Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Veja

INTERNET
Paula Neiva

Estamos sendo observados

‘De São Francisco – O que uma empresa pode querer depois de conquistar o quase monopólio em seu ramo de negócios? O Google tem uma resposta implacável: buscar ser ainda maior e atingir o domínio global em uma escala jamais vista antes em qualquer outro campo da atividade humana, seja político, militar ou cultural. É um delírio de grandeza? Longe disso. Pelo que já mostrou nos dez primeiros anos de vida, o Google, sem dúvida a mais popular ferramenta da internet, tem a vontade e os meios de atingir seus objetivos. Um em cada nove habitantes do planeta, ou 710 milhões de pessoas, recorre a seu serviço de busca pelo menos uma vez a cada mês. São pessoas de todas as idades, níveis de renda, nacionalidades, etnias e religiões que têm em comum o fato de viver no mesmo planeta e usar o Google. Se todas se dessem as mãos, formariam um cinturão humano extenso o suficiente para dar 31 voltas ao redor da Terra. Em seu auge, nos anos 60, a General Motors, a maior empresa do mundo real e que hoje pede socorro ao governo para não fechar as portas, fabricava metade dos automóveis americanos. Pois o Google tem 71% do mercado de buscas on-line nos Estados Unidos. No mundo, tem 60%. Do restante, 20% são divididos igualmente entre o Yahoo! e o Baidu, o site mais popular na China, em idioma mandarim. Sobram apenas 20% para todos os demais concorrentes. O gigante quer mais – e seu modelo de negócio, que combina a ambição desmedida com uma visão generosa do mundo, favorece a expansão sem maiores resistências.

Em poucas palavras, o Google visa a digitalizar e a armazenar toda a informação do mundo de modo que ela possa ser utilizada gratuitamente por qualquer pessoa com acesso à internet. Em troca de serviço tão meritório, a empresa quer todos os dados que seus usuários possam fornecer sobre hábitos de consumo e, a partir disso, conquistar toda a verba de publicidade disponível na rede. Seus projetos são tão formidáveis em extensão e os custos previstos tão elevados que parecem ser desenvolvidos não por uma empresa, mas por um país. Recentemente, o Google associou-se a outras duas companhias para a instalação de um cinturão de dezesseis satélites, que ficarão fixados na órbita geoestacionária sobre a linha do Equador. O projeto, chamado de O3b (sigla em inglês de ‘os outros 3 bilhões’), vai oferecer internet de alta velocidade sem fio a 3 bilhões de pessoas que moram em países pobres ou em desenvolvimento, principalmente na África, e que não têm acesso à internet por completa ausência de infra-estrutura. Esse talvez seja o empreendimento que melhor encarna a paradoxal mistura de ambição e generosidade do Google. Esses ‘outros 3 bilhões’ vão se tornar instantaneamente cidadãos digitais e, por mais baixa que seja sua renda, vão entrar no radar do Google e de seus anunciantes.

Outro projeto liderado pelo Google visa a triplicar a capacidade de troca de dados entre os Estados Unidos e o Japão com a instalação de 10 000 quilômetros de cabos submarinos de fibra óptica, ao custo de 300 milhões de dólares. Um terceiro projeto consiste em usar navios para abrigar parte dos servidores da empresa, que seriam alimentados pela energia gerada pelas marés e pelas ondas. O objetivo é melhorar o serviço em regiões com pouca infra-estrutura, com a vantagem de reduzir os gastos com impostos municipais e aluguel de imóveis.

A marca colorida do Google está em toda parte. A empresa se prepara para oferecer um serviço de fotos de alta resolução, feitas por satélites, de qualquer canto do planeta. Pretende colocar na rede o texto integral de todos os livros de todas as bibliotecas do mundo – inclusive edições esgotadas. Planeja se tornar o principal fornecedor de vídeos on-line. A compra do YouTube, em 2006, que tem 5 bilhões de acessos por mês nos Estados Unidos, foi o primeiro passo nessa direção. Também investe pesado na tecnologia celular. Seu pacote de programas é igualmente enorme, incluindo e-mail, agenda e processador de texto, em aberto desafio ao império da Microsoft. O império do Google é imbatível? Fizemos essa pergunta ao matemático e físico Vinton Cerf, que, antes de se tornar vice-presidente do Google, já estabelecera a reputação de ser um dos pais da internet. Cerf criou simplesmente o idioma comum e as regras através das quais todos os computadores da internet falam entre si e permitem que cada um deles tenha um número de identificação único enquanto estão plugados. Esse sistema é conhecido como TCP/IP. A resposta de Vinton Cerf é digna de um inovador: ‘O Google é líder de mercado por mérito. Mas é preciso lembrar que há apenas dez anos ele não existia. A internet mostra que tem fôlego para criar muitas oportunidades, pois continua sendo um ambiente aberto. O YouTube e o Skype surgiram do nada e se transformaram em grandes sucessos. O tamanho do Google nesse mercado não garante nada. Na verdade, isso nos coloca mais um desafio, pois é preciso investir sempre mais capital para que tudo funcione bem’.

