Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Justiça do Rio anula eleição para nova diretoria

A juíza Maria da Glória Bandeira de Melo, da 8ª Vara Cível do Rio, anulou na segunda-feira (22/7) a eleição para a nova diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), realizada em 26 de abril deste ano. Ao publicar a antecipação de tutela em favor da chapa Vladimir Herzog, encabeçada pelo jornalista Domingos Meirelles, a magistrada alegou irregularidades no último pleito, que teve a participação de uma única e vencedora chapa, a Prudente de Morais Neto, do atual presidente da instituição, Maurício Azêdo.

Com a decisão, a ABI terá de fazer uma nova eleição, sem previsão para ocorrer. Maria da Glória, no entanto, ainda aguarda a defesa de Azêdo para só então divulgar a sentença da ação. Em seu despacho, ela afirmou que “há evidências gritantes de que o processo eleitoral foi dirigido de forma parcial e temerária pela (atual) então administração, de inviabilizar o registro da chapa dos autores, garantindo para a chapa da situação uma eleição sem concorrentes e sem impugnações”. “Essa decisão é o retrato do volume de irregularidades que o Azêdo cometeu. Ele não queria uma oposição”, afirmou Domingos Meirelles ao Globo.

O impasse na ABI começou já no momento das inscrições dos concorrentes. A chapa Vladimir Herzog alegou que é vetada pelo estatuto da instituição a participação de associados inadimplentes na eleição. Um dos integrantes da Prudente de Morais estaria com mensalidades atrasadas. Com isso, Azêdo pagou em 11 de março, com cheque próprio, a dívida de 17 dos 51 integrantes de sua chapa.

Dívida de R$ 1,6 milhão

O grupo adversário, então, tentou fazer o mesmo com seus inadimplentes. A atual direção, porém, argumentou que já havia expirado o prazo para a inscrição. A chapa Vladimir Herzog, por sua vez, reclamou que não foi informada sobre a data-limite para o registro, e que a cobrança de dívidas deveria ser individual, por meio de boleto bancário, diferente do ocorrido com a chapa de Azêdo. O caso foi parar na Justiça. “O Azêdo não permitiu que nós fizéssemos o mesmo que ele fez. Tivemos apenas 48 horas de prazo para resolver o problema da inadimplência. Também não recebemos os boletos bancários a tempo até porque era a própria ABI que deveria expedir”, ressaltou Meirelles.

Se não bastasse a briga eleitoral, a ABI sofre com problemas financeiros. Tem uma dívida de R$ 1,6 milhão de contribuição previdenciária, que levou à penhora de duas lojas e de três andares do prédio da entidade, no Centro do Rio. Ainda existe um relatório elaborado no ano passado que aponta graves problemas nos elevadores e nos sistemas hidráulico e elétrico da instituição.

Procurado pelo Globo, Maurício Azêdo não retornou as ligações até o momento.

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Cássio Bruno, do Globo.com