Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Usar da falsa imparcialidade é pior do que ser parcial

Há motivos bem óbvios para que os jornalistas não sejam imparciais hoje em dia. O que mais chama a atenção é o fator “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Ou seja, os donos dos meios de comunicação pagam e os jornalistas fazem aquilo para o que foram incumbidos, pois do contrário seriam substituídos pelos que aceitam fazer. É um pensamento simplista, mas faz todo sentido nesse universo capitalista. Exatamente por isso, devemos separar a imparcialidade do jornalista da imparcialidade do proprietário do veículo de comunicação. Afinal, o repórter pode ter visão isenta, mas ainda assim ser obrigado a defender determinado lado da informação transmitida. Contrariar a linha editorial do veículo depende da postura do profissional, o qual, consequentemente está sujeito tanto a conflitos éticos quanto a questões financeiras.

No entanto, quando o órgão de imprensa se diz imparcial está obviamente mentindo. Afinal, sempre há interesses pessoais, financeiros e/ou políticos envolvidos. Particularmente acredito que os interesses pessoais valem mais, isso quando significam considerar primeiramente o compromisso pessoal com os princípios da profissão, dentre eles a relevância social. Todavia, na prática, os meios de comunicação tendem a priorizar a situação financeira.

A parcialidade da empresa é totalmente compreensível. Estranho é quando o jornalista – proprietário ou colaborador – passa a compartilhar os interesses do veículo ou a priorizar seu próprio ganho, seja financeiro ou profissional, em detrimento da isenção nas notícias. A dica é simples: se quiser fama ou lucros exorbitantes nessa área, escolha a assessoria, onde a escolha de um lado é óbvia.

No título menciono que usar da falsa imparcialidade é pior do que ser parcial, pois no momento em que os jornalistas se tornarem defensores das causas importantes, como as injustiças sociais, a falta de isenção será totalmente justificável e plausível. Antes isso do que usar a desculpa da imparcialidade para não mostrar realidades injustas e elucidar possíveis soluções aos cidadãos.

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Andreza Galiego é jornalista, Andradina, SP