Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Como estar em todos os locais

Os novos meios são responsáveis por verdadeiras maravilhas e facilidades impensadas para o jornalista formado no século 20. No entanto, quem trabalha com esporte sabe o quanto é necessário estar presente no local dos acontecimentos, condição indispensável para o bom jornalismo. Os realizadores e as assessorias, no entanto, têm diminuído o movimento de quem está na cobertura. O tema é preocupação no Brasil e também em outros países. Durante Seminário Internacional de Jornalismo Esportivo, Sociedade e Indústria, promovido pelo Instituto Projor/Observatório da Imprensa em Brasília, o tema foi tratado de forma semelhantes pelos jornalistas Jorge Luiz Rodrigues, colunista de O Globo, e James Dart, editor de esportes do britânico The Guardian.

Com 30 anos de experiência na área, Jorge Luiz Rodrigues garante que alguns procedimentos não mudaram nem devem se alterar. Para ele, é indispensável que o evento esportivo seja coberto no lugar em que acontece. “Claro que isso requer investimento, mas pode ser a diferença na qualidade da informação que se presta ao público”, disse.

Durante o seminário, ele citou uma ocasião em que conseguiu uma entrevista exclusiva com o secretário-geral da FifaJérôme Valcke. “Consegui conversar com ele no corredor. Perguntei sobre o Maracanã e ele explicou as condições do estádio. Consegui a manchete. Se eu não estivesse lá e dependesse de uma coletiva, não teria nada diferente”, afirmou.

Rodrigues acredita que o termômetro da mobilização da imprensa ocorrerá durante a Copa das Confederações. “Se o veículo quer fazer uma cobertura e ser respeitado, precisa estar nos eventos.” Ele ressalta, no entanto, que os jornalistas brasileiros conhecerão as características dos eventos da Fifa, visto que a entidade segue protocolos para garantir os direitos dos veículos que pagaram pelas imagens, por exemplo.

“O jornal impresso tem menos acesso a determinadas áreas, mas consegue chegar à zona mista”, disse. Rodrigues explicou que os veículos têm um grande desafio pela frente e uma das saídas é ter foco na cobertura. O jornalista adiantou que O Globo credenciou 27 profissionais para a Copa das Confederações. “Teremos um repórter em cada sede, além dos repórteres das próprias praças onde o jornal tem correspondentes”, explicou. Ele aposta numa experiência diferente, com muitos desafios e responsabilidades.

Reinvenção

Diante das dificuldades, o jornalista inglês James Dart concorda que é necessário estar no local do evento, masressaltou a necessidade de o jornalista se reinventar quanto às possibilidades de cobertura esportiva. Ele aponta que as multiplataformas deram mais desafios para o jornalista, incluindo a velocidade com ele que apura e distribui a informação.

Dart usou como exemplo sua experiência na cobertura das Olimpíadas de Londres, onde o direito de transmissão do evento não permitia total acesso aos locais das disputas, o que obrigou os jornalistas buscarem outros meios de apuração e uma abordagem diversificada. Ele apontou que a empresa jornalística deve apoiar os jornalistas em termos de preparação. Para ele, quanto antes começar a estudar o assunto, melhor.

>> Entrevista com Jorge Luiz Rodrigues

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Cecília Sóter é estudante de jornalismo e repórter da Agência de Notícias UniCEUB