Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

As noites de insensatez

Por ser irmã de jornalista, eu observo atentamente o comportamento dos âncoras dos telejornais brasileiros, pois cada um possui uma formação e uma opinião diferenciada. Em particular, não escapa do meu crivo a jornalista Rachel Sheherazade, que se caracteriza por emitir opiniões impulsivas a respeito de tudo e de todos. Expor uma opinião, sobre o que quer que seja, é um direito de todos os cidadãos, seja ela de direita ou de esquerda, certo? Porém, a jornalista usa e abusa deste direito há muito tempo, rompendo os limites entre o simples direito de se expressar e a promoção da violência contra um menor infrator. Em vez de tornar sua performance digna de elogios da classe jornalística, que admira profissionais corajosos, ela beira a insensatez completa, pois desvincula-se cada vez mais do código de ética de sua profissão.

A liberdade de expressão não se pode tornar um argumento para que sejam promovidas e incitadas barbáries que agridam o ser humano em sua totalidade. Se ela e uma boa parte dos brasileiros desconhecem a legislação penal, incitar atitudes criminosas, como ela fez em rede nacional, é crime. Tal atitude vergonhosa deve ser apreciada pelos órgãos competentes, como o Ministério Público e as associações e federações ligadas ao jornalismo. Não se admite distinguir o cidadão brasileiro entre mocinhos e bandidos, sob uma opinião simplista e inflamada dos fatos. Se a própria Rachel Sheherazade desconhece a Constituição, todos os brasileiros são iguais perante a lei e a ninguém deve ser destinado tratamento degradante, tal qual foi feito com o menor infrator, amarrado em um poste e agredido por 15 pessoas. Desta maneira, o comportamento irresponsável da âncora do SBT não pode ser omitido pela sociedade brasileira, que deveria se interessar mais pelos seus direitos e brigar efetivamente por eles. Como evangélica fervorosa e seguidora dos princípios bíblicos, deveria seguir os ensinamentos básicos de Jesus: amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Não julgueis para não ser julgado é outra máxima de Cristo, que ela se esquece de aplicar em suas noites de insensatez (Roselene Alves, Brasília, DF)

 

Programa ‘OI’ na TV

Quero registrar minha admiração pelo programa, que considero um dos mais interessantes da TV brasileira, e elogiar o jornalista Alberto Dines pela brilhante condução. Gostaria de ver a abordagem de temas como a cobertura de assuntos religiosos na imprensa, coisa que muito me estranha, uma vez que a existência de um ser sobrenatural é uma hipótese. Penso que o jornalismo deve cobrir fatos, e não suposições (José Ailton Rodrigues da Costa, músico, Goiânia, GO)

 

Jornalista assassinado e cinegrafista morto no protesto

Sou consumidor do programa e preciso da ajuda de vocês. O jornalista Pedro Palma, de 47 anos, foi assassinado no estado do Rio de Janeiro. Ele denunciava políticos corruptos. O cinegrafista da TV Band cobria protestos no Rio de Janeiro. 1 – Qual a diferença entre os dois? 2 – Por que a imprensa no país agitou todo o efetivo, Dilma, Polícia Federal e Justiça para prender os culpados? 3 – Por que não fez o mesmo com jornalista citado acima? (Edvaldo Camargo, gari, Carapicuíba, SP)

 

Sugestão de comparação

Desejo sugerir uma comparação entre a ação da mídia na cobertura da morte do cinegrafista Santiago Andrade e o recente assassinato do jornalista Pedro Palma, de 47 anos, dono do jornal Panorama Regional, que denunciava irregularidades nas prefeituras da região centro-sul fluminense (Dildoh Santos, estudante, São João de Meriti, RJ)

 

Mídia e linchamento

Fiquei enojado com o jornal do Rio da Rede Band. Vale a pena assisti-lo nos dias 7, 8, 10 e 11 de fevereiro e ver como os “jornalistas” agiram. Antes de a polícia identificar o responsável pelo rojão, só havia uma imagem (de costas) de uma pessoa parecida, mas o locutor já colocou uma foto e disse: “O covarde já tem rosto.” Nesse momento o rosto era de um suspeito de ser suspeito: poderia haver falha de identificação, como o perito entrevistado por Monica Puga deixou claro. Eram só 80% de certeza. O delegado não tinha ainda certeza do nome e não quis divulgá-lo. Como, então, o locutor já o apontou e condenou? Isso é incitar ao linchamento ou outra violência. Fez o mesmo que os linchadores: quando atinge um dos “nossos”, já não vale mais a presunção de inocência: o pretexto do linchador é sempre o mesmo, a “forte emoção”, a violência sofrida por um dos “nossos”. E se o acusado fosse inocente, ou houvesse duas pessoas com rosto parecido? Não assistirei mais o jornalismo da Band (lamentável também o Boechat, que não pode alegar inexperiência e fez o mesmo, apresentar como culpado alguém que era suspeito, naquele momento). Ninguém me contou, eu assisti todos esses dias porque até então era o noticiário do Rio que eu assistia (André Campello, médico, Rio de Janeiro, RJ)