Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

TV Digital terá quatro
novos canais públicos


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Quarta-feira, 28 de junho de 2006


TV DIGITAL
Mônica Tavares


TV digital terá novos canais públicos e privados


‘BRASÍLIA. O decreto que cria o Sistema Brasileiro de TV Digital – que adotará a tecnologia japonesa, com inovações nacionais, e será assinado amanhã – prevê a instalação de quatro novos canais públicos de televisão. Cada um desses canais poderá transmitir até quatro programas diferentes ao mesmo tempo, recurso conhecido como multiprogramação, em tecnologia digital. No total, serão 16 programas de interesse público diferentes – mas sem a alta definição que o novo recurso tecnológico permite. A implantação da TV digital no Brasil também permitirá a concessão de novos canais privados.


Os canais públicos serão destinados ao Executivo, à Cultura (produções regionais), à Cidadania (transmissão de programas das assembléias legislativas e câmaras de vereadores, além de associações comunitárias) e à Educação. No conceito de multiprogramação, este último poderá, por exemplo, veicular simultaneamente um programa de educação à distância, outro de formação de professores, um terceiro de ensino médio e um último voltado ao ensino básico.


Novas regras vão incluir um operador de rede


O governo vai criar a figura do operador de rede, entidade pública que será a responsável pelo canal. Este operador poderá ser, por exemplo, uma fundação. O Ministério das Comunicações, pelo decreto, assumirá a regulamentação da TV digital.


A instalação de novos canais privados também está prevista com a implantação da TV digital no país. Em São Paulo, deverão ser mais duas emissoras. Ficou garantido ainda que as TVs comerciais terão direito a um novo canal, cada uma, em consignação durante dez anos, quando terão que transmitir ao mesmo tempo a programação em sinal digital e em sinal analógico.


Este item foi incluído no decreto para que seja mantido o direito de todas as pessoas assistirem à televisão aberta, mesmo que não comprem o televisor digital ou o conversor para receber o novo sinal. A preocupação do governo em garantir a transmissão analógica deve-se ao fato de no país mais de 90% dos domicílios terem acesso apenas à televisão aberta e gratuita.


Passados os dez anos de transição, as emissoras são obrigadas a devolver o canal analógico para o governo. Para as emissoras públicas que já atuam no mercado também está garantido o canal adicional. Em um prazo de sete anos, a TV digital já deverá ter chegado a todos os municípios do país.


Após a publicação do decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva implantando o Sistema Brasileiro de TV Digital, será criado um Grupo de Trabalho reunindo técnicos brasileiros e japoneses. Eles vão estudar a tecnologia e discutir a implantação no Brasil de toda a cadeia produtiva de semicondutores. A princípio existem duas empresas, cujos nomes não foram revelados, interessadas em implantar a fábrica no país – uma japonesa e a segunda de outra nacionalidade. No mercado, a especulação é que os dois grupos são a japonesa Toshiba e a coreana Samsung.


Será criado ainda um fórum reunindo a indústria e as emissoras de TV. Sua finalidade será analisar as inovações tecnológicas e estudar, pelo lado da iniciativa privada, a melhor fórmula para sua implantação. Por enquanto, o único investimento previsto para as emissoras e a indústria são os US$ 500 milhões que viriam do JBIC, banco de fomento japonês. O BNDES também deverá oferecer linhas de financiamento para o setor.


Uma das inovações tecnológicas brasileiras que deverão ser implantadas com a TV digital é um conversor (caixinha que transformará o sinal para o aparelho de TV analógico) escalável. Ele será um conversor básico, com custo muito baixo para o consumidor, que não deverá passar dos R$ 50. Ao longo do tempo, o usuário poderá fazer upgrades , isto é, adicionar as novidades e melhorias da tecnologia. A caixinha está sendo desenvolvida pela Unisinos, do Rio Grande do Sul.


Aparelho vai melhorar qualidade da imagem


A expectativa do setor é de que no início da implantação da TV digital os consumidores comprarão os conversores, que vão melhorar muito a qualidade de imagem e som. No Rio, por exemplo, o melhor ponto de transmissão é o Sumaré. Cerca de 60% a 70% das transmissões no Rio são de má qualidade, por isso as imagens têm chuvisco e fantasmas. Com o uso do conversor, isto acabará.


Os televisores de alta definição digitais somente deverão começar a se popularizar a partir do terceiro ou quarto ano de implantação da TV digital. A expectativa é de que o consumidor, quando for trocar o aparelho por um novo, já opte por um televisor digital. A TV em cores começou a se popularizar somente sete a oito anos depois que foi implantada no país. Porém, as emissoras de TV já deverão começar a produzir seus programas em tecnologia digital (com alta definição).’


UNIVISION VENDIDA
O Globo


Rede de TV em espanhol nos EUA aceita oferta de compra de US$ 12,3 bi


‘NOVA YORK. A Univision Communications anunciou ontem que aceitou a oferta de compra no valor de US$ 12,3 bilhões feita por um grupo de investidores liderado pelo magnata da mídia Haim Saban, encerrando, assim, um leilão pela companhia de programação de TV hispânica dos Estados Unidos. O grupo de Saban venceu a favorita Televisa – a companhia mexicana que fornece a maioria dos programas de maior sucesso da Univision – levantando dúvidas sobre o futuro dos laços entre as duas parceiras.


‘Estamos surpresos que a vencedora não tenha sido a Televisa, dadas as sinergias entre as firmas’, disse em um relatório a analista do Citigroup Eileen Furukawa.


A Televisa, que é um dos maiores acionistas da Univision, com 11,4% do capital, afirmou em nota que estava decepcionada com a decisão da rede dos EUA de ter aceitado a proposta rival e disse que não fará uma oferta maior do que a inicial.


O grupo de Saban, que inclui a Madison Dearborn Partners, a Providence Equity Partners, o Texas Pacific Group, a Thomas H. Lee Partners e o Saban Capital Group, concordou em adquirir a Univision por US$ 36,25 por ação em dinheiro. A Televisa desistiu na semana passada de entrar num leilão pela companhia depois que quatro sócios deixaram seu consórcio. A empresa tinha oferecido US$ 35,75 por ação, ante US$ 35,50 por ação de uma proposta anterior de Saban, segundo fontes próximas às negociações.


