Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

UOL / Renata Lo Prete

‘Renata Lo Prete, editora do Painel, entrevistou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). A entrevista, publicada no jornal Folha de S.Paulo motivou a maior crise política já vivida pelo governo Lula. A jornalista debateu com os internautas os desdobramentos da reportagem em que o deputado denunciou um suposto esquema de pagamento de mesadas a congressistas aliados do governo.


Participaram do Bate-papo 2387 pessoas


Este-bate-papo ocorreu em 09/06/2005, às 17h00


ÍNTEGRA


O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas


(05:04:14) Renata Lo Prete: Oi. Perguntas?


(05:04:52) Ganjaman: Como está o andamento do caso do Deputado Roberto Jefferson


(05:06:22) Renata Lo Prete: Desculpe. Achei que era apenas teste. Boa tarde a todos. Resposta para o Ganjaman: No momento ele está no apartamento funcional que ocupa em Brasília, e o Congresso está instalando uma CPI, inicialmente para investigar as denúncias dos Correios, mas que certamente baterá na entrevista do Robetto Jefferson


(05:06:39) adri: Oi Renata, como vc fez para captar todas essas informações do deputado? Vc esperava essa repercussão?


(05:07:24) Renata Lo Prete: Para Adri: A entrevista foi gravada. Sim, eu esperava uma repercussão grande, dada a gravidade do que ele disse.


(05:07:25) Tereza: Oi, Renata, antes de mais nada, parabéns a você e à Folha pela iniciativa do bate-papo. Primeira pergunta: o que vc acredita que o Jefferson pretende ao fazer tais acusações?


(05:09:24) Renata Lo Prete: Obrigada, Tereza. Acho que ele pretende indicar que há mais coisas em torno dos casos que vinham ocupando o noticiário (denúncias nos Correios e no IRB)do que se imaginava inicialmente.


(05:09:36) Futuro jornalista: Oi Renata. Quando vc foi pautada à entrevista, já imaginava descobrir algo assim, ou foi pega de surpresa?


(05:10:55) Renata Lo Prete: Prazer, Futuro Jornalista. Quando o Roberto Jefferson me chamou, imaginei que tinha algo de impacto a dizer. Ele estava em silêncio havia muitos dias e sob forte pressão. Mas não imaginei que se tratava do ‘mensalão’.


(05:11:02) carlos: Porque a Folha publicou acusações que podem tumultuar não só o PT como o próprio país sem ter provas? A Folha tem consciência que pode ter sido usada por R. Jefferson para atingir objetivos não revelados envolvendo até o escandalo dos Correios? Publicar acusações sem ter provas não é apenas sensacionalismo?


(05:12:39) Renata Lo Prete: Carlos, a Folha publicou o depoimento do presidente de um partido da base aliada do governo. O depoimento é bastante detalhado e envolve uma série de personagens importantes do noticiário político, a começar do presidente da República. Isso me parece mais que suficiente para justificar a publicação da entrevista.


(05:12:43) Spot: Você acha que algum ministro importante, como o José Dirceu, cai depois das denúncias?


(05:13:30) Renata Lo Prete: Spot, desculpe parecer óbvia, mas isso vai depender dos desdobramentos da entrevista e das investigações da CPI. Não tenho condições de prever.


(05:13:36) Cidadã: Qual foi o momento mais tenso da entrevista?


(05:14:15) Renata Lo Prete: Cidadã, não houve propriamente um ‘momento tenso’. Ele falou coisas graves, mas estava tranqüilo, absolutamente senhor de si.


(05:14:15) Tereza: Renata, há quem diga que o Roberto Jefferson tem munição pesada (com documentos) contra o José Dirceu. Você ou alguém da Folha sabe disso?


(05:15:12) Renata Lo Prete: Tereza, fala-se muito disso. Na realidade,é quase SÓ o que se fala em Brasília. Mas Roberto Jefferson nada me disse a esse respeito.