O Google já está no celular, na casa e no escritório. Mas a expansão se deu num ambiente econômico favorável. O que acontecerá agora que os indicadores apontam para baixo? Desde que a crise estourou, em setembro, o Google tem procurado seus clientes para explicar que a internet não é à prova de recessão, mas os anúncios on-line podem ajudá-los a resistir aos maus tempos. Para sustentar tal argumento, usa pesquisas que demonstram três tendências mundiais: a audiência crescente da internet, o aumento da confiança pública nas informações on-line e o crescimento do e-commerce. O Google detém 30% do faturamento com anúncios na internet nos Estados Unidos, o dobro do que tinha em 2004. Nesse período, seus principais concorrentes, Yahoo!, MSN e AOL, perderam participação no mercado. Mesmo em tempos de crise, as previsões para o mercado publicitário on-line são menos sombrias que para as demais áreas. De acordo com a consultoria americana eMarketer, especializada em mídia digital, o mercado de publicidade on-line nos Estados Unidos deve crescer 8,9% em 2009, mesmo com a recessão americana. Uma das vantagens dos anúncios on-line é que permitem saber, com precisão, quantas pessoas os viram e o que elas estavam lendo ou vendo na internet quando os clicaram.

Uma nova tecnologia só tem vida longa quando se torna indispensável. Para milhões de pessoas, uma sessão na internet começa pela caixa de diálogo do Google. Isso faz dele um tipo de gênero de primeira necessidade. O acesso fácil a um banco de dados jamais visto na história do conhecimento humano é definido pelo americano Brewster Kahle, fundador do site The Internet Archive, como ‘a biblioteca de Alexandria de nossa era’. Essa é a melhor explicação para a espetacular escalada de sucesso do Google desde que foi criado, há apenas dez anos. A empresa nasceu num fundo de garagem, como um modesto serviço de buscas idealizado por Larry Page e Sergey Brin, dois estudantes de computação da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Em menos de cinco anos já era a maior ferramenta do mundo de buscas na internet, deixando para trás concorrentes como Yahoo! e AltaVista, que já valiam milhões de dólares quando o Google foi lançado. O site Google BookSearch já registra 7 milhões de livros publicados em formato digital. Até 2011, a empresa pretende oferecer 15 milhões de livros do acervo das maiores bibliotecas americanas e européias. Esse acervo, que não cessa de engolir novas aquisições, é, por assim dizer, a escada do sucesso. ‘O Google, como site, é entediante. A razão de ter se tornado uma das empresas mais bem-sucedidas e relevantes do mundo é o conteúdo formidável que ele acumula’, disse a VEJA Brian Fetherstonhaugh, CEO mundial da OgilvyOne, agência especializada em publicidade digital, com sede em Nova York.

O sucesso arrebatador do Google deve-se, em grande parte, à eficiência do modelo matemático criado por Page e Brin, cuja capacidade de ordenar os resultados da pesquisa na página de busca se mostrou superior à da concorrência. O Google mantém cópias do conteúdo de milhões de sites sobre os assuntos mais procurados. Essas cópias são chamadas de sites-espelho e servem para apressar o processo de busca. Para manter esse banco de sites atualizado, o Google pesquisa periodicamente o conteúdo de 1 trilhão de sites. O PageRank (ranking de páginas, um trocadilho com o sobrenome de Larry Page) avalia mais de 200 características de cada um dos sites arquivados no banco de dados da empresa. Entre os critérios estão: número de acessos ao site, quantos links ele abriga para outras páginas e há quanto tempo o site está no ar. A seguir, essas informações são cruzadas com o tema da pesquisa, de maneira a apresentar primeiro os sites mais confiáveis que combinam com as palavras-chave. Para efetuar esse trabalho, o Google conta com 1 milhão de servidores espalhados pelo mundo.

No Brasil, nove em cada dez pesquisas são feitas no Google. O seu site de relacionamentos Orkut também é enormemente popular no país. Segundo um estudo recém-divulgado pela consultoria comScore, os 21 milhões de brasileiros que acessaram o Orkut em setembro ficaram, em média, oito horas no site. A média de tempo gasto com o segundo colocado, o Fotolog.com, que não é do Google, foi de apenas 22 minutos. Em todo o mundo, um dos sites de maior sucesso do Google é o Google Earth, que mapeia a Terra por meio de imagens de satélites. O site é utilizado por 200 milhões de pessoas e está disponível em 23 idiomas, incluindo o português. As imagens cobrem 30% da superfície terrestre e já contribuíram até para descobertas arqueológicas no Egito. Recentemente, foram acrescentadas ao Google Earth imagens de 100 milhões de estrelas e 200 milhões de galáxias.

