Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Marin usa site da CBF para atacar imprensa

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) emitiu na tarde de ontem uma nota raivosa e repleta de ataques aos meios de comunicação. Na visão da entidade, “desenvolve-se pela imprensa torpe campanha, visando a tentar desestabilizar a atuação do Sr. José Maria Marin à frente da Presidência da CBF”.

A mensagem é uma reação à série de reportagens publicadas desde a escolha de Marin para presidir a confederação, há um ano. Em especial, a matérias que revelaram um discurso feito pelo presidente da entidade em 9 de outubro de 1975, quando era deputado estadual em São Paulo pela Arena, partido de sustentação do regime militar, em que pedia ao governador e ao secretário de Cultura que verificassem a programação “negativa” ao governo veiculada pelo “Canal 2” (TV Cultura). O diretor da emissora era o jornalista Vladimir Herzog, preso e morto sob tortura pela ditadura militar 16 dias depois.

“Trata-se, evidentemente, de campanha articulada e baseada em mentiras, forjadas de maneira inescrupulosa, de sabor fascistoide, a lembrar as táticas goebelianas. Repita-se a mentira quantas vezes possível e ela se transformará em verdade nas mentes desavisadas”, acusa o comunicado, dizendo ainda que “qualquer pessoa com mínimo de boa-fé que se dispuser a ler a manifestação do Sr. José Maria Marin na Assembleia Legislativa de São Paulo, facilmente concluirá que as acusações que ora lhe fazem esses pseudos-jornalistas são absolutamente falsas, não encontram suporte no fato ocorrido, que é imprestável para alimentar essa mesquinha e implacável perseguição”.

Petição na internet

No fim, a CBF coloca a íntegra da fala de Marin na época, feita como aparte a discurso do também deputado Wadih Helu, morto em 2011 e que pedia providências em relação a “ denúncias de infiltração de elementos de esquerda” na emissora. “O que não pode continuar é essa omissão, tanto por parte do Sr. Secretário da Cultura, como do Sr. Governador. É preciso mais do que nunca uma providência, a fim de que a tranquilidade volte a reinar não só nesta Casa, mas, principalmente, nos lares paulistanos”, cobrava Marin.

Em entrevistas recentes, o presidente da CBF mostrou-se bastante irritado quando a questão foi abordada e prometeu levar o caso para a Justiça. O filho de Vlado, Ivo Herzog, abriu uma petição na internet pedindo a destituição de Marin do cargo. Até o momento, quase 40 mil pessoas aderiram à campanha.

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Vandson Lima, do Valor Econômico