Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Sobre mitologias, planetas e educação

O domingo do Dia das Mães me obrigou a uma folheada rápida nas revistas que me chegaram em casa. Adiei a leitura detalhada em nome do compromisso familiar. Um texto intitulado “Professores, acordem” fez-me deduzir, ingenuamente, que era alguém dizendo algo como: professores, acordem, vocês devem reivindicar condições, vocês têm poder ou algo similar, só me esquecendo do “detalhe” mais importante: o texto estava na revista Veja. Os compromissos da semana fizeram-me esquecer de retomar o texto. Quinta-feira, durante minha aula no mestrado, minhas alunas (professoras na rede pública) perguntam-me: “Professora, leste o texto do Gustavo Ioschpe, na Veja?” Encurtei o tempo do meu cafezinho para lê-lo antes de retomarmos as nossas questões de ensino de gramática e soluções teóricas para práticas em construção.

Quando finalmente inteirei-me do assunto, senti vergonha alheia e dupla: da Veja e do tal economista que se mete a escrever sobre educação. Ops, ele, na verdade, é um economista que busca “respostas” para a educação, ou parece buscar, ou diz buscar, enfim. O grande problema é que ele busca seus dados numa realidade de Pequeno Príncipe, pois diz a lenda que Ioschpe habita um planeta solitário. O senhor é ruim em geografia básica. Fez-me rir quando li “não deve haver, nos 510 milhões de quilômetros quadrados deste nosso planeta solitário, um grupo mais obstinado em ignorar a realidade que o dos professores brasileiros”. Planeta solitário? De qual realidade tiraste esta informação? Solitário? E os outros planetas? Se ele pretendeu dizer que é planeta solitário por ser o único habitado por seres, não conseguiu.

E lamento informá-lo, Gustavo, que esta solidão é posta em xeque e a ciência gasta milhões para descobrir se há vida no espaço. Ioschpe, junte-se a nós. Aqui no planeta Terra somos muitos. No Brasil então, nem se fala.

Como digerir o texto?

Antes de comentar o texto em si, quero fazer uma citação do livro A arte de argumentar, de Antonio Suarez de Abreu, livrinho (carinhosamente) muito útil na nossa área de atuação. Nele, o autor diz que argumentar é a arte de convencer e persuadir e estabelece uma diferenciação tripartida deveras útil:

Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa vencer junto com o outro (com + vencer) e não contra o outro.

Persuadiré saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. A origem dessa palavra está ligada à preposição per, ‘por meio de’ e à Suada, deusa romana da persuasão. Significava ‘fazer algo por meio do auxílio divino’. Mas em que convencer se diferencia de persuadir? Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize.”

Esse trecho permite-nos fundamentar algo que estamos notando há bastante tempo e que hoje toma proporção escandalosa: a maioria dos textos apresentados na mídia se detém tão somente na arte da persuasão. Argumentação que é boa, saudável e realmente contribui para o progresso científico e, consequentemente, do país, fica sempre em segundo plano ou 100% negligenciada.

Como professora universitária e pesquisadora, esse fato jornalístico de trabalhar apenas no nível da persuasão é algo que me incomoda demais, uma vez que me habituei a publicar, a dizer, a pensar, raciocinar e defender sempre partindo dos fatos, dados e exemplos da realidade. Ao transpor esse raciocínio ao texto “Professores, Acordem”, do Gustavo Ioschpe, do que eu acredito que seja uma tese bem defendida, com início, meio e fim (de preferência com apontar de soluções), como digerir tal texto?

De igual para igual

Do mesmo livrinho, A arte de argumentar, de Antonio Suarez de Abreu, busco o conceito de auditório:

“O auditório é o conjunto de pessoas que queremos convencer e persuadir. Seu tamanho varia muito. Pode ser do tamanho de um país, durante uma comunicação em rede nacional de rádio e televisão, pode ser um pequeno grupo, dentro de uma empresa, mas pode ser apenas uma única pessoa: um amigo, um cliente, ou um namorado ou namorada.”

Devemos submetê-lo ao texto do Gustavo:

“Normalmente escrevo esta coluna pensando nos leitores que nada têm a ver com o setor educacional. Faço isso, em primeiro lugar, porque creio que a educação brasileira só vai avançar (e com ela o Brasil) quando houver demanda pública por melhorias. E, segundo, porque nos últimos anos tenho chegado à conclusão de que falar com o professor médio brasileiro, na esperança de trazer algum conhecimento que o leve a melhorar seu desempenho, é mais inútil do que o proverbial pente para careca” (IOSCHPE, 2014).