O Google é conhecido por sua peculiar cultura corporativa. Ela inclui uma atmosfera descontraída, quase caó-tica, em seus escritórios, com comida e outros confortos inteiramente grátis. A empresa considera que qualquer idéia que torne a experiência de acessar a internet mais útil, ou mais agradável, vale a pena ser desenvolvida. Daí a velocidade com que lança produtos e os tira do ar. Em geral, são lançados em versão beta, ou seja, ainda em estágio de desenvolvimento, e podem ter vida curta. Foi o que aconteceu com o Lively, concorrente do Second Life, programa em que se criam ambientes virtuais. Lançado com barulho em julho deste ano, foi sentenciado a desaparecer quatro meses depois. O Google permite a seus engenheiros dedicar 20% das horas de trabalho a projetos particulares. Bem, alguma coisa mudou nos últimos meses, pois a empresa vem sentindo o peso da recessão. Os engenheiros já foram avisados de que não terão mais à disposição grandes equipes – de até vinte auxiliares – para desenvolver um único produto. A possibilidade de que o preço pago pelos funcionários para manter os filhos na creche da empresa aumentaria até 75% causou uma onda de protestos nos corredores da companhia. Desiludidos, muitos pais foram pedir emprego na concorrência.

Em seus primeiros meses de vida, mesmo com um público crescente, atraído pela eficiência de sua busca, o Google enfrentou um desafio: o de descobrir como ganhar dinheiro. Page e Brin rechaçavam a idéia de que a publicidade interferisse no conteúdo. Não queriam banners, filminhos ou qualquer outro tipo de anúncio comum aos portais e sites tradicionais. Foi então que a empresa lançou um conceito que revolucionou a publicidade on-line: os links patrocinados, hoje responsáveis por 97% de seu faturamento, que foi de 16,6 bilhões de dólares em 2007. Os links para os sites de anunciantes aparecem na mesma página que o resultado das buscas, em colunas separadas. Só abre o site do anunciante quem quer. O anunciante paga ao Google apenas se alguém clicar no link. O preço de cada clique é determinado por um leilão: aparece no alto o anunciante que oferece mais pelo espaço. Segundo a Razorfish, uma das maiores agências americanas de mídia digital, o anunciante paga, em média, por cada clique em seu link no Google, 88 centavos de dólar nos Estados Unidos- o preço mais alto do mercado. Como não existe um valor mínimo fixado, não há restrições para o tamanho do anunciante. Pode ser tanto uma grande rede de supermercados quanto a padaria da esquina. Estimativas informam que até 30% do faturamento do Google vem de clientes pequenos, que provavelmente não conseguiram anunciar em outro meio de grande audiência.

Essa mesma estratégia é usada para cooptar parceiros e ganhar dinheiro também fora de sua página principal. Sites como o do jornal americano The New York Times cedem um espaço dentro de sua página para os links patrocinados do Google e, caso o leitor clique em um deles, o valor pago ao Google é dividido com o dono do site que o hospeda. Nos dois casos, a grande jogada da publicidade do Google é associar o conteúdo do anúncio ao tema da pesquisa. Quem procurar informações sobre relógios verá links patrocinados relacionados a esse assunto. A seleção dos links patrocinados que aparecem no resultado da busca também se baseia no histórico de buscas feitas a partir de cada computador. Se quem usa o computador costuma acessar sites sobre carros e digita a palavra ‘golf’, os links de anúncios serão do modelo da Volkswagen, e não do esporte que fez a glória de Tiger Woods. Esse recurso é possível porque, graças à invenção de Vinton Cerf, os computadores deixam seu IP gravado nos servidores que visitam. Além disso, para ter acesso à maioria dos serviços gratuitos da rede, os servidores exigem que os computadores dos clientes aceitem cookies, ou ‘biscoitos’, o sugestivo nome dado a pequenos arquivos que capturam informações dos usuários, como as páginas que ele visitou ou quanto tempo passou em cada uma. Esse tipo de informação, fornecido por 710 milhões de pessoas por mês, dá ao Google um conhecimento extraordinário e inédito. No fundo, seu valor como empresa se deve principalmente a isso.

Toda a estratégia da empresa visa a ampliar sua capacidade de saber mais sobre mais gente em todo o mundo – e em tempo real. Não por outra razão, o Google quer liderar uma solução emergente na internet, conhecida como cloud computing, ou ‘computação nas nuvens’. O neologismo surgiu com a dupla circunstância do investimento acima do necessário feito por empresas na capacidade de estocagem de dados digitais e a extraordinariamente rápida, eficiente e invisível interligação entre os computadores que guardam essas informações. Com muito espaço ocioso e capacidade de processamento de sobra, empresas como a Amazon, a Microsoft e a IBM decidiram ‘alugar’ parte de seus computadores para outras empresas não tão dispostas a investir em máquinas e manutenção – mas com acesso rápido à rede. Por não se poder precisar exatamente em que servidor físico estão sendo estocados os dados ou rodados certos programas, convencionou-se dizer que isso ocorre ‘nas nuvens’. O cloud computing ajuda a cortar custos com as constantes e inevitáveis atualizações dos equipamentos. E o Google está se posicionando para liderar esse novo serviço de internet.

