Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Velhos cartões de visita resistem à tecnologia

O ator e comediante americano Damon Wayans, que também desenvolve aplicativos para smartphones, estava distribuindo cartões de visita no Congresso Mundial de Telefonia Móvel, na semana passada, em Barcelona. Ele buscava promover uma alternativa que criou para um dos mais duradouros artefatos da velha economia: o próprio cartão de visita. “É irritante”, diz, referindo-se à ironia de ter que usar cartões para apresentar o aplicativo com que pretende acabar com eles.

O Flick Dat deve permitir que os usuários transferir dados de contato de um telefone para outro com um movimento do polegar. Como sua versão final deve ser lançada só no fim deste mês, Wayans, para manter contato com as pessoas com quem falou, fez o que todo mundo faz e deu a elas seu cartão de visitas.

Wayans é apenas o mais recente empresário da tecnologia a tentar substituir o velho cartão. Mas os prognósticos estão contra ele.

Sinais de rádio para smartphone

Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter Inc. e criador da Square, empresa que oferece aplicativos e serviços de pagamentos para dispositivos móveis, é conhecido pelo seu esforço para eliminar o uso desnecessário de papel. A maioria das pessoas na Square não usa cartões de visita.

A prática funciona para Dorsey, que não precisa estar sempre tão acessível. Mas não era boa, por exemplo, para Kay Luo, ex-porta voz da empresa. “Eu era praticamente o cartão de visita do Jack”, diz ela, que era a única a nunca ter cartões para distribuir. Um dia, ela pegou vários adesivos da Square e escreveu no verso seu e-mail e número de telefone.

A telefônica francesa Orange está indo numa direção diferente. Em vez de acabar com o cartão de visita, o departamento de relações públicas da companhia decidiu equipar alguns dos seus executivos com o chamado chip NFC, que pode transmitir sinais de rádio para um smartphone. “É uma questão de ser dinâmico”, diz Jeff Sharpe, gerente sênior de relações públicas da Orange.

Ele compra os cartões por cerca de US$ 1,38 cada, um valor alto o suficiente para ele carregar também um punhado de cartões convencionais de papel. Mas Sharpe concluiu que o experimento vale a pena. “Você pode usar [a tecnologia] como uma porta de entrada para mais informações”, diz.

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Ryan Knutson, do Wall Street Journal