Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornais apostam na marca para expandir negócios digitais

Depois da digitalização das redações, os jornais começam a investir na chamada “extensão de marca”, com o lançamento de produtos e serviços além da notícia para incrementar suas receitas. Uma estratégia que no americano “The New York Times” começou a ser posta em prática há pelo menos três anos, com a venda de fotografias para os leitores. A ampliação de receitas usando o valor da marca do jornal foi um dos pontos debatidos ontem, no último dia do Seminário Internacional 2014, da International Newsmedia Association (Inma), em São Paulo.

No “NYT”, segundo Alice Ting, vice-presidente de Licenciamento e Desenvolvimento de Marca do jornal, sua área aumentou em três vezes o orçamento de marketing e vem registrando um crescimento de receitas entre 40% e 50% ao ano.

Além da loja que comercializa as fotos produzidas por jornalistas da casa e outros produtos da marca, o “NYT” investe na realização de seminários e conferências com temas de interesse da sociedade. Até um programa de viagens desenhado pelos editores de turismo do jornal foi lançado recentemente.

A ideia, segundo Alice, é criar produtos baseados em temas editoriais, comercialmente viáveis, cuidando de assegurar a integridade das editorias. Outra frente na qual o “NYT” investe é na produção de vídeos.

– Os jovens preferem vídeo e estamos focando nossos investimentos nisso e procurando parceiros – disse ela.

Desafio dos menores

No Brasil, de acordo com o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, a migração do setor para as plataformas digitais passa pelo desafio de atrair os anunciantes para que invistam nos produtos digitais criados pelos jornais.

– Os anunciantes ainda têm uma visão da indústria apenas no papel impresso. Mas hoje somos servidores de notícias distribuídas em todas as plataformas – disse Pedreira.

A estratégia da ANJ, de reunir os jornais para negociar campanhas conjuntas (criando as chamadas addnetworks, para garantir maior audiência digital) e atrair anunciantes, foi elogiada pelo presidente da Inma, Earl Wilkinson.

– O setor pode mais junto do que separado, e o Brasil é líder nessa forma de cooperação – disse Wilkinson.

Geraldo Teixeira da Costa Neto, diretor executivo do “Estado de Minas”; Luiz Albuquerque, diretor-executivo do “Correio da Bahia”, e Alexandre Botão, editor de Internet e de Esportes do “Correio Braziliense”, também apresentaram suas experiências na área digital. E ressaltaram os desafios que veículos de menor porte, e que atuam fora do eixo Rio-São Paulo, enfrentam para remunerar e tornar rentáveis seus projetos nas diferentes plataformas digitais.