Vender publicidade para essas redes sempre foi difícil e tende a ficar pior. ‘É mais fácil vender 750 mil page views em um site (uma marca) do que 2 milhões em 10 sites (10 marcas)’.

O que, segundo ele, naturalmente dá vazão ao modelo do mini-portal The Huffington Post, uma única marca, uma única url, um único assunto, mas com vários escritores.

Ao invés de gastar tempo e energia administrando diversas marcas, ao promover uma única url, um único assunto, uma única marca, você fica mais fortalecido comercialmente, diz.

Atualização – Segundo Caroline McCarthy, do CNETNews, Owen Thomas, editor do Valleywag, passará a escrever no Gawker, outro blog da rede.

O endereço valleywag.com continuará no ar, mas como ‘blog espelho’ de alguns de seus posts.’

 

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