A Univision controla uma rede de televisão com o mesmo nome que se tornou uma das maiores emissoras dos EUA, atendendo a uma audiência de língua espanhola com novelas e transmissões como a da Copa do Mundo. A companhia também possui a rede de TV a cabo Galavision e o maior grupo de rádio americano em espanhol.


O grupo de Saban concordou em assumir US$ 1,4 bilhão em dívidas. A fusão foi aprovada pela diretoria da Univision e não depende de financiamento. O acordo aguarda aprovação regulatória e de acionistas e deve ser finalizado no primeiro semestre de 2007.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 28 de junho de 2006


TV DIGITAL
Gerusa Marques


Governo aproveita TV digital para criar mais 4 canais públicos


‘O governo vai aproveitar a implantação da TV digital para criar mais quatro canais públicos de televisão com programação oficial sobre educação, cultura, cidadania e notícias sobre os atos de governo, seja federal, estadual ou municipal. A medida está prevista no decreto que será assinado amanhã pelo presidente Lula e que foi aprovado ontem pelo Comitê de Desenvolvimento da TV Digital, formado por nove ministros. O decreto atende aos interesses das entidades que defendem a democratização dos meios de comunicação e também às emissoras comerciais, como Globo, SBT, Bandeirantes e Record.


O decreto estabelece a adoção do padrão japonês de TV digital, mas assegura a incorporação de tecnologias desenvolvidas no Brasil. Mas o texto não deve especificar quais inovações serão incorporadas. A idéia é permitir a discussão do tema por um grupo de trabalho bilateral. Os pesquisadores brasileiros propuseram uma série de inovações. Uma das mais importantes permite a compressão de imagens, conhecida como MPEG-4 e, conseqüentemente, o aumento do número de canais.


O governo também deseja ver incorporado ao modelo japonês a utilização do conversor de sinais (‘set top box’) que vem sendo desenvolvido pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul. O conversor é o aparelho que permitirá receber o sinal digital mesmo num aparelho analógico, como os que existem atualmente.


A tecnologia brasileira de conversor é única no mundo, porque permite outras funções e serviços, como o de substituir o computador em algumas funções da internet – por exemplo, mandar e-mails.


As emissoras comerciais terão garantido o mesmo espaço que operam atualmente, de 6 megahertz (MHz). Isso permitirá a escolha dos horários em que transmitirão seus programas com alta definição de imagens, como novelas ou noticiário. As emissoras também poderão optar pela multiprogramação, com a transmissão de até quatro programas simultaneamente no mesmo espaço de 6 MHz, com uma qualidade de imagem um pouco inferior. As emissoras, porém, serão obrigadas a utilizar todas as possibilidades de transmissão, sob o risco de perderem a concessão.


Não está descartada a criação, no futuro, de dois canais comerciais no Estado de São Paulo. O atual sistema analógico conviverá ainda por 10 anos com o sistema digital, mas as emissoras de TV terão 7 anos para terem cobertura digital em todo o território brasileiro.


CRÍTICAS


Os europeus da Coalizão DVB, que concorriam com os japoneses, publicam hoje um anúncio com críticas à escolha. ‘A população brasileira estará condenada ao consumo dos produtos mais caros do planeta, pelos próximos 30 anos’, argumentam. De acordo com o texto, a sociedade e o Congresso brasileiros não discutiram o assunto.


O padrão japonês conseguiu o apoio de todos os radiodifusores, o que dificultou o trabalho de convencimento dos europeus do DVB, dado o peso político das emissoras, principalmente num ano eleitoral.


‘A democracia do acesso à mídia será inibida, pois as emissoras de TV serão exatamente as mesmas’, afirmam os europeus.


COLABOROU RENATO CRUZ’


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Principais pontos do Decreto


‘Canais: Cria mais quatro canais públicos – do Executivo, da Educação, da Cultura e da Cidadania


Padrão: Adota o padrão japonês de TV Digital, com a possibilidade de incorporar tecnologias desenvolvidas no Brasil


Freqüência: As emissoras comerciais continuarão tendo o mesmo espaço de 6 megahertz (MHz). Com isso, elas poderão transmitir tanto em alta definição de imagens quando em definição padrão, com qualidade de DVD


Transição: A transição do sistema analógico para o digital vai durar dez anos, mas as emissoras terão sete anos para ter cobertura digital em todo território nacional


Início: As primeiras transmissões comerciais devem ocorrer até 18 meses após a aprovação do projeto de viabilidade técnica. Começarão pelas principais capitais


Regulamentação: A regulamentação do decreto virá em até 60 dias por portarias do Ministério das Comunicações’


MÉXICO E BRASIL
Luiz Weis


O caminho ‘de las piedras’


‘Têm mais pontos em comum do que talvez pareça as entrevistas que este jornal e a Folha de S.Paulo publicaram domingo – a primeira, com o historiador mexicano Héctor Aguilar Camín; a segunda, com o ministro brasileiro de Relações Institucionais, Tarso Genro.


De hoje a quatro dias o México elegerá seu novo presidente, e ele bem poderá ser o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática, uma dissidência do septuagenário PRI, apeado pela primeira vez do poder há seis anos, com a eleição de Vicente Fox.


Aqui ainda faltam três meses para as urnas e a percepção quase geral é a de que só o imprevisível poderá impedir o presidente Lula de ficar no Planalto até 2010. Mas, com quaisquer resultados, lá e cá o futuro pode surpreender – e esse é o primeiro paralelo entre as situações tratadas por Camín e Tarso.


O segundo é a visão compartilhada por eles de que as diferenças entre os principais candidatos – para não falar na virulência das campanhas, uma no fim, outra no início – escondem realidades objetivas que apontam para convergências que nenhum deles admitirá de bom grado.


