Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Veja

FOTOJORNALISMO

Bel Moherdaui

Jean Manzon

‘O Brasil que se vê nas páginas desta reportagem não existia antes de Jean Manzon. Ao desembarcar no Rio de Janeiro em agosto de 1940, fugindo da ocupação nazista, já com trabalhos publicados em revistas como Vu e Match, o fotógrafo francês de apenas 25 anos encontrou por acaso uma situação perfeita: um país em processo de modernização, em busca de uma nova imagem de si mesmo. Através de sua Rolleiflex e dos fundamentos do fotojornalismo, que na época era inovador – o da foto que conduz sua própria narrativa -, Manzon foi um dos grandes criadores dessa imagem. Às vezes oficial, às vezes fruto apenas da curiosidade do olho treinado de fotógrafo, mas sempre altamente elaborada, quase estilizada. Seu primeiro emprego foi no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão de censura e divulgação da política do Estado Novo de Getúlio Vargas. De lá, três anos depois, passou para a revista O Cruzeiro, pérola do império de Assis Chateaubriand, onde por quase uma década (de 1943 a 1952) reinventou o jornalismnacional em dupla com o repórter David Nasser e ao lado de nomes que seriam grandes, como o de Millôr Fernandes, colaborador de VEJA que relembra, nas páginas a seguir, seus tempos de Manzon e companhia.

Íntimo de poderosos, criativo, teimoso e dotado de enorme capacidade de persuasão, Manzon produziu um notável acervo de fotos e documentários (esses últimos, já no fim da carreira, laudatórios do Brasil grande do regime militar). Dentre quase 20 000 negativos, contatos e ampliações em poder da família, 199 fotografias foram selecionadas para compor o livro Jean Manzon Retrato Vivo da Grande Aventura (150 reais), que a Aprazível Edições lança em parceria com a Cepar Consultoria. Divididas em quatro eixos (Anonimato e Personalidade, Rústico e Industrial, Sagrado e Profano e Tradição e Modernidade), as imagens são, literalmente, retratos da formação do Brasil moderno. ‘As fotos de Jean Manzon transmitem mais do que o registro de uma cena, de um rosto. Elas refletem a atmosfera de uma época. São tratados com advérbios de intensidade’, define o editor Leonel Kaz. ‘Existia uma grande identificação do trabalho de Manzon para O Cruzeiro com a afirmação da identidade nacional ligada à política do Estado Novo. Ele convivia com as idéias que circulavam entre os intelectuais do regime e as materializava em fotos’, analisa Helouise Costa, vice-diretora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, especialista no trabalho do fotógrafo. São fotografias cuidadosas e grandiloqüentes de trabalhadores na labuta, de transformações sociais (mulheres no mercado de trabalho, a evolução da moda, a migração do campo para as cidades) e da intimidade de artistas e poderosos – Getúlio, de quem Manzon se aproximou na época do DIP, foi um de seus personagens mais constantes.

Independentemente de quem estivesse em foco, era imprescindível, no trabalho de Manzon, a minúcia na preparação da cena e da pose antes do clique. ‘Esse fotojornalismo encenado é a grande força do trabalho dele. Hoje, beira a idéia de fraude. Mas na época o objetivo era concentrar o maior número de idéias da melhor forma possível. Encenava-se para chegar à essência do que se queria passar com a imagem’, explica Helouise. Não que Manzon tivesse algum problema com a invenção pura e simples: ele e o parceiro Nasser produziram, na concepção literal do termo, diversas reportagens de veracidade discutível. Desde que o resultado fosse grandioso (e seu nome aparecesse em destaque), fazia parte do jogo.’

Millôr Fernandes

‘Um coleguinha capaz. E petulante’

‘Nunca conheci ninguém famoso. Pois as pessoas que conheci, até os 13 anos de idade, eram as da família, e uns poucos vizinhos. E quando, com menos de 14 anos, comecei a trabalhar em O Cruzeiro, uma revista fundada dez anos antes pelo jornalista português Malheiro Dias, tinha à minha frente Gago Coutinho, um velhinho português, baixinho, com um dólmã de marinheiro rico, jamais poderia imaginar que ele, cinco anos antes de Lindbergh, tinha cruzado de avião o Atlântico Sul. Com várias paradas, é verdade. Nem poderia também imaginar que o pobre-diabo que ficava conversando comigo na rampa do edifício do Cruzeiro (na Rua do Livramento, onde o fantasma de Machado de Assis ainda transitava), chupando gomos de tangerina e cuspindo sementes, era o único regicida da história do Brasil, que matara o semiditador Pinheiro Machado. Nem que aquele magricela, acabado de descer do ITA, logo depois começaria a ser o maravilhoso Dorival Caymmi.