‘É possível ganhar dinheiro sem fazer o mal’ é o mantra da empresa. Mas os temores quanto ao crescimento exponencial do Google e de seu banco de dados foram expostos em dezenas de livros que se publicam sobre a empresa, em sites e blogs. Uma amostra do poder que se concentra nas mãos do Google está nas atribuições do conselho jurídico do portal, coordenado pela advogada Nicole Wong. Cabe ao departamento decidir o que pode ou não ser exibido nos diversos sites do portal Google em cada país. Wong conduziu a negociação com o governo da China em que o Google aceitou bloquear, naquele país, buscas que a ditadura comunista considera indesejáveis, como referências à independência do Tibete. É o caso mais notório de uma concessão ao ‘mal’. O Google tentou sanar a repercussão negativa batendo o pé do outro lado do mundo. Recentemente, o governo turco ordenou aos provedores de internet locais que bloqueassem o acesso ao YouTube por causa de vídeos que considerou ofensivos ao país. Wong propôs um acordo que consistia em bloquear o acesso a esses vídeos na Turquia. O governo não topou. Disse que queria o acesso aos vídeos bloqueados em todo o mundo. O Google se recusou a fazê-lo, alegando que um governo não pode estabelecer limites para a liberdade de expressão no mundo inteiro. Até a semana passada, os turcos permaneciam impedidos de acessar o YouTube.

O mais revelador nesse episódio é o tamanho do controle que o Google tem sobre os resultados das buscas e tudo o mais que existe em sua gigantesca teia de serviços. Wong e seu time escolhem o que pode ser exibido em serviços do portal como o Blogger, que abriga blogs, o Picasa, site de compartilhamento de fotos, e o site de relacionamentos Orkut. A norma é retirar o conteúdo que seja proibido em determinado país – sites nazistas na Alemanha, por exemplo -, mas manter esse conteúdo aberto para o resto do mundo. Considerando-se a tremenda audiência de todos esses componentes do complexo Google, a equipe de Wong tem mais controle sobre o universo das informações na internet do que qualquer outra pessoa ou empresa. De muitas maneiras, é a materialização do Big Brother, o sistema eletrônico que a todos espiona em 1984, o magnífico libelo contra o totalitarismo do inglês George Orwell. Talvez sem a mesma maldade (para usar a expressão preferida do Google), mas com igual potencial para o monopólio da verdade. Por definição, são ruinosos os monopólios e os impérios – como o romano, que também foi um generoso distribuidor de civilização e avanços tecnológicos em seu tempo. A cultura, a informação e o pensamento humano só avançam mesmo com liberdade e diversificação.

Design brasileiro no logotipo

O logotipo com seis letras coloridas do Google foi criado por uma brasileira, a designer Ruth Kedar, nascida em Campinas, São Paulo, e radicada nos Estados Unidos desde 1985. Há nove anos, Ruth lecionava desenho gráfico na Universidade Stanford, na Califórnia, quando foi contatada por um aluno, Larry Page, um dos fundadores do Google. Então um ilustre desconhecido, Page lhe pediu que criasse uma marca para a companhia recém-fundada. ‘Pensei em cores alegres, que remetessem à satisfação em descobrir coisas novas’, lembra Ruth. Ela não revela quanto recebeu pela criação, mas estima-se o valor em 15?000 dólares. O nome Google é um trocadilho com o termo matemático googol, que significa o número 1 seguido por 100 zeros. Foi escolhido por representar o objetivo da empresa, de organizar uma quantidade virtualmente infinita de informações. A marca do Google é tão forte que a empresa se permite brincar com ela nos chamados doodles (rabiscos, em inglês) que aparecem em datas especiais (veja alguns deles nesta página).’

 

MÍDIA & CELEBRIDADES
Mauricio Melo

Escândalo, pó e morte

‘A história é tão antiga quanto a humanidade, mas todo mundo continua a acompanhar com emoção a trama de poder, fama, traição e vício que uniu Susana Vieira e Marcelo Silva, depois os separou e por fim o levou à overdose fatal em companhia da nova e bela namorada. Dava um livro, um filme – e, claro, uma novela

O nome e o rosto de Susana Vieira estão gravados na memória coletiva dos brasileiros. Ela divide com algumas poucas estrelas, como Hebe Camargo e Glória Menezes, a sensação de que existem desde sempre – o que é verdade, se o marco zero da história for o começo da televisão. Aos 66 anos, tem uma característica rara: continua a ser protagonista de novelas. Se não ganha o papel principal desde o início, em algum momento ela o devora, pela capacidade de infundir uma energia tão poderosa que ofusca tudo a seu redor. A isso se chama o poder de empatia e sedução das estrelas. É por isso que o público a ama, ao contrário de colegas que se atritam com a atriz de temperamento difícil e competitivo. E é por isso que não existe mulher no Brasil que não tenha acompanhado suas aventuras na TV e suas desventuras na vida real, que culminaram com a morte do ex-marido Marcelo Vieira da Silva, que por duas vezes a traiu e humilhou em público. É um lugar-comum comparar a vida de atores às tramas mirabolantes das novelas, mas provavelmente existem poucos exemplos mais cabíveis do que a história de amor, fama, poder, deslumbramento, ascensão social, traição e escândalo que aproximou e afastou Susana e Marcelo com a força de mil sóis da paixão e o apelo abissal da autodestruição. Nessa narrativa tão antiga quanto a humanidade, Susana era o personagem principal e Marcelo aquele coadjuvante de caráter duvidoso e comportamento inconveniente que todo mundo desconfia que não vai acabar bem no final. É a lição de moral que o senso comum de justiça exige, mas que quando acontece não pode deixar ninguém feliz.