Falando sobre o que separa Obrador do seu adversário conservador Felipe Calderón, do Partido da Ação Nacional, do presidente Fox, o historiador põe em dúvida a idéia de que a eleição mexicana será uma escolha entre dois modelos antagônicos. ‘As diferenças não são de diagnóstico, mas de instrumentos’, afirma.


Naturalmente, o ministro não pode dizer o mesmo de Lula e Alckmin. Assinala, porém, que o próximo presidente, seja quem for, terá de governar com o centro, ‘porque a sociedade tende para o centro’. Tanto para o Brasil como para o México esse seria o caminho de las piedras. O centro de Tarso é sinônimo de PMDB, mas não se esgota nele.


O terceiro aspecto comum aos dois países, destacado nas entrevistas, é o da assimetria entre o cacife eleitoral dos candidatos vitoriosos e os seus efetivos recursos de poder depois que assumem (ou, no caso brasileiro, reassumem). Nos dois países, em momentos distintos, os governantes sofreram uma lipoaspiração que deixou seqüelas.


‘Teremos um presidente sem maioria no Congresso, limitado pelo Congresso, sem possibilidade de promover mudanças de maior importância.’ Quem achar que essas palavras são de Héctor Camín estará certo. Quem achar que são de Tarso Genro, também, porque isso é o que o preocupa.


Hoje, quando petistas e tucanos passam os dias enfiando agulhas nas figuras de vodu uns dos outros, pode parecer o cúmulo do otimismo imaginar que os vencedores de outubro terão, nos vencidos, interlocutores desejosos de acertar a ‘agenda comum’ de que fala Tarso para os quatro anos seguintes.


Mas sem isso o cenário de amanhã será o de hoje, numa versão ainda pior: Congresso travado, reformas em hibernação, pencas de medidas provisórias reinando no processo legislativo, desarticulação política e irrelevância dos partidos na condução do País, com os seus mensaleiros e sanguessugas.


Principalmente se Lula se reeleger, o governo precisará desde logo do PMDB para superar o ‘relacionamento fragmentário tradicional’ com os partidos, eufemismo do ministro para a compra fisiológica de apoios no varejo, e construir uma coalizão minimamente funcional.


Justiça se lhe faça, foi o que quis fazer José Dirceu em 2002, quando o chefe ainda não tinha subido a rampa e ele prometia puxar para lá o PMDB. Depois que Lula o desautorizou, no pior erro político singular do seu mandato, tratou de alcançar o mesmo fim por outros meios. Deu no que deu.


‘Quem não governar com uma maioria parlamentar estável, que dê capacidade de operar o programa de governo, não governará o País’, diz Tarso, com razão. Mas não está claro como isso se dará com um PMDB que faz tempo deixou de ser um partido para se transformar numa franquia.


Tarso diz que a primeira tarefa da coalizão será a reforma política, que, ‘se não for feita no primeiro semestre do próximo governo, certamente será adiada por mais quatro anos’. Ele é vago sobre o conteúdo dessa já mítica reforma. Mas, quando diz que ‘a cláusula de barreira ajuda’, entreabre o jogo.


A cláusula transformará em mortos vivos os partidos que não tiverem recebido 5% da votação nacional e pelo menos 2% em nove Estados. Se vigorasse em 2002, sobreviveriam na Câmara 7 das 17 siglas ali representadas – PT, PSDB, PFL, PMDB, PP, PSB e PDT.


Na realidade, a reforma que o ministro político de Lula tem na cabeça é partidária – o que teria sido conversado, segundo vazou, até com membros da elite tucana que não se incluem entre os que afiam o bico assim que acordam para atacar Lula, por achar que é perda de tempo – e o seu tempo é o de 2010.


No desenho atribuído a Tarso, o sistema partidário ficaria restrito a um punhado de legendas, a primeira das quais – segundo o noticiário – juntaria o petismo social-democrata, o grosso do PMDB, um bom naco do PSDB e as siglas afins que tropeçaram na barreira.


Falta combinar com os Estados, porque a Federação é a verdadeira matriz da política brasileira. O que está acontecendo nesta temporada eleitoral, com verticalização e tudo, é apenas a mais recente prova desse truísmo. As disputas estaduais são o que puxa o freio de mão dos planos reformistas.


Cerebrações partidárias de lado, se e quando petistas e tucanos recolherem as garras, a agenda comum de Tarso poderá ter algum futuro – favorecida, como no caso dos candidatos mexicanos vistos por Héctor Camín, pelo fato de PT e PSDB não terem ‘modelos irreconciliáveis de governo ou de política econômica’.


P. S. – Hoje, quando o Brasil festeja mais um avanço rumo ao hexa, pode parecer o cúmulo do espírito de porco chamar a atenção para a crítica de Camín a mexicanos e brasileiros, ‘cuja convicção íntima não é respeitar a lei’, mas distinguir entre o legal e o justo, segundo conveniências de ocasião, ‘se estamos ou não com muita pressa para respeitar o semáforo’. Mas essa é a política do nosso cotidiano.’


UNIVISION VENDIDA
O Estado de S. Paulo


Maior TV em espanhol nos EUA é vendida por US$ 12,3 bi


‘REUTERS E AFP – A Univision Communications, maior rede de TV em língua espanhola dos Estados Unidos, anunciou ontem ter aceitado a oferta de compra por US$ 12,3 bilhões feita por um grupo de investidores liderado pelo magnata da mídia Haim Saban, encerrando uma disputa tensa pela companhia. Os investidores também vão assumir a dívida de US$ 1,4 bilhão da Univision.


O consórcio de Saban venceu a favorita Televisa, a companhia mexicana que fornece a maioria dos programas de maior sucesso da Univision. A derrota da Televisa agora levanta dúvidas sobre o futuro da parceria entre as empresas.


O grupo de Saban, que inclui a Madison Dearborn Partners, a Providence Equity Partners, o Texas Pacific Group, a Thomas H. Lee Partners e o Saban Capital Group, concordou em adquirir a Univision por US$ 36,25 por ação em dinheiro, bem abaixo dos US$ 40 por ação pedidos pela Univision.