Nosso articulista Ioschpe, neste trecho, decide determinar quem é seu auditório. Então, o texto começa bem. Bem mal. Ensinamos aos nossos alunos que decidir para quem você escreve é o primeiríssimo passo para uma comunicação eficiente. Certo. Assim, meu fazer científico somado ao meu pensar lógico me faz fixar na concepção que o autor tem de quem é esse professor médio brasileiro. Teria sido imensamente útil se ele tivesse se dado ao trabalho de defini-lo. O professor médio brasileiro do ensino fundamental? Do ensino superior? O professor mediano brasileiro? O professor medíocre brasileiro? Enfim, saber qual é o imaginário dessa pessoa me ajudaria a saber se me enquadro em tão primoroso raciocínio. Istote ajudaria? Ou isto? Ora, senhor Gustavo (nem posso assim chamá-lo devido à tua juventude), dei-me ao trabalho de olhar tua biografia na Wikipédia. Nascido em 1977, e eu, na última semana de 1976. Assim, não podemos nos desmerecer nesse quesito, nos acusando de dinossáuricos ou jovenzinho/a imaturo/a caso estivéssemos em extremos. Podemos falar de igual para igual. Tenho 37 anos, 17 de magistério, especialização, mestrado e doutorado. Muito prazer. Não sou sua leitora de carteirinha, pois tenho que selecionar bem minhas leituras, mas esse teu texto foi tão brilhante que mereceu uma resposta. Posso considerá-lo um economista médio brasileiro?

Mais luz

Vamos à argumentação, ou à falta dela no referido texto “Professores, acordem”. Claro que a informação a ladear o texto menciona Cuba, prestando-nos o grande serviço de informar que lá os professores ganham 28 dólares. 2014 e a mídia ainda sente necessidade de esfregar na nossa cara uma informação que para nós é como o pente de careca, mencionado por Ioschpe. Olá, eu me chamo Tânia Braga Guimarães e, ao contrário do que o Ioschpe possa supor da audiência de seus textos, eu sei muito bem quanto é o salário dos profissionais em Cuba, há muitos anos, inclusive.

Então, o texto continua mal. Bem mal. Ioschpe recebe para escrever partindo do pressuposto de que somos todos contagiados pelo vírus comunismo. Mas vamos nos concentrar na questão econômico-social. Sabemos bem que Cuba é uma ilha linda recheada de problemas, a começar pelos seus ditadores. E sabemos muito bem que, dentro do cosmos de cada país e cidade, as migalhas que os governantes estabelecem como salário inúmeras vezes se autorregulam à economia local. Os tais 28 dólares de Cuba não valem nada para o cidadão se virar no mundo, mas em Cuba há um sistema em que essas coisas se ajeitam. Assim como o custo de uma cidadezinha do Nordeste é um e o custo de vida em São Paulo é totalmente outro. Na cidade onde moro, no interior do Paraná, uma diarista recebe 100 reais e numa cidade a poucos quilômetros daqui, pelo mesmíssimo serviço, paga-se 50. Na crise mundial que enfrentamos, e com vizinhos também em crise, o milagre da adaptação financeira ocorre. Um argentino, gastando seus suados pesos no Brasil, enxerga tudo pela hora da morte. Nossos suados reais rendem lá. Agora, a economia deles se autorregula inteligente, ou miraculosamente, pois seus cursos, moradia e alimentação seguem a lógica ali imposta ou as trocas estariam inviabilizadas.

Ainda no primeiro parágrafo, Ioschpe, apontas uma preocupação que parece sexual. Estás preocupado com o desempenho dos professores? Ah, se eu não fosse espertinha para captar que se trata de números! Pretendes fazer-te um Prometeu, deus maravilhoso, a nos dar dados estatísticos mais maravilhosos ainda e que melhorem nosso desempenho. E eu que achava que desempenho você melhorava com estudo constante, livros, cursos, dentre outros. Traga-me a luz, ser superior, quem sabe eu acorde e siga-te em tua sapiência. Abandonemos a mitologia por hora e as intencionalidades de teu texto, que, infelizmente, ignora (por burrice ou esperteza) que os professores estão estudando mais do que nunca. Devo dizer-lhe o que anda acontecendo no meu planeta (o meu não é solitário).