(05:15:15) Alex Hermini: Até que ponto a imprensa não está sendo parcial? Se observarmos que Roberto Jefferson apenas citou um fato, sem apresentar provas e isso rendeu inúmeras páginas da ‘Folha’, me recordo que li na mesma ‘Folha’, uma citação, não me lembro de qual integrante do governo, no sentido de que Alckmin barrou 44 CPIs na Assembléia Legislativa Paulista e o mesmo foi feito pelo governador de Minas, Aécio Neves. A que se referem essas CPIs? Por que não se publicou mais a respeito do assunto, da mesma forma que se publica a respeito do mensalão? A Imprensa não estaria cobrindo muito pouco as administrações estaduais, deixando-as mais livres de crítica? Como leitor e eleitor, me faltam subsídios para avaliar a gestão estadual, uma vez que tenho pouco acesso à informações, do que ocorre no governo paulista.


(05:17:10) Renata Lo Prete: Alex, todos os governos tentam (e muitas vezes conseguem) barrar CPIs. O governo Alckmin certamente é um deles. Mas barrar CPIs é algo que, por reprovável que seja, não pode, a meu ver, ser colocado no mesmo patamar das denúncias feitas pelo Roberto Jefferson.


(05:17:10) Karl: Você acha esta situação parecida com a que Collor saiu?


(05:19:31) Renata Lo Prete: Karl, acho que o governo Lula, embora desgastado, não vive, ao menos neste momento, uma situação de isolamento como a enfrentada por Collor ao tempo de sua CPI. Para não falar no fato de que o atual presidente tem, pessoalmente, um patamar ainda muito elevado de aprovação. Mas, do ponto de vista da investigação, tudo depende de onde a CPI chegar.


(05:19:37) PLANALTINA: Parabéns pela reportagem! Quero saber se vc procurou Jefferson (insistiu) ou se ele veio até vc? Ele já estava com vontade de falar e te escolheu? Ou foi vc q insistiu muito para ele abrir a boca?


(05:21:52) Renata Lo Prete: Planaltina, obrigada, em primeiro lugar. Eu converso com o Roberto Jefferson já faz um bom tempo, como converso com outros políticos para fazer o ‘Painel’. Nos dias anteriores à entrevista, eu o vinha procurando, como outros tantos jornalistas. Mas foi ele, obviamente, quem decidiu falar e escolheu a Folha e a mim.


(05:21:52) REACIONÁRIO: eu só quero saber uma coisa. Na sua opinião, há verdade em tudo isso que ele revelou ou é só ‘espuma’ daquela que acaba em pizza ? Com esta pergunta estou querendo saber se há alguma possibilidade de grandes revelações à ponto de desencadear alterações políticas significativas.


(05:23:48) Renata Lo Prete: Reacionário (?!), ninguém ainda havia feito reportagem sobre o ‘mensalão’ porque, obviamente, não se encontra alguém que receba e esteja disposto a admiti-lo. Mas a existência dessa ‘remuneração’ para parte dos parlamentares é tratada como um dado de realidade nos corredores do Congresso.


(05:23:55) Junior: Como jornalista, vc pode se dar ao luxo de ter emoções? De pensar:’q safado, ele e sua corja, gostaria de dar na cara deles!’?


(05:24:22) Renata Lo Prete: Junior, ‘que safado’ quem?


(05:24:34) cubas: Cara Renata, por quevc acha que o Jefferson resolveu abrir isso só agora?


(05:25:18) Renata Lo Prete: Cubas, acredito que porque ele se sentiu abandonado pelo governo, com o qual colaborou durante muito tempo.


(05:25:27) Osmar Soalheiro: Ola Renata. se tudo isso for comprovado como vai ficar o Lula no meio disso?


(05:26:17) Renata Lo Prete: Osmar, se for comprovado que havia ‘mensalão’ e que o presidente sabia, ele ficará em situação MUITO difícil.


