Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Imparcialidade, um papo furado

Desde o século 20, a mídia é o meio que mais influencia, modificando a realidade, pois é formadora de opinião, gerando conceitos, alterando atitudes e comportamentos das pessoas. Pesquisas apontam que a TV é o meio mais utilizado pela população brasileira para se informar, seguido pelo rádio, internet, jornal e por último a revista.

Sem sombra de dúvidas, a Rede Globo ajudou a unificar o gosto do brasileiro, se tornando um monopólio, como um dos telejornais mais assistidos, além de possuir um dos apresentadores mais confiáveis, William Bonner, segundo pesquisas de opinião. Porém, William Bonner, numa propaganda comemorativa aos 50 anos da Rede Globo, pronuncia uma palavra que beira a utopia no jornalismo, prometendo “imparcialidade” aos telespectadores.

Nós sabemos que alcançar a imparcialidade plenamente é inatingível, mas não serve como justificativa para não ser buscada. Pois é papel do jornalista almejá-la, dando voz para todos os lados, com diferentes ângulos, sejam com falas de especialistas, índices, dados estatísticos, personagens envolvidos no fato etc. Mas não nos esqueçamos que, na tradução dos fatos, iremos sofrer influência do ambiente que estamos inseridos culturalmente, economicamente, politicamente, profissionalmente e socialmente.

Nas revistas semanais, percebemos facilmente que há uma contaminação de gênero opinativo em espaços que deveriam ser apenas destinados a informação, ação que chamamos de editorialização. Ou seja, são espaços que deveriam ser exclusivamente informativos, porém acabam sendo opinativos. Verifique-se nas entrelinhas o excesso de adjetivos encobertos de opinião disfarçadamente. Ou, nem tão disfarçados.

A internet como saída

Os órgãos de imprensa afirmam que são imparciais, evidentemente estão mentindo. Pois, caem no partidarismo político, quando o veículo muitas vezes sem ética, não primordialmente o jornalista, apresenta uma visão favorável a um partido e ideologia, por causa de interesses, sejam eles econômicos ou políticos. Sendo uma ameaça à liberdade e isenção dos jornalistas que são obrigados a transmitirem a informação, conforme a linha editorial do veículo, caso contrário obterão conflitos, tendo a possibilidade de serem simplesmente chutados, entende-se demitidos. O que, apenas reforça que a dita imparcialidade, está longe de ser obtida, que nunca será obtida. E que deve ser repensada.

Aliás, é comum, estudantes e profissionais da área terem que se esvaziar de suas opiniões e compartilhar dos interesses do veículo, mesmo não concordando, para trabalhar nesta área. Embora seja dever do jornalista zelar pela sua liberdade. Entretanto, precisamos ter uma estabilidade financeira, pois vivemos numa sociedade capitalista. Pensamento simplista, no entanto, faz todo sentido.

Sobretudo, temos como saída à internet. Um salve à internet. Que serve para criarmos páginas alternativas de informação, exercendo essencialmente a profissão de jornalista, aonde não precisamos custear nossa liberdade e não nos fingimos de imparciais enganando a população, mas reconhecemos que somos parciais, optando e defendendo um lado sem papas na língua. Isto é, praticando um jornalismo mais honesto.

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Lucas Mendes é estudante de Jornalismo