Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Brasil conquista mais espaço na programação mundial

Em 1980, quando a rede americana CNN surgiu como o primeiro canal de notícias 24 horas, o mapa global de relevância política e econômica estava restrito a poucos países. Os computadores pessoais ainda davam seus primeiros passos e dispositivos como os smartphones e tablets não passavam de uma ideia distante, assim como a internet e as redes sociais. Decorridos 32 anos, uma nova realidade digital, política e econômica vêm transformando não só o consumo da informação, mas também a produção jornalística.

Parisa Khosravi viveu grande parte dessa mudança. A jornalista iniciou sua carreira na CNN em 1987, poucos dias depois de se formar na Columbia College, em Chicago. Por meio do canal, participou de coberturas de fatos como a Guerra do Golfo e a queda do Muro de Berlim. Na época, coberturas desse porte envolviam um grande aparato de equipamentos pesados e equipes numerosas. “Hoje, em muitos casos, uma ou poucas pessoas conseguem fazer o mesmo trabalho. A tecnologia permite esse avanço, mas a chave é usá-la, e não ser usada por ela”, disse a executiva, atual vice-presidente sênior da CNN Worldwide e responsável pela coordenação editorial de todas as operações internacionais da rede.

Segundo Parisa, a adaptação da CNN a esse novo ambiente tem sido natural, pois a rede sempre teve uma cultura multimídia. A abordagem vem sendo reforçada nos últimos anos, com a produção de conteúdos específicos para TV, internet, rádio e dispositivos móveis.

América Latina tem ganhado relevância

Essa maior diversidade não está restrita aos novos meios de levar a informação à audiência. Diante de um contexto no qual as economias e as relações estão mais interligadas, a CNN tem ampliado o espaço para novos mercados em sua programação. O canal tem 33 áreas de produção de conteúdo e mais de 4 mil profissionais fora dos EUA. “Queremos contar histórias locais, mas que tenham impacto e apelo globais, e que possam ser humanizadas”, disse Parisa.

Durante a Rio+20, a empresa deslocou 12 pessoas da equipe global para a cobertura do evento no Brasil e para produzir duas séries especiais. Com a proximidade da Copa do Mundo e da Olimpíada, e o ganho de relevância do país nos últimos anos, a CNN investiu na abertura de um escritório local há cerca de um ano. O reflexo da importância do Brasil no contexto global pode ser medido pelo espaço destinado ao país na programação da CNN. Até há poucos anos, essa cobertura era esporádica. Hoje, é comum o Brasil ser tema de até três matérias semanais no canal, e a cobertura é muito mais contínua e regular, disse Parisa.

Segundo a executiva, os interesses da audiência global sobre o Brasil são muito variados e dependem de cada região. Para os chineses e sul-coreanos, por exemplo, o apelo está em matérias sobre como fazer negócios no mercado brasileiro. “O Brasil é uma parte importante dessa conversa global, não só em termos de economia e política, mas também do ponto de vista diplomático”, afirmou Parisa.

Ainda não há planos para que a CNN produza conteúdo em língua portuguesa. Em termos regionais, a América Latina tem ganhado relevância para a rede, especialmente pelo crescimento da população hispânica nos EUA. Além de uma rede de freelancers em diversos países da região, a CNN tem operações na Argentina, Cuba, México e Chile.

***

[Moacir Drska, do Valor Econômico]