(05:26:25) Paulo: hoje o PTB ja declarou que apoia Jefferson?


(05:26:52) Renata Lo Prete: Paulo, sim, no momento é essa a posição do partido.


(05:27:04) o cara: o que podemos esperar para as alianças eleitorais de 2006, tendo em vista que o pt estava ‘namorando’ o ptb para sua chapa?


(05:27:51) Renata Lo Prete: O cara, é difícil desenhar com exatidão, a esta altura, as alianças de 2006. Mas acho difícil que o PTB esteja com Lula.


(05:27:57) luiz: Por Que denuncias en doses Homeopáticas?


(05:28:41) Renata Lo Prete: Luiz, ainda não sei se são ‘doses homeopáticas’. Precisa ver o que vem (se vem) por aí.


(05:28:57) borongo: Pq será q o Roberton Jefferson não fez a denuncia da mesada antes do escândalo dos correios envolvendo o nome dele??


(05:29:55) Renata Lo Prete: Borongo, repito o que disse há pouco: acho que ele falou agora porque se sente isolado e abandonado pelo governo do qual foi parceiro por muito tempo.


(05:30:00) cacojr: Renata… insisto na pergunta: Você acha que algum deputado vai confessar que eebeu o mensalão? Que provas poderá apresentar o Dep.Jefferson?


(05:31:17) Renata Lo Prete: Cacojr, acho improvável uma confissão de recebimento de ‘mensalão’. Mas acho que quem não recebe pode vir a denunciar (em off, provavelmente) quem recebe e como funciona o esquema, e por aí puxa-se a história.


(05:31:23) Jeferson: O PTB continuará no governo, em sua opiniâo?


(05:32:28) Renata Lo Prete: Jeferson, acho que não, mas não dá para afirmar. Muitos desses parlamentares raramente estiveram (se é que alguma vez estiveram) na oposição.


(05:32:39) borongo: Vc não acha q ele denunciou para dar um recado ao governo q ele sabe de muito mais coisa?


(05:32:57) Renata Lo Prete: Borongo, sua hipótese é bastante plausível.


(05:33:04) decepcionado: Renata, pq vc acha que o Jefferson sabia q haveria tanto impacto? Pq ele tentou preservar o Lula?


(05:34:35) Renata Lo Prete: Decepcionado, em primeiro lugar, preservou mais ou menos. Não se esqueça de que ele afirmou que avisou ao PR. Em segundo, acho que a mágoa maior do Roberto Jefferson não é com o Lula.


(05:34:42) o cara: você compara a crise politica atual com o dossie caimã?


(05:35:39) Renata Lo Prete: O cara, a crise atual não tem comparação com o episódio do dossiê caimã, que se comprovou falso. A crise atual é muito pior, por uma série de razões.


(05:35:46) John: Renata, parabéns pela entrevista. Eu queria saber qual sua sensação ao sair do apartamento do deputado. Você sabia que tinha uma bomba nas mãos. O que passou pela sua cabeça naquela hora?


(05:37:34) Renata Lo Prete: John, obrigada. A primeira coisa que passou pela minha cabeça naquela hora, tarde de domingo, foi de natureza bastante prática: eu precisava avisar a cúpula do jornal de que tinha algo sério nas mãos e precisava correr para preparar a entrevista, bastante longa, a tempo do fechamento do jornal.


(05:37:40) UOL: Prezados internautas, infelizmente não é possível publicarmos todas as mensagens que estão sendo enviadas à jornalista Renata Lo Prete. O número de internautas participando do papo é muito grande. Agradecemos a compreensão de todos. Tenham um bom papo.


(05:37:40) luis: Renata, não sei se você assistiu, mas ontem no Jornal Nacional o Arnaldo Jabor fez uma crítica alertando para a possibilidade de essa situação vivida hoje no Brasil possa vir a se transformar em algo parecido ao ‘caos’ existente hj na Bolívia… Vc concorda com isso?