A Univision controla uma rede de televisão com o mesmo nome que se tornou uma das maiores dos EUA, conquistando audiência com novelas populares e transmissões como a da Copa do Mundo de Futebol. A companhia também possui a rede de TV a cabo Galavision e o maior grupo de rádio em espanhol dos Estados Unidos.


O egípcio Haim Saban, de 60 anos, se autodenomina um ‘vendedor de desenhos animados’. Já produziu várias séries de televisão, como os X-Men e outros personagens da Marvel Comics. Uma de suas tacadas mais certeiras foi comprar os direitos de uma série japonesa que depois se tornaria sucesso mundial, os Power Rangers.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


A salvação das trilhas


‘Páginas da Vida nem estreou, mas a Som Livre já comemora a vinda de uma trama de Manoel Carlos por aí. Além de boa audiência, os folhetins de Maneco são conhecidos como grandes vendedores de discos.


O setor há tempos amarga uma crise. As vendas da trilha de Cabocla (2004) não passaram da casa dos 85 mil discos. Senhora do Destino (2005) foi um pouco melhor, com 300 mil discos vendidos, seguida por América, que teve 4 discos diferentes lançados, alcançando a marca das 627 mil unidades.


Mas nada comparado com a trilha que embalou Laços de Família (1999), que passou a casa do 1,5 milhão de discos vendidos. O CD de Mulheres Apaixonadas (2003), última novela de Maneco na Globo, chegou à marca de 1 milhão.


Páginas da Vida deverá ter três CDs diferentes, repletos de bossa nova, bem ao estilo Manoel Carlos: bossa e paisagens do Rio. A música de abertura será Wave, de Tom Jobim. A novela terá ao todo 45 músicas. O produtor Alberto Rosemblit é o parceiro do autor na escolha das músicas, deixando de fora Marcus Vianna, que sempre acompanhava Jayme Monjardim (diretor) em suas novelas.’


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Até Bang Bang teve ações sociais


A Globo divulgou dados curiosos em seu último balanço social na programação. Na categoria merchandising social, a novela Malhação aparece em 2005 como a campeã de ações do gênero, com 543 citações. América, da rainha das causas sociais Glória Perez, teve 396 merchandisings sociais. Como Uma Onda é a terceira colocada, com 145 ações e A Lua me Disse vem na seqüência, com 126 ações. Até Bang Bang aparece na lista, com 24 merchandising sociais, marca incrível, já que nada desse gênero ficou na memória da platéia.’


COPA 2006
Cristina Padiglione


Ele manda


‘Dono dos intervalos comerciais mais caros da TV brasileira, o Jornal Nacional dedicou longos minutos, na doce voz de Fátima Bernardes, anteontem, para aplacar a fúria de Carlos Alberto Parreira. Não com informação ou senso crítico – longe disso. Deu-se que o técnico não gostou de ver suas palavras à beira do campo reveladas por meio de leitura labial, no Fantástico, por três adolescentes nascidos surdos. Primeiro disse que não disse o que foi ao ar, depois, que aquilo era invasão de privacidade. Se ele não disse o que os garotos leram, cadê privacidade invadida?


Fátima explicou que aquilo era mais obra da parte de entretenimento do programa do que de jornalismo. Isso está claro. O jornalismo da Globo tem sido quase nulo nas críticas à seleção – durante a partida de ontem, Galvão foi mais ácido. E quem, entre as tantas personalidades que já se sentiram contrariadas por noticiários da Globo, já ganhou marmelada como essa merecida por Parreira? Ele manda.


No frigir dos egos, o longo recado a Parreira, que já havia recebido um pedido de desculpas da emissora e mesmo assim foi agraciado em rede nacional, não desmentia a versão da leitura labial. O público entendeu, assegurou Fátima, que se tratava de uma brincadeira. Não. O público assimilou a cena com humor, mas acreditou no que viu. Ou então, que sentido teria a missão dos deficientes auditivos? Fosse para brincar, melhor teria sido convocar o elenco da casa. De mais a mais, um palavrão aqui, um desaforo ali não é nada que ofenda a integridade do professor. Aos surdos, o entretenimento. A Parreira, o jornalismo. Ou seria o contrário?’


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 28 de junho de 2006


COPA 2006
Carlos Heitor Cony


Trivial variado


‘RIO DE JANEIRO – O Brasil elimina Gana e classifica-se para as quartas-de-final. Lula diz que tudo o que há de bom no Brasil é obra dele, que o governo anterior não fez nada. FHC se defende dizendo que Lula só fez corrupção. A Varig continua sem solução, e Enéas raspou a barba e não aconteceu nada de importante no país e no mundo.


Para um cronista que escreve todos os dias, assuntos não faltam. São repetitivos, raramente trazem alguma coisa de novo. Poderia encher uma enciclopédia com baixarias não só nos jogos da Copa do Mundo como na copa presidencial.


Honestamente, não fico emocionado com nada disso. O Brasil vai marchando para mais um título, mas ainda não encontrou um adversário de peso, só agora, contra a França, vai encarar uma seleção de categoria.


FHC se destrambelhou ao defender seu governo dos ataques de Lula, mas valeu sua indignação. ACM disse uma vez que as palavras fazem pensar, mas a indignação é que faz votos. Com seu destempero verbal, FHC ganharia pontos, mas ele não é candidato a nada. Sua indignação fez apenas empalidecer as candidaturas de Serra e de Alckmin.


A Varig não chega a estar indignada com sua crise melancólica, e com isso está longe de uma solução que a salve. Continuo acreditando muito no Brasil e pouco na candidatura de Alckmin e no bom desfecho para o caso da Varig.


Restam as barbas do Enéas, que foram para o espaço e, com isso, a nossa paisagem cívica ficou desfalcada. Sabe-se que ele está doente, mas desejamos que se recupere logo e possa deixar crescer a barba, do contrário ela crescerá sozinha.


Como se nota, há muitos assuntos, mas nenhum me emociona especialmente. A única vantagem é que aprendi como se diz ‘sete’ em grego. Ainda seremos heptacampeões.’


