Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Veja

RENANGATE
André Petry

O espelho trincou

‘O senador Renan Calheiros já tem quase três décadas de vida pública. Em 1978, venceu sua primeira eleição para deputado estadual em Alagoas. É um político hábil. Já foi líder de governo, já foi ministro e hoje preside o Senado. No escândalo de suas relações promíscuas com um lobista de empreiteira, ele tem dado mostras evidentes de seu talento político: o Senado, não todo, mas quase todo, está francamente a seu favor. É bem verdade que boa parte desses senadores age assim por medo. Medo de Renan Calheiros porque ele já foi ministro da Justiça e, como tal, mandava na Polícia Federal. Os senadores, por alguma razão inexplicável, costumam ter medo da Polícia Federal. Não todos, mas quase todos da tropa de choque de Renan.

Também é verdade que esses senadores protegem Renan por um verdadeiro sentimento de solidariedade. Coisa real, autêntica. De irmão para irmão. A melhor definição para essa irmandade foi dada por um senador, nordestino e veterano em política, que infelizmente pede para não ser identificado. Ele diz: ‘O problema é que quase todos os senadores têm sua Mônica e seu Zuleido’. Mas, ignoremos as amantes e os empreiteiros e reconheçamos que o comportamento bovinamente indecente da maioria dos senadores resulta do brilho, do talento, da habilidade política de Renan.

Pois não é que, com três décadas de vida pública, Renan está caindo numa armadilha criada por ele mesmo? Desde o início do Renangate, o senador adotou a tática do espelho, que consiste em usar a imagem refletida, que é sempre o inverso do real. Então, tudo o que o senador aparenta, tudo o que diz, tudo o que alega, é na verdade o seu exato oposto. Primeiro, tentou vender a idéia de que a imprensa invadiu sua vida privada, mas era o próprio senador que, ao expor sua vida pessoal para nela escudar-se, invadiu a vida pública. Depois, seguindo na tática do espelho, tentou dizer que as denúncias que o fazem sangrar são um ataque ao Senado, mas era o contrário: o senador é que, sangrando na cadeira de presidente, era, ele mesmo, um ataque à instituição.

Com suas atitudes espelhadas, Renan está tentando escapar da guilhotina. Tem todo o direito de fazê-lo. Se colar, colou. A maioria dos senadores reza para que cole. O único problema é que o espelho começou a trincar. VEJA mostrou que suas contas não fecham. O Jornal Nacional mostrou que suas vendas de boi não batem. Cada explicação do senador precisa de outra explicação, que logo requer uma terceira, formando um incessante conjunto de explicações sobre coisas que só podem ser inexplicáveis.

Para os senadores, para aqueles que têm Mônica, Zuleido e medo, não haveria incômodo em deixar Renan se explicando pela eternidade. O problema é que, ao confundir o público com o privado, ao confundir sua figura pessoal com a imagem do Senado, Renan, com seu naufrágio, está afundando o próprio Senado. É coisa séria. Não é o mandato de um senador que entra em jogo, mas o papel de uma instituição. Diante disso, Renan, com seu brilho, seu talento, sua habilidade política, deveria pedir licença do Senado. Entregaria a presidência ao sucessor, teria todo o tempo do mundo para preparar uma explicação – uma só – e evitaria que o Senado perdesse o que ainda lhe resta de credibilidade e respeito. Vamos lá, Renan, salve o Senado!’

MAINARDI vs. LULA
Diogo Mainardi

Para o Gil, aquele abraço

‘Gilberto Gil me considera o Vavá da imprensa. Ele declarou à Playboy que me assiste todo domingo no Manhattan Connection, porque me acha ‘bonito (risos), mesmo dizendo essas coisas todas’. Para Gilberto Gil, sou inimputável como Vavá. Ninguém pode me responsabilizar pelo que eu digo. Sou apenas, como já cantou o ministro, um ‘moreno com os olhinhos brilhando’, um ‘bezerrinho’, um ‘homem de Neandertal’ de ‘porte esperto, delgado’.

– Empresta dois milhão para mim?

Se Vavá é o Mainardi do lobismo lulista, se ele é o ‘bocadinho de amor’ dos bingueiros de Campo Grande, se sua falta de cultura é usada como um salvo-conduto para livrá-lo da cadeia, suspeito que o fino intelectual do bando seja o compadre de Lula, Dario Morelli Filho. Ele deu uma amostra de sua sagacidade argumentativa num telefonema grampeado para o bingueiro Nilton Servo:

– Quando começa a morrer juiz, todo mundo fica preocupado. Mas não tem uns que têm que morrer mesmo?