Marcelo Silva, ex-soldado da PM, morreu no vigor dos 38 anos assombrado por alucinações terríveis que o atormentaram durante as suas últimas doze horas de vida. Imaginava estar sendo seguido por um homem e passou a noite tentando encontrá-lo. Tanto os delírios quanto o infarto que provavelmente o matou foram provocados pela cocaína que cheirou sem cessar. A nóia e a overdose, no linguajar dos drogados, são fenômenos diferentes, mas se uniram para destruir Marcelo de maneira inapelável. Antes de morrer, no começo da manhã de quinta-feira, ele se jogou no banco do carro estacionado na garagem do prédio onde morava, ‘como se estivesse atracado com alguém’, disse a namorada, Fernanda Cunha, com quem dividiu os últimos e escandalosos dias. Nos momentos derradeiros, imaginava ter finalmente agarrado o algoz imaginário, o fantasma que o perseguia. ‘Te peguei, te peguei’, gritou, segundo Fernanda contou à polícia. Em seguida se acalmou, como se estivesse dormindo. Aliviada, a namorada voltou ao carro e se sentou ao lado dele. Marcelo estava morto. Uma moradora que havia acudido foi a primeira a perceber ao iluminar o rosto dele com uma lanterna e notar um fio de sangue correndo pela boca.

O rosto que as câmeras adoram e está na memória coletiva: Susana no início da carreira com o primeiro marido, Régis Cardoso; com Carson, o segundo, e com Marcelo, o bonitão da Baixada que foi expulso da PM depois do primeiro escândalo de drogas e quebradeira

A morte por overdose costuma decorrer de derrame ou infarto: o sistema cardiovascular não agüenta a descarga de noradrenalina, um neurotransmissor, o mesmo responsável pela inefável sensação de euforia que vem com a coca. Mesmo em usuários acostumados, ou com físico de atleta, como Marcelo, pode acontecer o momento em que o corpo não agüenta, pelo excesso de droga ou, o que é mais raro em razão da qualidade inferior do pó distribuído no Brasil, por sua pureza incomum. ‘O infarto em quem usa cocaína é diferente do habitual na meia-idade, que acontece por causa do entupimento de uma artéria do coração’, explica Dartiu Xavier da Silveira, professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e diretor-geral do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad). ‘No caso da cocaína, acontece um espasmo, uma contração abrupta de artérias do coração, e o sangue deixa de circular.’ A jornada de Marcelo rumo a esse espasmo fatal começou no início da tarde de quarta-feira, quando comprou cocaína de ex-colegas de farda num estacionamento no centro do Rio de Janeiro. Foi o que disse Fernanda, segundo o depoimento no qual ela aparece dormindo em diversos e convenientes momentos – no caso, só acordou a tempo de vê-lo conversando com dois policiais ao lado de um carro da PM. Dali, foram para o motel Shalimar, nas proximidades da favela do Vidigal.

No começo da noite, Fernanda conta ter presenciado o comportamento transtornado pela primeira vez. Ele dizia estar sendo perseguido, falava sozinho, olhava nos cantos do quarto. Chegou a imaginar que Fernanda estava ‘de rolo’ com o tal perseguidor. Os surtos em drogados funcionam de maneira quase idêntica aos de uma doença mental como a esquizofrenia paranóide. Como nos acometidos pelo distúrbio, os delírios parecem terrivelmente verdadeiros. Às 4h30 da madrugada, segundo as contas de Fernanda, voltaram para o apart-hotel onde moravam havia um mês, na Barra da Tijuca. Enquanto dirigia, ele cheirou mais e chegou alucinado à garagem do prédio. Circulava entre as vagas, freava bruscamente, gritava. Quando parou o carro, um Polo prata, começou a revistá-lo. Só interrompeu o surto de atividades frenéticas ao se jogar, prostrado, no banco do carona. Dali não saiu vivo.

