Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Tiago Dória

NEW YORK TIMES
Tiago Dória

O jornal que não é mais jornal

‘Em memorando interno distribuído aos jornalistas, nesta segunda-feira, Arthur Sulzberger e Janet Robinson, diretor geral e presidente do NYTimes, respectivamente, afirmam que o NYTimes é uma empresa de notícias e não de jornal. O negócio deles é informação e não jornal.

Um peso histórico tremendo carrega esse comunicado interno. Mostra que conceitualmente o jornal deixou de ser jornal, além do fim de uma fase de crise de identidade na empresa.

Nesse processo de transição mais acentuada dos átomos para os bits, muitas empresas acabaram perdendo o rumo, não conseguiram decidir mais em qual negócio estavam. A Kodak foi (ou ainda é) símbolo desse questionamento. Não se decidia se estava no negócio de imagens e memórias visuais ou de filmes para câmeras fotográficas.

Assim como as empresas, os próprios profissionais podem passar por essa crise de identidade. Você é um cara que faz jornal, atualiza site, ou um comunicador, um especialista em informação?

O The New York Times, pelo menos, parece que já passou dessa fase de questionamento interno.

Esse post faz parte de uma série sobre as mudanças tecnológicas no NYTimes e que venho escrevendo desde o começo de 2008.’

 

HACK DAY
Tiago Dória

Dia de ‘hackear’ a política brasileira

‘Quem acompanha o blog deve conhecer o conceito de ‘hack day’.

É um dia inteiro em que desenvolvedores, estudantes, jornalistas e entusiastas se reúnem para criar aplicativos, ‘hackear’ (no bom sentido) banco de dados e sites. A BBC, o NYTimes, o Guardian e o Yahoo! Brasil já promoveram os seus ‘hack days’.

Normalmente, os criadores dos melhores aplicativos recebem prêmios. Além do caráter de encontro, é uma competição.

A novidade é que, nos dias 3 e 4 de outubro, vai acontecer um ‘hack day’ em São Paulo, o ‘Transparência Hack Day’, dedicado a desenvolver aplicativos em torno de informações governamentais e dados públicos. O foco é na ideia de transparência política.

E o evento é promovido pelo projeto Esfera, que recentemente clonou o Blog do Planalto.

As inscrições para o ‘Transparência Hack Day’ são gratuitas, estão abertas e podem ser feitas aqui.’

 

FOLHA
Tiago Dória

Como descobrir que um site não pensa de modo distribuído

‘A Folha de São Paulo publicou regras internas de como os seus jornalistas devem utilizar blogs, microblogs (twitter) e redes sociais. Independentemente da discussão de até onde vai o limite profissional e pessoal, algo que fica bem tênue quando você trabalha e tem o nome estampado em um jornal de grande visibilidade, duas coisas ficam bem evidentes:

1) É mais uma empresa que, quando cria alguma regra interna sobre o uso dessas ferramentas, é para restringir a utilização e não para incentivar (a Bloomberg teve atitude parecida).

2) Com essas regras, a Folha de São Paulo deixa bem claro que não pensa de modo distribuído. Pensar de modo distribuído é ver o seu site como um meio e não um fim, um destino final.

Não esperar que os consumidores venham até você. Mas ir onde eles estão. Pensar de modo distribuído. Ou seja, é você ver o seu site não como o centro da web, mas do lado de fora, pedindo para entrar nas redes e fazer parte das discussões. Você é apenas mais um nó na web.

É o posicionamento que o NYTimes e a CBS vêm adotando. Ir onde o leitor/telespectador está e não ficar aguardando que ele venha até o seu conteúdo. Estar junto aos leitores – em redes sociais, twitter, blogs, sites de vídeo etc. Os limites do jornal ou de uma emissora vão além de seu site.

Segundo as regras da Folha, os jornalistas:

‘não devem colocar na rede os conteúdos de colunas e reportagens exclusivas. Esses são reservados apenas para os leitores da Folha e assinantes do UOL’

Ou seja, uma pessoa que segue um jornalista da Folha no Twitter ou em alguma rede social não é leitora do jornal. Ela é leitora da Folha somente quando acessa ou está no site do jornal.

É uma visão centralista e contrária à ideia de ir onde o usuário/leitor está. Enfim, é um posicionamento da Folha, que deve ter os seus motivos.

Na minha opinião, a Folha dá pano pra manga para a concorrência. Não somente para os outros pensarem de modo distribuído, terem uma presença digital mais marcante, mas utilizarem o Twitter de forma mais criativa e menos burocrática.

Ou ainda publicar informações em primeira mão no Twitter, pois sabe-se que, de acordo com as novas regras, o jornalista da Folha terá que segurar a informação até ser publicada no impresso ou online. A priori, o da concorrência, ao contrário, poderá adiantar um assunto em primeira mão no Twitter.’

 

CONTEÚDO ONLINE
Tiago Dória

Google oferece micropagamentos a jornais

‘Em julho, a Google deu uma das respostas mais diretas aos jornais que tanto reclamam que o sistema de busca ‘rouba’ conteúdo. A empresa publicou, em um dos blogs oficiais, instruções de como proceder para que o Google não indexe o seu conteúdo.

Na época, foi quase um ‘faça o que vocês quiserem da vida’ da Google aos jornais.

Porém, nesta quarta-feira, Zachary M. Seward, do blog de mídia do NiemanLab, ligado à Universidade de Harvard, revelou que a empresa de busca está desenvolvendo uma plataforma de micropagamentos voltada para sites de jornais.

Em documento enviado à Associação Americana de Jornais, a pedido da própria organização, a Google revela detalhes da plataforma, que teria dinâmica parecida à da loja online iTunes (que vende músicas avulsas). Ou seja, haveria divisão de receita entre a Google e os jornais (30% – 70%)

Ainda no documento, a empresa de busca afirma que ‘open’ (aberto) não significa necessariamente de graça e complementa, afirmando que os micropagamentos são uma opção interessante de receita, mas que não serão populares, o padrão para consumir conteúdo.

A plataforma será uma oportunidade para a Google testar o seu sistema de micropagamentos. Contudo, acredito que representará uma oportunidade maior de avaliação para os jornais.

A cobrança por acesso avulso a conteúdo (micropagamentos) será um teste para os jornais. Não somente para avaliarem os seus conteúdos, mas o julgamento que os leitores fazem do jornal em sua versão digital (vale a pena pagar pelo conteúdo?)’

 

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