(05:38:18) Renata Lo Prete: Luis, acho prematuro estabelecer esse paralelo.


(05:38:24) branco: o que vc achou da coletiva do PT


(05:38:54) Renata Lo Prete: Branco, achei ruim.


(05:39:06) voxpopule: Você acha que Roberto Jeffersson está confiante no resultado dos acontecimentos?


(05:39:32) Renata Lo Prete: Voxpopule, não falo com o Roberto Jefferson desde o dia da entrevista.


(05:39:44) HenryRJ: Em algumas respostas, você dá a entender que outras ‘denúncias’ virão.É só minha percepção ou é constatação???


(05:40:23) Renata Lo Prete: HenryRJ, eu imagino que virão, mas não sei se necessariamente do Roberto Jefferson, nem ele me falou nada a esse respeito.


(05:40:29) edison: ele te deu os nomes dos deputados que são remunerados, tem nomes do pt tambem nessa lista


(05:42:18) Renata Lo Prete: Edison, 1. Ele não me deu nomes. Os nomes que tenho não podem, ao menos por ora, ser publicados, porque baseados exclusivamente em rumores do Congresso. 2. Acredito que os problemas do PT nessa história são de outra natureza. Não há propriamente temor de ver deputados do partido na lista.


(05:42:30) who: o Dep. Roberto Jefferson comentou, em off, com vc sobre fitas que possam comprometer o ministro dirceu?


(05:42:42) Renata Lo Prete: Who, não.


(05:42:48) Marigold: Você acredita que o RJ tem mesmo mais fitas gravadas e/ou mais provas?


(05:43:06) Renata Lo Prete: Marigold, sinceramente não sei.


(05:43:12) GEBARA: RENATA , COMO VOCE DISSE , EM BRASILIA O MENSALÃO É ADMITIDO COMO FATO , O QUE SE ESPERA CASO VENHA A OCORRER A CPI DO MENSALÃO ? CORTES DE CABEÇAS? UMA BASTILHA?


(05:44:27) Renata Lo Prete: Gebara, acho que o escândalo do ‘mensalão’ pode resultar numa degola de deputados nos moldes do que ocorreu na CPI do Orçamento.


(05:44:45) mtavares: insisto em saber se vc em algum momento sugeriu condicionar a publicação da entrevista às provas que ele eventualmente possui???????


(05:44:57) Renata Lo Prete: MTavares, não.


(05:45:03) angu: Tudo o que êle disse foi publicado ou há mais trechos não publicados? coisas qel


(05:45:27) Renata Lo Prete: Angu, praticamente tudo o que ele disse foi publicado.


(05:45:51) Eduardo: Considerando a linha oposicionista da Folha, não está faltando buscar a comprovação. Eu entendo que não tem como segurar uma bomba desta, mas não corremos o risco de dar holofotes para qualquer denúncia. Nào há uma ponderação do jornal, em seus editorias ou reportagens, sobre a possibilidade, ainda existente, de a denuncia ser falsa, ou de não ser bem assim. Extrapolando o governo Lula, falando de jornalismo e democracia, não é um risco. Amanhã pode ter uma denuncia sob re você que eu obtive numa entrevista com um repórter qualquer dizendo sei lá que você recebeu um mensalão do PSDB para fazer a matéria…não precisamos de mecanismos que garantam a investigação, a denúncia, mas também o rigor com as provas?


(05:47:32) Renata Lo Prete: Eduardo, Não me parece que se trate de ‘qualquer denúncia’, e sim, como disse acima, do depoimento do presidente de um partido da base aliada.


(05:47:44) ricardo: Pergunto novamente: por que a matéria saiu sem ‘outro lado’? Essa é uma pergunta relevante quando se leva em conta que a Renata foi ombudsman da Folha. No jornal, os ombudsmen são os primeiros a exigir o ‘outro lado’ nas reportagens.