Por isso agora, ao abrir este magnífico álbum (é preciso braços fortes pra sustentar a obra) com algumas (fez dezenas de milhares) fotografias de Jean Manzon, fico perplexo: Manzon era um fotógrafo extraordinário, talvez mesmo um grande homem, chegado do mundo mágico que era a França nos idos de 40. Mas eu, que via aquelas fotos todos os dias, e todos os dias via a dupla que Manzon formava com David Nasser, brigando idiotamente pra saber o nome de quem saía na frente de quem na reportagem, não podia perceber que estava vendo se construir essa obra admirável. Conheci apenas um coleguinha capaz. E petulante.

O Cruzeiro era ainda uma publicação secundária no mercado. Vendia 10 000 exemplares por semana. Quando vendia 10 500 era uma festa. Sua concorrente, a Revista da Semana (fundada pelo mesmo Malheiro Dias) vendia 25 000 exemplares. Claro, o Cruzeiro era medíocre. As ‘reportagens’ iam de Linda Batista (a cantora) ‘Na intimidade’ a Dircinha Batista (a irmã da cantora) ‘Na cozinha’. E não se admitia que uma ‘reportagem’ atravessasse a barreira das duas páginas. Nesse ambiente, mais ou menos escapando da guerra, surgiu Jean Manzon, fotógrafo e aventureiro, fifty-fifty. Mas, embora seu nome e o de David Nasser aparecessem mais, o fundador da Nova Cruzeiro foi o extraordinário ser humano, o catalisador Frederico Bandeira de Melo Chateaubriand (Freddy), sobrinho do gênio empresarial e monstro moral Assis Chateaubriand (Chatô). Este só veio a saber do sucesso da revista quando já era fato consumado. Que, claro, logo passou a usar como uma (mais uma) gazua.

O impulso inicial da virada, da qual só pode falar quem a viveu, foi tão fulminante que logo depois todos os intelectuais de algum talento ou ambição acorreram ao chamado. Em dez anos a revista já tinha chegado a 750 000 exemplares. À nossa frente desfilavam Gilberto Freyre, Rachel de Queiroz, Gustavo Barroso, Aurélio Buarque de Holanda (Aurélio ‘Vírgula’), Nelson Rodrigues, Marques Rebelo, Rosário Fusco, Lúcio Cardoso, tudo apenas coleguinhas, tudo comezinho.

Mas quem ‘fez’ a revista foram seis garotos: o citado Freddy, a dupla David Nasser/Jean Manzon, Péricles Maranhão (‘Amigo da Onça’), Millôr Fernandes (o locutor que vos fala) e Franklin de Oliveira com uma resenha semanal chamada Sete Dias. Franklin adquiriu imensa popularidade, que nós não entendíamos por que, dono de cultura asfixiante. Nós dizíamos que ele escrevia em várias línguas com algumas citações em português. Chateaubriand demitiu-o quando ele resolveu se candidatar a senador pelo Maranhão, seu próprio estado, por onde Chatô tentava se eleger agora, depois de ter perdido a eleição na Paraíba. Eta nóis, hein, mãe?