Sei perfeitamente que, com meu ‘corpo eterno e nobre de um rei nagô’, eu poderia parar de me importunar com assuntos desse tipo, mas sempre me espanto com as estratégias de acobertamento da imprensa lulista. VEJA noticiou que Vavá levou um empresário ao Palácio do Planalto em 19 de outubro de 2005. Três semanas depois, a IstoÉ Dinheiro fez uma reportagem de capa sobre ‘O drama da família Lula da Silva’, em que os parentes do presidente atribuíam a parada cardíaca de Vavá às denúncias contra ele. Na reportagem, Frei Chico defendia o irmão lobista da seguinte maneira:

– O Vavá sempre foi uma espécie de assistente social não remunerado. Ele procurou ajudar as pessoas. Está na cara que ele nunca levou vantagem desses empresários.

Frei Chico usa o codinome Roberto em seus telefonemas para Vavá. Vavá fala sobre máquinas de terraplanagem com o presidente da República. E o ‘filho do homem’ é uma figura recorrente nas conversas dos bingueiros. Trata-se daquele filho? Trata-se daquele homem? Nilton Servo foi grampeado dizendo:

– O Dario está vindo para cá, entendeu? Para Campo Grande. Está vindo ele e está vindo o filho do homem.

E acrescentou:

– Nem o Vavá sabe disso.

Vavá é para ser usado. Vavá é um lambari. Vavá é um ingênuo. Tanto que o filho do homem conseguiu passar-lhe a perna, aliando-se ao compadre de Lula para roubar-lhe o cliente bingueiro. O mesmo cliente bingueiro que, referindo-se a um empréstimo milionário do BNDES para uma fábrica de papel higiênico, serviu-se de uma elegante onomatopéia:

– Pá, pá, pá. Pum!

Eu, ‘a coisa mais linda que existe’, me pergunto quem é o filho do homem e se a PF rastreou os telefonemas de Dario Morelli nos dias que antecederam a tal viagem a Campo Grande. Eu, ‘motocross das estradas da ilusão’, me pergunto também se o homem da mala no caso do dossiê, Hamilton Lacerda, ex-secretário de Zeca do PT em Mato Grosso do Sul, teve algum contato com esses bingueiros em setembro de 2006.

Só para terminar: o que eu mais aprecio em Gilberto Gil também é seu aspecto físico.’

INTERNET
Reinaldo Azevedo

A Al Qaeda eletrônica

‘Nos tempos pré-VEJA, essa era a pergunta com a qual as esquerdas pretendiam me fulminar. Era feita no rastro de alguma contestação às verdades eternas anunciadas por seus doutores. Há um prazer particular em não ser ninguém e flagrar, por exemplo, a pensadora petista Marilena Chauí pulando a cerca que separa o filósofo holandês Spinoza (1632-1677) do vândalo venezuelano Hugo Chávez. O primeiro é um dos pilares do debate ético; o segundo é só um ditador cômico e violento.

É divertido ver um intelectual se enroscando no arame farpado do populismo fantasiado de tirania esclarecida. O que é pior? VEJA, no entanto, me fez conhecido. Já não me indagam quem penso ser. Julgam ter a resposta e a espalham na internet, o novo território da batalha ideológica. Caí na malha da Al Qaeda eletrônica. À semelhança da rede terrorista, também essa não tem um comando centralizado – a não ser o ódio à razão.

A rede nunca foi tão ativa como nestes quarenta dias (enquanto escrevo) de invasão da reitoria da USP, a Universidade de São Paulo, a maior do país. É um daqueles casos em que as células dormentes do nosso esquerdismo, a doença infantil da civilização, acordam com saudade da ditadura. Elas se assanharam também na demonização de Bento XVI, na defesa do fechamento da RCTV na Venezuela ou no apoio à censura prévia no Brasil. Durante a campanha eleitoral, fizeram a denúncia de um fantasioso golpe contra Lula. No caso da USP, foram fazer vigília lá na reitoria invadida, misto de Palácio de Inverno russo com Parque da Xuxa – sem contar o aroma dos roqueiros de Woodstock…

Meu blog tornou-se um Diário da Invasão da reitoria da USP. Passei a publicar textos de alunos e professores que queriam aula e se opunham à violência dos remelentos e das mafaldinhas, os comunistas do Sucrilho e do Toddynho. Mafalda é uma personagem até simpática de Quino, um desenhista argentino. É uma garota baixinha, cabeçuda e feiosa, sempre inconformada com as injustiças do mundo. Injusto talvez seja eu: há um quê de reflexão na menina.

