Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A liberdade não pode ser comprada

No domingo (18/11) fiquei impressionado ao ler na Zero Hora um artigo cujo título era “Meu filho é gay e estou bem!”, assinado pela jornalista Nereida Vergara. Fiquei impressionado e ao mesmo tempo feliz por ver que a grande mídia está aos poucos deixando seu conservadorismo de lado e defendendo bandeiras de igualdade social que são importantíssimas para que o Brasil alcance o status de país onde a liberdade impera.

Porém, no mesmo domingo, ao ler a edição da revista Veja, constatei que nem todos os grandes meios conseguem aderir às mudanças sociais e de comportamento que predominam no mundo. Ilustrando a capa está a catarinense que decidiu leiloar sua virgindade seguida da pergunta: “Tudo se compra?” Na matéria, a Veja compara a decisão da jovem catarinense à compra de apoio parlamentar e afirma ser uma atitude que “deprecia a intimidade”. Mas a intimidade é de quem mesmo?

Ao defender a moralidade – que muitas vezes lhe falta ao acusar sem provas – e os valores familiares, além do senso cívico – desconhecido, pois afinal, quem define o senso? – Veja vai contra uma das suas principais bandeiras: a liberdade. A tão sonhada liberdade de imprensa, de expressão ou de venda deve ser, sim, respeitada e principalmente idolatrada por todos os veículos de comunicação.

Vender a virgindade pode, sim, ser algo imoral para algumas pessoas, assim como pregar a palavra de Deus às 7 horas da manhã de um sábado pode ser rotulada da mesma forma por outras. Porém, não há nada mais ofensivo a quaisquer direitos do que o desvio do dinheiro da saúde, da educação e das obras que poderiam melhorar o país. Portanto, a imprensa em geral, mas principalmente a Veja, precisa deixar de lado cabras, espinafres e virgindade e se preocupar com a imoralidade maior que é a corrupção e os entraves que o país enfrenta para se tornar desenvolvido. Somente com isto!

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[Guilherme Darros é estudante de Jornalismo e assessor de imprensa, Campo Bom, RS]