Mas aqui está, nesse esplêndido, imperdível álbum da Aprazível, com dois esplêndidos estudos, o prefácio de Francisco Carlos Teixeira e o posfácio de Ana Cecilia Martins, ambos mais confiáveis do que eu, a síntese necessária – O GRANDE JEAN MANZON. Porém, reparem: as fotos não são o Brasil visto por Jean Manzon, e sim o Brasil que se deixou amoldar por Jean Manzon. Cínico diante do modelo, com uma petulância que desarmava qualquer um, fazia com que todos, do ditador Getúlio ao mais inocente xavante, recém-saído do neolítico, posassem, nas poses mais extravagantes. Reparem no pistoleiro Tenório Cavalcanti, em Adhemar de Barros, o folquilórico governador de São Paulo (‘Rouba, mas faz’), e nos mais simples camponeses e operários. As fotos, absolutamente naturais, são cuidadosamente posadas. Ao contrário de Cartier-Bresson, Manzon não espera ‘o momento decisivo’. Ele o constrói. Sempre conseguia o que queria. Falta no álbum, não sei por que, a foto do deputado Barreto Pinto, espantosamente ridículo, de fraque dentro da banheira, o que provocou sua expulsão do PTB. Mas não falta, dentro do cadilaque de Manzon, a jovem Juliette Gréco, que, dizem, era desconhecida na França. Depois dessa foto, reproduzida pela Paris Match (Manzon veio de lá), se tornou a Musa do Existencialismo. Assim caminha a humanidade.

Ah, antes que eu me esqueça: na época ética era apenas uma palavra grega.’



TELEVISÃO
Marcelo Marthe

A fantástica fábrica de estrelas

‘De dia, a garota Miley Stewart não descuida de seus deveres e faz de tudo para corresponder ao amor do pai viúvo. De noite, ela leva uma vida secreta: usando uma peruca loira como disfarce, transforma-se em pop star. Com esse argumento algo fantasioso, o seriado americano Hannah Montana virou o novo objeto de culto dos pré-adolescentes. E pôs em evidência mais uma atriz e cantora juvenil: Miley Cyrus, intérprete da personagem quase homônima. Ela mal completou 14 anos e já é uma artista superpoderosa. A trilha sonora da série, na qual canta a maioria dos temas, estreou em primeiro lugar na parada americana, em novembro passado. Hannah Montana é uma produção da Disney – mais precisamente, do Disney Channel. Uma década atrás, o canal pago da companhia propulsionou a carreira de nomes retumbantes como Britney Spears, Christina Aguilera e Justin Timberlake. Agora, mais que retomar essa vocação, ele vem funcionando como uma verdadeira usina de artistas-cantores. Se um dia os desenhos infantis foram um dos pilares da influência da indústria cultural americana mundo afora, em especial sobre crianças e jovens, esse papel nos últimos tempos foi assumido pelos seriados. Desde 2001, quando foi lançada na sitcom Lizzie McGuire, a cantora Hilary Duff emplacou vários hits. Com 4 milhões de cópias comercializadas, a trilha de High School Musical – telefilme que é o musical mais bem-sucedido desde Grease (1978) – foi o disco mais vendido nos Estados Unidos em 2006. Outra cria do canal, o quarteto feminino Cheetah Girls também faz sucesso com seu rhythm & blues pudico. Miley Cyrus é a mais recente amostra do ‘fator Disney’.

Na década de 1950, o Clube do Mickey já era uma vitrine eficiente: Annette Funicello, a primeira musa juvenil do rock, despontou em seu elenco. Da última versão do extinto programa, aliás, saíram os artistas da geração de Britney, nos anos 90. Há uma diferença notável entre o contexto atual e o desses antecessores. Britney e Timberlake beneficiaram-se da exposição no Disney Channel, obviamente, mas fizeram-se como cantores depois de partir para a carreira independente. Atualmente, a relação dos artistas com o canal mudou. Nos últimos anos, ele desenvolveu aquilo que a mídia americana chama de ‘novo sistema de estrelas’ da Disney. Passou a conceber seus programas e a selecionar os protagonistas com base em pesquisas que mapeiam milimetricamente o gosto dos tweens, a garotada na faixa dos 8 aos 13 anos. Lizzie McGuire e Hannah Montana são produto desse esforço. Trata-se de comédias amenas, cujas heroínas têm um quê de moderninhas – mas não a ponto de fugir do figurino ‘família’ tradicional nas produções da Disney. A carreira musical de Hilary Duff, Miley Cyrus e Vanessa Anne Hudgens, a protagonista de High School Musical, foi encampada pelo Disney Channel desde o nascedouro. O truque de marketing está em fazer com que a imagem das artistas e a de suas personagens se confundam aos olhos do público.

