Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Jornalistas e ética: caminhos opostos?

Os jornalistas, em sua maioria, têm o mau hábito de perder a compostura quando contrariados. Na generalidade, escondem-se na liberdade de imprensa, como se esta existisse para garantir-lhes o uso desrespeitoso e autoritário da voz e da escrita. Jornalistas e ética são exemplos de como ambos caminham em sentidos opostos.

A imprensa não pode ser privilegiada acima de nenhuma categorial profissional; todos devem prestar contas perante a opinião pública pelas ações que praticam. Contudo, isso na prática é falho no Brasil, como por exemplo, os parlamentares que legislam em torno de interesses próprios aumentando os próprios salários acima do teto do funcionalismo público. A mídia, de fato não pode ser privilegiada, mas deve fazer bom uso da sua liberdade de imprensa como essencial para o bem da democracia brasileira.

Há muitos exemplos de falhas éticas no que tange à forma do jornalista de conseguir e tornar público determinada informação. Adulteração de histórias, roubo de documentos, uso de microfones e câmeras escondidas, a negação do profissional de imprensa de se assumir como tal para obter informações por métodos ilegítimos. O uso abusivo dessas práticas torna o jornalista um farsante. A fluidez de informações e o anonimato estimulam tais condutas não éticas da profissão.

Sede de lucros

A ética pode ser entendida como ciência da conduta, trava de percepções relativas a raciocínio prático, o bem, ação correta, o dever, obrigações e virtudes, ou seja, a escolha. Em miúdos, a ética estuda a moral.

O jornalismo para muitos, sempre foi visto como uma forma de luta, embora isso hoje seja utópico. Muitos ingressavam na profissão com o desejo de transformação social, ou seja, de mudar o mundo. Seria o caminho mais viável de chegar às esferas de poder sem passar por guerrilhas armadas ou se tornar um líder revolucionário com anseio de derrubar o poder. Diante de situações de conflitos sociais e humanos, bastava uma velha máquina e escrever na redação de um jornal que todos os conflitos estariam solucionados.

Em períodos de efervescência social, a imprensa e movimentos estudantis sempre estiveram atrelados na sociedade, seja a favor ou contra, as forças de opressão de uma minoria que sempre esteve no poder. Hoje, é possível ver que a sociedade pouco mudou, as utopias caíram por terra e as revoluções não foram suficientes para as mudanças estruturais e sociais, ainda que muitas gotas de sangue tenham sido derramadas.

Os jornalistas, ainda assim, continuam sendo os profissionais que precisam acertar as contas com a ética desse ofício. No mais, esquecem que são profissionais, seja por medo de acordarem desempregados ou somente para alimentar os interesses e sede de lucros dos donos de jornais.

A ampla massa de jornalistas pertence ao grupo dos que passam finais de semana de plantões na redação, fechando edições, em constantes reuniões e definição de pautas com redatores, fotógrafos e repórteres a postos em um serviço que os trucida o tempo todo. Afinal, os jornalistas se questionam: Que jornalismo é esse?

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Leudson Coelho é estudante de Comunicação Social-Jornalismo