(05:49:17) Renata Lo Prete: Ricardo, a Folha dá extrema importância ao ‘outro lado’. Apenas, no caso de uma entrevista como esta, não era possível fazê-lo no mesmo dia, dados o número de pessoas citadas e o tempo disponível. No dia seguinte, todos foram ouvidos e ganharam espaço no jornal.


(05:49:17) Felipe: Você foi procurada pelo PT, PL ou PP após a entrevista ?.


(05:50:05) Renata Lo Prete: Felipe, não enquanto partidos. Mas conversei com parlamentares dessas siglas e de outras, como sempre faço para apurar as informações do ‘Painel’.


(05:50:11) LITA: Você acredita que essa crise politca vai causar efeito dominó? Por tudo que está aí a gente fica até com medo.


(05:50:26) Renata Lo Prete: Lita, honestamente, não tenho como prever.


(05:50:38) Aninha: Insisto, Renata: Após o episódio da compra de ingressos com dinherio público no ano passado e a denúncia feita agora por Jefferson de que ele era o responsável por dar mesada aos parlamentares do PL e do PP, como fica a situação de Delúbio Soares, tesoureiro do PT?


(05:51:37) Renata Lo Prete: Aninha, a situação do tesoureiro me parece complicada, mas o partido, você deve ter visto ontem, decidiu mantê-lo na função.


(05:51:37) Onaireves: Na sua opinião e impressão ao entrevistá-lo, qual o grau de credibilidade (de 1 a 10 maximo) que daria ao R.Jefferson?


(05:52:33) Renata Lo Prete: Onaireves, não acho que seja possível ‘graduar’ a credibilidade de entrevistados.


(05:52:39) rada: na sua ótica, haverá alguma mudança política radical no país?


(05:52:57) Renata Lo Prete: Rada, não sei dizer.


(05:53:02) Fernando 3: …O que pode significar aquele canto, meio louco, de ‘coração ingrato’?….rs Será que ele está tranqüilo com o seu destino ou já sabe que perderá o cargo?… (Parabéns pela matéria!..)


(05:53:46) Renata Lo Prete: Fernando 3, obrigada. Ele gosta de cantar. É simples assim.


(05:54:44) Dena: Vc desconfiava de algo antes de entrevistá-lo? Como um jornalista ‘sente’ esse tipo de matéria?


(05:55:12) Renata Lo Prete: Fernando 3, mais uma coisa: ele disse na entrevista, não sei se você chegou a ver, que não está mais preocupado com o mandato ou com reeleição.


(05:55:18) Rod: Um caso de propina ocorreu na época em que Fernado Henrique conseguiu aprovar a reeleição e ficou tudo abafado. O que vc acha?


(05:55:55) Renata Lo Prete: Dena, disse há pouco. Sabia que ele falaria algo importante, mas não que era o ‘mensalão’.


(05:55:55) EXTREMA DIREITA: Boa Tarde jornalista Renata. Antes de tudo parabéns pelo seu excelente trabalho. Gostaria de saber se a Folha tem outras ‘bombas’ como estão falando


(05:56:44) Renata Lo Prete: Extrema direita, a Folha está investigando. Se isso resultará em ‘bomba’, não dá para saber agora.


(05:56:50) guilgomes: Quem te escalou para fazer a entrevista?


(05:57:40) Renata Lo Prete: Guilgomes, eu marquei a entrevista, após ser chamada pelo Roberto Jefferson, e em seguida avisei ao jornal.


(05:58:21) Edd: Olá Renata, pelo que vi (ouvi) na entrevista o R. Jefferson diz ter ouvido do Martinez (ex-presidente PTB) sobre o ‘mensalão’ distribuido para deputados do PL e PP. Vc não acha leviano ou, no mínimo, frágil, usar o depoimento de um morto (sem nem uma outra testemunha) para acusar?