Conhecimento mais justo

Vamos aos fatos. Os professores estão aderindo maciçamente a programas como o Profletras, Profmat, Profis, todos mestrados profissionais pensados para que o professor saiba levar mudanças para suas escolas. Esses programas foram uma rede enorme. Além desses, há programas como PDE, Parfor, e tantos outros, superando em muito aqueles cursos chamados de reciclagem, que eram oferecidos num dado momento. Eu iria ousar dizer que é porque tratam o professor como lixo, mas na tréplica o senhor poderia acusar-me de usar em meu favor um discurso de vitimização.

Quanto ao discurso de vitimização, tenho a dizer que o que eu sempre vi foram nossas lideranças brigando por reajustes (não aumentos) porque os aumentos, quando cogitados, o são via Planos de Carreira, entre outros recursos – todos legais e intensamente discutidos com o Estado. Nesse tempo em que estou atuando, nunca vi um juiz, repito, um juiz que fosse, declarar uma greve ilegal. Declarar a ilegalidade de uma greve é um recurso do mesmo sistema capitalista a que o senhor serve com tanto empenho, para defender patrões de seus empregados, que por ventura não tenham escrúpulos. Ou seja, o senhor está exercendo o papel de juiz?

Já que estamos falando sobre ensino e sobre a arte de argumentar, em qual realidade o senhor se baseia para emitir tua nobre opinião quanto ao despreparo dos professores? Pois devo confessar-te que são tão poucos os teus dados e fatos (e eu insisto tanto nisso quando ensino meus alunos) que realmente me intrigou. O senhor tem apenas duas informações que envolvem dados: 1) o famigerado pagamento ao professor em Cuba (lembrem-se que os médicos recebem alguma paga inacreditável também) e 2) os 10% do PIB para a educação. O que eu entendo que se espera de um texto argumentativo sério é o uso abrangente de dados e a mostra de como tais medidas refletirão em determinados setores. E aqui, o senhor faz uma afirmação rasteira e providencial que deve servir a algum interesse (de quem, senhor?). Seu raciocínio sugere que os 10% da educação se refletirão diretamente no holerite do professor? Sério? Quando? Ficamos ricos?

Vamos à tese do teu texto. Saiba, caríssimo Gustavo, que quando a sociedade (com diploma, sem diploma, pré-industrial, industrial, tecnológica) engrossou o coro, pedindo que esse valor do PIB fosse destinado à educação é porque ela está enxergando que estamos com a lanterna da educação. Deduzimos facilmente isso quando pensamos no que outras sociedades e países estão conseguindo fazer. Essa sociedade que optou pelos 10% consegue ver que precisamos de políticas públicas sérias para que uma revolução educacional (tão almejada por todos) de fato aconteça. Então, essa adesão ocorreu por uma visão de longo prazo bem maior do que a tua. Assim, a sociedade e os professores são mais inteligentes do que o senhor está supondo e julgando. Mas tudo bem, posso imaginar que o seu trabalho não te permita um tête-à-tête com esses profissionais, muito menos um conhecimento mais justo desse professorado para o qual o senhor escolheu apontar o dedo na semana passada.

Carreira não tem atrativos

Então, na tua visão os professores devem ser profissionais de verdade (como no modelo mercadológico), dentro duma estrutura precária? Saiba que os professores estão sendo convidados a pensar a educação do futuro, incluir iPads, laptop, digitalizar conteúdo, interagir e se comunicar no meio digital, enquanto inúmeras salas de aula não têm materiais básicos. Se a escola não tivesse os problemas infraestruturais que o professorado e a sociedade vêm apontando, o blog Diários de Classe não teria conquistado um público tão grande.

Sem ignorar que revoluções educacionais tomam tempo, dinheiro e energia, ouso acusar o sistema de ensino, justamente pensado empresarialmente: 40 alunos por sala para cada professor, cada professor com 40, 60 horas aulas semanais. É esse sistema engessado e pensado para render que impede que grandes reformas estruturais possam acontecer e, aí sim, em decorrência, temos a única verdade de seu texto: as salas como depósitos de criança. Concordo plenamente, meu querido. Mas como proceder para não depositar crianças em salas de aula? Qual é o profissional a quem podemos recorrer? Os professores mais do que ninguém, desejam que não seja assim. Quem está depositando crianças em sala de aula, como se a educação uma fábrica de salsicha fosse, são os economistas e não os professores, que são apenas executores desse sistema que eles herdam.