Escaldado com os escândalos de suas ex-estrelas, o canal redobrou os cuidados ao selecionar os novos artistas. Dá-se preferência aos adolescentes que são bons alunos e empunham a bandeira dos ‘valores Disney’ (deixar-se flagrar sem calcinha, como fez Britney recentemente, nem pensar). Tempos atrás, Hilary Duff até se envolveu numa história do tipo que faz as delícias das revistas de celebridades, ao disputar um namoradinho com a arqui-rival Lindsay Lohan (a nada comportada musa adolescente revelada no cinema também pela Disney e que, aos 20 anos, é notória habitué dos Alcoólicos Anônimos). No mais, contudo, Hilary se esforça para parecer santa. Teria se retirado de um show de rock ao deparar com a atriz Alicia Silverstone fumando maconha. Miley Cyrus, por sua vez, exibe a imagem de filha exemplar. Em Hannah Montana, ela contracena com seu pai de verdade, Billy Ray Cyrus, cantor country que amargava o ostracismo até descolar essa boquinha na TV.

É claro que essa gente um dia cresce e, inevitavelmente, tem de se virar sem a Disney. A tática de sobrevivência dos artistas saídos do Clube do Mickey nos anos 90 foi se afastar radicalmente de sua imagem certinha. Isso funcionou para Timberlake e Christina Aguilera, que demonstraram, em níveis diferentes, ter talento musical. Já a carreira de Britney está na UTI: ela não grava um disco de estúdio há três anos e enfrenta uma baita crise de imagem. Hilary Duff é a primeira da nova leva a ter de se ‘desmamar’ da Disney, uma vez que sua série acabou. Embora demonstre jeito como cantora com seu pop simpático, ainda não deslanchou no cinema. Mas é difícil imaginar que não venha a ser mais uma estrela com currículo made in Disney.’



MAINARDI vs. GOVERNO
Diogo Mainardi

Os bandidos e a CPMF

‘Aconteceu alguns dias antes do Natal. Bandidos armados e encapuzados invadiram a chácara de Luiz Gushiken em Indaiatuba e roubaram 10.000 reais em dinheiro, além de computadores, jóias e, de acordo com a polícia, uma quantia não especificada em dólares.

Eu me pergunto: quanto pode ser uma quantia não especificada em dólares. 315? 3 150? 31 500? Quanto? Nos últimos anos, os petistas se acostumaram a lidar com grandes valores. 315.000 dólares?

Eu me pergunto também o que há para comprar com dólares em Indaiatuba? O Mercadinho dos Sapatos negocia em dólares? A Sorveteria San Remo negocia em dólares? A Loja Picapau negocia em dólares?

Luiz Gushiken deve ser dos meus. Deve fazer tudo para sonegar a CPMF. Só isso justificaria aqueles 10.000 reais em dinheiro. Luiz Gushiken é um desobediente fiscal. Eu já disse que os petistas se acostumaram a lidar com grandes valores. Eles se acostumaram também a pagar a todos os seus fornecedores por fora, como ficou amplamente demonstrado durante a crise de 2005.

Se eu pudesse, faria como Luiz Gushiken e guardaria todo o meu salário em casa, em moeda sonante, subtraindo do governo o imposto que ele embolsa sempre que tenho de movimentar minha conta bancária. Só que eu não posso fazer isso. Porque aqui há uma enorme quantidade de bandidos armados e encapuzados, que invadem nossas casas e levam tudo embora, tanto os reais quanto as quantias não especificadas em dólares, como aconteceu com o heróico desobediente fiscal Luiz Gushiken.

De certa maneira, os bandidos armados e encapuzados trabalham para o governo. Eles asseguram que nenhum de nós jamais poderá escapar da CPMF e de outros impostos. Os bandidos armados e encapuzados agem como fiscais da Receita informais. Uma mente um pouco mais perturbada do que a minha poderia até desconfiar que o governo descuida deliberadamente da segurança pública porque ela representa uma importante garantia de arrecadação fiscal.

O governo federal acaba de divulgar que sua arrecadação de impostos subiu 4,45% em 2006. Atingiu o maior nível de sua história. Assim como já havia atingido o maior nível de sua história em 2005.

