Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

América Latina, a joia da coroa do acordo entre AT&T e DirecTV

A proposta de aquisição da DirecTV pela AT&T por US$ 48,5 bilhões dará à maior operadora de telefonia móvel dos Estados Unidos uma presença firme na América Latina, região que oferece grande potencial de crescimento em televisão paga e banda larga móvel. As operações latino-americanas são consideradas as joias da coroa por responderem por 95% do crescimento da base de assinantes, mas por apenas 20% das receitas. Com 18 milhões de assinantes nas Américas Central e do Sul, a DirecTV é a maior fornecedora de TV paga na região, onde tais serviços crescem a um ritmo mais rápido que no maduro mercado americano.

A empresa possui 93% da Sky Brasil, maior fornecedora de TV por satélite do país; 41% da Sky Mexico, controlada pela mexicana Televisa e com atuação também na América Central e na República Dominicana. A companhia também detém 100% da PanAmericana, que oferece serviços de TV via satélite sob a marca DirecTV em países como Venezuela, Argentina, Chile, Colômbia e Porto Rico.

Em dezembro, a DirecTV disse que sua taxa de crescimento anual é de 22% na Argentina, 16% na Venezuela e de cerca de 32% em outros países servidos pela PanAmericana, como Colômbia e Chile. A empresa espera que sua receita fique entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões até 2016.

Slim vira competidor

Por uma geração, a AT&T e os negócios de telecomunicações do bilionário mexicano Carlos Slim andaram juntos e cresceram para virarem gigantes da indústria ao norte e ao sul do Rio Grande. Agora, a planejada compra da DirecTV pela AT&T encerra uma conexão que vem da década de 1990, tornando os grupos rivais.

Slim tem quase 20 milhões de clientes de TV paga na América Latina, o que o coloca em competição ferrenha com a DirecTV, especialmente no Brasil. Ele ainda não tem permissão para ingressar no mercado de TV por assinatura mexicano por temores de que esmague competidores.

No domingo, a AT&T anunciou que vai vender sua participação de 8,4% na América Móvil, principal geradora de recursos para Slim, e retirar seus membros do conselho da empresa para evitar conflitos de interesse com as operações latino-americanas de TV da companhia mexicana. A notícia do desinvestimento atingiu Slim imediatamente: as ações da América Móvil caíram mais de 5% ontem, reduzindo o valor da empresa em US$ 3,5 bilhões.

O presidente executivo da AT&T, Randall Stephenson, não perdeu tempo em reconhecer, em teleconferência com analistas, ontem, que o relacionamento mudou: “Aprendi muito com o Carlos e, obviamente, Carlos e eu conversamos. Ele é um amigo muito querido, mas agora será um competidor.”

TIM é um potencial alvo

O analista Kevin Smithen, do Macquarie, disse que a América Móvil pode tentar fazer ingressos mais intensivos nos EUA: “Poderemos ver a empresa tentar ser parceira de uma das outras três empresas, seja Sprint, T-Mobile ou Dish.”

A companhia resultante também pode tirar vantagem de oportunidades de aquisição que a DirecTV não poderia fazer sozinha. Em 2013, a DirecTV estava buscando comprar a GVT, da francesa Vivendi, que fornece banda larga, telefonia e TV paga em 149 cidades brasileiras.

Um ativo que analistas mencionam como potencial alvo de compra é a TIM, em meio a expectativas de venda neste ano pela controladora Telecom Italia. Isso pode dar à AT&T a oportunidade de acelerar o desenvolvimento da DirecTV no segmento de banda larga móvel de alta velocidade no Brasil.