ELEIÇÕES 2006
Kennedy Alencar


Publicitário de Lula negocia pacote de R$ 8 mi com o PT


‘O PT negocia com o jornalista João Santana um pacote de R$ 8 milhões para a criação e estratégia do programa de TV do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo dirigentes do PT, o partido deve gastar no mínimo R$ 20 milhões com Lula. Já o PSDB optou pelo jornalista Luiz González como coordenador de comunicação da campanha de Geraldo Alckmin, trabalho pelo qual ele deverá receber cerca de R$ 1,5 milhão, valor estimado pelo mercado de marketing de campanha para uma contratação avulsa. No total, tucanos estimam que a campanha vá custar aproximadamente R$ 35 milhões. Os partidos devem apresentar até o dia 5 de julho a estimativa de gastos de campanha após a crise do mensalão, que expôs o caixa dois do PT e gerou a maior crise política do governo Lula. No decorrer da disputa, porém, as legendas podem solicitar suplementações. Esses valores podem variar -o petista pode subir, e o tucano, cair. O PT, por exemplo, negocia um pacote de pesquisas com o instituto Vox Populi, que abrangeria a campanha de Lula e a de candidatos a governador. González decidiu que suas duas empresas, a Lua Branca (marketing) e a GW (produção de TV), não participarão da campanha de Alckmin. Ele está de saída da primeira e não tem função executiva na segunda. O PSDB deverá fechar um pacote com cerca de 20 empresas. Para receber sua remuneração, González está criando a empresa ‘Campanhas 2006’, que cuidará exclusivamente de Alckmin e da candidatura de José Serra em São Paulo. As áreas de comunicação das principais campanhas devem ter pelo menos 11 itens: TV, rádio, pesquisa, assessoria de imprensa, música, impressos, fotografia, satélite para enviar programas de São Paulo para Brasília, clipping, telemarketing e uma espécie de serviço de inteligência, que recolheria informações negativas sobre o adversário e positivas sobre seu candidato. A cúpula da campanha de Alckmin estima que precisará gastar mais do que Lula porque o tucano não conta com a estrutura oficial e a exposição de mídia natural de um presidente.


Efeito caixa dois


Dirigentes petistas e tucanos afirmam que as campanhas de 2006 terão de ser ‘mais rigorosas’ do que as anteriores -eufemismo para dizer que será mais difícil bancar gastos via caixa dois serão mais difíceis. No PT, avalia-se que a exposição natural na mídia do cargo de presidente ajudará o partido a ter campanha mais barata do que há quatro anos. Oficialmente, Lula declarou ao TSE ter arrecadado R$ 21 milhões em 2002 -sendo R$ 7 milhões oficiais para o marqueteiro Duda Mendonça. O PT nega que a campanha de Lula tenha recebido recursos com essa origem. Duda disse à CPI dos Bingos que recebeu R$ 10,5 milhões do valerioduto como pagamento por serviços de 2002, mas ressalvou que não seriam para a campanha de Lula, mas de candidatos a governador.


Colaborou MALU DELGADO’


TV DIGITAL
Patrícia Zimmermann


Com a TV digital, governo vai criar quatro novos canais públicos


‘O governo vai criar quatro novos canais públicos de televisão com a implantação do sistema brasileiro de TV digital.


A digitalização do sinal da TV aberta também deverá permitir a concessão de canais para novas emissoras comerciais, possivelmente dois no caso de São Paulo, segundo um técnico que participa das discussões.


Os novos canais públicos serão de responsabilidade do Poder Executivo e devem transmitir programações alternativas às da Radiobrás e voltadas para a educação, cultura e cidadania -os canais poderão veicular programação comunitária e de câmaras municipais, por exemplo.


O Comitê de Desenvolvimento da TV Digital, formado por cerca de dez ministros, aprovou ontem o texto final do decreto que vai definir a escolha do padrão japonês de TV digital (ISDB) com inovações brasileiras.


O decreto será assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã de manhã, em solenidade da qual participará o ministro das Comunicações do Japão, Heizo Takenaka.


O decreto, que terá 15 artigos, prevê um prazo de sete anos para que todo o país tenha cobertura de TV digital, e de dez anos para que o sistema analógico seja desligado.


As primeiras transmissões deverão começar por São Paulo, mas o prazo para que isso ocorra vai depender das próprias emissoras.


Regulamentação


Para implementarem a TV digital, as redes receberão um novo canal, com 6 MHz (intervalo do espectro idêntico ao atual), para fazer a migração de um sistema para o outro. Ao final da digitalização, daqui a dez anos, os canais analógicos serão retomados pela União.


O Ministério das Comunicações vai regulamentar, no prazo de 60 dias após a publicação do decreto, o cronograma de implementação da TV digital.


Um grupo de trabalho com representantes dos governos brasileiro e japonês ficará encarregado de definir como inovações desenvolvidas por pesquisadores brasileiros serão incorporadas ao sistema japonês.


Esse grupo também irá trabalhar nos projetos de implantação de uma indústria de semicondutores no país. Segundo o governo, duas empresas -uma japonesa e outra não- estariam interessadas em investir nessa área.’


UNIVISION VENDIDA
Folha de S. Paulo


Univision aceita oferta de US$ 12,3 bi


‘O grupo americano de comunicação Univision aceitou a oferta de compra de US$ 12,3 bilhões, proposta por um consórcio de investidores liderado pelas corretoras Texas Pacific Group e Thomas H. Lee Partners, anunciaram nesta terça-feira as duas partes envolvidas no negócio.O grupo ainda irá assumir US$ 1,4 bilhão em dívidas da Univision.


A Univision domina o mercado de comunicação em língua espanhola nos EUA. A notícia desagradou a rede mexicana de TV Televisa, que detém 11% de participação na Univision e também lidera um consórcio de investidores interessados na empresa. Se aprovado, o negócio deve ser concluído até 2007. Com agências internacionais’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Larry contra Lula


‘Na escalada de manchetes do ‘SBT Brasil’, ‘Jornal americano diz que Lula fatura com o desempenho da seleção’. Na locução da rádio Jovem Pan, ‘assinada pelo jornalista Larry Rohter, a matéria sugere que o presidente Lula usa o campeonato para desviar a atenção da população sobre as críticas da oposição’.