(05:58:53) Renata Lo Prete: Edd, o Martinez é apenas a primeira de uma série de pessoas que ele menciona na entrevista.


(05:59:06) Renata Lo Prete: Pessoal, preciso me despedir.


(05:59:14) LIKA: Renata vc ficou surpresa com a reação do presidente na primeira pergunta??….


(05:59:44) Renata Lo Prete: Lika, desculpe, não entendi.


(06:00:20) JTJ: Quando o RJ decidiu te dar a entrevista? Estava agendada muito antes do domingo?


(06:01:14) Renata Lo Prete: JTJ, ele decidiu no sábado, e na manhã de domingo eu fui para Brasília.Aproveito para me despedir de todos (está na hora de fechar o ‘Painel’) e para agradecer pela atenção. Abs,Renata


(06:01:50) Renata Lo Prete: Obrigada a todos, mais uma vez, e até a próxima.


(06:02:11) UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Renata Lo Prete e a participação de todos os internautas. Até o próximo!’



GESTÃO SERRA


Folha de S. Paulo


‘O ‘Apagão’ de Serra’, copyright Folha de S. Paulo, 9/06/05


‘Durante a campanha eleitoral de 2004, o atual prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), cunhou a expressão ‘apagão na saúde’ para caracterizar os estragos produzidos na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) no setor. O tema foi um dos pontos mais duramente criticados pelo tucano, que fez reiteradas promessas de reverter a situação.


Não obstante, a atual administração anunciou o repasse de R$ 5,3 milhões, inicialmente destinados à saúde e educação, para gastos com publicidade. Desse total, R$ 3 milhões seriam destinados à manutenção dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e R$ 2,3 milhões seriam investidos na construção dos CEUs Saúde -anunciada por Marta Suplicy, durante a disputa eleitoral.


Segundo o secretário de Comunicação, Sérgio Kobayashi, a mudança deve-se ao fato de que o prefeito não construirá as novas unidades de Saúde. Além disso, a verba dos CEUs da educação seriam destinadas à manutenção de novas unidades, que não serão construídas neste ano. A prefeitura diz, também, que a publicidade será destinada a promover as atividades dos CEUs, que estariam ociosos. Mesmo assim, é difícil crer que não houvesse aplicações mais apropriadas para esses recursos.


É verdade que o montante está longe ser astronômico. Todavia, esses R$ 5,3 milhões seriam suficientes para arcar, por exemplo, com o custo mensal de cerca de dez unidades dos CEUs. A situação é particularmente embaraçosa uma vez que Serra foi o candidato que mais contestou os gastos de publicidade da gestão anterior e mais ênfase conferiu ao lastimável estado da rede de pública de saúde da capital. Ao que parece o prefeito foi vítima do ‘apagão’ de memória que usualmente atinge políticos após as eleições.’



ORDEM DOS JORNALISTAS


Comunique-se


‘Projeto que cria OJB reapresentado na Câmara’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 9/06/05


‘O deputado Celso Russomano (PP-SP) reapresentou à Câmara dos Deputados o projeto que cria a Ordem dos Jornalistas do Brasil (OJB), no dia 18/05. A notícia está na edição desta quinta-feira (09/06) no site da Agência Câmara. A proposta foi reapresentada por meio do Projeto de Lei 5253/05. O texto foi rejeitado no final do ano passado – ele foi apensado ao de criação do Conselho Federal de Jornalismo, já que, como disse o presidente da Federação Nacional de Jornalistas, Sérgio Murillo, ao Comunique-se, tem mais pontos comuns com o projeto do CFJ do que divergências. ‘Vejo a iniciativa de Russomano como ponto positivo, afinal vai trazer o assunto novamente para o debate, mas desconfio de sua eficácia, visto que a criação de uma entidade como esta deve partir do Poder Executivo’, comentou Murillo.


O novo projeto do deputado também prevê alterações no exercício da profissão de jornalista, com o objetivo de ‘disciplinar os excessos em que incorrem certos profissionais inescrupulosos e indiferentes à ética’. Ele foi apresentado pela primeira vez em 2002.


