Jornalistas do O Povo, jornal mais antigo do Ceará, suspenderam os trabalhos, na tarde de 4 de fevereiro, para dizer um sonoro não ao “reajuste pão com ovo” oferecido pelos donos das maiores empresas de jornais e revistas do estado. Em protesto ao desrespeito patronal, que quer dar um “aumento” de R$ 4,26 por dia aos profissionais, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Ceará (Sindjorce) distribuiu o “Vale pão com ovo”, com direito a um copo de café. “Se for só isso, pode deixar que o próprio Sindjorce dá o reajuste aos trabalhadores”, ironizou a presidente do Sindjorce, Samira de Castro.
Os jornalistas empregados no O Povo, Diário do Nordeste e O Estado reivindicam um reajuste de 12,35%, o que significa 5% de ganho real. Mas os donos dos jornais oferecem 7,41%, um aumento de 1% acima da inflação. Os profissionais querem um piso de R$ 2.915,07, valor correspondente ao salário mínimo necessário do Dieese para o sustento de uma família de dois adultos e duas crianças. No entanto, as empresas oferecem um piso de R$ 1.855,82.
Traduzindo: os jornais querem pagar um salário de fome aos jornalistas do Ceará, com o agravante de que também negaram o vale refeição e toda a pauta de reivindicações da Campanha Salarial da categoria, que está com os salários congelados desde setembro do ano passado.
“Continuaremos mobilizados, realizando manifestações e protestos nas portas das empresas e espaços públicos de Fortaleza, até os donos de jornais apresentarem uma proposta digna para o fechamento da Campanha Salarial dos jornalistas”, afirma a presidente Samira de Castro.
Pauta de reivindicações
Piso salarial de R$ 2.915,07 – Negado
Reajuste linear de 12,35% – Negado
Cartão Alimentação de R $ 330,00 – Negado
Cursos de capacitação – Negados
Licença maternidade de 180 dias – Negada
Licença paternidade de 10 dias – Negada
Plano de saúde pago pela empresa – Negado
Vale Cultura de R$ 50,00 – Negado
Comissões de segurança nas Redações – Negadas
Equipamentos de Proteção Individual – Negados
Assessoria jurídica do jornal em caso de agressão – Negada
Direito do jornalista de recusar pautas de risco – Negado
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Samira de Castro é jornalista