Registre-se que ontem, nos portais, Lula defendia uma vaga na seleção para Juninho Pernambucano.


O correspondente, de fato, voltou ao ataque contra Lula, que comparou ao general Emílio Médici e tudo mais. Mas não foi para tanto, ao que parece, a reportagem.


Demorou alguns dias, mas Larry Rohter conseguiu dar a declaração de Ronaldo sobre Lula, Ronaldo que ecoou seu texto de tanta controvérsia, sobre a suposta preocupação nacional com o ‘hábito’ de beber do presidente.


Em versão intrigante para o inglês, o correspondente cita o jogador dizendo sobre Lula, três vezes, ‘he drinks’, ‘he drinks’, ‘he drinks’.


Sobre Copa e política, o site da Agência Carta Maior foi ouvir ninguém menos do que o historiador Eric Hobsbawn, que até concordou que uma vitória poderia beneficiar um governo, mas se esforçou por fugir da armadilha eleitoral, para a política ampla.


– Acho que só participar de uma Copa do Mundo é que faz as pessoas que vivem no Togo se darem conta de que eles são cidadãos de seus países.


Talvez mais importante, ele identificou o ‘paradoxo’:


– O apelo global do futebol, que cria o enorme público de quem corporações como Nike tiram seus lucros, é baseado no apelo nacional. A Copa é o exemplo dramático. Aí está a contradição. As implicações políticas, econômicas, sociais dessa situação nunca foram adequadamente analisadas.


Mas obviamente é a eleição o que importa por aqui.


E assim Zuenir Ventura, do Nomínimo, foi perguntar a Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, ‘como [o futebol] afetará o projeto de reeleição de Lula?’. Resposta:


– A influência é zero.


DE BANDIDOS A PESSOAS


No ‘SPTV’, anteontem, ‘morreram 13 criminosos’


O ‘SBT Brasil’, de Ana Paula Padrão, qualificou os 13 suspeitos mortos pela polícia paulista de ‘bandidos’, na escalada de manchetes, anteontem. O telejornal local da Globo, ‘SPTV’, de ‘criminosos’ de uma ‘quadrilha’.


Mas lá estava ontem à tarde, na manchete da Folha Online, ‘Promotoria investiga a morte de suspeitos’. O Ministério Público estadual investiga a polícia pela morte das 13 ‘pessoas supostamente ligadas ao PCC’.


À noite, o ‘SPTV’ até chamou os 13 de ‘suspeitos’, mas a edição destacou que para a polícia ‘não houve excesso’.


USAR O PODER


Para o comentarista Telmo Zanini, do SporTV, da Globo, ‘o Juninho entrou mal’. Para Márcio Guedes, ex-Globo, na ESPN Brasil, ‘desperdiçou’ a chance de ganhar uma vaga com ‘toquinho de lado’.


De sua parte, o narrador Galvão Bueno mal noticiou o recorde de Ronaldo ou a nova boa exibição de Zé Roberto. Seu esforço está agora todo voltado a escalar Juninho.


Do locutor, ao iniciar a transmissão do jogo, ontem, ‘eu jogaria com o Juninho e só um atacante lá na frente’. No primeiro tempo, ‘óbvio que o time está mal escalado’. No segundo, logo após entrar o jogador, ‘já mudou’.


Ao que o ‘comentarista’ Falcão ecoava, ao lado:


– O Parreira, ele tem que morrer com o time dele.


COADJUVANTES


Fim de jogo e Galvão Bueno faz os seus dois coadjuvantes pedirem vaga para Juninho. Depois, entra um telejornal -e lá está ele dizendo para Casagrande que ‘o Juninho entrando [no lugar de algum atacante] não significa time menos ofensivo’. E o eco:


– De forma nenhuma.


Foi um dia especialmente cruel para os ‘comentaristas’. De Falcão, a certa altura:


– O gol prejudicou o Brasil.


BARRACO GLOBAL


Em tempo, na manchete de ontem no site Nomínimo:


– Barraco global na Copa.


O ‘Fantástico’ não gostou das tais ‘desculpas’ a Carlos Alberto Parreira, expressas no ‘Jornal Nacional’, e deve desfalcar a tropa de quase 200 enviados globais à Alemanha.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Google lança serviço para fazer pagamentos virtuais


‘O próximo lançamento do Google atende por GBuy, um serviço que permitirá aos usuários administrar transações financeiras realizadas via internet. A ferramenta deverá chegar ao mercado até o final desta semana.


Segundo a imprensa norte-americana especializada em tecnologia, como os sites ZDnet (www.zdnet.com) e o da revista ‘Forbes’ (www.forbes.com), o GBuy chega ao mercado para concorrer diretamente com o PayPal (www.paypal.com), sistema que permite pagamentos on-line e está presente em mais de 50% das transações realizadas no popular site de leilões eBay (www.ebay.com).


Além de concorrer com uma das ferramentas mais difundidas da internet nos EUA, o GBuy pode ainda fazer parte de uma estratégia maior do Google para invadir o nicho de comércio eletrônico.


Por enquanto, a empresa tem poucos serviços que vendem produtos, o Google Base (base.google.com) e o Google Store (www.googlestore.com).


Outro lançamento do Google que chega em breve ao mercado é o google.com/hosted, serviço que permite que sites e empresas usem o Gmail.’


Sérgio Vinícius


‘A Wikipédia não é anarquia’, diz Wales


‘Em maio deste ano, Jimmy Wales foi considerado pela revista ‘Time’ uma das cem personalidades mais influentes do mundo, sendo um dos primeiros na lista de pessoas ligadas à ciência e à pesquisa. Essa fama é devida à sua criação mais popular, o portal Wikipédia (www.wikipedia.org), uma enciclopédia on-line livre e colaborativa, criada em janeiro de 2001. Todo o conteúdo da enciclopédia está licenciado sob Creative Commons, patente que permite aos usuários editar e alterar os verbetes. Ela tem mais de 3,5 milhões de artigos em 205 idiomas e dialetos. ‘O conteúdo pode ser editado e incluído por qualquer pessoa’, diz Wales. ‘Mas há uma série de colaboradores que filtram cuidadosamente o que entra na página. Esse é nosso modo de tentar minimizar as falhas.’ Na semana passada, Wales veio pela segunda vez ao Brasil, para participar do iSummit, no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele falou à Folha. Veja os principais trechos da entrevista.