Para a tua prática de formador de opinião, recomendo ler os próprios arquivos da revista. Guardei por muito tempo um recorte do texto da última página da Veja. Tratava-se de um relato de um professor estava cansado dos conflitos do magistério. Fez o que muitos dizem em suas argumentações levianas: tá cansado? Muda de profissão. Eis que ele foi para a carreira do Direito. Além dessa que eu não consegui resgatar, sugiro-te a leitura de “Magistério prestígio zero” e“Prestígio zero”.

No momento mesmo em que venho escrever este texto, deparo com notícia num dos portais de notícias dizendo que a carreira não tem atrativos e por isso não está atendendo à nossa demanda educacional, ou seja, está nos arquivos da tua revista, está em todos os lugares. Em teu planeta não chegam estas notícias?

Leque de hipóteses

Então, voltemos à arte da argumentação apresentada em teu texto. Teu texto é pleno de rótulos, de impressões, de subjetividade. Tudo que não se deve fazer ao apresentar ideias. Eu gostaria de visto uma argumentação verdadeira, mas vi tão somente um ataque desesperado. Uma das regras da boa argumentação é não se meter em áreas de seu desconhecimento, razão pela qual não saio publicando opiniões sobre medicina, história e sobre tua área economia. Por que não te calas? Queremos a sociedade no debate, sim, mas com fatos.

Obrigada por ser tão brilhante economista que consegue até mesmo assumir o papel de meu psicanalista e apontar-me que tenho barreiras mentais a serem removidas. Realmente foi de grande valia. Espero que nas tuas horas de trégua, desse pensar a educação, consigas brindar-me com um título de tua autoria sobre barreiras mentais, uma vez que é dado a dissertar sobre assuntos com os quais simpatiza.

No sétimo parágrafo, sugeres que eu não ignore a literatura empírica que trata de educação e salários? Por favor, faça a gentileza de nos indicar, uma vez que o teu texto não apresenta qualquer autor ao longo das linhas ou numa lista de referências de final de texto, como tantas vezes fazemos em nossa lida acadêmica. Quanto ao oitavo parágrafo, eu gostaria de ver um relatório de um economista com todo o plano de cargos e salários desenvolvido, uma coisa revolucionária. Fico no aguardo. Sobre a minha obsessão com salário, só pergunto: Freud explica? A obsessão por salários causa catarata?

A limitação reflexiva pode ser observada na tua observação hipotética: se o aumento de salário melhorar o desempenho, significa que ou vocês estavam desmotivados (o que não casa com o discurso de abnegados tirando leite de pedra). O pensar científico me ensinou a ampliar sempre meu leque de hipóteses e trabalhar com variáveis. Então, depois de tantos anos de magistério, brindaste-me com algo para eu pensar uma vez que esse mesmo pensar científico me ensinou mais a duvidar do que ter verdades prontas.

Quando quiser falar de realidadenos

Vamos exercitar:

Se o aumento de salário melhorar o desempenho, significa que ou vocês estavam desmotivados (o que não casa com o discurso de abnegados tirando leite de pedra).

Estaríamos:

** desmotivados e abnegados e tirando leite de pedra;

** desmotivados e não abnegados e tirando leite de pedra;

** motivados e abnegados e tirando leite de pedra;

** motivados e não abnegados e tirando leite de pedra;

** desmotivados e/ou abnegados e/ou tirando leite de pedra;

** motivados e/ou não abnegados e/ou tirando leite de pedra.

** Todas as alternativas estão corretas.

O que eu achei mais hilário é que não me lembro de ter sido chamada tão veementemente de incompetente antes. Ou será que fui, e eu dormia? No frigir dos ovos (vou usar expressão para equiparar ao teu pente de careca), eu ri levemente do teu texto, pois um texto que chama tantos profissionais de uma categoria de incompetentes e estropiados não é uma tentativa de piada? Até porque em tomando-o como algo que se pretende sério, parece-me clara tentativa de difamação, que entendo como crime. E aqui deixo em aberto para os profissionais do direito.

Então, vamos fazer o exercício de pensar mais uma vez. Na hipótese que estejas certo: somos inúteis irrecuperáveis (risos). Poderia esclarecer-me o que compreendes por: “É preciso atrair pessoas de outro perfil para a profissão.”