Recebo, por dia, entre 1 500 e 2 000 comentários. Publico entre 450 e 700 – os demais ou trazem uma linguagem inadequada ou são mensagens dos petralhas. Os petralhas são aqueles híbridos de petistas com Irmãos Metralha, os ladrões do gibi do Tio Patinhas. Tentam nos convencer de que os companheiros roubam para o nosso bem. Eu os chuto sem solenidade. Mas eles voltam. No período da invasão, os comentários cresceram entre 50% e 60%. E, em boa parte, esse aumento se deveu à tentativa de aparelhar o blog. Querem me sufocar com mensagens favoráveis aos vândalos, cobrando o que chamam a ‘sua [minha] democracia’. Ocorre que a minha democracia, que é a universal, não solapa as bases que garantem a sua legitimidade. O outro lado do estado democrático e de direito é o totalitarismo.

Os blogs, até pouco tempo atrás, eram um território quase exclusivo do que os vários matizes da esquerda chamam ‘direita’. Faz sentido. A internet se consolidou como o lugar dos indivíduos, dos que rejeitam a suposição de que um grupo ou um partido detêm a chave do futuro. Não tardou para que as esquerdas percebessem que estavam perdendo a batalha. E, então, lançaram uma espécie de grito de guerra, de que a campanha eleitoral de Lula, em 2006, é um dos marcos. Valter Pomar, responsável no PT pela área, incitou militantes e simpatizantes a policiar a rede. Tomaram gosto pela coisa. Dedicam-se à tarefa de vigiar. E, se possível, punir.

O cerco chega a ser divertido. Os integrantes da Al Qaeda eletrônica não se contentam só com o envio de mensagens desaforadas: criam páginas anônimas só para esculhambar aqueles de que não gostam; formam comunidades no site de relacionamentos Orkut para odiar pessoas; ressuscitam o hábito nativo de especular sobre a orientação sexual de desafetos; fazem montagens de fotografias em que os ‘direitistas’ são postos em situações pouco lisonjeiras; dão curso, em rede de e-mails, às teorias conspiratórias mais disparatadas. Eu mesmo recebi mensagens me advertindo de que obedeço às ordens da CIA e do Mossad – respectivamente, o serviço de inteligência dos EUA e o de Israel.

A USP, que, nestes dias, não se distingue das favelas cariocas do Complexo do Alemão, com intelectuais de esquerda no lugar dos traficantes, é um elemento fácil de mobilização. A invasão reúne condições para uma causa fácil: os militantes são de classe média ou da elite e se confundem com os filhos dos chamados setores formadores de opinião; o risco de punição por transgredir a lei é mínimo; há sempre um professor de esquerda com o clichê na cara (eles ainda são barbudos, Deus meu!) ou uma filósofa com a bolsa cheia de objetos falsificados da Escola de Frankfurt, a corrente alemã de pensadores muito malsucedida ao tentar desconstruir, como males opostos, porém equivalentes, tanto o capitalismo como o socialismo.

A Al Qaeda eletrônica exige de mim o que avalia ser a ‘isenção’ de alguns setores da imprensa que flertam com a ilegalidade. O que se entende por ‘isenção’ é a adesão a uma vaga de opinião que representaria o bom senso. Ela não se contenta em ser uma leitura da realidade; pretende ser o seu posto mais avançado, o desdobramento necessário e óbvio de uma evolução do pensamento, de modo que ou você passa a integrar essa metafísica influente ou é um ‘reacionário’. Foi com esse adjetivo que uma jornalista classificou uma manifestação na USP contrária à invasão da reitoria.

A virulência cresce na rede. Aproveito para reiterar minha oposição a qualquer tentativa – incluindo um projeto de que o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) é relator – de censurar a internet, ainda que de forma velada. Aconselho os tucanos a olhar para as suas próprias tentações autoritárias. Os males dessa liberdade hão de ser curados com mais liberdade, como ensinava o pensador francês Tocqueville (1805-1859) em viagem à América. As leis e o aparato técnico disponíveis são suficientes para coibir e punir abusos.