Parte do dinheiro arrecadado será restituída a partir deste ano. É o que prevê o PAC, o plano de aceleração da economia do Lula. O dinheiro não será restituído a mim. Não. Continuarei pagando igual. Talvez até mais, porque assim eu paro de ser besta. O dinheiro será repassado a alguns setores da economia escolhidos a dedo por Lula, sob a forma de benefícios fiscais. É o que se chama de política industrial. Em vez de tomar dinheiro de um e distribuir a todos, Lula toma de todos e distribui a um.

Eu já subsidiei usineiros pernambucanos, industriais amazonenses e cineastas gaúchos. Agora decidiram que eu tenho de subsidiar a indústria calçadista, as tecelagens e os fabricantes de TV digital, como se isso bastasse para competir com a China.

Por falar em China, quanto ele tinha em Indaiatuba?

3 150 000 dólares?’



TECNOLOGIA
Rafael Corrêa

Kilo, mega, giga… tera

‘O QUE CABE NO NOVO HD

O disco rígido de 1 terabyte – o equivalente a 1000 gigabytes – pode armazenar

• 330 000 fotografias ou

• 250 000 faixas musicais ou

• 358 filmes ou

• 1 000 horas de vídeo ou

• 625 000 livros eletrônicos

Os discos rígidos de computador, os HDs, acabam de cruzar uma barreira tecnológica que vai causar enorme impacto na forma como se armazena informação. A companhia japonesa Hitachi anunciou o lançamento, para março, do Deskstar 7k1000, um HD com capacidade de 1 terabyte – o equivalente a 1.000 gigabytes. Hoje, os computadores usados na maioria das casas e escritórios têm HDs com capacidade entre 40 e 120 gigabytes, o que muitas vezes torna necessário administrar o espaço do disco, apagando arquivos ou fazendo backup em CDs ou DVDs. Com o Deskstar 7k1000, é possível armazenar arquivos praticamente sem se preocupar com o espaço. Ele pode abrigar 250.000 faixas musicais, treze vezes mais que o iPod mais poderoso. Ou ainda 625.000 livros eletrônicos, que em versões impressas em papel consumiriam 20.000 árvores. Com preço anunciado de 399 dólares, o novo HD é mais barato, em termos relativos, do que os discos rígidos hoje utilizados. Nele, cada gigabyte custa 40 centavos de dólar, contra 61 centavos nos HDs convencionais.

Para chegar à revolução do disco rígido de 1 terabyte, foram necessários cinqüenta anos. O primeiro HD digno desse nome foi o Ramac 350, lançado comercialmente pela IBM em 1956. Era um trambolho de 60 centímetros de diâmetro que precisava de uma máquina do tamanho de duas geladeiras para funcionar. O Deskstar 7k1000 é sete vezes menor e 200.000 vezes mais potente. O segredo de sua capacidade é que os dados são gravados na superfície do disco em sentido vertical. Nos HDs convencionais, a gravação é feita no sentido horizontal. Para entender melhor a diferença, imagine-se uma fila de pessoas. Se elas se deitarem no chão, em vez de ficarem em pé, ocuparão mais espaço no solo.

O PRECURSOR

O primeiro disco rígido, o Ramac 350, foi lançado em 1956 pela IBM. Tinha 60 centímetros de diâmetro – contra 9 centímetros dos discos atuais – e apenas 5 megabytes de espaço, o suficiente para armazenar uma música de cinco minutos

O HD de 1 terabyte chega num momento em que cada vez mais se vêem e armazenam vídeos no computador, o que demanda muito espaço do disco rígido. Um único filme em alta definição pode ocupar 8 gigabytes. Os discos rígidos com capacidade de armazenamento na casa dos terabytes têm lugar garantido no futuro que o bilionário Bill Gates enxerga para o uso da tecnologia da informação. O dono da Microsoft acredita que em poucos anos as casas serão todas ‘conectadas’ – os eletrodomésticos e os computadores pessoais estarão interligados por uma rede doméstica. O novo disco rígido funcionaria como um grande arquivo central dessa rede, armazenando de receitas de bolo a fotos da última viagem de férias. Apesar do impacto que o Deskstar 7k1000 deve causar no mundo dos computadores, não deve durar muito seu reinado como o HD mais potente. Estima-se que, já em 2009, discos rígidos de 2 terabytes sejam equipamentos comuns nos PCs.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Carta Capital

Veja

No Mínimo

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