Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A realidade pouco conhecida da Coreia do Norte

Apesar de este século ser o da comunicação em virtude das novas tecnologias virtuais, permanece o poder das mídias tradicionais e está cada vez mais difícil saber sobre fatos que estão distantes territorialmente. O caso guerra das Coreias parece um bom exemplo. Sabemos o que pensam os Estados Unidos, com suas várias fontes que falam todos os dias nos jornais brasileiros e mundiais, mas pouco se conhece da realidade política da Coreia do Norte.

A condição permanece para os países aliados do povo do norte, como China e Rússia. Diferentemente da comunidade do Sul, que se movimenta permanentemente para se defender do vizinho hostil. Uma batalha que não se resume a interesses econômicos, como se faz acreditar em algumas publicações. A disputa por território na região vem desde a Segunda Grande Guerra, há cerca de seis décadas, quando os Estados Unidos defenderam os país do Sul, capitalista, e a China, com o apoio da Rússia, o do norte, comunista.

A condição de os Estados Unidos liderarem o mundo como controlador de paz mundial, com o dispositivo ONU, torna-se cada vez mais complicada diante das transformações da economia e poder político de algumas nações. Afinal, os norte-americanos, sem dúvida, consideram suas decisões a partir de seus interesses de ordem social, do qual têm benefícios.

Controle de corações e mentes

Na disputa por poder estão a própria China, Rússia, Índia, países do Oriente Médio e América Latina, cada vez mais distantes ideologicamente do país norte-americano, com conversas de aceitação diplomáticas. A demora em pequenas ações que sinalizem enfraquecimento e resposta pública ao território em desacordo, num mundo em conflito pode demonstrar perda de poder para um império.

Seria sensato acreditar que no meio desse interesse houvesse espaço para informações mais expandidas entre os continentes, de modo a ter mais conhecimento da América Latina, África, China, Rússia, Oriente Médio. Não há dúvida que os fatos aparecem no cotidiano dos brasileiros e outros países, entretanto monitorados pelas grandes agências internacionais e governos cada vez mais midiatizados. Um repórter brasileiro no vídeo, repassando informações sobre a Coreia do Norte de Nova York, demonstra cabalmente a origem dos relatos para as informações jornalísticas, para ficarmos apenas em um exemplo. Sobre a Palestina e Síria a situação se repete.

Em essência, o jornalismo faz parte da estratégia de guerra simbólica, dispositivo que permite com eficiência às nações líderes o controle das mentes e corações não somente de brasileiros. Afinal, não seria de outra forma, grande parte de populações globalizadas e informadas apoiaram a guerra contra o Iraque, pelo fato de ser um país com grande arsenal bélico que poderia ameaçar o mundo? Apenas retórica, como se viu. Não havia na terra do líder morto Saddam Hussein nem mesmo traque para enfrentar os poderosos adversários. Não é o caso da Coreia do Norte.

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Antonio S. Silva é jornalista, mestre pela PUC-SP, doutorando pela UnB e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)