Volto ao ponto. A virulência e a patrulha da esquerda crescem porque, mesmo mobilizando os seus terroristas virtuais e ombreando com seus adversários ‘da direita’, o empate não lhe serve. Ela não se conforma em não ter, na internet, a presença maciça, com aspirações a ser hegemônica, que tem no jornalismo impresso, nas rádios e nas TVs. A Al Qaeda eletrônica, a exemplo da outra, dedica-se mais a destruir do que a construir. Seus e-mails e comentários não debatem, desqualificam; suas páginas não são quase nunca afirmativas, mas reativas.

Lembro-me de uma reportagem da Folha de S.Paulo que me incluía, entre outros, numa categoria chamada ‘nova direita’. Um esquerdista qualquer, chamado a comentar a espécie, afirmou, com desdém, que não éramos, assim, um José Guilherme Merquior. Referia-se a um dos mais brilhantes intelectuais contemporâneos (1941-1991), duramente combatido em vida pela hegemonia cultural esquerdista, tornado uma referência só depois de literalmente ‘do outro lado’. Tolerantes como são, as esquerdas se mostram ainda generosas: adulam cadáveres para desqualificar os vivos. Todos os ‘direitistas’ são nefastos, mas os vivos são mais…

Quer dizer que preciso ser Merquior para flagrar Marilena Chauí pulando a cerca quando ela, mesmo sendo Chauí, quis um dia arrostar com Merquior? Para um esquerdista, já está de bom tamanho ser como o professor e militante petista Emir Sader? Então tá combinado: a rede avisa, urbi et orbi, que Diogo Mainardi não é Paulo Francis, que eu não sou Merquior, que um outro desafeto não é o dramaturgo Nelson Rodrigues… Ao definir o que não somos, eles podem, enfim, se contentar em ser apenas o que são: prosélitos da madraçal esquerdista, agora em sua versão eletrônica. Vamos ver qual vai ser a próxima causa a mobilizar as tais células dormentes na internet.’

TELEVISÃO
Marcelo Marthe

Meu bem, meu mal

‘Parceiro de Gilberto Braga na autoria de Paraíso Tropical, o noveleiro Ricardo Linhares acredita que um ‘novo folhetim’ está se desenhando na TV brasileira. O eixo dessa mudança é um tipo de personagem que foge às classificações tradicionais de mocinho ou vilão. Seu diferencial é ser dúbio. ‘As pessoas ficaram mais lenientes com os desvios de caráter dos personagens de novela. Estão prontas a perdoá-los se os interesses finais, como sair da pobreza, lhes parecerem legítimos’, diz Linhares. Essa opinião não é isolada. Em entrevista a VEJA no ano passado, seu colega Silvio de Abreu notou que a ‘esperteza desonesta’ passou a ser tolerada pelos espectadores. Em Paraíso Tropical, os personagens que melhor exemplificam essa nova exploração dos desvios de moral são o casal Olavo (Wagner Moura) e Bebel (Camila Pitanga) – não por acaso, os de maior sucesso na trama das 8 da Globo. O crápula Olavo e a prostituta e golpista Bebel mantêm uma relação movida a humor e libido, mas com seu lado de paixão legítima – como as de qualquer dupla de galã e mocinha.

Depois de um começo trôpego, Paraíso Tropical firmou-se acima dos 40 pontos no ibope graças à força de seus personagens, e não da trama central. As situações em estilo ‘gata e rato’ protagonizadas por Bebel e Olavo ajudaram a tirá-la da UTI. Até topar com a popozuda, o executivo era incapaz de ter laços com as mulheres. Mas Bebel, a quem chama de ‘vagabunda’, pegou-o de jeito. Quando ela anunciou que partiria para a Alemanha com outro, Olavo explodiu. ‘Nem pense em fugir com o Chucrute’, disse. E propôs se tornar um cliente ‘fixo’. Bebel despachou então seu cafetão e se gabou às colegas de ter arrumado um ‘bacana’: ‘Quem nasceu para a calçada nunca chega a madame. E eu gosto é de cueca maneira’. Para compor a personagem, Camila foi a uma boate suspeita (com o marido, esclarece), leu tese sobre o tema e conviveu com moças do ramo. ‘No final, eu e elas entendemos que não existe um ‘padrão prostituta’ ou um ‘padrão atriz’. Existem, sim, mulheres’, filosofa.