FUTURO – ‘De forma geral, é impossível fazer uma previsão específica sobre a Wikipédia. Entretanto, acredito que os próximos passos dirão respeito a um aumento considerável de conteúdo em línguas que são minoria hoje, como o chinês.’


O FIM – ‘Não acredito que um dia a Wikipédia estará completa. Ela não terá fim do ponto de vista de conteúdo, já que o conhecimento humano nunca terá fim. Assim, tanto o conhecimento quanto a Wikipédia estarão sempre crescendo.’


MERITOCRACIA – ‘As pessoas pensam que a Wikipédia é uma anarquia, mas a base dela é a meritocracia, na qual o conteúdo e as ações dos colaboradores mais confiáveis e ativos têm mais destaque que a de outros. Esse tipo de método é baseado em mérito. Trata-se de um sistema muito bom, e é, sim, hierarquizado. Esse é o modelo que a Wikipédia vai continuar trilhando, de acordo com as mudanças que estamos tendo de implantar aos poucos, para dar mais confiabilidade à enciclopédia.’


CONHECIMENTO – ‘Um dos maiores méritos da Wikipédia é ser feita por pessoas ao redor do mundo, com conhecimentos e vivências diferentes. Isso transforma um conhecimento específico em algo partilhado entre todos.’


NUPEDIA – ‘A principal diferença entre a Nupedia (projeto de enciclopédia de Wales, antecessor da Wikipédia) e a Wikipédia é a diversão. A Nupedia era um projeto sisudo, em que os artigos eram cuidadosamente revisados antes de ir ao ar. Já na Wikipédia há uma maior abertura para quem contribui com conteúdo. Todo o processo de contribuição com a Wikipédia é divertido,o que não ocorria com a Nupedia.’


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O homem por trás da Wikipédia


‘QUEM


Jimmy Donal ‘Jimbo’ Wales nasceu em 7 de agosto de 1966 e é o co-fundador da Wikipédia


INÍCIO


Na metade da década de 90, Wales iniciou o Bomis, um portal de busca focado em aspectos da cultura popular


SÓCIO


A Wikipédia foi fundada em sociedade com Larry Sanger. Ele e Sanger já tinham trabalhado juntos no projeto da enciclopédia Nupedia, agora desativado


FUNDAÇÃO


Além de comandar a Wikipédia, Wales dirige a Fundação Wikimedia, uma organização sem fins lucrativos voltada a projetos colaborativos


QUANTO


Segundo a revista ‘Time’, Wales gastou em torno de US$ 500 mil para estabelecer seus projetos relacionados ao wiki’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Na Globo, até michê é merchandising social


‘As cenas em que a madura Ornela (Vera Holtz) pagava ao garotão Matheus (Cauã Reymond) por serviços sexuais em ‘Belíssima’ ajudaram a Globo a bater seu recorde de merchandising social em novelas.


A emissora está distribuindo a formadores de opinião uma revista em que faz seu ‘balanço social’ de 2005, com um levantamento de todas as ações sociais, como Criança Esperança.


No capítulo sobre merchandising social, informa que exibiu 1.551 cenas de conteúdo socioeducativo em 2005. ‘Malhação’ (com ações sobre gravidez na adolescência e até pirataria) lidera (543). O que chama a atenção é o fato de ‘Belíssima’, uma novela sem essa pretensão, aparecer com 68 ações (só em 2005), dos temas ‘saúde sexual e reprodutiva, relações de gênero’ e ‘ética empresarial’.


Consultada, a Globo explicou o que são ‘relações de gênero’: ‘questões relacionadas à igualdade entre os sexos; inserção feminina no mercado de trabalho, empreendedorismo, independência financeira, mulher como chefe de família, iniciativa e ‘poder de negociação’ na relação amorosa, relacionamento de mulher mais velha com homem mais novo etc.’.


O único casal ‘mulher mais velha/homem mais novo’ na novela é Matheus e Ornela. A Globo diz que só passou a considerá-los como merchandising social depois que Matheus deixou de fazer programas. Mas isso só ocorreu em 2006.


PLÁSTICA NA TV 1 A Rede TV! informa que adquiriu da Disney os direitos de produção no Brasil do ‘reality show’ de cirurgia plástica ‘Extreme Makeover’ _que o SBT já negociou, mas não levou.


PLÁSTICA NA TV 2 A ‘repórter free-lancer’ Monique Evans será a primeira a rechear o ‘Extreme Makeover’ brasileiro. Fará intervenções cirúrgicas no rosto e no pescoço. A Rede TV! promete exibir todos os detalhes, desde a primeira consulta até o resultado final, diariamente no programa de fofocas ‘TV Fama’.


HALL DA FAMA Outra novidade na Rede TV! será a criação do ‘Prêmio TV Fama’, previsto para o final deste ano, a ser entregue ‘a personalidades que se destacarem no mundo artístico’.


GRANDE SACADA 1 Apesar da reclamação de Carlos Alberto Parreira e do pedido de desculpas ao técnico da seleção, tem gente na Globo defendendo que o ‘Fantástico’ continue fazendo ‘leituras labiais’ dos jogadores brasileiros na Copa, deixando bem claro que se trata mais de ‘entretenimento’ do que de jornalismo.


GRANDE SACADA 2 Foi o jornalista Zeca Camargo quem dublou Parreira.


COPA NO ESCRITÓRIO Brasil x Gana, ontem, deu 65 pontos na Grande SP, segundo dados preliminares. Apesar de o jogo ter sido às 12h, e de muita gente não tê-lo assistido em casa (mas no trabalho), o Ibope acusou 74% de televisores ligados no horário _só inferior aos 76% de Brasil x Japão, que deu 69 pontos, recorde desta Copa.’