Fernanda é uma bela nutricionista de 23 anos, filha de um médico e fazendeiro de Goiânia, que foi para o Rio fazer um curso de pós-graduação, conheceu Marcelo, apaixonou-se e desencadeou o último escândalo ao usar o truque clássico – e baixo – da ‘outra’: ligar para a mulher oficial e contar tudo, na tentativa de forçar uma ruptura. Conseguiu. Depois de uma agressão que resultou em queixa à polícia, os dois se reconciliaram, contra a vontade da família dela, que chegou a cortar a mesada da jovem. Marcelo apareceu em programas de televisão fazendo declarações incrivelmente grosseiras, mas condizentes com seu perfil de boa-praça meio destrambelhado, que fala as besteiras como lhe vêm à cabeça. Antes da reconciliação com Fernanda, disse que ‘ela foi muito fácil, esfregava na minha cara; se eu não chegasse, seria chamado de gay’. Em relação à atriz, a crueldade foi inconsciente: ‘Perdi a melhor mãe que já tive’ (antes) e ‘Agradeço tudo o que a Susana fez por mim, mas as coisas têm início, meio e fim; eu e Fernanda estamos felizes’ (depois). Nos bastidores, parecia desnorteado e dividido entre Susana, de quem parecia gostar de verdade, e Fernanda, com quem fazia planos de casar e ter filhos. Estava montando um negócio de transporte para executivos. Há duas semanas, embarcou com a namorada numa viagem de navio de Santos ao Rio, num encontro promovido pelo grupo Narcóticos Anônimos – uma incrível ironia, considerando-se que, quando estava com Susana Vieira, mentia que ia a reuniões do gênero para se encontrar com a outra. ‘Nunca aprovamos a união deles, mas era um ser humano que estava com nossa filha’, diz a mãe de Fernanda, a psicóloga Terezinha Cunha. ‘Fernanda deu sorte de não ter sido morta por ele durante o surto’, afirma o irmão dela, Cristiano.

Mesma praia, mulheres diferentes: Marcelo com Susana, em agosto, e com Fernanda, em novembro; enquanto o caso foi clandestino, ele dizia que ia às reuniões dos Narcóticos Anônimos para se encontrar com a outra

Susana Vieira estreou na nascente televisão brasileira em 1963. Tinha o tipo de rosto que as câmeras adoram, mas ainda estava no fundo da tela – era contratada da TV Tupi para dançar durante a apresentação de cantores. Lá conheceu o primeiro marido, o diretor Régis Cardoso, falecido em 2005. Teve com ele o filho único, empresário que mora em Miami. Eram tempos ainda ingênuos quando fez o primeiro papel importante, o da babá malvada na novela Anjo Mau, da Globo. Num processo incomum, ela foi ganhando mais destaque com o tempo, que sempre pareceu desmentir com a aparência jovial (ajudada pelas plásticas de costume) e o temperamento desafiador. O segundo marido e o primeiro mais novo foi Carson Gardeazabal. Casou-se com ele em 1986, enfrentou uma temporada de escândalos quando ele foi acusado de duplo homicídio e se separou em 2003. A diferença de dezesseis anos saltou para 28 em 2006, quando ela conheceu Marcelo Silva, um típico bonitão da Baixada, de olhos verdes, corpo sarado e um incontornável fraco por mulheres. O primeiro encontro foi num ensaio da escola de samba Acadêmicos da Grande Rio, onde ela era a madrinha de bateria e ele fazia bico como segurança. Em duas semanas, Marcelo se mudou de Nilópolis para a casa dela, na Barra. Em três meses, anunciaram o casamento.

É impossível que uma mulher como Susana não soubesse das trocas presentes nesse tipo de relação, mesmo se sentindo desejada e amada de verdade, como testemunham amigos que acompanharam o envolvimento. E é impossível que ele não se deslumbrasse com a nova vida, de súbita notoriedade e múltiplas benesses. ‘Ela pegou um cara do subúrbio, trouxe para a Barra da Tijuca, deu a ele uma vida deslumbrante, algo meio Disney, e depois tirou. Ele não tinha base e pirou’, descreve, sem meias palavras, uma pessoa que conheceu os dois. Na verdade, mais do que a falta de base era o excesso de pó que conturbava a vida de Marcelo. Quando conheceu Susana, ele tinha saído de um tratamento para se livrar da dependência química. A atriz, que como uma pessoa de seu tempo e de seu meio não ignorava o assunto, oscilava entre a irritação e o desejo de ajudar. Procurou assistência psiquiátrica para o marido. ‘Ele tinha um comportamento autodestrutivo, e os riscos de recaída eram visíveis’, descreve a psiquiatra Magda Vaissman, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que cuidou de Marcelo durante três meses. ‘Ele era fascinado pela exposição em que vivia, pelo espetáculo. O que aconteceu foi uma tragédia, causada por uma doença difícil e traiçoeira.’ Foi a médica quem recomendou a internação numa clínica de recuperação depois do primeiro e humilhante escândalo em que Marcelo se envolveu: o quebra-quebra num motel onde se drogava em companhia de uma garota de programa. Com grande estardalhaço, como tudo o que faziam – e, quando não havia fotógrafos por perto, ele os chamava -, Marcelo e Susana se reconciliaram. Como prova de amor, ele gravou o rosto da atriz numa enorme tatuagem sobre as costelas.