Meu pensar científico – ele de novo! – permite-me inferir que tens a concepção desse profissional em tua radiante mente. Então, gostaria que me presenteasse com um texto com a bendita explanação, que tiraria a educação desse eterno trabalho de Sísifo (para combinar com a tua vitória de Pirro). Querido economista, vais submeter teus duros cálculos matemáticos (que eu ainda não vi) aos 2% dos estudantes brasileiros que pretendem seguir o magistério? Rapaz, dados da Fundação Getúlio Vargas (séria, seríssima), veiculados na tua revista! Procura baixíssima resultante de um processo educacional que assim a Veja explica: a situação de desprestígio da carreira de professor é o retrato final de um processo deflagrado na década de 70, quando se iniciou no país uma acelerada massificação do ensino público. Sem profissionais em número suficiente para suprir a galopante demanda, as escolas passaram a recrutar até leigos para dar aulas. Naquela época precisou ser assim. Hoje, temos professores com perfil completamente diferente. Confesse-me, então, como este plano de Pink e Cérebro arrochará os profissionais em atuação até que se tenha um perfil 100% renovado, dentro dos tais 2% de pessoas quem têm a intenção de magistério, para que concordem com os cálculos de tua educação exultante? Irás pegar gente por aí?

Depois de tudo isso, proponho outro exercício, dessa vez discursivo. Com base no texto que nos pede pra abrir os olhos. Pode-se inferir que o professor/es professores é/são:

** herói, sacerdote, desvalorizado, abandonado pela sociedade e pelos governantes, faz o melhor possível com o pouco que recebe;

** não herói, não sacerdote, desvalorizado, abandonado pela sociedade e pelos governantes, faz o melhor possível com o pouco que recebe;

** inúteis irrecuperáveis;

** irrecuperáveis inúteis;

** profissionais competentes e comprometidos;

** coitadinhos, estropiados e maltratados;

** aquele do remendo nos óculos.

** Todas as alternativas estão certas.

Procedo a algumas conclusões que pude tirar de teu texto:

1. Sua tese é: Vocês, professores, vão ter que explicar os 10% do PIB nos seus holerites. Opa, começa furada;

2. Seus argumentos não correspondem aos fatos;

3. O senhor não sabe argumentar, talvez saiba persuadir;

4. Não mencionas tuas fontes;

5. Não procedes cientificamente;

6. Se eu fosse estudar economia hoje, não seria com o senhor.

7. Se eu fosse estudar geografia hoje, não seria com o senhor.

8. Se eu fosse estudar texto hoje, não seria com o senhor;

Quando quiser conversar sobre realidade, procure-nos. É uma aula que damos de graça e não custará nada ao teu sistema capitalista-fábrica-de-salsichas-de-educação.

Eu preferiria que, no planeta solitário donde habitas, não tivesses acesso à web e não tivesse o espaço que tens na mídia, pois prestas um desserviço ao planeta em que vivo. E te pergunto duas derradeiras: era mesmo a tua última tentativa de falar com os mestres? Quem está dormindo?

Referências

ABREU, Antonio Suarez. A arte de argumentar.

SAINT-EXUPÉRY, Antonie de. O Pequeno Príncipe. 48ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 2005.

IOSCHPE, Gustavo. “Professores, acordem”. Disponível aqui, acesso em: 16/05/2014

___ “Magistério prestígio zero”. Disponível aqui, acesso em: 16/05/2014

___ “Prestígio zero”Disponível aqui, acesso em: 16/05/2014

PROFLETRAS Disponível em: (http://www.capes.gov.br/educacao-a-distancia/profletras) Acesso em: 16/05/2014

PROFMAT Disponível em : (http://www.profmat-sbm.org.br/) Acesso em: 16/05/2014

PROFIS Disponível em: (http://www.sbfisica.org.br/~mnpef/) Acesso em: 16/05/2014

O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam. Pesquisa Nacional UNESCO. São Paulo: Moderna. 2004. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001349/134925por.pdfAcesso em: 16/05/2014

Estudo exploratório sobre o professor brasileiro com base nos resultados do Censo Escolar da Educação Básica 2007 / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. – Brasília : Inep, 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/estudoprofessor.pdfAcesso em: 16/05/2014

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Tânia Guimarães é professora universitária