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Tela Viva News


Quarta-feira, 28 de junho de 2006


TV DIGITAL
Samuel Possebon


Confira o que estará no decreto de transição


‘O governo fechou os principais pontos do decreto de transição que deve ser assinado pelo presidente Lula na próxima quinta, 29, estabelecendo a implantação do SBTVD-T (Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre). O sistema SBTVD-T será obrigatório às empresas de radiodifusão de sons e imagens (concessionárias e autorizadas). O governo determinará no decreto o acesso público em geral, de forma livre e gratuita, mediante cumprimento das condições de exploração. O decreto falará explicitamente que será adotado no Brasil a modulação do ISDB-T (sistema japonês), mas não todo o sistema nipônico, e que incorporará as inovações tecnológicas aprovadas pelo Comitê de Desenvolvimento do SBTVD. O mesmo comitê de desenvolvimento é quem fixará as diretrizes para elaboração das especificações técnicas a serem adotadas no SBTVD-T, com garantias de que padrões internacionais as reconheçam.


O Comitê de Desenvolvimento também estimulará a criação do Fórum do SBTVD-T, que será um organismo que auxiliará nas políticas e assuntos técnicos referentes às inovações, especificações, desenvolvimento e implantação do sistema a ser adotado pelo Brasil. Segundo apurou este noticiário, o Fórum não necessariamente contemplará setores além do setor de radiodifusão, dos fornecedores de equipamentos e cientistas.


Como características, o SBTV-D adotará a transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definição padrão (SDTV), a transmissão simultânea para recepção fixa, móvel e portátil, e a interatividade.


Retransmissoras terão normas adicionais


As concessionárias e autorizadas de radiodifusão de sons e imagens terão, para cada canal, mais 6 MHz para a transição. Mas o governo exigirá que a concessionária ou autorizada esteja em regularidade com a outorga para conceder o canal de transição. Para as autorizadas e permissionárias do serviço de radiodifusão, haverá ainda uma norma específica a ser baixada com as regras de outorga do canal de transição, segundo apurou este noticiário.


O Ministério das Comunicações é quem estabelecerá o cronograma de consignação dos canais de transmissão digital, mas não deverá ser superior a sete anos, com prioridade para capitais dos Estados; geradoras; retransmissoras em capitais e retransmissoras em demais municípios. Haverá um instrumento contratual entre o Minicom e as empresas de radiodifusão, e neste instrumento contratual estarão os prazos para a utilização do canal de transição e as condições técnicas. Os projetos de instalação para a migração deverão ser entregues em um prazo de seis meses após a celebração do contrato, e após 18 meses de aprovado o projeto deverão ser iniciadas as transmissões sob risco de perda dos 6 MHz de transição. O prazo máximo para o fim das transmissões analógicas será de 10 anos a partir da publicação do decreto de transição e fica permitida a transmissão simultânea da programação analógica e digital por este período. Após os 10 anos, os canais analógicos voltam para a União.


O decreto reforçará que a outorga para serviços de radiodifusão só será dada mediante processo licitatório. A novidade é que o governo quer que essa obrigação valha inclusive para autorizações e permissões.


Até 2014


A partir de 2014, o Ministério das Comunicações só outorgará o serviço de radiodifusão na tecnologia digital, mas ainda não está claro se o prazo de transição para os que entrarem em tecnologia analógica até lá é o mesmo ou será reduzido na medida em que 2014 se aproxima. De qualquer forma, o governo pretende rever todos os prazos do decreto a cada três anos. A União terá ainda quatro canais digitais de 6 MHz em cada município para explorar de forma compartilhada, de acordo com norma ainda a ser estabelecida. A idéia é que nesses canais entrem os canais do Poder Executivo, um canal de educação à distância e capacitação, um de cultura para conteúdos regionais e um canal dedicado às comunidades locais (chamado de Canal da Cidadania) que poderá ser compartilhado pelos poderes Legislativo e Judiciário. O governo quer deixar a cargo do Minicom o estímulo à celebração dos convênios de programação para o Canal da Cidadania, e será também este o canal dedicado aos serviços de governo eletrônico.


Ao fim de seus 18 artigos, o decreto de transição dispõe ainda sobre a possibilidade de que as instituições de pesquisa ligadas ao SBTVD-T recebam recursos públicos e diz que as normas complementares necessárias à viabilização do sistema brasileiro serão baixadas pelo Minicom.


As informações referentes ao decreto de transição a que este noticiário teve acesso podem sofrer algumas alterações até a assinatura do decreto, dia 29.’



Carlos Eduardo Zanatta


Proposta de decreto ainda traz dúvidas


‘Com base nos principais pontos do que deverá estar no decreto de transição para o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T), alguns pontos ainda levantam dúvidas:


* Ao que tudo indica, o decreto será assinado em paralelo a um acordo com o governo japonês para intercâmbio tecnológico. Por ser um acordo firmado entre governos, o texto não deveria ser aprovado pelo Congresso Nacional, como ocorre com acordos até mais simples com menos consequências para o desenvolvimento tecnológico e para a economia brasileira?


* O canal que se tornará definitivo terminado o prazo de transição é o canal digital a ser emprestado. O canal analógico será devolvido. Mas observe-se que o canal analógico faz parte da outorga desta emissora, que em princípio tem validade original de 15 anos de acordo com a Constituição.


* A partir de que momento e como o canal digital passará a ser o vinculado à outorga?


* Qual a figura jurídica a ser utilizada pelo governo para obrigar a geradora a transmitir sinais digitais? Um mero instrumento contratual bastaria? Pela outorga, que ainda vigora, a empresa tem o direito de usar o canal a ela vinculada até o prazo de duração da outorga, sem obrigação de operar canais digitais. O governo não poderia impor a migração, até porque ela exige o desembolso de recursos. Em suma, o que acontece com quem não quiser se digitalizar?


* Sobre os canais de interesse público, que regras de concessão se aplicam?’


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