No momento, Bebel investe num processo de aprendizado que inclui a troca daqueles modelitos abusados por roupas mais sóbrias. Uma pena: a Globo detectou que o visual dela atiça a imaginação feminina. ‘Em qualquer lugar civilizado, ninguém andaria daquele jeito. Fiquei perplexo ao ver que no Brasil acham o máximo’, diz Linhares. A formação de Bebel inclui ainda aulas de português, já que ela é desdenhada por soltar pérolas como ‘penhar’ em vez de ‘penhoar’ e se auto-intitular uma mulher de ‘catiguria’. Sem categoria, evidentemente.

Eis o truque desse tipo de personagem: os autores dão corda tanto a ela quanto a Olavo (mostrando que, afinal, até que não são desprovidos de coração), mas não deixam de puni-los. Eles são e permanecerão vilões. As armações do executivo sempre revertem contra ele. Na mais recente delas, ele é flagrado por uma câmera oculta no ato do pagamento de uma propina. Para não perder o emprego, se jogará nos braços da filha de um acionista da empresa – o que fará Bebel se roer de ciúme. Sabe-se que mais adiante será ela, com o aval de Olavo, quem se atirará para cima do patrão dele, Antenor (Tony Ramos). ‘Ninguém deseja uma filha como Bebel’, diz Linhares. ‘Mas todo mundo a perdoa.’’

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Gugu virou siri

‘A turma do Pânico no Qual É a Música?: simbiose que veio a calhar para Silvio Santos

Neste domingo, 17, vai se desenrolar mais um capítulo de uma trama inusitada. A dupla Repórter Vesgo e Ceará, do humorístico Pânico na TV, deverá fazer uma participação ao vivo no programa de Gugu Liberato – conforme prometeu o apresentador do SBT ao ser abordado por eles na porta da emissora, na semana passada. Gugu fará ‘oficialmente’ uma doação a uma instituição que abriga ex-artistas. Será um caso raro de transmissão simultânea: a história começará no palco de Gugu e continuará no Pânico, da concorrente RedeTV!. É o desdobramento de uma ‘simbiose’ que teve início há três semanas – e da qual as duas redes estão tirando proveito. No fim de maio, Vesgo e Ceará surpreenderam Silvio Santos em Los Angeles. O mote era pedir ao dono do SBT a renovação do direito de Ceará imitá-lo. O apresentador engatou com eles a famigerada ‘dança do siri’ e garantiu que dará sua bênção à imitação – mas só se eles conseguirem toda semana as tais doações. E mais: convocou-os a assinar o contrato na semana seguinte, em participação no Qual É a Música?, o quadro de entretenimento jurássico que comanda nas domingueiras do SBT. Depois disso, veio o assédio a Gugu – que, apesar de sempre ter fugido da trupe, agora topou a brincadeira. Com direito, também, à dança do siri. Como diria a ministra Marta Suplicy: relaxa e goza, Gugu.

Com a ida da trupe ao Qual É a Música?, pela primeira vez em muito tempo um programa de Silvio ficou em primeiro lugar no ibope nas tardes de domingo. Na ocasião, a morena estonteante que faz figuração no humorístico como ‘Mulher-Samambaia’ (que vem a ser a catarinense Danielle Souza, de 26 anos) despontou como símbolo dessa união televisiva. Visivelmente encantado, Silvio lhe deu uma força nas músicas e, mais tarde, assinou o contrato em suas costas. ‘Ela é tão bonita que não precisa nem falar’, disse. Patacoadas à parte, o acontecimento demonstra o óbvio: se antes aquele estilo popularesco do SBT tinha um ar cult, hoje envelheceu. Tornou-se apenas brega – o que explica em parte o esvaziamento da audiência da emissora. Com seu apelo entre os jovens das classes A e B, o Pânico devolveu por alguns momentos ao SBT a sintonia perdida com essa parcela do público.

O Pânico também ganhou com a dobradinha, é claro. Quando Vesgo e Ceará entrevistaram Silvio nos Estados Unidos, o programa obteve seu recorde de audiência até hoje – um pico de quase 16 pontos, o que lhe rendeu a vice-liderança no ibope por vários minutos. Desde a semana passada, aliás, a RedeTV! respira aliviada. Sua galinha dos ovos de ouro, cujo contrato vencia neste ano, acaba de renovar com a emissora (ao que se sabe, até o começo de 2010). Somadas, as multas rescisórias da trupe chegam a 17 milhões de reais – um desestímulo e tanto a namoros mais sérios com as concorrentes.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Terra Magazine

Agência Carta Maior

Veja

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