Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Notícia, repetição e manipulação

Não dá mais, nos dias de hoje, para assistir a um noticiário da TV Globo sem perceber, ao menos de passagem, o que há por trás de cada uma ou de certas notícias. Além do que escutamos, temos que prestar atenção à ênfase, à ordem em que é apresentada, à quantidade de vezes em que a notícia é repetida nos jornais e até nos programas de passatempo como Mais Você. O gesto, o semblante do apresentador, e o olhar, ou a troca de olhares, fazem parte dos sinais não falados que têm também grande significação. Quando a Globo quer dar especial destaque, a notícia é colocada nas chamadas que antecedem o jornal. Até o volume parece ser ligeiramente aumentado para que se escute de onde estiver o telespectador – na cozinha, no banheiro ou no bar. Outra forma de marcar em nossas mentes o fato noticiado que interessa aos editores é a repetição para que todos, em todos os jornais, ouçam até o nível de desconforto, quase tortura. Nas salas de tortura, a repetição, com ameaças gritadas, feitas à exaustão, é forma de tortura psicológica para se obter confissão forçada. O prisioneiro jamais irá esquecer aquele tempo e lugar. Será essa a intenção da emissora quando bate na mesma tecla, dia e noite sem cessar? O mergulho em águas sujas parece ser outro recurso curioso da Globo. Ir aos intestinos da notícia, com a dissecação do cadáver, para mostrar o que há de purulento, parece outra forma mórbida de oferecer ao telespectador o lado pior da coisa para causar terror, repulsa, ódio, violência, insegurança. Em certa dose, não seria incitação à violência e ao crime? Ou abuso da liberdade de imprensar para difamar, destruir, vingar-se, provocar revolta e, de outro lado, beneficiar-se de interesses próprios ou de grupos? Ou alguém duvida de que é possível formar opinião favorável ou desfavorável manipulando essas variáveis? Lembram-se das privatizações financiadas pelo BNDES, adquiridas com títulos podres? O que é a compra da refinaria americana diante das escandalosas privatizações? Alguns editores e apresentadores parecem superiormente instruídos a implicar com temas e pessoas, vira e mexe, de tempos em tempos, conforme seus interesses e propósitos, empresariais ou políticos. Lembram-se da vingança do caso Abi-Ackel? Agora é a vez da Petrobras, da inflação (ainda que controlada), da taxa de juros, da energia elétrica, dos atrasos nas obras de hidrelétricas. A Petrobras, que por pouco não foi privatizada no fim dos anos 90, é o alvo da vez. Nas mãos dos mesmos operadores do passado o que não farão com ela? Os ataques à Petrobras trazem prejuízos sérios à empresa e ao país. É preciso perguntar: a quem interessa desvalorizar a Petrobras? Veja até onde uma implicância bem tramada com Folha de S.Paulo ou Estadão, um repercutindo o outro, pode nos levar. É um ano de eleições. As aves de rapina rondam o país (Sebastião Laércio Machado, engenheiro, Rio de Janeiro, RJ)

 

Notícia falsa

O Estadão publicou no Facebook uma notícia afirmando que pesquisa realizada pelo Ipea constatou que “62% dos brasileiros acham que mulheres que usam roupas curtas merecem ser estupradas”. Isto é uma mentira tendenciosa. A pesquisa não mostra isto, como pode ser visto no relatório disponível em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/140327_sips_violencia_mulheres.pdf. Neste relatório pode se ver que 66,5% das pessoas que responderam à pesquisa eram do sexo feminino, ou seja, os resultados da pesquisa refletem muito mais a opinião feminina do que a masculina. A questão da pesquisa que gera polêmica é a seguinte: segundo o relatório, 58% dos entrevistados diz que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”. Ora, concordar com esta afirmação quer dizer que a pessoa ache que a mulher mereça ser estuprada, como noticia o jornal? Portanto, há uma distorção dos fatos, além de omitir que a maior parte das opiniões foram dadas por mulheres. Acho que isto merece um processo de falsa notícia contra o jornal (Fabricio Alexandre Silva Menezes, técnico em informática, Frutal, MG)

 

Em defesa das liberdades de expressão e de imprensa

Eu iniciei o abaixo-assinado “Senador Renan Calheiros: Proteja a liberdade de imprensa” e preciso de ajuda para ganhar força. Você tem 30 segundos para assiná-lo agora? Aqui vai o link: http://www.change.org/pt-BR/petições/senador-renan-calheiros-proteja-a-liberdade-de-imprensa Minha justificativa: a liberdade de imprensa deve ser protegida não só por expresso mandamento da Constituição Federal ou por apreço às convenções e tratados internacionais de Direitos Humanos que tratam do assunto. Proteger o jornalismo e os jornalistas significa garantir que o pensamento crítico não seja destruído pelos ventos daninhos do autoritarismo e da barbárie. Em 2014, o Brasil lembra, com dor e tristeza, do aniversário de cinquenta anos da ditadura militar; eis uma razão suficiente para lamentarmos também o expressivo número de jornalistas mortos neste país, em sua maioria por terem incomodado algumas pessoas ou grupos ou, simplesmente, por defenderem bravamente os pontos de vista deles. Por isso mesmo, causa espanto a tentativa de “crucificação moral” voltada à jornalista do SBT Rachel Sheherazade; independentemente de se concordar ou não com as fortes opiniões dela, ninguém pode impedi-la de expressar-se mesmo que, ao fazê-lo, muita gente se sinta ameaçada. Justamente por causa dela esta petição nasceu; para proteger o trabalho sério e bem feito, ainda que polêmico, feito por pessoas como ela é que se faz urgente cobrar dos representantes do povo uma postura firme e decidida a favor da liberdade de imprensa. Hoje, querem calar a voz da Rachel; amanhã, tentarão calar uma nação inteira. Viva Rachel! Viva a imprensa livre! Viva o Brasil! (Daniel Carlos Melo de Jesus, advogado, São Paulo, SP)

 

Crítica

Lendo o artigo escrito no site em relação à jornalista Rachel Sheherazade (teste.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed791_rachel_sheherazade_nao_e_jornalista), fiquei assustado com a falta de coerência do “jornalista” que redigiu o texto. Alguém que a acusa de violar os direitos humanos finaliza o texto a chamando de algo. Realmente chamar uma pessoa de algo é um tratamento muito humano. Mas como o “jornalista” que assina o texto não é muito bom em interpretação de textos, pois acusar alguém que diz entender que as pessoas tomem medidas extremas de incentivar a prática é estupidez ou má-fé. Aliás, eu entendo que jornalistas sejam esquerdistas, mas acharei engraçado ver os mesmos reclamando a falta de liberdade de imprensa dentro de alguns anos, vide Cuba, Venezuela, Argentina e outras “democracias esquerdistas” (Marcos Renato Vicari, analista de sistemas, São Paulo, SP)