Os probos e sérios riram-se do mau gosto dele e do pouco juízo dela. Os que já passaram pelo teste da paixão – fazer uma coisa que normalmente a pessoa não faria, e sabendo que vai dar errado – preferiram não julgar, ou pelo menos entender que esse é um campo onde a irracionalidade vence, sempre. A mais conhecida história ficcional de paixão de uma mulher mais velha por um homem mais jovem é o filme Crepúsculo dos Deuses, ou Sunset Boulevard, no título original. Numa cena venerada pelos amantes do cinema, a fita começa com um corpo boiando na piscina e um narrador contando como ele foi parar lá – um roteirista endividado se refugia no jardim de uma estrela decadente e não é preciso nem falar mais nada para saber o que acontece. Como tudo com mais de cinqüenta anos na cultura contemporânea, o filme de 1950 virou um clássico pela pura passagem do tempo – sem desmerecer suas maravilhosas qualidades. É possível que em menos tempo as reviravoltas e os dramas na vida de Susana se tornem um clássico. ‘Susana Vieira tem uma grande e rara comunicação com o público porque é muito forte e corajosa como mulher e como intérprete’, diz o autor Silvio de Abreu. ‘O público vai sempre acompanhar seus trabalhos porque, como na vida real, Susana é muito sincera consigo mesma e não tem medo de expor suas fraquezas ou suas virtudes.’ Difícil pensar em personagem melhor para uma novela. H

Quando a notícia da morte de Marcelo Silva chegou, todos se lembraram da invectiva da apresentadora Ana Maria Braga, antes da tragédia: ‘Se você desaparecesse da face da Terra agora, seria uma coisa maravilhosa para todo mundo’. E todo mundo pensou nas similitudes. Como Susana, Ana Maria é uma mulher famosa e poderosa que vem se casando sucessivamente com homens alguns anos mais jovens e muitos milhões menos ricos. Em qualquer faixa etária, as mulheres de grande projeção enfrentam problemas para encontrar parceiros – os sensíveis egos masculinos não suportam a comparação. A partir de determinada idade, o difícil vira impossível. ‘Ela pode escolher um mais jovem pelo puro prazer físico, um desejo respeitável, mas passível de riscos. Ou pode escolher um homem da sua idade, mas, além de raros, uma vez que também querem moças mais novas, esses homens envelheceram muito pior do que elas’, diz a psicóloga Lidia Aratangy. Os finais infelizes não são surpresa. O casamento de Elizabeth Taylor com o caminhoneiro Larry Fortensky, ela aos 59 anos, ele aos 39, acabou entre bebedeiras e pancadaria. O deslumbramento com a fama é de desequilibrar qualquer um. Imaginem Daniel Ducruet na primeira vez em que entrou pela porta da frente do Palácio de Mônaco, não como guarda-costas, mas como marido da princesa Stéphanie (ele foi despachado ao ser fotografado em flagrante delito com outra; ela engravidou de mais um segurança). Isolada no mundo do alto estrelato, Britney Spears não viu alternativa que não um então desconhecido dançarino de sua trupe, Kevin Federline – que esperava um filho com outra. Uma das mulheres mais cobiçadas do mundo, mesmo com toda a loucura, até hoje ela não arranjou outro namorado propriamente dito. ‘Nunca tive um homem que ganhasse mais do que eu’, diz, realista, Ana Maria, atualmente casada com Marcelo Frisoni.’

 

TELEVISÃO
Diogo Mainardi

E Machado virou circo…

‘‘A série Capitu tem um aspecto circense. É Machado de Assis encenado por Orlando Orfei. É Bentinho imitando Arrelia no picadeiro de Fausto Silva: ‘Como vai, como vai, vai, vai? Eu vou bem, muito bem, bem, bem’

Machado de Assis é Bentinho. Nós somos Capitu. A analogia é simples: nós abastardamos a obra de Machado de Assis. No centenário da morte do escritor, Dom Casmurro e seus outros romances perderam qualquer sinal de paternidade machadiana. Eles parecem gerados por Escobar, o amante de Capitu.

Luiz Fernando Carvalho, diretor da série televisiva Capitu, é o mais perfeito Escobar que surgiu até agora. Seu ‘Dom Casmurro’ tem o nariz de Luiz Fernando Carvalho, tem o sorriso de Luiz Fernando Carvalho, tem a mentalidade de Luiz Fernando Carvalho. Nada nele recorda o ‘Dom Casmurro’ de Machado de Assis, apesar de reproduzir diálogos do romance. Na série, Bentinho aparece estranhamente caracterizado como Dick Vigarista, do desenho animado Corrida Maluca: nas roupas, no bigode, na magreza, no temperamento e, acima de tudo, na canastrice do ator que desempenha seu papel. Qual é o melhor candidato a Muttley? O agregado José Dias.

A série Capitu tem um aspecto circense. É Machado de Assis encenado por Orlando Orfei. É Bentinho imitando Arrelia no picadeiro de Fausto Silva: ‘Como vai, como vai, vai, vai? Eu vou bem, muito bem, bem, bem’. Luiz Fernando Carvalho usa uma linguagem grotesca, afetada, espalhafatosa, cheia de contorcionismos e de malabarismos. Machado de Assis é o oposto. No livro Dom Casmurro, o relato de Bentinho é espantosamente seco e desencantado. Ele narra sua história apenas para combater o tédio: sem drama, sem sentimentalismo, sem teatralidade. Quando Bentinho descobre que o filho bastardo de Capitu com Escobar morreu de febre tifóide, ele comenta simplesmente: ‘Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro’.

Luiz Fernando Carvalho só foi autenticamente machadiano na metalinguagem. A atriz que interpreta Capitu está grávida de se-te meses. Quando um repórter lhe perguntou se o pai do menino era Luiz Fernando Carvalho – o Escobar de Jacarepaguá -, ela se recusou a responder, limitando-se a declarar, como uma Capitu do funcionalismo público: ‘Não vou dizer a identidade e o CPF dele’.

