Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Grupo Globo cresce 16% em receitas em 2012

As Organizações Globo publicaram nesta quarta (27/3) seus resultados financeiros referentes a 2012. O grupo teve crescimento de 16% em sua receita líquida no ano, chegando a R$ 12,7 bilhões. O EBITDA cresceu 10%, totalizando no final de 2012 R$ 3,13 bilhões, o que significa uma margem de 25%. Em caixa, o grupo Globo tem R$ 7 bilhões, e uma dívida de R$ 1,7 bilhão. O lucro bruto do grupo foi de R$ 5,7 bilhões e o resultado líquido foi de R$ 2,9 bilhões. Em janeiro fevereiro, a Globo distribuiu R$ 947 milhões em dividendos aos acionistas.

O resultado é significativo, sobretudo se considerarmos que o mercado publicitário, que é a principal fonte de receitas da Globo, cresceu 6% em 2012, totalizando R$ 30 bilhões, dos quais R$ 20,8 bilhões foram para o segmento de TV (aberta e paga).

O balanço também destaca o desempenho de audiência da TV Globo, com 45% do share de televisores ligados em 2012 considerando-se o período das 7 da manhã à meia noite (em 2011 eram 46%) e 53% do share considerando-se apenas o horário nobre, das 6 da tarde à meia noite (em 2011 era os mesmos 53%). esses dados, contudo, excluem a audiência de outros dispositivos ligados à TV, como DVDs, videogames e dispositivos de TV conectada.

Fontes de receita

Em termos de diferentes fontes de receita, o grupo Globo (que controla a Globosat e tem participações nos canais Telecine e NBC Universal) viu o segmento de conteúdo e programação crescer em relação à receita meramente com publicidade. Em 2011, o percentual de receitas proveniente da rubrica “conteúdos e programação” (que inclui os canais pagos e também as vendas internacionais e conteúdos vendidos pela Internet) representava 22% do total, e em 2012 esse percentual passou a 25%, o que significa R$ 3,2 bilhões. As receitas publicitárias (tanto na TV aberta quanto na TV paga e nos veículos impressos e de internet) ainda representam quase R$ 9 bilhões do faturamento do grupo, ou 71% do total. Outras fontes de receita representam apenas 4% do total, ou pouco mais de R$ 533 milhões. O segmento de programação e conteúdo cresceu em receitas 34% no ano passado, contra 10% do crescimento de receitas com publicidade. (Samuel Possebon)

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“A audiência não tem que ser o fator número um”, diz Schroder

Para o diretor geral da TV Globo, Carlos Henrique Schroder, “a meta de audiência não tem que ser o fator número um, mas a relevância do conteúdo, sim”. O executivo concedeu uma entrevista coletiva nesta quarta, 27, no evento de lançamento da programação de 2013 da Globo, em São Paulo. Segundo ele, que assumiu recentemente a direção da emissora, os maiores desafios que vê hoje na Globo são os mesmos encontrados pela mídia global. “O desafio da mídia, mais do que da Globo, é trazer e conquistar o telespectador”, disse, lembrando que a audiência é afetada por fatores externos ao da programação da TV, como feriados ou “um dia de sol”. “Precisamos de produtos novos e mais atraentes o tempo todo. Temos produtos com 40 anos, mas que se renovam o tempo todo”, completou.

Ele procurou não detalhar metas nem abrir números. Questionado sobre a pressão para superar os resultados financeiros apresentados em 2012, Schroder disse que “o faturamento estará atrelado ao crescimento do mercado e à economia do país”.

Sobre a programação, o diretor geral da Globo destacou que não haverá mais um lançamento anual. “Teremos lançamentos e novidades o tempo todo. Já tivemos desde o inicio do ano e teremos mais em breve”, disse.

Em relação às estratégias comerciais, no entanto, a Globo não pretende inovar. O executivo descartou a possibilidade de explorar novos modelos de comercialização. “Podemos discutir projetos novos, mas o modelo adotado hoje é vitorioso, não vejo por que mexer”, disse.

Multiplataforma

Schroder aponta as novas mídias como parte do desafio e da solução para conquistar o telespectador. Todavia, as plataformas digitais são tratadas como ferramentas para garantir a audiência, de preferência, na tela principal, a da TV.

“A questão que se impõe é como acompanhar o telespectador. Com as várias mídias na mão do consumidor, não podemos mais estar só em casa. Precisamos mostrar nossa programação onde ele estiver”, disse, citando a transmissão 1-Seg (pela TV digital) e a veiculação de conteúdo da Globo em frotas de ônibus e no metro.

Segundo executivo, um comitê interno vem estudando a exploração da Internet com o conteúdo da TV Globo, testando cenários distintos de difusão de conteúdo online, como a extensão do conteúdo da TV nas plataformas digitais, a criação de conteúdo exclusivo para estas plataformas e o uso delas para catchup TV. No caso da novela O Astro, por exemplo, a Globo disponibilizou os capítulos inteiros na Internet, gratuitamente, após a veiculação na TV aberta. “Percebemos que a audiência na TV não caiu”, disse. “A constatação é que a Internet não é adversário, mas complementar à televisão.” Schroder diz que a emissora também vem trabalhando o conceito de segunda tela “para capturar o telespectador”.

A Globo também testa, diz ele, a veiculação do conteúdo da TV ao vivo na internet, paralelamente à exibição na TV aberta. Os primeiros testes acontecem na cidade de São Paulo com o jornal local SPTV e o Globo Esporte. “Chegamos a trinta mil acessos por dia”, disse. (Fernando Lauterjung)

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Samuel Possebon e Fernando Lauterjung, do Tela Viva News