Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Fiat poderá ser principal acionista do 'Corriere’

A Fiat poderá se tornar o principal acionista do Corriere della Sera, ao dobrar sua participação para 20% em um dos mais influentes jornais da Itália.

O RCS Mediagroup, que publica o Corriere della Sera, passa por dificuldades financeiras, com uma divida de € 800 milhões que vem da queda do mercado publicitário e da compra do grupo espanhol Ricoletos – que inclui jornais como Marca e Expansion.

Em 2012, o grupo fechou no vermelho em € 509 milhões, para um faturamento de € 1,6 bilhão.

Por isso, RCS tomou duas decisões: primeiro, um plano de restruturação pesado que provocará a demissão de 800 empregados. Segundo, decidiu deflagrar o aumento de capital, com uma primeira parcela de € 400 milhões.

Mas, o núcleo duro de acionistas, que inclui tanto Fiat, os bancos Mediabanca e Intensa Sanpaolo, a seguradora Generalli e o produtor de pneus Pirelli, parece dividido.

Alguns como Benetton resolveram não entrar no aumento do capital. Também Mediabanca anunciou que planeja vender participações em várias empresas, incluindo seus 14% no RCS.

A Fiat, que tinha 10,5% do capital, confirmou que vai aumentar sua participação para 20%, o que na segunda-feira fez a ação do RCS ter forte alta, a ponto de sua negociação ser suspensa no dia na bolsa de Milão

Perspectiva de concentração

A família Agnello, dona da Fiat, reforça assim sua participação no grupo de mídia, visivelmente como queria John Elkann, neto do patriarca Giovanni Agnelo.

Elkann, 37 anos, é membro do conselho do RCS desde 2005. Recentemente passou a integrar o conselho da News Corp, que agrupa todas as atividades de imprensa de Rupert Murdoch, e também tem assento no conselho do The Economist.

Segundo analistas, Elkann nunca escondeu que o futuro do setor de mídia exigia uma concentração no médio ou longo prazo. A expectativa no mercado é de uma aproximação futura do Corriere com o La Stampa, jornal de Turim controlado pela Fiat e que teve prejuízo de € 27 milhões em 2012.

Por sua vez, o negócio na Espanha poderia ser reestruturado e eventualmente vendido.

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Assis Moreira, do Valor Econômico, em Genebra