A literatura brasileira tem um escritor. Um só. O que fizemos com ele, nos últimos cinqüenta anos, foi traí-lo com todos os Escobar que apareceram. Desde que Helen Caldwell, em 1960, negou o adultério de Capitu, moldando Dom Casmurro às suas teorias feministas, Machado de Assis foi raptado pela crítica esquerdista. Em particular, por John Gledson e Roberto Schwarz, que o transformaram ridiculamente num agente da luta de classes, empenhado em denunciar os abusos da classe dominante. Na realidade, Machado de Assis é mais complicado do que isso. Ele é um satirista conformista e resignado, que zomba da mesquinhez de nossa sociedade e acredita que, quando ela muda, muda sempre para pior. A série Capitu festeja o abastardamento da obra machadiana. Machado de Assis sabe bem: de agora em diante, isso só pode piorar.’

 

Silvia Rogar

A melhor de três

‘Giovanna Antonelli parecia fadada a viver à sombra de Capitu, a garota de programa que roubou a cena em Laços de Família, e, principalmente, de Jade, protagonista de O Clone. A jovem muçulmana concebida por Glória Perez tornou-a tão conhecida que ainda hoje recebe cartas, até em russo. Três Irmãs, o despretensioso folhetim das 19 horas da Rede Globo, tinha tudo para reafirmar esse destino. Mas a destrambelhada obstetra Alma é a boa surpresa do horário. A atuação de Giovanna se destaca porque Cláudia Abreu, atriz mais experiente e versátil, ainda não disse a que veio no papel de Dora. E também porque Carolina Dieckmann, mais linda que nunca, faz de Suzana mais uma personagem chatinha e problemática. Essencialmente, contudo, Giovanna revelou, em seu primeiro papel cômico, um talento para o humor que agradou ao público.

Giovanna faz parte do grupo de atrizes na faixa dos 30 anos (ou quase lá) no qual a Globo investiu ao longo desta década. Também compõem o time Flávia Alessandra, Deborah Secco, Taís Araújo e Carolina Dieck-mann. O que diferencia Giovanna de todas as outras é a proximidade com o espectador. ‘Ela se comunica muito facilmente com o público, tem um carisma impressionante. Hoje, é uma atriz pronta para fazer qualquer personagem’, afirma o diretor Ricardo Wad-dington, responsável por sua escalação em Laços de Família. A prova de sua capacidade de comunicação está na quantidade de modismos que já lançou, apesar de não ser uma atriz queridinha dos estilistas, como Mariana Ximenes, ou ligada às passarelas, caso da ex-modelo Fernanda Lima. Os brincos compridos de Capitu logo viraram mania, assim como os lenços e a maquiagem de Jade (O Clone) e as madeixas curtas e louríssimas da vilã Bárbara (Da Cor do Pecado). Atualmente, o visual de Alma está entre os dez temas mais abordados pelos espectadores na central de atendimento da Globo. Eles perguntam desde a marca de seu colar com pingente de Espírito Santo até o tom de sua tintura de cabelo.

O que tem feito a atuação cômica de Giovanna dar certo em Três Irmãs é a combinação de espontaneidade com uma determinação digna dos livros de auto-ajuda. ‘Pratico o pensamento positivo de O Segredo muito antes de o filme existir’, diz ela, entre tantas outras frases de efeito sobre fé e felicidade lançadas ao longo da entrevista a VEJA. Workaholic confessa, ao receber os capítulos da novela Giovanna marca cuidadosamente entonações de frase e sugestões para dar aos diretores. Desde que a essência da personagem não seja modificada, ela tem autorização do autor da trama, Antonio Calmon, para fazer alterações no texto. A atriz anda pescando expressões e trejeitos de mulheres ao seu redor que possam ser usados pela doutora Alma, um tipo fácil de encontrar nas ruas – bem-sucedida no trabalho, ela é um desastre no amor, além de muito estabanada. Foi de Giovanna, por exemplo, a idéia de que a personagem dirigisse um Fusca.

Alma é o papel de maior repercussão de Giovanna desde o nascimento de Pietro, seu filho com o ator Murilo Benício, hoje com 3 anos. ‘Depois que ele nasceu, passei um ano em casa. Voltei a trabalhar na minissérie Amazônia e foi bem difícil. Deixei Pietro no Rio e viajei para as gravações. Nós dois ficamos doentes’, diz Giovanna, 32 anos de idade, dezoito de profissão – começou como assistente de palco da apresentadora Angélica – e três casamentos desfeitos, inclusive o com Benício. No ano passado, o último deles terminou com rapidez impressionante: quatro meses depois de se casar com o empresário americano Robert Locascio na Toscana, Giovanna já circulava solteira novamente. Neste capítulo de sua vida, ela namora um empresário, já não sofre tanto para conciliar a maternidade e o trabalho e decidiu voltar a investir pesado na carreira. O resultado está no ar.’

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