Segundo o projeto, para ser reconhecido como jornalista o profissional deve estar inscrito na OJB, que será presidida por um conselho federal e agirá como órgão de seleção, representação, disciplina e defesa da profissão. Compete ao conselho, entre outros pontos, ‘supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo o território nacional e velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização do Jornalismo’.


Para se inscrever na OJB, o jornalista deve ser aprovado em exame aplicado pela entidade, apresentar diploma de graduação ou pós-graduação em jornalismo expedido por instituição de ensino superior oficial ou reconhecida, comprovar idoneidade moral, não exercer atividade incompatível com a profissão e realizar estágio profissional.


Também segundo o projeto, entre os direitos do jornalista estão o de se recusar a realizar trabalho que afronte a lei, a ética profissional ou suas convicções pessoais e ter respeitada, em nome da liberdade de informação e do sigilo profissional, a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas, devendo qualquer busca ou apreensão ser autorizada por magistrado e acompanhado por representantes da OJB.


Murillo ficou surpreso ao saber da reapresentação do projeto pelo Comunique-se. Ele lamenta que tenha sido informado da iniciativa pela imprensa. ‘A Fenaj e o deputado Russomano tiveram uma boa parceria durante o período de bombardeio intenso ao projeto do CFJ. Amanhã, durante reunião da Executiva da Fenaj, vamos conversar sobre a reapresentação e, então, nos manifestar oficialmente’.


Na última terça-feira (07/06), a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) recebeu o texto para análise. Em seguida, ele será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.


O Comunique-se não conseguiu falar com o deputado Russomano.


Para ler a íntegra do projeto, clique aqui.’



VILÕES NA MÍDIA


Carlos Heitor Cony


‘Genealogia das opiniões ‘, copyright Folha de S. Paulo, 9/06/05


‘Uma pergunta que sempre me faço e acredito que outros também a façam: de que se alimenta a mídia, principalmente os jornais, que não dispõem dos recursos da imagem em movimento e do som?


TV e rádio podem dedicar hora e meia a um jogo de futebol, duas horas à transmissão de um show ou de uma missa solene do papa, quatro horas a uma ópera comprida, como qualquer uma de Wagner. O jornal tem menos espaço -um espaço que custa caro e que atende a um público heterogêneo e apenas provável.


Daí, talvez, a necessidade de apelar, não para o herói do dia, mas para o vilão do dia. Eles se sucedem no noticiário compacto, no texto dos colunistas e nas charges, sobretudo quando se atravessa um tempo de corrupção abundante e quase generalizada como o atual.


Parece que sempre foi assim. Creio que já lembrei o exemplo histórico de uma época em que não havia rádio nem TV. Foi por ocasião da fuga de Napoleão da ilha de Elba, quando conseguiu fugir e chegar a Paris para retomar o poder, embora por apenas cem dias, sendo logo derrotado em Waterloo e confinado em Santa Helena, longe demais da Europa para a hipótese de uma nova fuga.


Quando os jornais de Paris souberam da fuga, estamparam em manchetes colossais: ‘O criminoso fugiu da prisão!’. Dias depois, os mesmos jornais noticiaram com estardalhaço: ‘O facínora desembarca na costa francesa!’. Mais alguns dias, e a manchete de todos os órgãos da imprensa parisiense berravam em letras que ocupavam metade das primeiras páginas: ‘O bandido passa por Lyon’. Finalmente, mais alguns dias, e as manchetes mudavam de tom: ‘O imperador chega a Paris!’.


O exemplo talvez não sirva para nossos dias. No caso de Napoleão, o vilão tornou-se herói. Não é o que ocorre no Brasil, onde os vilões continuam vilões até o fim, mesmo que a Justiça, em instância superior e definitiva, contrarie a opinião da mídia.’