O editor e fundador do segundo maior jornal da Espanha, El Mundo, deixou o cargo na quinta-feira (30/1) depois de uma queda na circulação e uma série de revelações sobre supostos casos de corrupção do partido do governo. Pedro José Ramirez, conhecido como Pedro J, tem sido um crítico do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy – apesar de o jornal El Mundo, parte do grupo RCS italiano, ser considerado simpático ao conservador Partido Popular (PP).
Ramirez, que muitas vezes parece gostar de polêmica, é conhecido por ter publicado alguns dos maiores escândalos políticos da Espanha dos últimos 25 anos, incluindo a descoberta de esquadrões da morte apoiados pelo governo socialista nos anos 1990 e, mais recentemente, as acusações de corrupção na cúpula do PP. Usuário insaciável do Twitter, ele escreveu duas longas páginas nos editoriais de domingo com inúmeras referências históricas e literárias que iam desde o movimento de independência catalão ao estilo cauteloso de liderança de Rajoy.
“A direção de El Mundo será atribuída a Casimiro Garcia-Abadillo, atualmente vice-editor, com o objetivo de relançar a sua circulação impressa e fortalecer ainda mais a sua liderança digital”, disse a RCS em um comunicado.
A circulação do jornal caiu 14% em 2012, de acordo com o último relatório disponível.
Ramirez saiu com indenização de cerca de US$ 20,5 milhões, disse uma fonte próxima ao assunto. A mesma fonte disse que o confronto de Ramirez com o governo estava por trás da decisão. Um analista de mídia de Milão, que pediu para não ser identificado, disse que a recompensa de Ramirez iria fazer diferença significativa no caixa do grupo, mas que poderia trazer benefícios para outros interesses de mídia da empresa (com agências de notícias).